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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 3ª

CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


PIAUÍ.

Processo: XXXXXXXXXXX

ISABELLA, já devidamente qualificada nos autos de número em epígrafe, cuja


parte adversa é FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DE TERESINA/PI,
também devidamente qualificada, vem, respeitosamente, por sua advogada
subscrito, à Vossa Excelência, com fundamento no artigo 1.022 do Código de
Processo Civil, opor o presente:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Em face da decisão de folha (número da folha da decisão embargada), pelas


razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

I – DOS FATOS

A embargante propôs ação anulatória de débito tributário, com pedido liminar,


contra o Município de Teresina, tendo em vista o aumento da alíquota do IPTU
de 3% para 15%, ocorrido em janeiro de 2021. Alegou que a majoração da
alíquota é inconstitucional, por violar o princípio da anterioridade tributária e por
ter natureza confiscatória. O pedido liminar foi concedido pelo juízo de origem e
a liminar foi mantida pela 3ª Câmara de Direito Público deste Egrégio Tribunal
de Justiça. Ao final, o juízo de origem julgou procedente a ação, declarando
incidentalmente a inconstitucionalidade da lei municipal no que tange ao
aumento no mesmo exercício financeiro (anterioridade) e reconhecendo a
natureza confiscatória do tributo.

Ao julgar o recurso de apelação apresentado pela Procuradoria do Município, o


Tribunal de Justiça do Piauí julgou a ação improcedente. O relator não
fundamentou sua decisão, tendo omitido qualquer julgamento a respeito da
alegação de inconstitucionalidade da lei municipal indicada na inicial, apenas
julgou o recurso da parte provido na parte dispositiva de sua decisão monocrática
que não contou com quaisquer fundamentos.

Na decisão do relator apenas constam os nomes das partes e um parágrafo


apontando não ser possível a cobrança de aumento de tributo no mesmo exercício
financeiro da publicação da lei que caberia o aumento, mas em seu parágrafo
final consta “recuso da apelante provido”.

II – NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DO JULGADO

Nos termos do artigo 1.022, parágrafo único do Código de Processo Civil, cabem
embargos de declaração por omissão.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial


para:
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos
ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Há patente nulidade na falta de fundamentação das decisões judiciais, como se


denota no artigo 489 do Código de Processo Civil, para quem são elementos
essenciais da sentença, dentre outro, os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito; o que não ocorreu no caso em análise.

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em
tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

Neste caso, nota-se que a decisão embargada deixou de analisar matéria


indispensável à correta análise do direito pleiteado.

III – NECESSIDADE DE FORMAÇÃO DE INCIDENTE DE ARGUIÇÃO


DE INCONSTITUCIONALIDADE

Em razão do controle difuso, incidental de constitucionalidade que ocorre neste


processo, há a necessidade de que seja afastada a aplicação da lei municipal com
efeito inter partes com respeito à clausula de reserva de plenário aplicável aos
órgãos colegiados, prevista no artigo 97 da Constituição Federal.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos


membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

IV- DO PREQUESTIONAMENTO EXPRESSO


Mostra-se necessário também, o prequestionamento dos dispositivos
constitucionais violados como requisito essencial para a admissibilidade dos
recursos denominados extremos ou excepcionais. Em razão disso, prequestiona-
se o caráter confiscatório da lei municipal, incompatível com o artigo 150, IV, da
Constituição Federal; e o desrespeito patente ao princípio da anterioridade que
está descrito expressamente no artigo 150,0 III, b, c da Constituição Federal.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto e fundamentado, requer-se o acolhimento dos Embargos


Declaratórios opostos, para que a decisão seja complementada e enviada para
julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade pelo plenário do Egrégio
Tribunal de Justiça do Piauí, reconhecendo a manutenção integral do julgado
pelo MM Juízo de primeiro grau, em razão da inconstitucionalidade da lei
municipal.

Requer-se também a intimação do Ministério Público para que atue no feito


como fiscal da lei.
Termos em que, pede deferimento.

Local e data.

Assinatura do advogado.

OAB/XXX

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