Você está na página 1de 3

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ALAGOAS.

Processo nº 0001234-56.2022.8.26.888

CLEBER DE FREITAS, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe,


vem, por meio de seu advogado, interpor o presente RECURSO ESPECIAL, com
fundamento no art. 105, III, "a" da Constituição Federal e no art. 1.029, II do Código de
Processo Civil, requerendo a análise da matéria pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.

I. DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO

O presente recurso é tempestivo, uma vez que o acórdão foi publicado em [Data da
Publicação] e a interposição ocorre dentro do prazo de 15 dias previsto no art. 1.003, §
5º, do Código de Processo Civil.

Quanto ao preparo, informa-se que o recorrente foi agraciado com os benefícios da


gratuidade de justiça quanto ao preparo do recurso, nos termos do art. 99 do CPC.

II. DO PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA

Requer-se o prequestionamento expresso das matérias suscitadas no presente recurso, a


fim de possibilitar o acesso às instâncias superiores, nos termos da Súmula nº 211 do
Superior Tribunal de Justiça.

III. DOS FATOS

Trata-se de execução de título extrajudicial ajuizada por AM Expresso Transporte de


Bens em face de Trem Bão – Pães de Queijos e Cia e de Cleber de Freitas, na qualidade
de emitente dos cheques e avalista, respectivamente. Houve penhora realizada nos
autos.

O recorrente, Cleber de Freitas, opôs embargos à execução, alegando, entre outros


argumentos, que o valor de R$ 1.500,00 penhorado no processo refere-se a verba
salarial, imprescindível para seu sustento, e que não possui condições de se manter sem
tais valores.

A sentença de primeiro grau julgou improcedentes os embargos à execução, mantendo a


penhora realizada. Inconformado, o recorrente interpôs apelação, que foi desprovida
pelo acórdão proferido pela 29ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de
Alagoas, que manteve a penhora integral dos valores salariais.

IV. DA AFRONTA À LEI FEDERAL - ART. 833, IV DO CPC

O acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de Alagoas afronta diretamente o disposto


no art. 833, IV do Código de Processo Civil, que estabelece a impenhorabilidade dos
vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentação e
pensões, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal.

Conforme expressamente previsto no dispositivo legal supracitado, os salários são


considerados impenhoráveis, pois se destinam à subsistência do devedor e de sua
família. No entanto, o acórdão em questão desconsiderou essa proteção legal ao afirmar
que o art. 833, IV do CPC "se presta apenas a fomentar o não pagamento de dívidas" e
permitir a penhora integral do salário do recorrente.

O entendimento adotado pelo Tribunal a quo viola claramente a norma legal, ao ignorar
a finalidade protetiva da impenhorabilidade dos salários e ao desconsiderar a situação de
vulnerabilidade econômica do recorrente, que alegou não possuir condições de se
sustentar sem tais valores.

Ademais, o acórdão em questão contraria a jurisprudência consolidada do Superior


Tribunal de Justiça (STJ), que tem entendimento pacífico no sentido de que os salários
são impenhoráveis, exceto nos casos de pensão alimentícia, nos termos da Súmula nº
603 do STJ.

IV - ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

O entendimento jurisprudencial é uníssono no sentido de que os vencimentos, soldos,


salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios são
impenhoráveis, conforme previsto no art. 833, IV do CPC. Nesse sentido, a verba
salarial penhorada em conta bancária do Embargante é impenhorável e, por isso, a
decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de Alagoas se apresenta em contradição ao
disposto no referido artigo do CPC.

V - PEDIDOS:

1. Ante o exposto, requer o recebimento deste Recurso Especial, com a devida autuação
e processamento perante o Superior Tribunal de Justiça;
2. A intimação da parte contrária para que, querendo, apresente contrarrazões ao
presente recurso;

3. O provimento do Recurso Especial, para que seja reconhecida a impenhorabilidade


dos valores salariais penhorados, nos termos do art. 833, IV do Código de Processo
Civil, determinando-se a liberação dos valores penhorados.

Nestes termos, pede deferimento.

(Alagoas, xx de xxxxxx de xxxx).

Advogado – OAB.

Você também pode gostar