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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 28ª Vara Federal – Seção

Judiciária do Rio de Janeiro

Processo nº 0000400-25.2012.4.02.5101

MARIA DAS DORES BORBA, por sua advogada infra-


assinado, nos autos do cumprimento de sentença em epígrafe, vem
apresentar sua APELAÇÃO à decisão de mérito definitiva de Evento
n. 45, conforme razões inclusas, requerendo seu recebimento e
envio ao C. Tribunal Regional Federal da 2ª. Região.

P. deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2023

Carlos Emanuel do Nascimento Viana


OAB/RJ 133.602
COLENDA TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA
2ª REGIÃO

Apelante: MARIA DAS DORES BORBA


Apelado: INPI

Eméritos Julgadores,

Insurge-se o Apelante contra a r. sentença/decisão que


põe fim ao processo de Evento n. 45, que acolheu a impugnação ao
cumprimento de sentença interposta pelo INPI, extinguindo a
execução para a apelante com fundamento na prescrição.

Equivocou-se o i. Juízo a quo, ao decidir que:

“(...)
Em 02/07/2009, o Juízo da 18ª Vara Federal extinguiu a
execução da ação coletiva, determinando que fossem
promovidos cumprimentos individuais de sentença a
serem ajuizados, mediante livre distribuição, pelos
associados do sindicato autor.
O Decreto nº 20.910/32, que discorre acerca da
prescrição quinquenal em relação a todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda, assim preconiza, no
que concerne à interrupção da prescrição:
(...)
De toda sorte, se considerada a decisão de julho
de 2009 como causa interruptiva da prescrição, a
exequente teria apenas mais dois anos e meio
para promover a execução individual, com
arrimo no art. 9º do Decreto 20.910/32,
respeitados os cinco anos mínimos, contados do
trânsito em julgado, em observância à súmula
no. 3831 do Eg. STF
Destarte, ainda que se considerasse nova
interrupção, o prazo voltaria a fluir pela metade,
a partir de 02 de julho de 2009 e restaria, de
igual forma, configurada a prescrição da
pretensão executiva, considerando o
ajuizamento da presente demanda em
13/01/2012.
Ante o exposto, reconheço a prescrição e
extingo a presente demanda com resolução do
mérito, nos termos do art. 487, II do CPC.
(...)”.

Todavia, merece completa reforma tal decisum como


será demonstrado.

DA INEXISTÊNCIA DA PRESCRIÇÃO PARA A EXECUÇÃO DO


JULGADO

Consta dos embargos do devedor de fls. escusável


contradição, pois, embora disponha que a prescrição é de 5
(cinco) anos para a execução, na forma da Súmula n. 150 do STF e
do art. 1º do Decreto n. 20.910/32, aplicou prazo de dois anos e
meio, como se a culpa pela eventual inércia na execução até a
decisão que determinou à livre distribuição fosse do exequente!
Certo é que o processo não ficou inerte no período até a execução
à livre distribuição, não havendo culpa da parte ora embargante,
que sempre peticionou nos autos da ação de conhecimento
coletiva n. 2001.5101004830-5, que tramitou na 18ª Vara
Federal/SJRJ, de modo que o prazo prescricional quinquenal da
execução iniciou-se com o trânsito em julgado da referida decisão
de execução individual à livre distribuição.

Primeiramente, informa a impugnada/apelante que


tentou, por meio da sua entidade sindical, o SINTRASEF/RJ (AUTOR
da ação ordinária coletiva– processo de conhecimento), iniciar a
execução do julgado (implantação e pagamento dos atrasados do
índice dos 3,17% sobre vencimentos e demais verbas
remuneratórias) proferido nos autos do processo n.
2001.51.01004830-5 (ação ordinária coletiva), que tramitou na
própria 18ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro.

Assim, como de praxe, para iniciar a execução do


julgado, foi requerido, logo após a vinda dos autos do r. Tribunal
Regional Federal da 2ª. Região, a intimação da União Federal (ré,
ora apelada, detentora de toda a documentação) para trazer
àqueles autos do processo de conhecimento todos elementos para
a confecção da planilha de cálculos, tais como fichas financeiras
do período exequendo (de janeiro de 1995 até agosto de 2009 –
pagamento administrativo de janeiro de 2002 até agosto de 2009)
e evolução funcional para TODOS OS 50 SUBSTITUÍDOS, conforme
cópias das petições e andamentos do referido processo, cujas
cópias seguem em anexo no processo originário no Evento n. 1,
início no out -03 – fl. 25 e seguintes.

Porém, diante do elevadíssimo número de substituídos,


os despachos do r. juízo da 18ª. VF/RJ para trazer os elementos
necessários à execução nunca eram trazidos à contento, trazendo
o INPI fichas financeiras apenas dos anos de 2001 e 2002.

