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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ RELATOR DA ___ TURMA RECURSAL DO JUIZADO

ESPECIAL ESTADUAL DE XXXXX.

IMPETRANTE1, vem impetrar MANDADO DE SEGURANÇA


COM PEDIDO LIMINAR em desfavor ao Juízo da XX VARA XXXXX DA
COMARCA DE XXXXXXX2, com base nos fatos e direito a seguir
expostos:

I - FATOS

1
Qualificação e endereço.
2
Qualificação e endereço.
1. (Descrever como se deram os fatos,
explicitando o contexto geral envolvendo o ato coator
consistente em negar a prestação e/ou colaboração na
prestação da tutela jurisdicional).
2. (idem).
3. (Encerrar a narrativa a respeito dos fatos
com a conclusão que demonstre o ponto essencial a
insurgência).
4. Assim, por estarem presentes os requisitos
exigidos, torna-se necessária a busca pela tutela
jurisdicional por meio deste mandamus, conforme será
melhor demonstrado a seguir.

II – CABIMENTO E COMPETÊNCIA PARA JULAMENTO DO MANDADO DE


SEGURANÇA CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA EM PROCESSO
SUBMETIDO AO RITO DA LEI N. 9.099/95

5. O art. 1º da Lei n. 12.016/2009, estabelece


que conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação
ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem
as funções que exerça.
6. Por sua vez, o art. 5º, inciso II,
estabelece que não se concederá mandado de segurança
quando se tratar: II - de decisão judicial da qual caiba
recurso com efeito suspensivo.
7. Tanto a autoridade coatora quanto o direito
líquido e certo violado por ato ilegal, serão tratados em
tópicos específicos a seguir.
8. Neste momento, cumpre apenas demonstrar o
cabimento do presente remédio constitucional para combater
a decisão interlocutória proferida em processo submetido
ao rito dos Juizados Especiais.
9. Conforme mencionado alhures, é consabido que
das decisões judiciais das quais sejam oponíveis vias
recursais próprias com efeito suspensivo, não se concederá
mandado de segurança.
10. No presente caso, o ato coator
consubstancia-se em uma decisão interlocutória proferida
pelo Juízo da XX Vara do Juizado Especial da Comarca de
xx. XXXXXXXXXXXXXX.
11. Conforme se sabe, a Lei n. 9.099/95 não
estabeleceu qualquer recurso que torne viável a
insurgência contra as decisões interlocutórias proferidas
no curso da ação, visto que referida legislação estabelece
apenas duas espécies recursais, os Embargos de Declaração
e o Recurso Inominado, previstos nos seus artigos 483 e
414, respectivamente.
12. Deste modo, conforme mencionado na
narrativa fática, a decisão proferida pelo Impetrado, de
negar a cooperação em oficiar as agências de previdência
privada indicadas, a fim de descobrir a existência de
aplicações financeiras em nome do executado, determinando
que o Impetrante possui o dever de realizar referida

3
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença ou
acórdão nos casos previstos no Código de Processo Civil.

4
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação
ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
diligência, não possui qualquer solução recursal no âmbito
do rito especial dos juizados.
13. Nesse esteio, a única forma de o Impetrante
socorrer-se do ato ilegal praticado pelo Impetrado traduz-
se no presente remédio constitucional.
14. Esse, aliás, é o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, conforme se depreende do seguinte
julgado: MANDADO DE SEGURANÇA QUE ATACA DECISÃO DE
MAGISTRADO COM JURISDIÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL.
COMPETÊNCIA. TURMA RECURSAL. 1. O art. 3º, § 1º, I, da
Lei nº 10.259/2001 exclui da competência do Juizado
Especial Cível as ações de mandado de segurança, mas não
vedou que as Turmas Recursais as apreciem quando
impetradas em face de decisões dos Juizados Especiais
contra as quais não caiba recurso.5 (grifado).
15. Quanto à competência para o julgamento, o
STJ também é unânime, conforme seus precedentes, em
afirmar que a competência para processar e julgar ação
mandamental impetrada contra ato de Juizado Especial é da
Turma Recursal.6
16. Referido entendimento consolidou-se,
inclusive, na edição da Súmula n. 376 do STJ, segundo a
qual compete a turma recursal processar e julgar o
mandado de segurança contra ato de juizado especial.
17. Assim, é indubitável o cabimento da
presente via constitucional para combater a decisão do

5
Agravo Regimento no Recurso Ordinário no Mandado de Segurança
(AgRg no RO no MS) Nº 17.283 – RS, Sexta Turma – 6T, Relator Ministro
PAULO GALLOTTI, Brasília, Data do julgamento 25/08/2004, Data da
Publicação 05/12/2005.

