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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DE

EXECUÇÕES PENAIS DA COMARCA DE SÃO LUIS – MA.

PROCESSO Nº 0029170-69.2013.8.10.1113

REEDUCANDO: ALMIR ROSALINO SANTOS GOMES JÚNIOR

ALMIR ROSALINO SANTOS GOMES JÚNIOR, já devidamente qualificado nos


autos do processo de execução de pena acima em epígrafe, vem muito respeitosamente
através de seu advogado devidamente constituído, à presença de Vossa Excelência,
requerer:

INDULTO PROCESSO Nº 19966-2010 – (Pena 06 anos) - DECRETO PRESIDENCIAL


Nº 7.873/2012. / INDULTO PROCESSO Nº 97-48.2012.8.10.0091 – (pena de 06 anos 02
meses e 20 dias) – DECRETO PRESIDENCIAL Nº 8.615/2015. C/C CONTINUIDADE
DELITIVA.

Pelos motivos de fato e de direito abaixo declinados.


1 - DOS FATOS

Douto juízo, conforme depreende-se dos autos, registrado na aba do sistema


seeu/pje - eventos, o requerente vem cumprindo pena desde 07/03/2010, momento de sua
prisão em flagrante, devendo esta data ser fixada como data-base para fins de
livramento condicional.

Possui as seguintes condenações em cumprimento, vejamos:

PROCESSO FATO PENA ILICITO P. SENTENÇA


19966/2010 07/03/2010 06 anos Art. 121, caput CP 26/06/2013
97-48/2012 17/03/2012 06 anos 02 meses e 20 dias Art. 157, CP 17/04/2018
144-85/2013 20/03/2013 05 anos 07 meses e 06 dias Art. 157, CP 18/08/2021
219-65.2013 05/05/2013 08 anos 01 mês 06 dias Art. 157, CP 10/01/2019
074/2015 26/12/2014 08 anos 04 meses 24 dias Art. 157, CP 20/04/2016
075/2015 27/12/2014 07 anos 04 meses Art. 157, CP 24/11/2017
1698-97.2015 30/12/2014 12 anos Art. 157, CP 18/07/2017
85-19/2020 29/03/2020 04 anos 02 meses Art. 157, CP 21/08/2020

Possui os seguintes períodos de cumprimento de pena, vejamos:

 07/03/2010 à 21/12/2012 = 02 anos 09 meses e 15 dias;


 15/02/2013 à 16/10/2014 = 01 ano 08 meses e 02 dias;
 31/12/2014 à 27/12/2019 = 04 anos 11 meses e 27 dias;
 31/03/2020 aos dias atuais = 01 ano 07 meses 19 dias;
 TOTAL DE PENA CUMPRIDA= 11 anos 02 meses e 09 dias

Total de dias remidos = 32 dias de remição.

2 – DO INDULTO PROCESSO Nº 19966-2010 – (Pena 06 anos) - DECRETO


PRESIDENCIAL Nº 7.873/2012.

Douto juízo, o reeducando deu início em seu cumprimento de pena em 07/03/2010.


Até 25/12/2012, data da publicação do decreto invocado, o reeducando cumpriu lapso
temporal de 02 anos 09 meses e 15 dias, período superior ao exigido para a concessão do
beneficio de indulto conforme do Decreto Presidencial nº 7.873/2012, vejamos:
Decreto Presidencial nº 7.873/2012.

Art. 1º É concedido o indulto coletivo às pessoas, nacionais e


estrangeiras:

I - condenadas a pena privativa de liberdade não superior a oito


anos, não substituída por restritivas de direitos ou multa, e não
beneficiadas com a suspensão condicional da pena que, até 25 de
dezembro de 2012, tenham cumprido um terço da pena, se não
reincidentes, ou metade, se reincidentes;

Nesse sentido, verificando que o apenado cumpriu lapso temporal superior a 1/3
da pena imposta, ou seja, cumpriu 02 anos 09 meses e 15 dias, ate o dia 25/12/2012, de
rigor a extinção da pena referente ao processo nº 19966-2010 – Pena 06 anos pela
declaração do indulto conforme do Decreto Presidencial nº 7.873/2012.

