Você está na página 1de 2

04/07/2022 15:07 Envio | Revista dos Tribunais

A PRESCRIÇÃO PENAL E A REINCIDÊNCIA

A PRESCRIÇÃO PENAL E A REINCIDÊNCIA


Doutrinas Essenciais de Direito Penal | vol. 5 | p. 1031 - 1033 | Out / 2010
Doutrinas Essenciais de Direito Penal | vol. 4 | p. 1031 - 1033 | Out / 2010
DTR\2012\1599

Antônio Rodrigues Porto


Juiz do Tribunal de Alçada Civil de São Paulo.
 
Área do Direito: Penal; Processual
*

Revista dos Tribunais • RT 442/1972 • ago./1972


Sumário:
 
- I – Efeito da prescrição penal sobre a reincidência - II – Prescrição da reincidência
 
O I Encontro dos Tribunais de Alçada do Brasil, realizado justamente quando está em foco a reforma da nossa
legislação penal, possibilita o exame do tema supra, através desta sumária comunicação. Esse tema pude ser dividido
em duas partes: I – efeito da prescrição penal sobre a reincidência; II – prescrição da reincidência.
I – Efeito da prescrição penal sobre a reincidência
a) Quando a ocorrência da prescrição tiver sido regulada pelo máximo da pena privativa da liberdade, abstratamente
cominada na lei (prescrição da ação penal), estarão extintas todas as conseqüências penais do crime. De um modo
geral, essa espécie de prescrição é equiparada à declaração da inocência, para efeitos penais. Assim, considera-se
apagado o caráter delituoso do fato; se posteriormente o acusado praticar um crime, será considerado delinqüente
primário, e não reincidente. Poderá, portanto, gozar das vantagens concedidas aos criminosos primários (obtenção de
suspensão condicional da pena, livramento condicional etc.). A presunção de inocência será “juris et de jure”.
b) Ocorrendo a prescrição depois de passar em julgado a sentença condenatória (prescrição da execução ou da
condenação), a única conseqüência em favor do réu é a de ficar isento do cumprimento da pena, detentiva ou
pecuniária. Assim, o beneficiado não será considerado delinqüente primário, se praticar novo delito, pois permanece a
veracidade dos fatos constatados pela sentença. Para efeito de reincidência, basta uma condenação anterior
transitada em julgado pouco importando que o condenado não haja cumprido
a pena.
c) A prescrição pode ter sido reconhecida antes de transitar em julgado a condenação, na hipótese do parágrafo único
do art. 110 (após haver sentença condenatória da qual apenas o réu apelou). Nessa hipótese, subsistem algumas
conseqüências penais porque a pena imposta não pode ser considerada inexistente; caso contrário, inexistente seria
também a prescrição, desde que foi decretada com base na condenação. Excetua-se, além da isenção do
cumprimento da pena; também a reincidência, porque esta, de acordo com o conceito legal, só existe quando houver
trânsito em julgado da condenação anterior.
d) As considerações acima, feitas em face do Código Penal (LGL\1940\2) vigente, têm aplicação também diante do
novo Código Penal (LGL\1940\2), promulgado pelo decreto-lei n. 1.004, de 21.10.1969. Observe-se, ainda, que esse
novo diploma legal mantém a reincidência como fato interruptivo da prescrição (da execução da pena, ou da
condenação).
II – Prescrição da reincidência
O Código Penal (LGL\1940\2) vigente não previu a “prescrição da reincidência”. Para ele, a reincidência é
permanente, isto é, havendo uma condenação anterior, a prática de um novo delito qualifica o agente como
reincidente qualquer que seja o tempo decorrido entre os dois fatos (condenação irrecorrível e novo crime).
O novo Código Penal (LGL\1940\2) (decreto-lei n. 1.004. de 1969); entretanto, contempla a temporariedade da
reincidência. Nesse passo, seguiu o exemplo de outras legislações e a melhor doutrina. Nos termos do § 1º, do seu
art. 157, “não se toma em conta, para o efeito da reincidência, a condenação anterior, se entre a data do cumprimento
ou extinção da pena e o crime posterior decorreu período de tempo superior a cinco anos”. Como está dito na
respectiva Exposição de Motivos, após o decurso desse tempo a reincidência perde qualquer relevância jurídica.
Pode-se objetar quanto ao prazo previsto, que provavelmente será exíguo diante de crimes muito graves. No entanto,
como está suspensa a vigência desse novo Código e se anunciam modificações no seu texto, é para desejar que seja
mantida essa inovação, embora pareça muito curto o intervalo de cinco anos.
 

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document# 1/2
04/07/2022 15:07 Envio | Revista dos Tribunais

 
 
* Comunicação apresentada no I Encontro dos Tribunais de Alçada, realizadoem São Paulo, em novembro de 1971.
     

https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document# 2/2

Você também pode gostar