Quando se conseguiu a totalidade da documentação, foi


requerida, em meados do ano de 2007, a retirada dos autos do
cartório para a confecção das planilhas de cálculos, inclusive com
pedido de execução na forma do art. 730 do CPC/1973, quando
ocorreu o despacho do r. juízo determinando a livre distribuição
das execuções individuais oriunda da ação coletiva, publicado no
D.O.U., em 06/08/2009 (conforme cópia da decisão e respectiva
publicação anexa na ação originária às no Evento n. 1, OUT 06 fls.
10 e seguintes – juntando na presente a referida decisão na
íntegra), verbis:

“A decisão proferida pelo Egrégio Tribunal Regional


Federal da 2ª Região às fls. 548/550, por ser genérica,
não fixou os valores devidos a cada substituído, sendo
certo que o valor dos danos individuais sofridos, à
evidência, não são uniformes, ou mesmo existentes.

Permitir, nestes autos, a liquidação individual de cada


substituído frustrará, por completo, não só a prestação
jurisdicional coletiva, mas também se instaurará um
litisconsórcio multitudinário que impedirá, pelos seus
notórios contornos burocráticos, a efetiva entrega dos
valores devidos.

Processos com tais características simplesmente ou não


prosseguem, ou congestionam completamente a
unidade (Vara Federal) por onde tramitam.

Infelizmente, a experiência demonstra que processos


de execução multitudinária sempre ficam sujeitos às
diversas e infindáveis impugnações, óbitos,
habilitações, disputas de descendentes e
companheiras, redundando num verdadeiro concurso
infindável de incidentes.

Nesse passo, é preciso apontar para a necessidade da


liquidação e execução individuais a serem promovidas
pelos substituídos e seus sucessores, com a
possibilidade de propositura no foro do domicílio do
substituído ou seu sucessor, que caberá provar, tão
somente, o dano pessoal, o nexo de causalidade e o
montante da indenização.

Note-se que o regime de execução que ora se remete


os substituídos permite, com maior eficiência, a
verificação, por parte da União Federal, da existência
de ações individuais em trâmite ou com trânsito em
julgado, permitindo ao juiz da causa perquirir dos
efeitos relacionais entre a ação coletiva e as ações
individuais eventualmente propostas, inclusive perda
de objeto pelo pagamento administrativo.
É certo que o STJ já pacificou seu entendimento
segundo o qual não ocorre litispendência da ação
individual com a ação coletiva que visa ao
reconhecimento de direitos individuais homogêneos,
não obstando a propositura da ação individual (AGRESP
240/28/PE, Rel. Min. Felix Fischer, DJ de 2/5/00). No
entanto, a verificação da duplicidade de situações de
vantagens derivadas da presente demanda e a eventual
e exitosa demanda individual é de todo incabível e viria
a frustrar ¿ completamente ¿ o objetivo maior das
ações coletivas de desafogamento do Poder Judiciário,
tornado dogma constitucional pela EC 45/04, que exige
o desate processual em tempo razoável.

É certo, ainda, que o art. 104 do CDC dispõe que as


ações coletivas não induzem litispendência para as
ações individuais, desde, é claro, que ambas, a coletiva
e a individual, lhes sejam favoráveis, redundando na
necessidade de verificação da duplicidade e o possível
enriquecimento sem causa do substituído.

Tal aferição somente é possível em sede de liquidação


individual pelo autor ou seus sucessores, perante o seu
domicílio ou outro foro que lhe seja favorável, mas não
na própria ação coletiva, sob pena, é preciso remarcar,
de o direito reconhecido jamais ser entregue (!), em
face das multifárias dificuldades que uma execução
desse porte oferece.
Como reforço de argumentação, ressalto que a Lei
11.232/05, que deu nova redação ao art. 475 (letra P)
facilitou o cumprimento das ações individuais, fazendo
a clara dissociação entre competência de conhecimento
e de liquidação, o que, a fortiori, se aplica ao processo
coletivo, como já acentuado.

Neste sentido, é a doutrina mais autorizada.

Segundo preciosa lição do Prof. Aluisio Gonçalves de


Castro Mendes:

"O Direito Processual é um direito eminentemente


instrumental e, como tal, serve para a realização do
direito material. Conseqüentemente, o processo, como
um todo, bem como os respectivos atos e
procedimentos devem estar inspirados na economia
processual. Esse princípio, por sua vez, precisa ser
entendido de modo mais amplo, sob o ponto de vista
subjetivo, como orientação geral para o legislador e
para o aplicador do Direito Processual, e,
objetivamente, como sede para a escolha das opções
mais céleres e menos dispendiosas para a solução das
lides." ("Ações Coletivas no direito comparado e
nacional" ¿ Temas Atuais de Direito Processual Civil
¿ Vol 4, Ed. RT, 2002, pág. 33)

O preclaro Prof. Cândido Rangel Dinamarco, em sua


obra "Instituições de Direito Processual Civil", vol IV,
Ed. Malheiros, 2004, aborda o tema da seguinte
maneira:
"Para a execução referente aos danos causados
diretamente aos consumidores, porém (direitos
individuais homogêneos), a legitimidade é exclusiva de
cada um dos titulares do direito à indenização (vítimas
ou sucessores, nos dizeres da lei ¿ CDC, art. 97); não
são legitimados o Ministério Público, as associações,
etx. Porque as execuções com essa finalidade nada têm
de coletivo ou transindividual..." (pág. 147)

(...)