6
CC n. 40.319-MG, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, D.J. de
5.4.2004.
Impetrado, consubstanciada em ato coator, conforme se verá
a seguir.
III – ATO COATOR E AUTORIDADE COATORA
18. O mandado de segurança se fundamenta na
negativa da Autoridade coatora em cooperar
processualmente, realizando a consulta, por meio de
ofício, às empresas de previdência privada, a fim de
buscar a existência de aplicações financeiras da Executada
na ação de n. XXXXXXXXXXXXXX, o que fere veementemente os
artigos 4º e 6º do Código de Processo Civil.
19. Nesse toar, art. 4º do Código de Processo
Civil dispõe que, as partes têm o direito de obter em
prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.
20. Por sua vez, o art. 6º do CPC estabelece o
chamado princípio da cooperação, segundo o qual todos os
sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e
efetiva.
21. Assim, por meio da análise epistemológica
da lei, especialmente pela conjugação dos dispositivos
legais mencionados acima, vê-se que não há óbice para que
o Juízo, enquanto sujeito da triangularização processual,
coopere para encontrar aplicações financeiras nas agências
de previdência bancária da Executada, aliás, ao contrário,
há expressa obrigatoriedade, advinda do novel sistema de
processo civil brasileiro, na contribuição do Juízo para o
alcance da tutela satisfativa em tempo razoável.
22. Deste modo, conforme narrado inicialmente,
a decisão proferida pelo Impetrado, cuja cópia segue
anexa, negou encaminhar ofício a fim de consultar as
mencionadas agências de previdência privada.
23. Repita-se que, no seu limitado alcance, o
Impetrante empreendeu todos os esforços na tentativa de
localização de bens da Executada, conforme demonstram os
documentos anexos, protocolados na ação principal onde
ocorreu o ato coator, de certidões negativas da existência
de bens imóveis nos cartórios das circunscrições
imobiliárias desta comarca.
24. Ademais, pela ordem preferencial de penhora
do art. 835 do CPC, vê-se, no inciso I, que a preferência
se dará pela penhora em dinheiro, em espécie ou em
depósito ou aplicação em instituição financeira.
25. Referida ordem, presente no dispositivo
acima mencionado, segue a lógica inaugurada pelo art. 4º
do CPC, da obtenção da solução do mérito em tempo
razoável, uma vez que antepôs os bens jurídicos de maior
utilidade econômica, estando em primeiro lugar o próprio
dinheiro e suas aplicações financeiras.
26. Assim, sem a cooperação do Impetrado, que
possui à sua disposição todo um aparato de informações
disponibilizados pelo Estado, com poder de oficiar
instituições financeiras, o Impetrante vê-se impedido de
fazer valer o seu direito mediante ação judicial.
27. É forçoso notar, ainda, que apesar de a
Autoridade coatora consignar em sua decisão que referida
diligência incumbiria ao Impetrante, é consabido que as
empresas, sejam públicas ou privadas, especialmente as de
fins econômicos, não fornecem dados a terceiros alheios
aos seus cadastros.
28. Trata-se, portanto, de diligência
impossível ao Impetrante.
29. Importante dizer, ainda, que referida
negativa por parte do Impetrado fere pungentemente o
direito de ação do Impetrante, direito este de caráter
fundamental, previsto no inciso LXXVIII do art. 5º da
Constituição Federal, segundo o qual a todos, no âmbito
judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação.
30. Resta, portanto, indubitavelmente
caracterizado o ato coator do Impetrado, que além de
romper com a ordenação advinda do Código de Processo
Civil, atinge direito fundamental do cidadão assegurado
pela Carta Magna, uma vez que seu ato caminha em sentido
inverso ao pretendido pelo constituinte ao consignar que o
Juízo deve garantir a duração razoável do processo,
utilizando-se dos meios que garantam essa celeridade.
31. Assim, não se faz necessário maiores
dilações argumentativas para demonstrar que no caso em
tela o ato coator é dos mais graves ao regular controle da
atividade jurisdicional.
32. Desse modo, o ato coator descrito deve ser
combatido com veemência por este Juízo, devendo-se obrigar
que a Autoridade coatora, nos termos do art. 4º e 6º do
CPC, coopere no envio de ofício às agências de previdência
privada indicadas, a fim de encontrar possíveis aplicações
financeiras da Executada na ação n. XXXXXXXXXXXXXXXXXX,
para garantir, por eventual penhora, o valor executado,
fazendo valer o direito fundamental do Impetrante,
enquanto Exequente na mencionada ação.
IV – DIREITO LÍQUIDO E CERTO VIOLADO POR ATO ILEGAL
33. Conforme exposto alhures, o art. 5º, inciso
LXXVIII, da Constituição Federal, estabelece que a todos,
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação, bem como o art. 6º do CPC,
que impõe o princípio da cooperação a todos os
participantes do processo, o que inclui o próprio
magistrado e, ainda, o art. 4º, também do CPC, que
reproduz o entendimento constitucional de que as partes
têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
34. Conforme denota-se pela breve leitura dos
dispositivos mencionados acima, a Carta Magna impõe que
não haja obstáculos que retardem o curso de uma ação, e o
Impetrado, ao negar-se a oficiar as agências de
previdência privada, poder este que não está à disposição
