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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO Nome

PROCESSO DE ORIGEM Nº. XXXXX-35.2018.8.26.0053

EXEQUENTE: NomeE OUTROS

EXECUTADA: FAZENDA PÚBLICA DO Nome

A FAZENDA PÚBLICA DO Nome, por seu Procurador abaixo assinado, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 1.015 e seguintes do Código de Processo
Civil - CPC, interpor, com fundamento nas razões em anexo, AGRAVO DE INSTRUMENTO COM
PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO ATIVO em face da decisão proferida às fls. 27 do processo
originário e requerer, nos termos do § 1º do art. 1.007 do CPC, o regular processamento do
presente recurso independente de preparo.

Ressalta a agravante que, como são eletrônicos os autos principais, não há, por força do
previsto no § 5º do art. 1.017 do CPC, necessidade de juntada das cópias dos documentos a
que se refere o inciso I do caput do referido artigo.

Por outro lado, justifica-se o pedido de concessão de efeito suspensivo ao presente recurso,
uma vez que, consoante será demonstrado, estão devidamente preenchidos os requisitos
previstos no parágrafo único do art. 995 e no inciso I do art. 1.019, ambos do CPC.

Por fim, em cumprimento à determinação do inciso IV do art. 1.116 do CPC, a agravante


informa, abaixo, o nome e o endereço completo dos advogados das partes.

PROCURADORES DOS AGRAVADOS: Nome - 00.000 OAB/UF, Jorgiana NomeLozano - 00.000


OAB/UF, cujox endereçox profissionais podem ser verificados por meio do instrumento de
procuração juntado aos autos do processo de origem.

PROCURADOR DO Nome/AGRAVANTE : Nome, 00.000 OAB/UF, lotado na Procuradoria


Judicial, situada na Endereço.

Nesses termos, pede deferimento.

São Paulo, 13 de setembro de 2021.

Nome

Procurador do Nome

0.0 OAB/UF
RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

PROCESSO DE ORIGEM Nº 00000-00-35.2018.8.26.0053

AGRAVANTE: FAZENDA PÚBLICA DO Nome

AGRAVADOS: NomeE OUTROS

Colenda Câmara,

Ilustres Julgadores,

I. SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de pedido de cumprimento de sentença movido em face da Fazenda Estadual visando


à execução de obrigação de pagar.

Intimado na forma do art. 535 do Código de Processo Civil - CPC, o Ente Público apresentou
impugnação (fls. 218/225) ao cumprimento de sentença no bojo da qual foi sustentada,
apenas, a prescrição da pretensão executória.

A decisão de fls. 239/241 rejeitou a impugnação em tela e foi impugnada por meio do agravo
de instrumento nº.XXXXX-96.2019.8.26.0000, ao qual foi negado provimento por meio de
acórdão já transitado em julgado.

Anote-se, no ponto, que a decisão de fls. 325 reconheceu, expressamente, que o único tema a
respeito do qual tratou a impugnação apresentada pela Fazenda Estadual foi a prescrição da
pretensão executória.

Nesse passo, negado provimento ao agravo de instrumento interposto em face da decisão que
rejeitou a mencionada impugnação, seguiu-se o prosseguimento do feito , com a homologação
da conta elaborada pelos exequentes às fls. 66/211 e a instauração dos incidentes processuais
de expedição de Ofícios Requisitórios de Pequeno Valor - OPV para fins de pagamento dos
valores requisitados em estria conformidade com a referida conta de liquidação.

Posteriormente, a Fazenda Estadual apresentou os comprovantes de depósito dos valores


devidos aos exequentes, requisitados, repita-se, de acordo com a conta homologada (fls.
423/511).

Ocorre, no entanto, que, ao invés de reconhecer a satisfação do crédito executado em razão


do depósito integral dos valores devidos , os exequentes, em momento posterior, sustentaram
a existência de saldo em seu favor a partir de nova conta de liquidação , apresentada sob o
argumento de que a anterior padecia de erro material em razão do emprego de índices
equivocados para o cálculo da correção monetária.

