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RECURSO ESPECIAL
Nestes termos,
Pede deferimento.
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PRECLARO MINISTRO RELATOR
1 – Tempestividade
O recurso ora interposto preencher o requisito da
tempestividade, uma vez que o prazo para recurso especial é de 15
dias úteis, conforme determina o artigo 219 c/c artigo 1.003 § 5º do
CPC/2015.
2 - Considerações (CPC, ART. 1.029, I)
A Recorrente ajuizou Ação de Cumprimento de
Sentença para reaver direito seu, em relação a valores do plano
verão, conforme demonstram os documentos acostados à inicial.
Na referida ação, na petição inicial, a Recorrente, por
seu patrono, na forma do que dispõe o art. 99, caput c/c art. 105,
caput, do CPC, asseverou não estava em condições de pagar as
custas do processos e os honorários de advogado, por ser
hipossuficiente na forma da lei.
Além disso, trouxe à baila, naquela ocasião inicial do
processo, com a peça vestibular, vários documentos comprobatórios
da referida hipossuficiência.
Certo é que inexiste, no caso, presunção legal quanto à
hipossuficiência financeira do Recorrente (CPC, art. 99, § 3º).
Todavia, indiscutível que os aludidos documentos eram suficientes a
comprovarem a impossibilidade de pagamentos de despesas
processuais tendo em vista que somente as custas iniciais
ultrapassam a quantia de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais).
Conclusos os autos, ao apreciar a regularidade formal
da peça vestibular, o magistrado, indeferiu o pedido da Recorrente
determinando o pagamento das custas pelo fato da mesma ser
herdeiro em processo de inventário de valor significativo.
Na oportunidade foi requerido o pagamento das custas
ao final do processo (preferencialmente) ou o parcelamento das
custas.
Colhe-se da decisão guerreada a inexistência de
fundamento apto a contrapor-se à comprovação cabal da
impossibilidade alegada pelo Recorrente, uma vez que a parte
Recorrente ainda não recebeu valores no processo de inventário que
tramita sob o número 0027097-74.2017.8.19.0001, na 5ª Vara de
Orfãos e Sucessões da Capital. Sendo que, o M.M. Juiz de Direito tem
total acesso aos autos e poderia verificar que a parte ainda não
recebeu valores.
Por isso interpusera, naquele momento, recurso de
Agravo de Instrumento, buscando, no âmago, a revogação da decisão
hostilizada, para que a parte Recorrente pudesse pagar as custas ao
final do processo ou que fosse dada oportunidade de parcelar as
custas em parcelas que não prejudicasse a sua subsistência.
Contudo, o Tribunal Local, rejeitou os pedido da
Recorrente monocraticamente.
Em decorrência do conteúdo do julgamento meritório
colegiado, a Recorrente opusera Agravo Interno, buscando-se,
máxime para fins de prequestionamento, a possibilidade de
pagamento ao final do processo ou o parcelamento em tantas vezes
quantas necessárias para não prejudicar a sua subsistência. No
entanto, o Tribunal “a quo”, oportunizou apenas, o pagamento em
apenas 06 (seis) parcelas, o que para a Recorrente ainda é inviável
devido o alto valor das custas iniciais.
Eis, pois, a decisão meritória guerreada, a qual, sem
sombra de dúvidas, deve ser reformada.
3 - Cabimento do Recurso Especial (CPC, ART. 1.029, II)
Segundo a disciplina do art. 105, inc. III, letra “a” da
Constituição Federal, é da competência exclusiva do Superior Tribunal
de Justiça, apreciar Recurso Especial fundado em decisão proferida
em última ou única instância, quando a mesma contrariar lei federal
ou negar-lhe vigência.
Na hipótese em estudo, exatamente isso que ocorreu,
situação essa que converge ao exame deste Recurso Especial por
esta Egrégia Corte.
3.1. Pressupostos de admissibilidade
Verifica-se, mais, que o presente Recurso Especial é (a)
tempestivo, quando o foi ajuizado dentro do prazo previsto na
legislação processual civil (art. 1.003, § 5º), (b) a Recorrente tem
legitimidade para interpor o presente recurso e, mais, (c) há a
regularidade formal do mesmo.
Diga-se, mais, a decisão recorrida foi proferida em
“última instância”, não cabendo mais nenhum outro recurso na
instância originária (STF, Súmula 281).
Por outro ângulo, a questão federal foi devida
prequestionada, quando a mesma foi expressamente ventilada,
enfrentada e dirimida pelo Tribunal de origem (STF, Súmula 282/356
e STJ, Súmula 211).
Outrossim, todos os fundamentos lançados no Acórdão
guerreado foram devidamente infirmados pelo presente recurso, não
havendo a incidência da Súmula 283 do STF.
Ademais, o debate trazido à baila não importa reexame
de provas, mas sim, ao revés, unicamente matéria de direito, não
incorrendo, portanto, com a regra ajustada na Súmula 07 desta
Egrégia Corte.
3.2. Reexame de provas
3.3. Violação de norma federal
3.3.1. Justiça Gratuita - parcelamento das custas/pagamento
ao final do processo - hipossuficiência comprovada –
Valoração equivocada da prova
Antes de tudo, urge asseverar que a Lei nº 1.060/50,
até então principal legislação correspondente a regular os benefícios
da justiça gratuita, apesar da vigência do novo CPC, ainda
permanecem em vigor, embora parcialmente.
