SEEU - Processo: 0022916-65.2013.8.11.0042 - Assinado digitalmente por RUBENS ALVES DE PAULA - ***.***.

451-87
[82.1] JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO - Manifestação ministerial em 03/04/2024

4ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá

Núcleo de Execução Penal

SEGUNDA VARA CRIMINAL DA CAPITAL

PEP n. 0022916-65.2013.8.11.0042
Reeducando: PABLO LEONARDO ROSA

Validação em https://seeu.pje.jus.br/seeu/ - Identificador: PJTBR AV4XY QUHCU R382D

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006.
MM. Juiz,

Trata-se de PEP referente ao reeducando PABLO

LEONARDO ROSA, em usufruto do benefício do livramento condicional desde
19/09/2013, conforme decisão de mov. 1.43, pág. 42.

Verifica-se que o recuperando esteve em cumprimento

simultâneo do livramento condicional (mov. 1.50, pág. 32/33) com pena restritiva
de direitos aplicada na AP n. 0004819-12.2008.8.26.0224 (mov. 1.50, pág. 40),
entretanto, a referida guia de execução penal foi acertadamente declarada extinta
por este d. Juízo em razão da materialização da prescrição da pretensão punitiva
(mov. 73.1).

Pendente tão somente de cumprimento a pena

privativa de liberdade imposta, vieram os autos com vista ao Ministério Público
após elaboração do cálculo de liquidação de pena que aponta o integral
cumprimento da reprimenda aplicada.

Pois bem.

De acordo com o relatório da situação processual

executória gerado pelo Sistema SEEU, verifica-se que, de fato, o penitente
cumpriu a pena corpórea em sua totalidade.

Isso porque, conforme o novo cálculo elaborado, é

indicado o dia 06/02/2020 como término da reprimenda.

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E consoante inteligência do art. 90, do Código Penal,

“se até o término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena

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privativa de liberdade.”

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006.

Extrai-se, portanto, que transcorreu todo o período de
prova sem que houvesse suspensão ou revogação do benefício do
condicional, de modo que o reconhecimento do integral cumprimento da pena
corpórea é medida impositiva.

Vale ressaltar, inclusive, que o transcurso do

período de prova sem suspensão ou revogação do benefício, via de regra,
extinguiria a punibilidade do sentenciado. Ocorre que resta pendente de
pagamento a pena de multa imposta.

A respeito, a Quinta Turma do STJ reafirmou

jurisprudência segundo a qual não se pode declarar a extinção da punibilidade,
mesmo que cumprida a pena privativa de liberdade, se não foi efetuado o
pagamento da pena de multa.

Neste sentido:

QUESTÃO DE ORDEM. PENAL E PROCESSO

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. 1. ADI n. 3.150/DF. MULTA. NATUREZA
DE SANÇÃO PENAL. 2. DECLARAÇÃO DE
CONSTITUCIONALIDADE E
INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO VINCULANTE.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. NECESSÁRIO O
PAGAMENTO DA MULTA. 3. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao
julgar a ADI n. 3.150/DF, declarou que, à luz do
preceito estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da
Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de
liberdade e de outras restrições – perda de bens,
prestação social alternativa e suspensão ou interdição
de direitos –, é espécie de pena aplicável em
retribuição e em prevenção à prática de crimes, não
perdendo ela sua natureza de sanção penal. 2.
Dessarte, as declarações de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade são dotadas de eficácia contra
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todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do

Poder Judiciário. Assim, não se pode mais declarar
a extinção da punibilidade pelo cumprimento
integral da pena privativa de liberdade quando
pendente o pagamento da multa criminal. 3. Agravo

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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006.
regimental a que se nega provimento. (STJ. AgRg no
Recurso Especial n.º 1850903. Relatoria do Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado
em 28/04/2020, publicado em 30/04/2020).

Diante de todo o exposto, o Ministério Público

manifesta-se contrário à extinção da punibilidade do sentenciado,
oportunidade em que requer a atualização do cálculo da pena de multa e
intimação do reeducando para que efetue o pagamento ou apresente
proposta de parcelamento, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de execução
da dívida.

Cuiabá/MT, 03 de abril de 2024.

RUBENS ALVES DE PAULA

PROMOTOR DE JUSTIÇA

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