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SUA PETIÇÃO
DIREITO
CIVIL
Seção 01
Seção 6
DIREITO CIVIL
Sua causa!
Chegamos à Seção 6, onde continuaremos a abordagem dos recursos em segunda instância, diante
de um acórdão desfavorável.
AM Expresso Transporte de Bens ajuizou execução de título extrajudicial, relativa a quatro cheques
de 10 mil reais cada, distribuída à 8ª Vara Cível de Cariri do Oeste/AL, sob o nº 0001234-
56.2022.8.26.888 em face de Trem Bão – Pães de Queijos e Cia, enquanto emitente dos cheques,
e de Cleber de Freitas, enquanto avalista. Houve penhora realizada nos autos.
Cleber opôs embargos à execução, alegando, em suma, que o valor de R$ 1.500,00, penhorado no
processo, é relativo à verba salarial, afirmando, ainda, que não possui condições de se sustentar
sem o valor. Sobreveio sentença de improcedência do pedido. Inconformado, Cleber de Freitas
promoveu recurso de apelação, tendo sido prolatado acórdão eivado de contradição, o qual foi objeto
de embargos de declaração que foram julgados pela 29ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de Alagoas nos seguintes termos:
ACÓRDÃO
O recorrente afirma que os valores oriundos de sua força de trabalho são sua
única fonte de renda e que, sem eles, não tem como manter seu sustento.
É O RELATÓRIO
PA
GE
De início, cumpre apontar que o art. 833, IV do Código de Processo Civil é
cristalino ao definir quais bens ou valores são impenhoráveis, in verbis:
Consigne-se que contas das fls. 235/240 dos autos, juntada de holerites,
declaração de imposto de renda e declaração do empregador, visando
demonstrar que as verbas, de fato, são decorrentes da relação de trabalho.
CARLOTA DE MECKLEMBURGO-STRELITZ
RELATOR
Lembramos que Cleber de Freitas foi agraciado com os benefícios da gratuidade de justiça quanto
ao preparo do recurso.
PA
GE
Fundamentando!
1. DO RECURSO ESPECIAL
Como já citado na seção anterior, as hipóteses de cabimento do recurso especial estão descritas no
art. 105, III, alíneas “a”, “b” e “c” da Magna Carta.
O referido artigo impõe que compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as
causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos estados, do Distrito Federal e territórios, quando a decisão recorrida:
Ao tratar de contrariedade à lei federal, ressaltamos o teor da Súmula 400 do Supremo Tribunal
Federal, na qual é afirmado que “Decisão que deu razoável interpretação à lei, ainda que não seja a
melhor, não autoriza recurso extraordinário pela letra “a” do art. 101, III, da Constituição Federal”.
Ao tratarmos da hipótese de contrariedade à lei federal, é importante ressaltar que, nos termos da
Súmula 518 STJ, não é cabível recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de
súmula.
É importante ressaltar que, ao interpor recurso especial, o interessado deve indicar expressamente
o dispositivo da Lei ou Tratado que foi violado, sob pena de não conhecimento do Recurso. Nesse
sentido, tem decidido a jurisprudência:
A ausência de indicação de dispositivo de lei federal que teria sido violado pelo acórdão recorrido
ou interpretado de forma divergente pelos tribunais, torna o recurso especial interposto com base
PA
GE
nas alíneas ‘a’ e ‘c’ do permissivo constitucional deficiente em sua fundamentação. Incidência, por
analogia, da Súmula 284/STF. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 635.592/SP, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 24/02/2015)
Outro ponto relevante acerca do tema é a inadequação do Recurso Especial para análise de
interpretação de portarias ou instruções normativas, justamente por tais institutos não estarem
compreendidos na expressão “lei federal”, in verbis:
[...] o recurso especial não constitui via adequada para análise de interpretação de
resoluções, portarias ou instruções normativas, por não estarem tais atos normativos
compreendidos na expressão ‘lei federal’, constante da alínea ‘a’ do inciso III do art.
105 da Constituição Federal. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1494995/RS, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 12/02/2015)
A hipótese contida no art. 105, III, “b” é autoexplicativa, ou seja, quando o acórdão prolatado julgar
válido ato de governo local quando confrontado com lei federal, será cabível o Recurso Especial.
Insta consignar que, caso a decisão proferida dê validade à lei local contestada em face de lei federal,
o recurso cabível não será o especial, mas, sim, o extraordinário. Com isso, cabe frisar que o ato de
governo local mencionado na alínea analisada é o denominado “ato infralegal” e não lei.
A última hipótese de cabimento do Recurso Especial é a constante do art. 105, III, “c” da Magna
Carta.
Assim, a simples interpretação diferente dada por outro tribunal não é suficiente para fins de Recurso
Especial, devendo o interessado mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os
casos confrontados.
2. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Assim como ocorre com o Recurso Especial, o Recurso Extraordinário tem previsão constitucional e
suas hipóteses de cabimento estão descritas no art. 102, III, alíneas “a”, “b”, “c” e “d” e da Magna
Carta, onde é definida a competência para o seu julgamento como sendo do Supremo Tribunal
Federal, in verbis:
É importante lembrar que tanto o Recurso Especial quanto o Recurso Extraordinário são dotados de
efeito devolutivo, podendo ser concedido o efeito suspensivo mediante requerimento da parte na
forma prevista no art. 1.029, § 5º, do CPC.
Uma das funções do Supremo Tribunal Federal é exercer o controle difuso de constitucionalidade, o
que faz por meio do Recurso Extraordinário.
A respeito do tema, foi editada a Súmula 285 pelo Supremo Tribunal Federal, a qual impõe que “Não
sendo razoável a arguição de inconstitucionalidade, não se conhece do recurso extraordinário
fundado na letra “c” do art. 101, III, da Constituição Federal”.
A última alínea do art. 101, III versa sobre a possibilidade de interposição de Recurso Extraordinário
quando o Acordão proferido julgar válida lei local contestada em face da Constituição Federal. Essa
hipótese de cabimento do recurso foi inserida no texto constitucional por meio da EC 45/2004, posto
que, anteriormente, tal hipótese dava ensejo à interposição de Recurso Especial.
Vamos peticionar!
PA
GE
Prezado aluno, face ao acórdão proferido pelo tribunal, é necessária a identificação dos pontos
contrários aos interesses do recorrente Cleber de Freitas, a fim de identificar a peça processual
cabível à defesa de seus interesses.
É importante que você verifique que as contradições foram sanadas, observando se a decisão
prolatada se enquadra nas hipóteses do art. 102, III ou 105, II da Constituição Federal, principalmente
no que concerne ao teor do art. 833, IV do Código de Processo Civil, no que tange à
impenhorabilidade das verbas salariais.
PA
GE