Disciplina a Legislação Adjetiva Civil, in verbis:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Art. 1.072 - Revogam-se:
(...)
III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei
no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;
Art. 98
§ 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder
direito ao parcelamento de despesas processuais
que o beneficiário tiver de adiantar no curso do
procedimento.
Nesse compasso, com a vigência do CPC, há apenas
uma revogação limitada, a saber:
“5. A Lei 1.060/1950. Até a edição do CPC/2015,
a Lei 1.060/1960 constituía a principal base
normativa do benefício da justiça gratuita. Essa lei
não foi completamente revogada pelo CPC/2015,
sobretudo porque há nela disposições que se
relacionam à assistência judiciária...
Nesse compasso, com a vigência do CPC, há apenas
uma revogação limitada, a saber:
5. A Lei 1.060/1950. Até a edição do CPC/2015, a Lei 1.060/1960
constituía a principal base normativa do benefício da justiça gratuita.
Essa lei não foi completamente revogada pelo CPC/2015, sobretudo
porque há nela disposições que se relacionam à assistência
judiciária...
No caso em tela, não se vislumbra qualquer indício de
boa situação financeira do Recorrente. Como afirmado alhures, parte
Recorrente não possui valores para realizar o pagamento. O fato de
existir bens em inventário a qual é herdeira que encontra-se em
andamento não quer dizer que a mesma disponha de valores no
momento.
Vale a pena observar o comprovante de recebimento do
seu benefício para compreender que o que a Agravante recebe
mensalmente não comporta o pagamento das custas.
Não é crível que crível tenha se apoiado, unicamente,
no montante financeiro a ser recebido pela Recorrente como
incompatível com o estado de insuficiência financeira, na forma do
que rege o art. 98 da Legislação Adjetiva Civil.
Na realidade, o acesso ao Judiciário é amplo, voltado
também às pessoas hipossuficientes financeiramente. A Recorrente,
como visto acima, demonstrou sua total carência econômica, de
modo que se encontra impedido de arcar as custas e despesas
processuais.
De outro compasso, é inarredável que a decisão
atacada é carente de fundamentação. Assim, far-se-ia necessária a
indicação precisa da irrelevância dos documentos afirmados como
indicativos da hipossuficiência (CPC, art. 99, § 2º c/c art. 5º, caput,
da Lei 1.060/50). Assim não o fez.
Ao contrário disso, sob pena de ferir-se princípios
constitucionais, como os da razoabilidade e o da proporcionalidade, a
restrição de direitos deve ser vista com bastante cautela.
Nesse diapasão, o Tribunal de piso tão somente poderia
indeferir o pedido quando absolutamente seguro que a parte, em
verdade, teria condições de arcar com as custas e despesas judiciais.
Ao revés do entendimento em testilha, às veras,
quando alegada pela parte, existe uma presunção legal de
insuficiência financeira em benefício da mesma (CPC, art. 99, § 3°).
Nesse passo, sem dúvidas a decisão guerreada buscara inverter esse
gozo, previsto em lei processual. É dizer, o julgador, seguramente,
com a devida vênia, não fizera distinção entre a miserabilidade
jurídica e a insuficiência material ou indigência.
A corroborar o exposto acima, urge transcrever o
magistério de Daniel Assumpção Neves:
A presunção de veracidade da alegação de insuficiência, apesar de
limitada à pessoa natural, continua a ser a regra para a concessão do
benefício da gratuidade da justiça. O juiz, entretanto, não está
vinculado de forma obrigatória a essa presunção nem depende de
manifestação da parte contrária para afastá-la no caso concreto,
desde que existam nos autos ao menos indícios do abuso do pedido
de concessão da assistência judiciária...
Com efeito, a extensa prova documental, sobremaneira
a remuneração mensal ínfima percebida pelo Recorrente,
sobejamente, permite superar quaisquer argumentos pela ausência
de pobreza, na acepção jurídica do termo. É indissociável a existência
de todos os requisitos legais à concessão dos benefícios pleiteados.
O acórdão ora guerreado põe em risco a segurança
jurídica do tema e desrespeita este Superior Tribunal de Justiça que
já pacificou o tema.
Desta forma, por respeito às normas processuais, de
rigor o conhecimento e provimento do presente recurso especial, por
ser medida de adequação à lei e à justiça.
4. Do Provimento Do Recurso
Ex positis, a parte Recorrente requer:
a) seja a princípio ADMITIDO e SEM OBSTRUÇÃO
guindados os autos para o colendo Superior Tribunal de Justiça;
b) seja DADO PROVIMENTO ao presente RECURSO
ESPECIAL, para conceder o benefício da justiça gratuita a parte
Recorrente, ou ainda seja deferido o pagamento das custas ao final
do processo ou o parcelamento das custas superior a 15 parcelas,
não condicionando o prosseguimento do processo ao pagamento da
última parcela, reformando o v. acórdão recorrido, e, via de
consequência, a decisão da instância primitiva.
Nestes termos,
Pede deferimento.