do Impetrante, uma vez que referidas empresas não fornecem
dados a terceiros particulares, há grave ofensa ao direito
fundamental do Impetrante.
35. Além disso, há patente violação ao
princípio da cooperação, presente de forma expressa na
nova sistemática do processo civil, conforme mencionado
alhures.
36. Assim, somado ao fato de que o art. 4º do
CPC, expressamente reproduz o direito fundamental previsto
na CF, de que as partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa, é indubitável o direito líquido e
certo do Impetrante.
37. Nesse toar, a pretensão do Impetrante na
descoberta de possíveis aplicações financeiras da parte
executada na ação de ocorrência do Ato coator,
consubstancia-se na possibilidade de penhorar os
numerários lá encontrados, tratando-se de bem capitular na
ordem preferencial de penhoras previstos no art. 835 do
CPC.
38. Embora não seja esse o meio adequado para
discussão da possibilidade de penhora de aplicações à
previdência, apenas a título de esclarecimento, para
demonstrar de maneira indubitável o direito líquido e
certo, o STJ há muito vem decidindo pela validade de
penhoras que recaiam sobre as aplicações de previdência
privada.
39. Nesse sentido, a título de exemplo, no
julgamento do REsp. n. 1.121.719-SP, sob a relatoria do
Ministro Raul Araújo, o STJ consignou que, o saldo de
depósito em PGBL - Plano Gerador de Benefício Livre não
ostenta nítido caráter alimentar, constituindo aplicação
financeira de longo prazo, de relevante natureza de
poupança previdenciária, porém susceptível de penhora. O
mesmo sucede com valores em caderneta de poupança e
outros tipos de aplicações e investimentos, que, embora
possam ter originalmente natureza alimentar, provindo de
remuneração mensal percebida pelo titular, perdem essa
característica no decorrer do tempo, justamente porque
não foram utilizados para manutenção do empregado e de
sua família no período em que auferidos, passando a se
constituir em investimento ou poupança.7
40. Assim, vê-se ser a consulta às referidas
agências de previdência privada uma consulta importante e
imprescindível para que o Impetrante alcance a tutela
satisfativa pretendida na execução.
41. Desse modo, afigura-se pertinente a
impetração do presente mandado de segurança pela
inequívoca violação ao texto dos arts. 5º, LXXVIII da CF e
4º e 6º do CPC, uma vez que a Autoridade coatora negou-se
7
STJ - REsp: 1121719 SP 2009/0118871-9, Relator: Ministro RAUL
ARAÚJO, Data de Julgamento: 15/03/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 27/04/2011.
à cooperar com o Impetrante no envio de ofício às agências
de previdência privada para encontrar possíveis aplicações
financeiras da Executada na ação n. XXXXXXXXXXXXXXXXXX.
42. Assim, superada a análise meritória,
fundamentada em indubitável direito do Impetrante,
demonstrar-se-á, a seguir, a presença dos requisitos
necessários para a concessão da liminar.
V – NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR
43. A simples análise do contexto fático e
jurídico demonstra que há iminente risco de prejuízo
irreparável no caso dos autos.
44. Isso porque, conforme se denota da
decisão colacionada ao presente mandamus, o Impetrado
determinou que o Impetrante realize uma diligência que
lhe é impossível, qual seja, a obtenção de informações
quanto às aplicações financeiras da parte executada na
ação n. XXXXXXXXXXXXXX em agências de previdência .
45. Eventual manutenção da decisão
ilícita, neste caso, violadora do art. 4º e 6º do CPC,
afetará o direito fundamental do Impetrante, previsto no
inciso LXXVIII do art. 5º da CF, uma vez que o Impetrante
não possui o poder de obter referidas informações
financeiras da parte executada, e que, ao contrário, o
Impetrante, no seu dever jurisdicional, possui plenos e
lícitos poderes para tanto, há patente violação do
direito do Impetrante.
46. Isso é inaceitável em um Estado
Democrático de Direito.
47. Nesse toar, ante à iminência do
resultado do ato coator, tem-se caracterizada a urgência
e o perigo da demora , para que este Juízo determine, de
imediato, à Autoridade coatora, que adequadamente coopere
com o Impetrante nos autos de n. XXXXXXXXXXXXXX.
48. Outrossim, por toda a fundamentação
exposta alhures lastreada em preceitos legais e
constitucionais, tem-se também por evidente o direito
pleiteado.
49. Assim, ante à presença dos elementos
necessários, torna-se imperiosa a concessão da medida
liminar para que em já em juízo de cognição sumária seja
reconhecida a necessidade e determinado à Autoridade
coatora que coopere com o Impetrante, enviando o ofício
às agências de previdência privada para encontrar
possíveis aplicações financeiras penhoráveis da Executada
na ação n. XXXXXXXXXXXXXXX, adotando, assim, os meios
para garantir a duração razoável do processo e o alcance
do mérito final perseguido pelo Impetrante.
50. Em atenção ao princípio da
eventualidade, caso não compreenda-se pelo deferimento do
pedido principal almejado, requer, alternativamente, a
determinação de suspensão do prazo fixado na decisão
consubstanciada em ato coator, uma vez que a manutenção do
transcurso do prazo poderá ensejar na extinção do processo
xxxx, bem como em risco ao resultado útil do presente
mandado de segurança.

