Turma NA5 – Seminário sobre prescrição Data: 20/10/2021
- Os grupos deverão discutir sobre as questões durante a aula, juntamente
com o Prof. Gustavo, que irá colher oralmente as respostas de cada grupo, bem como as dúvidas a serem esclarecidas. - As perguntas são difíceis e o tema da prescrição é difícil. NÃO tem problema não saber a resposta. O Professor irá discorrer sobre o gabarito em aula. - Após o seminário, os grupos deverão enviar as respostas das questões, até a próxima aula, ao seguinte e-mail: nucciturmana@gmail.com (atenção, novo e- mail neste semestre). - A nota do seminário vai ser baseada na presença dos alunos e nas manifestações em sala virtual, bem como nas respostas por escrito a serem enviadas por e-mail. Erros nas respostas durante a aula não influenciam na nota. A intenção é ajudar a compor uma boa nota prática.
João Pedro Cordeiro RA00240346
Bruno Nascimento RA00268150 Camila Kirsten RA00240371 Maria do Carmo Melo RA00240359 Amanda Malheiros RA00195128
1) Cláudio, então com 20 anos de idade, praticou crime de furto simples
(CP, art. 155, “caput”) em 14/05/2018, tendo sido preso em flagrante delito. A denúncia contra Cláudio foi recebida pelo magistrado competente em 21/05/2018. Após o regular trâmite processual, postergado em razão de duas cartas precatórias para oitiva de testemunhas, houve a prolação de sentença condenatória em 05/06/2020, publicada no mesmo dia, com a imposição de pena de 1 ano de reclusão e 10 dias-multa. Interposto recurso de apelação apenas pela defesa do réu, sobreveio acórdão confirmatório da sentença, com o improvimento do apelo, em 22/03/2021. O trânsito em julgado da condenação penal ocorreu em 15/04/2021. Indaga-se: deve-se reconhecer, ou não, a prescrição da pretensão punitiva do Estado no presente caso? Pode-se afirmar que o crime prescreveu. Para o cálculo, deve-se utilizar a pena em concreto (1 ano). O Prazo prescricional é de 4 anos, dado que a punição é pela metade, então cai para 2 anos. Da sentença para trás (prescrição retroativa), ou seja, entre a sentença e a denúncia (marcos interruptivos), já se passaram dois anos, extinguindo assim a punibilidade.
2) Afonso sequestrou Gláucia no dia 14/03/2011, mantendo-a presa em um
quarto, por quase dois anos, tendo sido descoberta por vizinhos no dia 21/01/2013, quando foi libertada. Qual é o termo final da prescrição da pretensão punitiva em abstrato neste caso? No caso de sequestro em cárcere privado (Art. 148 – §1) a pena máxima é de 5 anos. O prazo prescricional se dá pelo art. 109, inciso III (em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito). O sequestro em cárcere privado é crime permanente. De acordo com o Art. 111, inciso III “nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência” incluindo flagrante. Deve-se considerar o art. 10 CP: a contagem processual normalmente começa no dia seguinte, mas no caso de prescrição deve se começar a contagem no mesmo dia, dando assim um benefício ao réu. 20 de janeiro de 2025.
3) Soraia praticou fato considerado como crime de furto simples em
03/02/2005, embora, após o regular transcurso da ação penal correspondente, tenha sido absolvida, de modo impróprio, em razão de sua inimputabilidade constatada por perícia judicial, por meio de sentença prolatada em 19/01/2013, publicada no mesmo dia. O trânsito em julgado da condenação ocorreu em 25/02/2013. Contudo, como Soraia respondeu em liberdade ao processo e se encontrava foragida, o cumprimento do mandado de prisão foi realizado somente em 12/04/2021, quando ocorreu o início da execução da medida de segurança. Pergunta-se: é possível falar em prescrição de medida de segurança? Em caso positivo, houve a prescrição no caso concreto? Ambas as prescrições em abstratos podem ser aplicadas, as em concreto não. O prazo máximo de 8 anos já decorreu.
