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E X C E L E N T Í S S I M O S E N H O R J U I Z D E D I R E I T O D A
8ª VARA CÍVEL RESIDUAL DA COMARCA DE
CAMPO GRANDE MS.

Por Dependência dos autos n°: 001.02.002910-0

IDOSO

ANTONIIO CARLOS MENEZES MELO, Brasileiro,


divorciado, aposentado, Portador do RG n° 156.113 SSP/MS e CPF n°
061.819.291-34, residente e domiciliado na Rua Cincinato R. Rego,
149, Bairro Cebola, no município de Barreirinhas MA, vem através de
seu procurador (instrumento de mandato em anexo), perante Vossa
Excelência, com os fundamentos jurídicos abaixo expostos, propor a
presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE PRESCRIÇÃO DE DÍVIDA, EXTINÇÃO


DE HIPOTECA E LEVANTAMENTO DE CONSTRIÇÃO

em face do BANCO DO BRASIL S.A, Sociedade de Economia Mista,


com sede no Setor Bancário Sul, Quadra 01, Bloco A, Edifício Sede,
em Brasília DF, através de sua Agencia Julio de Castilho, sita a
Avenida Julio de Castilho, 1086, Vila Sobrinho, em Campo Grande
MS, inscrita no CNPJ n° 00.000.000/2259-40, pelas razões a seguir
aduzidas:
1. PRELIMINAR

PRIORIDADE NO ANDAMENTO PROCESSUAL

Inicialmente é importante destacar que, o


Requerente atualmente possui 76 anos de idade, o que se constata
pelo documento pessoal acostado aos autos, com isso, o nosso
ordenamento jurídico estabelece o seguinte, quanto a prioridade no
andamento processual:

Estatuto do Idoso

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos


processos e procedimentos e na execução dos atos
e diligências judiciais em que figure como parte ou
interveniente pessoa com idade igual ou superior
a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a


que alude este artigo, fazendo prova de sua idade,
requererá o benefício à autoridade judiciária
competente para decidir o feito, que determinará
as providências a serem cumpridas, anotando-se
essa circunstância em local visível nos autos do
processo.

Código de Processo Civil

Art. 1.211-A. Os procedimentos judiciais em que


figure como parte ou interessado pessoa com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,
ou portadora de doença grave, terão prioridade de
tramitação em todas as instâncias. (Redação dada
pela Lei nº 12.008, de 2009).
Destarte, que seja deferido o pedido de prioridade
no andamento processual, tendo em vista que, o Requerente possui
mais de 60 anos, conforme estabelece nosso ordenamento jurídico.

JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente é aposentando com benefício de um


salário mínimo, logo não possui, atualmente, recursos suficientes
para arcar com os custos da demanda judicial.

Portanto, faz jus ao benefício da justiça gratuita


nos termos do código de processo civil.

 I. Dos Fatos: 

O Requerente tomou um empréstimo junto à


instituição bancaria, na qual ficou convencionado que o pagamento
seria financiado em 18 (dezoito) prestações mensais consecutivas,
sendo que o primeiro vencimento seria para 01/05/1996 e o ultimo
em 01/10/1997.

Em garantia desta operação, foi concedido em


hipoteca cedular um terreno de propriedade de Alexandre Valino
Melo, localizado no Lote 07, Quadra 08, da Vila Polonês, registrado na
matricula n° 168.894, folha n° 01, Livro 02 na CRI da Primeira
circunscrição de Campo Grande MS, conforme registro n°
R.02/168.894 de 28 de setembro de 1995 averbado a margem da
matrícula.
Contudo, devido a dificuldades financeiras, o
Requerente não pode arcar com o pagamento de todas as parcelas do
financiamento.

Destarte, em 05/02/2002, decorridos mais de 4


(quatro) anos e 3 (três) meses do vencimento da última parcela, o
Requerido resolveu intentar judicialmente o recebimento de seu
suposto crédito, através da Execução da Cédula de Crédito Comercial.

Entretanto, por se tratar de um título cambial, o


mesmo é regido pela Lei Uniforme de Genebra, na qual dispõe que a
prescrição de ações para o recebimento de tais espécies é de 3 (três)
anos.

Assim, em 20/09/2010 a citada execução fora


sentenciada como nula, por inexigibilidade do título, pois o mesmo já
se encontrava prescrito. Por conseguinte, a demanda foi extinta sem
julgamento do mérito, na qual a sentença transitou em julgado em
24/11/2010.