VI – ENCERRAMENTO
51. Diante ao exposto, requer seja
deferido o pedido liminar reconhecendo a necessidade e
determinado à Autoridade coatora que coopere, enviando o
ofício às agências de previdência privada para encontrar
possíveis aplicações financeiras penhoráveis da Executada
na ação n. XXXXXXXXXXXXXXX, adotando, assim, os meios
para garantir a duração razoável do processo e o alcance
do mérito final perseguido pelo Impetrante.
52. Em atenção ao princípio da
eventualidade, caso não compreenda-se pelo deferimento do
pedido principal almejado, requer, alternativamente, ainda
em sede liminar, a determinação de suspensão do prazo
fixado na decisão consubstanciada em ato coator, uma vez
que a manutenção do transcurso do prazo poderá ensejar na
extinção do processo xxxx, bem como em risco ao resultado
útil do presente mandado de segurança.
53. Requer, após, a citação da Autoridade
coatora para, querendo, se manifestar no prazo legal,
apresentando os seus esclarecimentos.
54. Requer, ao final, seja confirmado o
pedido liminar concedido, concedendo-se a segurança para
forçar a Autoridade coatora a cooperar com o Impetrante,
enviando o ofício às agências de previdência privada para
encontrar possíveis aplicações financeiras penhoráveis da
Executada na ação n. XXXXXXXXXXXXXXX.
55. Por fim, requer que todas as
publicações e intimações sejam feitas em nome do advogado
XXXXXXXXXXXXXXXX, OAB/XX nº XXXXXXXXX.
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00.

Termos em que, pede deferimento.

Cidade, Estado, Data.


ADVOGADO

OAB/XX XXXXXXXX

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