3 – DO INDULTO PROCESSO Nº 97-48.2012.8.10.0091 – (pena de 06 anos 02 meses e 20


dias) – DECRETO PRESIDENCIAL Nº 8.615/2015.

Excelência a segunda conduta praticada pelo requerente se deu em 17/03/2012.


Trata-se do processo nº97-48.2012.8.10.0091, cuja pena imposta fora de 06 anos 02 meses
e 20 dias.

Douto juízo, conforme se extrai na aba eventos do sistema seeu/pje, esse fora o
segundo lapso temporal de cumprimento de pena, que se iniciou em 15/02/2013,
cumprindo até a publicação do Decreto Presidencial nº 8.615/2015, o quantum de 02
anos 07 meses e 26 dias, vejamos o decreto:

Art. 1º Concede-se o indulto coletivo às pessoas, nacionais e


estrangeiras:

I - condenadas a pena privativa de liberdade não superior a oito


anos, não substituída por restritivas de direitos ou por multa, e não
beneficiadas com a suspensão condicional da pena que, até 25 de
dezembro de 2015, tenham cumprido um terço da pena, se não
reincidentes, ou metade, se reincidentes;
Nesse sentido, conforme os regramentos contidos no decreto invocado, verificando
que o requerente cumpriu lapso temporal superior ao exigido de 1/3 da pena, de rigor a
extinção da pena referente ao processo nº 97-48.2012.8.10.0091 – pena de 06 anos 02 meses
e 20 pela declaração do indulto.

4 - DA CONTINUIDADE DELITIVA

Excelência, como se extrai, às condutas delitivas referente aos processos nº


074/2015 - pena 08 anos, 04 meses e 24 dias; processo nº 075/2015 – pena 07 anos e 04
meses; processo nº1698-97.2012.4.01.3703 – pena 12 anos, tratam-se de sucessivas práticas
de infrações penais que amoldam-se ao instituto de política criminal, continuidade
delitiva. Tratam-se de sucessivas condutas, que foram praticadas com notável similitude
de tempo, espaço, lugar e modus operandi, praticadas ofendendo o mesmo bem jurídico.

Os Tribunais tem se posicionado sobre o tema, vejamos:

"1. A continuidade delitiva é uma ficção jurídica criada pelo legislador


para beneficiar o agente, sendo necessário, para o seu reconhecimento, a
presença de requisitos objetivos (mesmas condições de tempo, espaço
e modus operandi) e subjetivo (unidade de desígnios), de modo que os
delitos subsequentes sejam um desdobramento do primeiro. 2. A teoria
objetivo-subjetiva é a adotada pelo Código Penal, em especial porque o
artigo 71, caput, dispõe que, além das condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes (requisitos objetivos), devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, de modo a
diferenciar o agente que comete delitos em contexto de continuidade
delitiva, punido com menos rigor, do criminoso habitual ou contumaz."
Acórdão 1222103, 07207158920198070000, Relator: SILVANIO BARBOSA
DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 5/12/2019.

Ínclito juízo, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a


continuidade delitiva trata-se de benefício penal, e para sua aplicação é exigido os
requisitos de pluralidade de condutas, ilícitos da mesma espécie, condições de tempo,
lugar e maneira de execução semelhantes, vejamos:

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


FURTOS QUALIFICADOS E ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. DOSIMETRIA.
CULPABILIDADE. MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA O INCREMENTO DA
PENA-BASE. CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE OS CRIMES
RECONHECIDA. PENA REVISTA. WRIT NÃO CONHECIDO E ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
[...]
4. O crime continuado é benefício penal, modalidade de concurso de crimes, que,
por ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes parcelares que o
formam, para fins específicos de aplicação da pena. Para a sua aplicação, a norma
extraída do art. 71, caput, do Código Penal exige, concomitantemente, três
requisitos objetivos: I) pluralidade de condutas; II) pluralidade de crime da
mesma espécie; III) condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes (conexão temporal, espacial, modal e ocasional);
IV) e, por fim, adotando a teoria objetivo-subjetiva ou mista, a doutrina e
jurisprudência inferiram implicitamente da norma um requisito da unidade de
desígnios na prática dos crimes em continuidade delitiva, exigindo-se, pois, que
haja um liame entre os crimes, apto a evidenciar de imediato terem sido esses
delitos subsequentes continuação do primeiro, isto é, os crimes parcelares devem
resultar de um plano previamente elaborado pelo agente.
5. Nos termos da jurisprudência desta Corte, "inexistindo previsão legal expressa
a respeito do intervalo temporal necessário ao reconhecimento da continuidade
delitiva, presentes os demais requisitos da ficção jurídica, não se mostra razoável
afastá-la, apenas pelo fato de o intervalo ter ultrapassado 30 dias" (AgRg no
AREsp 531.930/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA,
julgado em 3/2/2015, DJe 13/2/2015).
6. No caso, resta clara a configuração da continuidade delitiva entre os crimes, por
restar demonstrado o liame subjetivo entre as condutas, assim como
preenchimento dos elementos de ordem objetiva necessários para a concessão do
benefício. Perpetrados crimes da mesma espécie em comarca limítrofes, com o
mesmo modus operandi, o simples fato de ter decorrido prazo um pouco
superior a 30 dias entre a terceira conduta e a última conduta não afasta a
viabilidade da concessão do referido benefício.
7. A exasperação da pena do crime de maior pena, realizado em continuidade
delitiva, será determinada, basicamente, pelo número de infrações penais
cometidas, parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento,
dentro do intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão, esta Corte Superior de
Justiça possui o entendimento consolidado de que, em se tratando de aumento de
pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração de aumento de 1/6 pela
prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5
infrações; 1/2 para 6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações. 8. Writ não
conhecido. Ordem concedido, de ofício, a fim de reduzir a pena do paciente para 5
anos e 1 mês de reclusão, a ser cumprida em regime fechado, mais 20 dias-multa.
HABEAS CORPUS Nº 490.707 - SC (2019/0023526-6) - Brasília (DF), 21 de
fevereiro de 2019 (data do julgamento) MINISTRO RIBEIRO DANTAS Relator.
(grifo nosso)

Nesse sentido ínclito juízo, verificando que as condutas perpetradas pelo


requerente moldam-se ao instituto da continuidade delitiva, amparado pelo
entendimento de Tribunais Superiores, de justiça que seja aplicado o instituto da
continuidade delitiva em favor do reeducando, mantendo-se a maior das penas acrescida
de 1/5 por se tratar de 03 (três) infrações em continuidade.

4 – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto a defesa requer:

I – Que seja declarada a EXTINÇÃO DA PENA pelo indulto conforme o Decreto


Presidencial nº 7.873/2012, em relação ao processo nº 19966-2010 – Pena 06 anos, visto
que até a publicação do mencionado decreto em 25/12/2012, o reeducando cumpriu o
quantum de 02 anos 09 meses e 15 dias, lapso temporal superior ao exigido;

II – Que seja declarada a EXTINÇÃO DA PENA pelo indulto conforme o Decreto


Presidencial nº 8.615/2015, posto que o reeducando cumpriu lapso temporal superior ao
exigido de 1/3 da pena, ou seja, cumpriu de 15/02/2013 à 25/12/2015 o quantum de 02
anos 07 meses e 26 dias. Devendo ser extinta a pena referente ao processo nº 97-
48.2012.8.10.0091 – pena de 06 anos 02 meses e 20 pela declaração do indulto;
III – Que seja aplicado o instituto da continuidade delitiva referente aos processos nº
074/2015 - pena 08 anos, 04 meses e 24 dias; Processo nº 075/2015 – pena 07 anos e 04
meses; Processo nº1698-97.2012.4.01.3703 – pena 12 anos, pois tratam-se de sucessivas
práticas de infrações penais que amoldam-se ao instituto de política criminal, mantendo-
se a maior das penas acrescida de 1/5 por se tratar de 03 (três) infrações em
continuidade.

III - Que seja elaborado novo cálculo de pena.

Nestes termos

Aguarda Deferimento.

São Luís, 20 de novembro de 2021

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