"São qualificados a promover o processo de


conhecimento, o cautelar e também o executivo, com a
ressalva de que, quanto a este, sua legitimidade se
restringe às execuções por direitos difusos ou coletivos,
ou benéficas a um dos fundos previstos em lei, porque
essas são verdadeiras execuções coletivas, mas as
referentes a direitos individuais homogêneos, não
(supra, 1.407)" (pág. 148)

(...)

"...embora compareçam na condição de substituto


processual e não de representante, sendo, portanto,
parte do processo, é razoável aplicar por analogia, o
disposto no parágrafo do art. 46 do Código de Processo
Civil, para evitar que o acúmulo de pretensões relativas
a muitas pessoas possa causar dificuldades ou tumulto
ao processo executivo (o juiz reduzirá os beneficiários
de cada execução, segundo um razoável critério
eqüitativo)." (pág. 150)
(...)

"Nas condenações genéricas a reparar danos a direitos


individuais homogêneos, o momento declaratório é
ainda mais incompleto que o das congêneres, regidas
pelo Código de Processo Civil. Elas são proferidas com
eficácia erga omnes, restando ainda a definir qual o
valor devido a cada um dos possíveis lesados e também
a própria identificação de quem são os sujeitos lesados
(CDC, arts. 95 e 97 ¿ supra, n.915). Faltam-lhes, pois, o
requisito da certeza do direito, porque se omite quanto
aos titulares ativos da relação de crédito (supra,
n.1.449) e o da liquidez, porque não está presente a
indicação dos valores a pagar (supra, n. 1.453). A
execução dessas condenações genéricas depende
sempre do processo de liquidação regido pela lei
especial, onde se definirão os lesados titulares de
créditos perante o fornecedor responsável e o
montante do crédito de cada um (CDC, arts. 95 e 97
¿ infra, n. 1.743)." (pág. 232)

(...)

O Código de Defesa do Consumidor introduziu no direito


brasileiro um novo conceito de liquidação de sentença,
referente à liquidação dos danos individuais versados
em sentença genérica relacionada com direitos
individuais homogêneos. Em seguida a essa sentença,
todo sujeito que se alegue titular de um desses direitos
será legitimado a promover-lhe a liquidação, em seu
próprio interesse (interesse individual ¿ lei n. 8.078, de
11.9.1990, art. 97). O objetivo desse especialíssimo
processo de liquidação por artigos é mais amplo que o
da autêntica e tradicional liquidação, porque inclui a
pretensão do demandante ao reconhecimento de sua
própria condição de lesado, ou seja, pretensão à
declaração de existência do dano individual alegado;
não se tratando de processo instaurado para o fim
exclusivo de obter a declaração do quantum debeatur,
essa é, conseqüentemente, uma liquidação imprópria.
Sendo procedente a demanda individual dessa
"liquidação", a sentença ali proferida conterá duas
declarações: a) a de que o demandante é credor por
uma indenização e (b) a de que o valor desta é aquele
que houver sido apurado. Associando-se aos elementos
já contidos na sentença genérica, essa segunda
sentença integrará o título executivo, autorizando pois
a execução forçada, porque agora já se tem a definição
de um titular de direito (certeza da obrigação) e a
determinação do valor do crédito (liquidez).

Essa construção é reflexo dos efeitos da sentença que


julga procedente a demanda promovida por algum dos
legitimados com referência a direitos individuais
homogêneos (Ministério Público, associações ¿ CDC, art.
82). Em tais casos, a sentença genérica declara que
houve lesão a direitos dessa ordem mas, como toda
sentença coletiva, não individualiza os sujeitos lesados.
No tocante a cada um deles, portanto, ela não contém
mais do que a declaração de mera potencialidade
lesiva, ou seja, o reconhecimento de que certos fatos
aconteceram e que eles são capazes de causar o dano
afirmado na denúncia ¿ sem contudo afirmar que tal
pessoa sofreu tal dano, em tal valor (supra, n. 915).

