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AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS

PROCESSO N°: 0001234-56.2022.8.26.888

CLEBER DE FREITAS, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por


seu advogado infra-assinado, procuração em anexo, com escritório na..., endereço que
indica para os fins do art. 77, V, CPC/2015, vem, tempestivamente, INTERPOR:

RECURSO ESPECIAL

Com fundamento no art. 105, inciso III, alínea “a”, da CRFB/88 e nos art.
1.029 e seguintes do Código de Processo Civil, em face de acórdão exarado por esse
Egrégio Tribunal de Justiça, esperando que seja conhecido e recebido, e, depois de
cumpridas as formalidades processuais necessárias, previstas no art. 1.030 do CPC,
sejam os autos remetidos ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Termos em que, pede deferimento.

Local... Data...
Advogado...
OAB N°...
AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PROCESSO N°: 0001234-56.2022.8.26.888


RECORRENTE: Cleber de Freitas
RECORRIDO: AM Expresso Transporte de Bens

DAS RAZÕES RECURSAIS

1. DO CABIMENTO
Consoante preconiza o art. 105, inciso III, alínea “a” da CRFB/88, é de
competência do Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas
decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência. In verbis:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

(...)

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou


última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

In casu, o acórdão objeto do presente recurso, proferido pelo Eg. Tribunal


de Justiça do Estado de Alagoas, desconsiderou o estabelecido na Lei Federal n°
13.105/2015 (Código de Processo Civil), especificamente em seu art. 833, IV, tendo
adotado entendimento que contraria o que se encontra expresso no dispositivo legal.
Em razão disso, é cabível o presente recurso.

Ademais, o Recurso Especial também se encontra previsto nos arts. 1.029 e


seguintes do Código de Processo Civil.

2. DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso é tempestivo, tendo em vista que foi interposto no


prazo de 15 (quinze) dias estabelecido pelo art. 1.003, § 5º, do CPC.
3. DO PREPARO

O Recorrente deixa de juntar a guia de recolhimento das custas e do porte


de remessa e de retorno, por ser beneficiário da justiça gratuita, na forma do art.
1.007, §1° do CPC/2015.

3. DO PRESQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA

A matéria objeto do recurso foi prequestionada no recurso de Apelação e o


Tribunal, ao reformar a decisão, violou o direito federal. Além disso, fora opostos
Embargos de Declaração. Logo, está preenchido o requisito do prequestionamento
previsto na súmula 282 do Supremo Tribunal Federal.

4. DOS FATOS

A Recorrida ajuizou Ação de Execução de Título Extrajudicial, em face de


Trem Bão – Pães de Queijos e Cia e do ora Recorrente. A referida ação teve como
objeto 04 (quatro) cheques de R$ 10.000 (dez mil reais) cada, emitidos por Trem Bão –
Pães de Queijos e Cia, nos quais constavam o Recorrente como avalista.

Após cumpridas as formalidades de praxe, o juízo de origem determinou a


citação dos executados para que fosse efetivado o pagamento no prazo legal,
sinalizando que poderia proceder com buscas nos sistemas Renajud, Infojud e
Bacenjud.

Posteriormente, o Recorrente foi intimado de decisão que determinou a


penhora de valores em sua conta, no entanto, tais verbas são de natureza
exclusivamente salarial.

Diante dessa situação, o Recorrente opôs Embargos à Execução


sustentando que o valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) é relativo à verba
salarial e que não possui condições de se sustentar sem essa quantia, por isso, não
poderia ser penhorada.

Contudo, em sentença, o r. juízo de origem julgou, de forma equivocada,


improcedente os pedidos do Recorrente, lastreando sua decisão no argumento de que
não foram apresentadas provas suficientes capazes de sustentar as alegações feitas.

Inconformado com a r. sentença, o Recorrente apelou ao Eg. Tribunal de


Justiça do Estado de Alagoas, nessa ocasião, o Tribunal decidiu pelo não provimento do
recurso mantendo a sentença atacada por seus próprios fundamentos, assim,
reconheceu, de maneira equivocada, pela penhorabilidade das verbas salariais do
Recorrente.

Posto isso, diante de flagrante ofensa ao texto expresso da Lei Federal n°


13.105/2015, sendo mais específico, ao art. 833, inciso IV, é que se faz necessário a
interposição do presente recurso com o objetivo de que seja reformada a última
decisão proferida nos autos.

5. DO MÉRITO

5.1. DA AFRONTA À LEI FEDERAL N° 13.105/2015 (CPC), ART. 833, INCISO IV

No caso dos autos, o r. juízo de primeiro grau prolatou sentença,


determinando a penhora de valores nos quais o Recorrente possuía em conta,
contudo, essa decisão fora totalmente equivocada, uma vez que esses valores eram
oriundos exclusivamente de relação de trabalho e, por isso, consoante preconiza o art.
833, inciso IV do CPC/2015, essa verba é impenhorável. Senão, vejamos:

Art. 833. São impenhoráveis:

(...)

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as


remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, ressalvado o § 2º;

Nada obstante, em sede de apelação, o Eg. Tribunal de Justiça do Estado de


Alagoas, ratificou a r. sentença do juízo de origem e, também, contrariando de morte o
texto expresso do dispositivo legal supramencionado. Vejamos parte do acórdão
exarado pelo Tribunal:

“[...] Em que pese a alegação de impenhorabilidade, entendo que o


disposto no art. 833, IV se presta apenas a fomentar o não
pagamento de dívidas, razão pela qual, entendo pela possibilidade de
penhora integral do salário do embargante. Ante o exposto, pelo meu
voto, entendo pelo ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO,
alterando o acordão anteriormente prolatado e, quanto ao mérito da
apelação proposta, voto pelo DESPROVIMENTO DO RECURSO,
mantendo-se a sentença atacada por seus próprios fundamentos.”

Ora, o Recorrente anexou aos autos holerites, declaração de imposto de


renda e declaração do empregador, isso tudo com o objetivo de demonstrar aos
eminentes julgadores, a origem do dinheiro que estava em sua conta, dito de outra
forma, toda a quantia que estava em conta bancária era proveniente de relação de
trabalho e, portanto, destinadas exclusivamente ao seu sustento.

Portanto, o que se pretende com o presente recurso não é o simples


reexame do contexto fático probatório, mas, sim, o reconhecimento da divergência
jurisprudencial, logo, não há a incidência da súmula n° 7 do Eg. Superior Tribunal de
Justiça, no caso dos autos. In verbis:

“A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso


especial.”
Por fim, diante de toda a matéria de fato e de direito ora exposta, restando
demonstrada a existência de verdadeira afronta à disposição expressa de Lei Federal,
pugna-se pela reforma da decisão que determinou a penhora das verbas salarias do
Recorrente.

6. DOS PEDIDOS

Face ao acima exposto, o Recorrente requer seja conhecido e provido o


presente recurso para reformar a decisão prolatada pelo juízo a quo, julgando
procedente o pedido deduzido nos embargos. Além disso, requer, ainda, a condenação
do Recorrido nos ônus sucumbenciais.

Termos em que, pede deferimento.

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