Sendo que desde o transito em julgado da


sentença, até a presente data, não houve qualquer movimentação
por parte da Requerida em tentar receber seu suposto crédito.

Portanto, no caso em tela, o ora Requerido


quedou-se inerte em pelo menos duas ocasiões; Antes do ingresso do
processo executivo, e posterior ao transito em julgado da sentença
deste processo. Desta forma, não poderá mais fazê-lo agora, pois o
mesmo está prescrito tanto para a execução forçada, como para
qualquer outra ação de cobrança pelas vias ordinárias que o direito
lhe assegurava.

Desta feita, Digno Magistrado, a divida ora


discutida, não poderá ad eternum, motivo pelo qual a mesma deverá
ser declarada prescrita, e consequentemente, a hipoteca, por ser
acessória, ser levantada.

II. Do Direito:

 Do Cabimento da Ação

Inicialmente destaca-se que tanto a Doutrina


quanto a Jurisprudência, tem admitido esta ação declaratória de
prescrição c/c. a extinção da hipoteca, em face do credor que deixa
escoar o prazo prescricional de todas as ações que tinha à sua
disposição para a cobrança de seu crédito garantido por hipoteca,
pois a mesma é considerada como acessória.

 Para tanto, cite-se o magistério do insuperável


Pontes de Miranda, in Tratado das Ações, II/45, Ed.RT, 1.971: "a
ação declarativa pode ser proposta para que se declare o direito, ou o
direito e a pretensão, ou o direito, a pretensão e a ação, ou a
exceção. Também se pode pedir a declaração de que o direito do réu
é mutilado, isto é, que não tem pretensão  à ação, ou somente não
tem ação. Outrossim, há a ação declarativa para se dizer se a
pretensão ou a ação está prescrita ou não se precluiu". 

DA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO

Manejo de Ação Executiva

Pois bem, demonstrado o cabimento da presente


ação declaratória, passa-se para o cerne da questão, que é o fato de
já ter transcorrido o prazo prescricional, portanto, o credor não pode
mais exercer o direito de ação para reclamar o bem da vida a que, ao
menos em tese, teria direito caso o defendesse preteritamente.

O Código Civil define boa parte desses prazos,


sendo que os mesmos variam de acordo com a valoração que o
Legislador achou por bem dar a essa ou aquela natureza jurídica do
direito a se perseguir através da ação judicial.

Deste modo, os prazos são maiores ou menores na


exata medida dessa mencionada valoração que coube,
essencialmente, ao Legislador. Previstos em abstrato, os prazos são
definidos, por exemplo, conforme se trate de direitos reais, direitos
pessoais, e assim por diante.

Como também, há casos em que a prescrição é


definida por Lei especifica, como ocorreu no presente caso, ou seja,
por se tratar de um título de crédito comercial com natureza cambial,
o mesmo foi abarcado pela prescrição de 3 (três) anos disposta na Lei
Uniforme de Genebra.

Desta feita, no caso em tela não resta duvida


quanto a impossibilidade do manejo de ação executiva, assim, em
tese, restaria as vias ordinárias para que o Requerido buscasse seu
suposto crédito. Contudo, a seguir demonstra-se que para todas as
hipóteses de manejos judiciais, a prescrição também já as alcançou.

Da Ação de Cobrança Ordinária

Considerando a Regra de Transição

Como descrito alhures, o negócio jurídico em


comento foi firmado sob a égide do Código Civil de 1916, sendo
assim se faz necessário uma analise das disposições desta Lei já
revogada.

Que assim dispunha em seu Art. 177:

"As ações pessoais prescrevem, ordinariamente,


em 20(vinte) anos, as reais em 10 (dez), entre
presentes, e entre ausentes em 15(quinze) anos,
contados da data em que poderiam ter sido
propostas".

Ocorre que, com advento do novo Código Civil, o


prazo prescricional para casos como o em tela, foi reduzido de 10
(dez) anos para 5 (cinco) anos (CC/02, Art. 206, § 5º,I).

Deste modo, verifica-se que entre o nascimento do


direito e sua prescrição, ocorreu uma transição de normas, contudo,
para sanar essas controvérsias o próprio código civil trouxe insculpido
no Art. 2.028, a chamada regra de transição, que dispõe:

Serão os da lei anterior os prazos, quando


reduzidos por este Código, e se, na data de sua
entrada em vigor, já houver transcorrido mais
da metade do tempo estabelecido na lei
revogada.