Assim, foi o Ente Público intimado para se manifestar a respeito dos cálculos apresentados
pelos exequentes às fls. 772/777 e fls. 782/882.

Nessa ordem de idéias, às fls. 895/908, o Ente Público aduziu que, por força do fenômeno da
preclusão processual, não seria possível a apresentação de novos cálculos de liquidação, de
maneira que, depositados os valores em conformidade com a conta homologada, é caso de
extinção da execução nos termos do inciso II do art. 924 do CPC, sem prejuízo da condenação
dos exequentes ao pagamento de multa por litigância de má-fé.
O Juízo de Origem, com acerto , acolheu a sobredita manifestação para, diante da inexistência
de erro material e da ocorrência de preclusão consumativa, reconhecer a inexigibilidade dos
novos cálculos apresentados pelo exequente.

Em seguida, a Fazenda Estadual apresentou embargos de declaração no bojo dos quais foi
suscitada a omissão da decisão recorrida quanto à condenação do exequente ao pagamento
de multa por litigância de má-fé.

Foi negado provimento ao recurso.

Ocorre, no entanto, que, consoante será a seguir demonstrado, a decisão agravada merece
reforma para, diante da prática de conduta flagrantemente contrária à boa-fé processual,
condenar o exequente ao pagamento da referida multa.

É o que havia de relevante para relatar.

II. DO CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

A interposição do agravo em tela é cabível diante do previsto no parágrafo único do art. 1.015
do CPC, segundo o qual (sem grifos no original):

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

(...)

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias


proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

Saliente-se, nesse contexto, que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - STJ


consolidou o entendimento no sentido de que qualquer decisão proferida em sede de
cumprimento de sentença é impugnável por meio da interposição de agravo de instrumento.

Confira-se (sem grifos no original):

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA. DECISÃO


INTERLOCUTÓRIA QUE INDEFERIU O PEDIDO DE NULIDADE DAS INTIMAÇÕES OCORRIDAS
APÓS A PROLATAÇÃO DA SENTENÇA. CABIMENTO DO RECURSO EM FACE DE TODAS AS
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS PROFERIDAS EM LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA,
EXECUÇÃO E INVENTÁRIO, INDEPENDENTEMENTE DO CONTEÚDO DA DECISÃO . INCIDÊNCIA
ESPECÍFICA DO ART. 1.015, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/2015. LIMITAÇÃO DE

CABIMENTO DO RECURSO, PREVISTA NO ART. 1.015, CAPUT E INCISOS, QUE SOMENTE SE


APLICA ÀS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS PROFERIDAS NA FASE DE CONHECIMENTO.(...) 4- Para
as decisões interlocutórias proferidas em fases subsequentes à cognitiva liquidação e
cumprimento de sentença , no processo de execução e na ação de inventário, o legislador
optou conscientemente por um regime recursal distinto, prevendo o art. 1.015, parágrafo
único, do CPC/2015, que haverá ampla e irrestrita recorribilidade de todas as decisões
interlocutórias, quer seja porque a maioria dessas fases ou processos não se findam por
sentença e, consequentemente, não haverá a interposição de futura apelação, quer seja em
razão de as decisões interlocutórias proferidas nessas fases ou processos possuírem aptidão
para atingir, imediata e severamente, a esfera jurídica das partes, sendo absolutamente
irrelevante investigar, nesse contexto, se o conteúdo da decisão interlocutória se amolda ou
não às hipóteses previstas no caput e incisos do art. 1.015 do CPC/2015. 5- Na hipótese, tendo
sido proferida decisão interlocutória - que indeferiu o pedido de nulidade das intimações após
a prolatação da sentença - após o trânsito em julgado e antes do efetivo cumprimento do
comando sentencial, cabível, de imediato, o recurso de agravo de instrumento, na forma do
art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015. 6- Recurso especial conhecido e provido.