Nessa "liquidação" que é mais que uma liquidação, o


objeto do conhecimento do juiz incluirá (a) os fatos e
alegações referentes ao dano individualmente sofrido
pelo demandante, (b) a relação de causalidade entre
esse dano e o fato potencialmente danoso já declarado
na sentença genérica e (c) os fatos e alegações
pertinentes ao dimensionamento do dano sofrido (aqui,
verdadeira liquidação). A sentença a ser proferida
nesse processo levará em consideração tais fatos e as
provas que a seu respeito houveram sido feitas, sem
poder negar aqueles já reconhecidos na sentença
genérica, nem a potencialidade danosa dos atos
realizados pelo réu; tal é a medida da regra de
fidelidade dessa segunda sentença à sentença genérica
proferida em tema de direitos do consumidor (CPC, art.
510 ¿ infra, n. 1.744)." (pág. 631/632)

O Prof. Sérgio Shimura anota, com especial precisão,


que:

"Então, proferida sentença genérica em ação civil


pública, os interessados podem promover a respectiva
execução individual. Cada um disporá de título
executivo lastreado em certidão da sentença
condenatória. O foro competente será o do domicílio
do liquidante (art. 93, 98, § 2o., I, c.c. art. 101, I,
CDC)." ("Título Executivo", Ed. Saraiva, 1997, pág. 191).

Relevantes também as lições do Eminente Juiz Federal


Convocado ao TRF-2a Região, Dr. Luiz Paulo da Silva
Araújo Filho, em seu livro intitulado "Ações Coletivas: A
Tutela Jurisdicional dos Direitos Individuais
Homogêneos":

"Felizmente, porém, subsistiu a regra do § 2o do art.


98, que estabelece que "é competente para a execução
do juízo (I) da liquidação da sentença ou da ação
condenatória, no caso de execução individual; (II) da
ação condenatória, quando coletiva a execução", e
deixa estreme de dúvidas a possibilidade de haver
distinção entre o foro da condenação e o foro da
liquidação da sentença. Mais, a lei apenas se refere à
exclusividade da competência do juízo da ação
condenatória para a execução coletiva, que, como
demonstramos (item 9.1., supra), é a decorrente da
condenação residual ao fundo da fluid recovery." (pág.
188/189)

(...)

"Basta relembrar a já mencionada ação coletiva que


envolvia interesses de 18.500 pessoas deste Estado, o
que, aliás, não é muito para ações coletivas. Se a
média de processos por vara, suponhamos, é de três
mil, o juízo que porventura julgasse essa ação coletiva
tenderia a ficar, depois, com mais que o sêxtuplo de
processos que os outros órgãos e a se tornar uma vara
privativa para as liquidações e execuções. O disparate
é manifesto.

Subsiste, por conseguinte, a necessidade de


distribuição da massa de causas pelos órgãos
judiciários, sendo imprescindível a livre distribuição
das ações de liquidação da sentença. (pág. 190)

Nessa perspectiva, mesmo que se considere que o art.


575 encerra norma de natureza absoluta, parece
tranqüilo defender a sua não-aplicação nas hipóteses
de sentenças coletivas genéricas, desde que seja
reconhecido o irrefragável interesse público na plena
efetividade das ações coletivas, previstas na própria
Constituição Federal." (pág. 193)

Em outra obra, o mesmo autor discorre, de forma clara


e acertada, que:

"A denominada condenação genérica, que simplesmente


estabelece a responsabilidade do réu, com relação a
pessoas ainda indeterminadas, põe fim ao processo
coletivo. A partir daí, ressalvada a hipótese do art. 100
do CDC, caberá apenas a liquidação, para posterior
execução, dos danos individualmente sofridos pelos
prejudicados, quer tenham sido estranhos ao processo
coletivo, quer tenham ingressado anteriormente no
feito como assistentes litisconsorciais do ente
legitimado, como permite o art. 94 do Código de
Defesa do Consumidor." ("Comentários ao Código de
Defesa do Consumidor", Ed. Saraiva, 2002, pág. 143)

A jurisprudência do C. STJ não discrepa do


entendimento aqui firmado, como se infere dos arestos
a seguir colacionados:

"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AÇÃO


CIVIL COLETIVA.

EXECUÇÃO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


LEI Nº 9.494/97, ART. 1º-D. INAPLICABILIDADE.

1. A ação individual destinada à satisfação do direito


reconhecido em sentença condenatória genérica,
proferida em ação civil coletiva, não é uma ação de
execução comum. É ação de elevada carga cognitiva,
pois nela se promove, além da individualização e
liquidação do valor devido, também juízo sobre a
titularidade do exeqüente em relação ao direito
material.

2. A regra do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97 destina-se às


execuções típicas do Código de Processo Civil, não se
aplicando à peculiar execução da sentença proferida
em ação civil coletiva.

3. Embargos de divergência rejeitados."

(ERESP 490739, DJ 13/10/2003, pág. 223, Rel. Teori


Zavascki)
"(...)

3. A individualização da situação particular, bem assim


a correspondente liquidação e execução dos valores
devidos a cada um dos substituídos, se não compostas
espontaneamente, serão objeto de ação própria (ação
de cumprimento da sentença condenatória genérica), a
ser promovida pelos interessados, ou pelo Sindicato,
aqui em regime de representação.