4) Arnaldo foi denunciado pela suposta prática do crime de lesão corporal
de natureza leve (CP, art. 129, “caput”), cometido em 26/07/2016. A denúncia foi recebida em 15/08/2016, mas o réu, solto, não foi localizado para citação pessoal, sendo efetuada a citação por edital, com a consequente suspensão do processo, nos termos do art. 366 do Código de Processo Penal, em 21/10/2016. Arnaldo foi localizado, devidamente citado e o processo retornou o seu curso em 10/12/2020, com a prolação de sentença condenatória em 28/04/2021, publicada uma semana depois, com a fixação de pena de 3 meses de detenção. Pergunta-se: Houve a prescrição da pretensão punitiva estatal no presente caso? Por quê? Não houve prescrição, pois foi interrompida em 15/08/2016 e suspensa em 21/10/2016. Em 10/12/2020 há a retomada do prazo prescricional, e após a condenação em 28/04/2021, sendo o prazo de 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
5) Em determinada ação penal, o réu foi condenado em 20/02/2018, com
sentença publicada no mesmo dia em audiência, por crime de dano qualificado (CP, art. 163, parágrafo único), à pena de 6 meses de detenção. O delito foi praticado em 11/11/2017 e a denúncia foi recebida em 16/12/2017. Houve a interposição de recurso de apelação pela defesa, o qual foi julgado pelo Tribunal de Justiça na data de 23/03/2021. O trânsito em julgado ocorreu em 16/04/2021. Pergunta-se: Como se computa e o que significa a prescrição intercorrente (subsequente ou superveniente)? Houve prescrição da pretensão punitiva no presente caso? De acordo com o art. 110, § 1º: A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter pôr termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. Aplicando- se o prazo prescricional de 8 anos na pena sentenciada, não houve prescrição da pretensão punitiva de modo abstrato. Contudo, após a aplicação da pena de meses, o prazo prescricional torna-se de 3 anos, prazo que excedeu entre o período da sentença (20/02/2018) e da publicação do acórdão (23/03/2021).
6) Eduardo, réu reincidente, foi condenado à pena de 1 ano e 2 meses de
reclusão e 11 dias-multa pela prática do crime de furto simples (CP, art. 155, “caput”), por sentença publicada em 29/05/2017, que transitou em julgado, após o julgamento dos recursos interpostos, em 14/09/2020. Não houve a prescrição da pretensão punitiva estatal. Sobre a prescrição da pretensão executória, pergunta-se: considerando a data do trânsito em julgado da condenação penal, qual é o termo final do lapso prescricional? De acordo com o artigo 110, se o réu é reincidente, aumenta-se 1/3 no prazo prescricional, sendo ele de 5 anos e 4 meses (prazo prescricional base de 4 anos) e se encerra em 13/01/2026, já que o dia do começo se inclui no computo do prazo (contado a partir da data 14/09/2020).
7) Em 22/09/2012, Marcela praticou três crimes de roubo simples (CP, art.
157, “caput”) em uma mesma oportunidade, contra vítimas distintas, em um ponto de ônibus. A denúncia foi recebida pelo magistrado em 08/10/2012. Na sentença condenatória publicada somente em 17/05/2021, o juiz fixou as penas no mínimo legal, em 4 anos de reclusão e 10 dias- multa para cada crime, e reconheceu a ocorrência de concurso formal próprio de delitos (CP, art. 70, “caput”, primeira parte), razão pela qual utilizou somente uma pena de crime de roubo, aumentando-a na fração de 1/4, resultando na reprimenda final de 5 anos de reclusão e 12 dias-multa. Questiona-se: houve a prescrição da pretensão punitiva, na modalidade retroativa (pena em concreto), no caso concreto? Nos casos de concurso formal cada crime prescreve individualmente. Para cada crime o juiz fixou 4 anos para cada crime, sendo o prazo prescricional de 8 anos, excedendo o prazo decorrente no período de 08/10/2012 até 17/05/2021, logo, houve prescrição.
Da não violação ao princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF/88) em face da execução provisória da pena após condenação em segunda instância