Pois bem, o atual Código Civil entrou em vigor na


da de 11/01/2003, sendo essa data de fundamental importância para
o deslinde da presente demanda.

Quando da entrada em vigor do novo código civil,


já havia transcorrido 5 (cinco) anos, 3 (três) meses e 1 (um) dia da
data de vencimento do título, logo, deve-se considerar o prazo
prescricional de 10 (dez) anos determinado pela Lei revogada.
Com efeito, sendo a data de vencimento do título
01/10/1997 sua prescrição ocorreria em 01/10/2007.

Mesmo que num devaneio, considerarmos o prazo


prescricional do CC/1916 (10 anos), a partir da vigência do Código
Civil atual (11/01/2003), a prescrição teria acontecido em
11/01/2013.

Portanto, verifica-se a impossibilidade de cobrança


valendo-se do prazo prescricional do Código Civil revogado, pois a
prescrição também já se operou.

Considerando o Atual Código Civil

Diferente do antigo Código, no Código Civil de


2002, o Legislador optou por ser mais detalhista, haja vista ter fixado
prazos com critérios mais aclarados. Senão vejamos:

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando


a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206. Prescreve:
§ 1o Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores
de víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da
hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador,
ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de
responsabilidade civil, da data em que é citado
para responder à ação de indenização proposta
pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este
indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato
gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da
justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos,
pela percepção de emolumentos, custas e
honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação
dos bens que entraram para a formação do capital
de sociedade anônima, contado da publicação da
ata da assembleia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os
sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o
prazo da publicação da ata de encerramento da
liquidação da sociedade.
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.
§ 3o Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios
urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas
de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou
quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com
capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de
enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou
dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo
da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida
indicadas por violação da lei ou do estatuto,
contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos
constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da
apresentação, aos sócios, do balanço referente ao
exercício em que a violação tenha sido praticada,
ou da reunião ou assembleia geral que dela deva
tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia
semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de
título de crédito, a contar do vencimento,
ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o
segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de
seguro de responsabilidade civil obrigatório.
§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela,
a contar da data da aprovação das contas.
§ 5o Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas
líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral,
procuradores judiciais, curadores e professores
pelos seus honorários, contado o prazo da
conclusão dos serviços, da cessação dos
respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do
vencido o que despendeu em juízo.

Assim, verifica-se que o título que embasaria uma


eventual cobrança possui natureza particular, logo, de acordo com o
texto legal acima grifado, sua pretensão de cobrança prescreve em 5
(cinco) anos.

Para esta hipótese, o marco inicial deve ser


considerado de acordo com a Sentença que extinguiu a Ação
Executiva proposta em 06/02/2002, na qual, o Excelentíssimo
Magistrado consignou a Interrupção da prescrição quando da
propositura daquela ação.

Desta feita, o transito em julgado da ação


executiva acima citada ocorreu em 24/11/2010, conforme certidão
juntada aos autos. Por conseguinte, sua prescrição ocorreu em
24/11/2015.

Portanto, também por esta hipótese a pretensão


de cobrança já foi alcançada pela prescrição.

Contudo, em outra hipótese, mesmo que insana,


de se considerar a interrupção da prescrição somada com a regra de
transição do Art. 2.028 do CC, assim teríamos:

Da data de vencimento da obrigação (01/10/1997)


até a interrupção da prescrição, transcorreu 4 (quatro) anos e 4
(quatro) meses, não mais que isso, logo, menos que a metade do
prazo prescricional estabelecido pela Lei revogada (10 anos), assim,
de acordo com a regra de transição deve-se considerar o prazo da Lei
nova, ou seja, Art. 206, § 5º, I, CC/2002 (5 anos); Por esta via cai-
se na mesma situação da acima descrita.
Portanto, restou claro que em todas as hipóteses
de utilização da via judicial para cobrança da dívida objeto da
presente demanda, o prazo prescricional já fluiu, não havendo outros
meios judiciais de cobrança da dívida.

Da Extinção da Hipoteca

O código civil dispõe em seu Art. 1.419 que:

“Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou


hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por
vínculo real, ao cumprimento da obrigação".