5. Em se tratando de ação coletiva para tutela de


direitos individuais homogêneos, que visa a uma
sentença condenatória genérica, a prova do fato
constitutivo do direito subjetivo individual deverá ser
produzida por ocasião da ação de cumprimento,
oportunidade em que se fará o exame das situações
particulares dos substituídos, visando a identificar e
mensurar cada um dos direitos subjetivos
genericamente reconhecidos na sentença de
procedência." (RESP 487202, DJ 24/05/2004, pág. 164,
Rel. Teori Zavascki)

O E. TRF-4a. Região corrobora a tese em questão, nos


seguintes termos:

"AÇÃO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. TÍTULO


EXECUTIVO. NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO PARA
VIABILIZAR A EXECUÇÃO.

- Tratando-se de de título executivo judicial que


expressa condenação genérica obtida em ação coletiva
de tutela de direitos individuais homogêneos,
promovida por sindicatos na qualidade de substitutos
processuais, mister que todo sujeito (leia-se substituído
na ação de conhecimento) que se considere titular
desse direito ingresse com o processo de liquidação
individual em seu próprio interesse." (AG
200504010052675, DJ 16/11/2005, pág. 805, Rel. Vania
Hack de Almeida)

Isto posto, determino seja fornecido imediatamente


ao Sindicato autor certidão de inteiro teor da
sentença de fls. 522/528, da decisão monocrática de
fls. 548/550, bem como da ocorrência de trânsito em
julgado, para que possa aquela instituição fornecer
aos seus associados título judicial hábil à liquidação
do direito genericamente reconhecido nestes autos,
possibilitando a propositura da demanda nos diversos
domicílios dos milhares de associados, permitindo,
dessa forma, não só a rápida e efetiva entrega do
direito reconhecido, mas também a efetiva aferição
por parte da União Federal de pagamentos
administrativos ou duplicidade de demandas.

O inteiro teor das certidões deverá ser publicado no


D.O., assim que entregues ao Sindicato.

Certificada nos autos a entrega das certidões,


arquivem-se os mesmos com baixa na distribuição.

P.I.
--------------------------------------------------------------------

Publicado no D.O.E. de 06/08/2009, pág. 35/37


(JRJHOB).” (grifei)

Na espécie, não se pode concluir que o processo


principal tenha ficado parado por mais de 5 anos em razão de
negligência da parte exequente em adotar medidas concretas para
obter êxito na diligência citatória. Inclusive a decisão de livre
distribuição das execuções individuais transitou em julgado em
21/01/2013 – juntada no presente recurso de apelação, cuja
decisão de livre distribuição das execuções individuais ocorreu em
06/08/2009, e não em 02/07/2009.

Pelo contrário, fez a juntada das cópias das petições,


decisões e certidões em anexo no Evento n. 1, início no out -03 –
fl. 25 e seguintes, processadas nos autos do processo n.
2001.5101004830-5 (ação ordinária coletiva) que demonstram
nitidamente que a parte exequente não ficou inerte, e inclusive,
promovendo a liquidação do julgado naqueles autos de processo de
conhecimento, com pedidos de celeridade e pedido de execução,
na forma do art. 730 do CPC/1973.

Assim, resta demonstrado que não ocorreu a prescrição


quinquenal, uma vez que o embargado/ora recorrente teve a
iniciativa de promover a execução, quando então foi determinada
a livre distribuição individual da mesma, decisão essa que ainda foi
objeto de recurso tendo, portanto, sua exigibilidade suspensa. Não
podendo o jurisdicionado ser prejudicado pelo trâmite
processual e entendimentos proferidos pelos próprios juízos
julgadores.

Nesse sentido, a certidão de inteiro teor acima


mencionada só foi emitida em 29/06/2011, cf. cópia no Evento
n. 01, OUT 06, fl.25 dos autos originários.

Tendo aplicação, de rigor, a Súmula 106 do C.STJ,


segundo a qual “Proposta a ação no prazo fixado para o seu
exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao
mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição
de prescrição ou decadência.”

Desta feita, verifica-se não ter ocorrido a prescrição


“intercorrente”, conforme afirmado pela embargante/recorrida,
uma vez que esta só ocorre quando, por inércia do credor, a
execução ficar paralisada por período superior ao prazo previsto na
lei para cobrança do crédito exequendo, conforme entendimento
firmado pelo Egrégio STJ (REsp nº 242838 / PR, 2ª Turma, Relatora
Ministra Nancy Andrighi, DJ 11/09/2000). Para corroborar o
entendimento acima, vale destacar as decisões abaixo
colacionadas:

PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO INTERNO – DECISÃO


MONOCRÁTICA QUE NEGA SEGUIMENTO A RECURSO DE
APELAÇÃO – EXECUÇÃO – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA – NÃO-OCORRÊNCIA -
CONDUTA TÍPICA DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ –
CARACTERIZAÇÃO. I – Não se pode reconhecer que a
contagem pela metade do prazo prescricional referente
a prescrição intercorrente da pretensão executória,
conforme o art. 9.º do Decreto n.º 20.910/32, o art. 3.º
do Decreto-lei n.º 4.597/42 e o Enunciado n.º 383 da
Súmula do Egrégio Supremo Tribunal Federal,
provocaria influência no presente caso, eis que, como
visto, decorreu pouco mais do que 3 (três) meses entre
a certificação em 21/01/1999 do trânsito em julgado
da decisão monocrática que inadmitiu recursos especial
e extraordinário interpostos contra o acórdão que
consagrara a procedência do pedido autoral, e o
requerimento dos Credores em 22/04/1999 pelo
cumprimento do julgado. II – Além disso, os Credores
vieram peticionando de forma contínua e incessante,
livremente ou em cumprimento de intimações, sempre
no sentido de buscar o cumprimento do julgado e, logo,
a definitiva satisfação de sua pretensão, não se
evidenciando qualquer espécie de inércia de sua parte.
III – Diante de peculiar cenário de interposição do
presente recurso de apelação exatamente no último dia
do prazo recursal com o reavivamento de questão
suficientemente já resolvida pelo MM. Juízo a quo,
valorado no contexto da fase de execução, na qual a
busca da definitiva satisfação da pretensão pelo Credor
desafia excepcional e parcimoniosa impugnação pelo
Devedor, deve-se reconhecer a prática de conduta
típica da litigância de má-fé, consubstanciada na
interposição de recurso com intuito manifestamente
protelatório, e não modificador, o que justifica a
aplicação dos arts. 17, VII, c/c 18, caput, ambos do
CPC.
(AC200551010171674, AC - APELAÇÃO CIVEL – 392772,
Relator: Desembargador Federal Sérgio Schwaitzer,
TRF2, Sétima Turma Especializada, DJU -
Data::06/07/2007 - Página::265)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE


SENTENÇA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. APELAÇÃO DESPROVIDA. I - O prazo
prescricional da execução é o mesmo da ação
originária (súmula nº 150 do Supremo Tribunal
Federal). II - Portanto, o prazo prescricional da ação
de execução de dívidas da Fazenda Pública é de
cinco anos (Decreto nº 20.910/32, art. 1º), a ela não
se aplicando o prazo pela metade (dois anos e meio)
como disposto no artigo 3º do Decreto-Lei nº
4.597/42 c.c. art. 9º do Decreto nº 20.910/33, este
último que se aplica apenas à "prescrição
intercorrente", ou seja, à prescrição decorrente de
paralisação do processo executivo por culpa do
exeqüente. Precedentes dos TRF's. III - O prazo
qüinqüenal da ação de execução inicia-se com o
trânsito em julgado do processo de conhecimento ou,
tendo havido processo de liquidação do julgado com
sentença homologatória dos cálculos, com o trânsito
em julgado desta última. Já a "prescrição
intercorrente", que tem o prazo pela metade, inicia-se
da data do último ato do processo para a interromper,
ou seja, do momento em que o processo executivo
deixa de ser promovido por culpa do exeqüente. IV -
Não há que se falar em contagem de prazo
prescricional pela sistemática do Código Civil, pois
qualquer que seja a natureza da dívida da Fazenda
Pública aplica-se a regra do art. 1º do Decreto nº
20.910/32. V - No caso em exame, verifica-se que entre
o trânsito em julgado da ação principal (13.12.1990) e
a promoção da execução (17.04.2007) não transcorreu
o período de prescrição da ação executiva. O fato do
processo não ter seguido o procedimento correto para a
execução da sentença e também não ter sido
formalmente suspenso quando do óbito do procurador
dos autores, como determina o art. 265, I, do Código
de Processo Civil, não pode prejudicá-los, como bem
decidido na sentença recorrida, eis que tais diligências
incumbiam ao Juízo do processo. Em todo o referido
período, os autos não ficaram paralisados ou
abandonados por culpa exclusiva da parte autora. VI –
Honorários advocatícios (10% do valor da causa
atualizado - R$ 17.260,84 aos 23.01.2008) mantidos,
posto que fixados nos termos do art. 20, § 4º, do CPC.
VII - Apelação da União apelante desprovida.
(AC200861000026918, AC - APELAÇÃO CÍVEL – 1349532,
Relator: Juiz Convocado Souza Ribeiro, TRF3, Terceira
Turma, DJF3 CJ1 DATA:29/04/2011 PÁGINA: 834)

Desta feita, uma vez interrompida a prescrição com a


decisão que determina a livre distribuição das
liquidações/execuções (em 06/08/2009 – data da PUBLICAÇÃO DA
DECISÃO), os atos que fazem o processo ter seu fim retardado,
quando não oponíveis à parte exequente, jamais podem figurar
em desfavor desta.

Analisando-se os documentos adunados aos autos da


ação principal, observa-se que o trânsito em julgado da decisão
acerca do direito material posto em juízo se deu em 25/10/2004 e
que em 06/08/2009 foi publicada decisão determinando que cada
substituído interessado levasse à livre distribuição sua liquidação e
eventual execução do julgado, haja vista se tratar de ação
coletiva, tendo seu trânsito em julgado em 21/01/2013.