(STJ - REsp 1.736.285 - MT (2018/00000-00), rel. Min. Nancy Andrighi, julgamento em 21 de


maio de 2019)

Impõe-se, portanto, o processamento do presente recurso.

III. DO MÉRITO - DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Dentre as condutas que podem ser consideradas como litigância de má-fé, destacam-se
aquelas previstas nos inciso I e V do art. 80 do CPC, segundo os quais (sem grifos no original):

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso ;

(...)

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

Nesse passo, sabe-se que a litigância de má-fé caracteriza-se pela conduta da parte que, ao
agir de forma temerária, ímproba ou maldosa, causa dano processual à parte adversa.

Ao discorrer a respeito da boa-fé processual, a Eminente Ministra Nancy Andrigui, do Superior


Tribunal de Justiça, nos autos do Recurso Especial n. 1.00.000 OAB/UF manifestou-se no
sentido de que (sem grifos no original):

[...] é preciso repensar o processo à luz dos mais basilares cânones do próprio direito, não para
frustrar o regular exercício dos direitos fundamentais pelo litigante sério e probo, mas para
refrear aqueles que abusam dos direitos fundamentais por mero capricho, por espírito
emulativo, por dolo ou que, em ações ou incidentes temerários, veiculem pretensões ou
defesas frívolas, aptas a tornar o processo um simulacro de processo ao nobre albergue do
direito fundamental de acesso à justiça 1 .

Fixadas essas premissas, verifica-se que, no presente caso, ao pretender, após o depósito de
valores requisitados em estrita conformidade com a conta homologada, a execução de
quantias estranhas ao Juízo e ao Executado, o exequente procede de modo temerário e deduz
nítida e evidente pretensão contra fato incontroverso.

Caracterizadas, portanto, as hipóteses de litigância de má-fé previstas nos dispositivos legais


em destaque.

Conclui-se, assim, que a pretensão aduzida pelo exequente às fls. 772/777 e fls. 782/882, por
ser contrária aos atos por ele mesmo praticados ao longo do presente processo , ofende os
princípios da boa-fé e da lealdade processual, razão pela qual a condenação do particular ao
pagamento da multa prevista no art. 81 do CPC é medida que se impõe.
IV. DO EFEITO SUSPENSIVO

A possibilidade de atribuição de efeito suspensivo ao agravo de instrumento encontra respaldo


no parágrafo único do art. 995 c/c o inciso I do art. 1.019 do CPC, abaixo transcritos (sem frigos
no original):

Art. 995 (...)

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se
da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível
reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias :

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou


parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisã o;

Fixadas essas premissas, verifica-se que, no caso, estão presentes os requisitos necessários à
concessão de efeito suspensivo ativo ao presente recurso.

Ora, comprovado pela agravante a prática, pelo exequente, de condutas que se amoldam, com
perfeição, às hipóteses de litigância má-fé expressamente previstas na legislação processual
pátria cabível o deferimento, em caráter antecipado, da tutela recursal ora requerida para
condenar o exequente ao pagamento da multa prevista no art. 81 do CPC.

Por sua vez, o risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação decorre do fato de que
fastar a condenação em tela para além de contrariar a legislação de regência, estimulará que
condutas de tal sorte continuem sendo praticadas, ao arrepio dos preceitos mais caros ao
Direito Processual e à Ordem Jurídica.

Diante do exposto, presentes os requisitos legais, a concessão de efeito suspensivo ativo ao


presente recurso é medida que se impõe.

V. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a FAZENDA PÚBLICA DO Nomeseja o presente recurso recebido com
concessão de efeito suspensivo ativo e, no mérito, conhecido e provido para reformar a
decisão agravada e determinar a condenação do agravado ao pagamento de multa por
litigância de má-fé.

Nesses termos, pede deferimento.

São Paulo, 13 de setembro de 2021.

Nome

Procurador do Nome

00.000 OAB/UF

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