Assim, entende-se que a hipoteca é um direito real


de garantia e que possui algumas peculiaridades, sendo a mais
importante para o presente caso é à acessoriedade.

Por essa peculiaridade, tal instituto tem sua


existência vinculada, necessariamente, a uma obrigação principal
assumida pelo devedor, por esse motivo é que tal ônus real possui
natureza jurídica acessória, não tendo força de subsistência
autônoma, seguindo a sorte da principal. Cessando a garantia real
com a extinção da dívida assegurada conforme dispõe o Codigo Civil:

Seção IV
Da Extinção da Hipoteca
Art. 1.499. A hipoteca extingue-se:
I - pela extinção da obrigação principal;
II - pelo perecimento da coisa;
III - pela resolução da propriedade;
IV - pela renúncia do credor;
V - pela remição;
VI - pela arrematação ou adjudicação

Destarte, a prescrição da pretensão de cobrança


da dívida extingue o direito real de hipoteca estipulado para garanti-
la, conforme disposições legais e entendimentos jurisprudenciais
abaixo colacionados.

REsp 1.408.861, Informativo 572

A prescrição da pretensão de cobrança da dívida


extingue o direito real de hipoteca estipulado para
garanti-la. O credor de uma obrigação tem o
direito ao crédito desde o momento da pactuação
do negócio jurídico, ainda que não implementado o
prazo de vencimento. Após o vencimento da
dívida, nasce para o credor a pretensão de
recebimento dela. Recusado o cumprimento
da obrigação, inflama-se a pretensão,
nascendo a ação de direito material. Esse
desdobramento da obrigação tem interesse prático
exatamente no caso da prescrição, pois, após o
vencimento da dívida sem a sua exigência coativa,
o transcurso do lapso temporal previsto em lei
encobre a pretensão e a ação de direito material,
mas não extingue o direito do credor. A par disso,
é possível visualizar que, efetivamente, o
reconhecimento da prescrição não extingue o
direito do credor, mas, apenas, encobre a
pretensão ou a ação correspondente. De outro
lado, registre-se que o art. 1.499 do CC elenca as
causas de extinção da hipoteca, sendo a primeira
delas a "extinção da obrigação principal". Nessa
ordem de ideias, não há dúvida de que a
declaração de prescrição de dívida garantida por
hipoteca inclui-se no conceito de "extinção da
obrigação principal". Isso porque o rol de causas
de extinção da hipoteca, elencadas pelo art. 1.499,
não é numerus clausus. Ademais, a hipoteca, no
sistema brasileiro, é uma garantia acessória em
relação a uma obrigação principal, seguindo,
naturalmente, as vicissitudes sofridas por esta.
Além do mais, segundo entendimento doutrinário,
o prazo prescricional "diz respeito à pretensão de
receber o valor da dívida a que se vincula a
garantia real. [...] extinta a pretensão à cobrança
judicial do referido crédito, extinta também estará
a pretensão de excutir a hipoteca dada a sua
natureza acessória".

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 Superior Tribunal de Justiça - Revista Eletrônica


de Jurisprudência     Brasília – DF, 06 de fevereiro
de 2001 EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.408.861
- RJ (2013⁄0336206-2)   RELATOR : MINISTRO
PAULO DE TARSO SANSEVERINO EMBARGANTE :
REAL E BENEMÉRITA SOCIEDADE PORTUGUESA DE
BENEFICIÊNCIA DO RIO DE JANEIRO ADVOGADOS
: CARLA PRETTI MERCANTE E OUTRO(S) EDUARDO
CORRÊA DIAS DE ALMEIDA LEONARDO LOUREIRO
DA SILVA E OUTRO(S) VANESSA ISADORA
GENARO E OUTRO(S) EMBARGADO : REAL E
BENEMERITA SOCIEDADE PORTUGUESA CAIXA DE
SOCORROS DOM PEDRO V ADVOGADOS :
ANTÔNIO CARLOS DA COSTA ARAÚJO E OUTRO(S)
JOÃO HENRIQUE SILVA CHAVES   RELATÓRIO   O
EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO
SANSEVERINO (Relator):   Trata-se de embargos
de declaração opostos por REAL E BENEMÉRITA
SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICÊNCIA DO
RIO DE JANEIRO em face do acórdão de fls.
944⁄956, que deu provimento ao recurso especial
nos seguintes termos: RECURSO ESPECIAL.
DIREITO CIVIL. EXTINÇÃO DA HIPOTECA.
PRESCRIÇÃO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1499, I, DO CC⁄2002.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE CANCELAMENTO. 1
- Pedido de cancelamento da hipoteca em face da
declaração judicial de extinção da obrigação
principal pelo implemento da prescrição. 2 -
Prescrita a pretensão derivada da obrigação
principal, não persiste a garantia hipotecária,
em face da sua natureza acessória. 3 -
Inteligência do art. 1499, inciso I, do
CC⁄2002. 4 - Doutrina e jurisprudência acerca do
tema. 5 - RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.372.983 - CE