Verifica-se, então, que, desde a data da decisão acima


referenciada de livre distribuição (06/08/2009) e a data do
ajuizamento da ação de execução da sentença pela exequente
(13/01/2012 – EVENTO N. 1 do processo de execução), decorreu o
lapso temporal de pouco mais de dois anos e cinco meses (NÃO
TINHA COMPLETADO 2 ANOS E MEIO) , o que impede o
reconhecimento de eventual prescrição “intercorrente” para a
exequente efetuar a cobrança do crédito a que faz jus, sendo
certo que a prescrição aplicável ao caso é aquela prevista no art.
1.º do Decreto n.º 20.910/32 c/c o Enunciado n. 150 da Súmula de
Jurisprudência do C. Supremo Tribunal Federal, de cinco anos,
uma vez que não houve inércia da parte autora/exequente para
promover a execução do julgado.

Ratifique-se que, o prazo prescricional da ação


executiva contra a Fazenda Pública é de cinco anos, na forma do
artigo 1º do Decreto nº 20.910/1932, contados, no caso em análise,
da decisão que determinou a livre distribuição das
execuções/liquidações individuais ou do respectivo trânsito em
julgado, cuja prescrição ainda não expirou.

Valendo dizer que o tema restou pacificado no seio do


C. Superior Tribunal de Justiça (1ª. Seção), na sistemática dos
recursos repetitivos, art. 543-C do CPC, nos autos do Resp n.
1.251.993/PR, representativo da controvérsia, segundo o qual
restou definido que prescreve em cinco anos todo e qualquer
direito ou ação movida contra a fazenda pública, seja ela federal
estadual ou municipal, inclusive indenização por reparação civil.

A r. sentença ora atacada violou o disposto no art. 1º. Do Decreto


n. 20.910/32 c/c o Enunciado n. 150 da Súmula de Jurisprudência
do C. Supremo Tribunal Federal, uma vez que não levou em
consideração como TERMO A QUO PARA A CONTAGEM
PRESCRICIONAL DO PROCESSO DE EXECUÇÃO A decisão do juízo
da 1ª. instância que determinou a execução individual à livre
distribuição das substituídos no ação ordinária coletiva,
DEVIDAMENTE PUBLICADA NO D.O.E. DE 06/08/2009 (processo de
conhecimento n. 2001.5101004830-5, que tramitou na 18ª Vara
Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro – CÓPIA NA ÍNTEGRA
EM ANEXO - Evento n. 1, início no out -03 – fl. 25 e seguintes).

Em casos como o presente, o termo inicial da


prescrição quinquenal é a data em que foi publicada a decisão que
determinou a execução individualizada da sentença coletiva, uma
vez que somente após tal provimento tornou-se possível a parte
exequente perseguir individualmente seu crédito.

Desta feita, não soa razoável, nem legal a limitação


imposta pelo insigne magistrado, merecendo reforma integral o
julgado combatido, nesse particular.

Sobre o caso em tela, traz-se os entendimentos


jurisprudenciais do próprio Tribunal Regional Federal da 2ª Região
sobre a mesma matéria em análise, segundo os quais o prazo da
execução se inicia após a decisão de livre distribuição das
execuções individuais, após a liquidação do julgado no processo de
conhecimento:

“ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL: SERVIDOR


PÚBLICO FEDERAL - VENCIMENTOS - REVISÃO - LEIS
8.622-93 E 8.627-93 - TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL -
AÇÃO COLETIVA - SINDICATO - EXECUÇÃO -
INDIVIDUALIZAÇÃO - LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS -
PRESCRIÇÃO - PRINCÍPIO ACTIO NATA.

I - Hipótese em que se discute a ocorrência de


prescrição do direito de servidor promover execução
individual de título executivo derivado de ação
coletiva, ajuizada por sindicato.

II - "Prescreve a execução no mesmo prazo da


prescrição da ação" - Súmula 150-STF.

III - "As dívidas passivas da União, dos Estados e dos


Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação
contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja
qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
contados da data do ato ou fato do qual se originarem"
- Decreto nº 20.910-32, art. 1º.

IV - A liquidação é fase do processo de cognição, só


sendo possível iniciar a execução quando o título, certo
pelo trânsito em julgado da sentença de conhecimento,
apresentar-se líquido. Logo, o lapso prescricional da
ação de execução só tem início quando finda a
liquidação (Súmula 83-STJ). Precedentes do STJ.

V - A modalidade de liquidação por artigos é a mais


adequada, à espécie, ante a hipótese de fato novo,
decorrente de transação extrajudicial entre as partes
e/ou do pagamento administrativo do reajuste
vindicado, no curso ou após a fase de conhecimento.
Precedentes do STJ e do TRF2.

VI - O termo inicial da prescrição quinquenal do direito


de promover a execução individual do julgado em tela é
a data na qual foi publicada a decisão que determinou a
promoção individualizada das execuções - 31-08-2007 -,
em observância ao princípio actio nata.

VII - Apelação conhecida e provida."