(2013/0065604-7) RELATOR : MINISTRO PAULO
DE TARSO SANSEVERINO RECORRENTE :
HAROLDO LIMA CAMPOS E OUTRO ADVOGADOS :
MARÍLIA CRUZ MONTEIRO E OUTRO (S) SÉRGIO
DE FREITAS CARNEIRO FILHO JARDELLY DE
AGUIAR CUNHA RECORRENTE : CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL E OUTRO ADVOGADO :
VITOR YURI ANTUNES MACIEL E OUTRO (S)
RECORRIDO : OS MESMOS RECURSOS ESPECIAIS.
CIVIL. SFH. DÍVIDA PRESCRITA. LEILÃO
EXTRAJUDICIAL. DANO MORAL. 1. RECURSO
ESPECIAL INTERPOSTO PELOS AUTORES. 1.1.
Ocorrência de abalo moral indenizável na hipótese
em que o imóvel que serve de moradia do
mutuário é levado a leilão extrajudicial com base
em dívida prescrita. 2. RECURSO ESPECIAL
INTERPOSTO PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
2.1. Distinção entre ação e pretensão. Doutrina
sobre o tema. 2.2. Extinção da hipoteca como
consequência da prescrição da pretensão de
cobrança da dívida garantida.
(...)
Assim, prescrita a pretensão, extinguem-se as
garantias, embora subsista o crédito, desprovido
de pretensão. Ante o exposto, dou provimento ao
recurso especial interposto pelos autores
HAROLDO LIMA CAMPOS E FÁTIMA MOURA
CAMPOS para condenar a parte ré ao pagamento
de indenização por danos morais no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais, referenciados nesta
data), e nego seguimento ao recurso especial
interposto por CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E
OUTRO. Juros de mora desde a citação
(responsabilidade contratual), e correção
monetária pelo INPC a partir desta data (Súmula
362/STJ). Custas e honorários advocatícios pela
parte ré, estes arbitrados em 15% do valor da
condenação. Intimem-se. Brasília (DF), 16 de abril
de 2015. MINISTRO PAULO DE TARSO
SANSEVERINO Relator

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE


AGRAVO. DECISÃO MONOCRÁTICA TERMINATIVA
QUE NEGOU SEGUIMENTO A APELAÇÃO CÍVEL.
SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE A AÇÃO
ORDINÁRIA DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DE
HIPOTECAS. OBRIGAÇÕES ORIUNDAS DE
CONTRATOS DE REPASSE DE RECURSOS
PROVENIENTES DE MÚTUO DO EXTERIOR E SUAS
POSTERIORES RÉ-RATIFICAÇÕES ALCANÇADOS
PELO MANTO DA PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA.
INTELIGÊNCIA DO ART 177 DO CÓDIGO CIVIL
BRASILEIRO DE 1916. À UNANIMIDADE DE
VOTOS, NEGOU-SE PROVIMENTO AO AGRAVO
LEGAL. I - No caso em tela, o reconhecimento da
prescrição da dívida, enquanto obrigação principal,
tem a imediata consequência de extinguir a
hipoteca, enquanto obrigação acessória, seguindo
assim àquela velha parêmia, segundo a qual o
accessorium sequitur principale, o acessório segue
o principal. II - Manutenção da decisão
monocrática que se impõe. III-A unanimidade de
votos, negou-se provimento ao presente Recurso
de Agravo.(TJ-PE - AGR: 3547040 PE, Relator:
Itabira de Brito Filho, Data de Julgamento:
18/12/2014, 3ª Câmara Cível, Data de
Publicação: 13/01/2015)
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APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS


BANCÁRIOS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
PRESCRIÇÃO C/C PEDIDO DE DESCONSTITUIÇÃO
DE HIPOTECA (OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA) C/C
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CÉDULA DE
CRÉDITO COMERCIAL. A dívida oriunda da
cédula de crédito comercial firmada entre o
falecido devedor e o Banco se encontra
prescrita, inexistindo razão, portanto, para a
permanência da hipoteca registrada em
garantia do débito. Conforme se depreende
da Cédula de Crédito Comercial cuja cópia foi
acostada aos autos, a creditada Comercial de
Combustíveis Brasil Ltda. comprometeu-se a quitar
o débito para com o demandado em 48 prestações
mensais e sucessivas, sendo a última parcela com
vencimento no dia 15.12.2005. É fato
incontroverso que está prescrita a ação executiva,
cujo prazo é trienal, a contar do vencimento do
aludido título, consoante dispõe o artigo 5º da Lei
n. 6.840/80 combinado com o artigo 52 do
Decreto-Lei n. 413/69 e o artigo 70 da Lei
Uniforme de Genébra. Em que pese a perda da
força executiva, admite-se a cobrança do valor
consignado no documento por meio da ação
monitória (art. 1.102-A do Código de Processo
Civil) ou mesmo da ação de cobrança, cujo prazo
prescricional é de cinco anos, contado do
vencimento do título, nos termos do art. 206, § 5º,
inc. I, do Código Civil: Prescreve: () § 5º - Em
cinco anos: () I - a pretensão de cobrança de
dívidas líquidas constantes de instrumento público
ou particular. Dessa forma, considerando que o
título prevê como vencimento da... última parcela
o dia 15.12.2005, mostra-se imperativo
reconhecer que prescreveu em 15.12.2010 a
pretensão do demandado para haver em juízo o
pagamento do valor estampado na referida Cédula
de Crédito Comercial. Cumpre destacar, por
oportuno, que o demandado não alegou ou
demonstrou a incidência de nenhuma das causas
suspensivas ou interruptivas da prescrição
previstas nos artigos 197 e seguintes do Código
Civil, ônus que lhe incumbia, na forma do art. 333,
inciso II, do Código de Processo Civil. Assim,
expirado o lapso prescricional legalmente
estabelecido para o credor buscar a satisfação de
seu crédito pela via judicial (execução ou processo
de conhecimento), o cancelamento da hipoteca
constituída sobre o imóvel descrito na inicial
afigura-se impositivo, pois, estando prescrita a
dívida corporificada na cédula de crédito comercial,
em que fora convencionada a garantia hipotecária,
a obrigação acessória ajustada perdeu sua razão
de existir, merecendo pronta extinção, com
fundamento no art. 1.499, inc. I, do Código Civil,
verbis: A hipoteca extingue-se: I - pela extinção
da obrigação principal. APELO DESPROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70062141346, Décima Segunda
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout, Julgado
em 27/08/2015).(TJ-RS - AC: 70062141346 RS,
Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout,
Data de Julgamento: 27/08/2015, Décima
Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário
da Justiça do dia 31/08/2015)

Portanto excelência, por todo o exposto não


restam dúvidas que, todos os prazos facultados a Requerida para
manejo judicial de cobrança da dívida, já escoou, sendo imperativo a
declaração de prescrição, consequentemente o levantamento da
constrição hipotecaria que paira sobre o imóvel citado alhures.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, narrado e devidamente


evidenciado, serve a presente para requerer a intervenção e
prestação da tutela jurisdicional, para que digne-se Vossa Excelência
a:

1) Deferir os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA nos


termos do código de processo civil;

2) Determinar a citação do Requerido nas pessoas de


seus representantes judiciais para manifestarem-se no prazo legal, para
querendo, contestem a presente ou aceite as penas da revelia;

3) Julgar antecipadamente a presente demanda, pois não


há provas a produzir e, pois trata-se de matéria unicamente de direito, nos
termos do artigo 355 do Código de Processo Civil;

4) Reconhecer e declarar a prescrição da dívida, nos


termos dos dispositivos normativos citados acima;
5) Determinar o levantamento da constrição registrada
sob o n° R.02/16/.894 de 28 de setembro de 1995, existente na matrícula n°
168.894, por consequência da extinção da obrigação principal;

Dá-se à causa o valor R$ 1.000,00 ( hum mil


reais), para efeitos legais.

Nesses termos,

pede deferimento.

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