(AC 201251170014964, 8ª Turma Especializada, Rel.


Des. Fed. Maria Helena Cisne, julg. 18-12-2013).

“PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE AÇÃO


COLETIVA. PRESCRIÇÃO. DIES A QUO. SUSPENSÃO DO
PRAZO PELA LIQUIDAÇÃO DO JULGADO.
1. Na forma do art. 1º do Decreto nº 20.910-32, "As
dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios,
bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a
Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a
sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data
do ato ou fato do qual se originarem". Entretanto, a
sentença condenatória contra a Fazenda Pública somente
pode ser executada após a devida apuração do quantum
debeatur.
2. Na hipótese da presente execução individual,
considerando como dies a quo o dia da publicação da
decisão que determinou que cada interessado,
individualmente, adotasse as providências necessárias
com vistas à execução do julgado, qual seja, em 08-06-
2011 (fl. 180), e tendo a ora recorrente promovido a
presente execução em 24-05-2012, não há que se falar em
prescrição, até porque procedia-se à liquidação do
julgado no período compreendido entre a data do trânsito
em julgado da sentença coletiva (30-12-1998, fls. 169 e
182) e 08-06-2011, devendo, assim, ser anulada a
sentença e prosseguir a execução.
3. Recurso de apelação provido para anular a sentença e
determinar o prosseguimento do feito."
(AC 201251160004883, 8ª Turma Especializada, Rel. Des.
Fed. Marcelo Pereira, DJe 20-05-2014)” (grifo nosso)

Por fim, vem informar outro caso idêntico ao desses


autos onde foi afastada a prescrição, uma vez que não ocorreu
entre a decisão de livre distribuição e a distribuição da demanda
individual de cumprimento de sentença, que restou assim decidido
pelo C.TRF da 2ª Região, cuja íntegra segue em anexo:

Nº CNJ : 0040214-44.2012.4.02.5101 (2012.51.01.040214-


7)
EMENTA
APELAÇÃO CÍVEL EXECUÇÃO DE SENTENÇA PROFERIDA EM
AÇÃO COLETIVA -
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE AFASTADA - DIVERGÊNCIA
NO PERÍODO DOS CÁLCULOS DA EXECUÇÃO - AUSÊNCIA
DE MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO SOBRE A QUESTÃO -
ANULAÇÃO DA SENTENÇA - PROVIMENTO
1. Tratase de apelação civil interposta contra a sentença que
, reconhecendo a prescrição dapretensão executória, julgou
extinta a execução individual de sentença, relativa ao reajus
te de 3,17%. O
título executivo foi constituído nos autos da ação de rito ordi
nário proposta pelo SINTRASEF em face do INPI.
2. O prazo prescricional em favor da Fazenda Pública é quin
quenal, ou seja, se perfaz decorridos
cinco anos do ato ou fato que originou a dívida. Para a exec
ução de título judicial o prazo deve ser contado
a partir do trânsito em julgado da decisão proferida na ação
de conhecimento.
3.Incasu, o título executivo transitou em julgado em 25/10/
2004, e antes do final do prazoprescricional, foi proferida de
cisão determinando a execução individual do julgado. A deci
são foipublicada em 06/08/2009. O prazo prescricional inter
rompido em 06/08/2009, recomeça a ser contado pela
metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/32. O
novo prazo terminaria em 06/02/2012. A ação deexecução,
ora embargada, foi ajuizada em 13/01/2012, não havendo q
ue se falar em prescrição da pretensão executiva.
4. Havendo controvérsia quanto ao período dos cálculos, est
a deve ser discutida nos autos dosembargos e dirimida por
meio de decisão interlocutória, o que não ocorreu.
5. Sentença anulada.
6. Apelação conhecida e provida.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima i
ndicadas, decide a Sexta TurmaEspecializada do Tribunal Re
gional Federal da 2ª Região, por unanimidade, conhecer e d
ar provimento à
apelação, anulando a sentença, na forma do relatório e voto
constantes dos autos, que passam a integrar o
presente julgado.
Rio de Janeiro, 08 / 02 / 2017 (data do julgamento).
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
Desembargador Federal Relator”

Posto isto, e que no mais será suprido pelo notável


saber jurídico de Vossas Excelências, espera e confia o Apelante
que Vossas Excelências reformem e/ou anulem, in totum, a r.
sentença singular, dando provimento ao presente Recurso de
Apelação, para fixar o termo inicial da prescrição quinquenal da
ação de execução do julgado a decisão do juízo da 1ª. instância
que determinou a livre distribuição das execuções individuais da
ação ordinária coletiva (06/08/2009) ou até do seu trânsito em
julgado, uma vez que foi objeto de Agravo de Instrumento,
afastando a aparente prescrição, determinando-se a remessa dos
autos à vara de origem para prosseguir o feito em seus regulares
termos, por ser medida de Direito e
Justiça!
P. Deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2023

Milene Serafim De Assis Pires


OAB/RJ 127.912

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