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333
SÚMULA N. 333
Referências:
CF/1988, arts. 37, XXI, e 173, § 1º, III.
Lei n. 1.533/1951, arts. 1º e 2º.
Lei n. 8.666/1993, arts. 1º, parágrafo único, e 4º, parágrafo único.
Precedentes:
AgRg no Ag 246.834-SP (1ª T, 09.11.1999 – DJ 17.12.1999)
REsp 84.082-RS (1ª T, 23.05.1996 – DJ 1º.07.1996)
REsp 122.762-RS (2ª T, 04.08.2005 – DJ 12.09.2005)
REsp 299.834-RJ (1ª T, 06.11.2001 – DJ 25.02.2002)
REsp 533.613-RS (2ª T, 04.09.2003 – DJ 03.11.2003)
REsp 598.534-RS (2ª T, 1º.09.2005 – DJ 19.09.2005)
REsp 639.239-DF (1ª T, 16.11.2004 – DJ 06.12.2004)
REsp 683.668-RS (1ª T, 04.05.2006 – DJ 25.05.2006)
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 17.12.1999
RELATÓRIO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
O Sr. Ministro José Delgado (Relator): A decisão atacada não merece ser
reformada, pelo que a mantenho pelos seus próprios fundamentos. Para tanto,
mister se faz a transcrição do decisório guerreado, litteratim:
Vistos, etc.
O Banco do Estado de São Paulo S/A - Banespa interpõe Agravo de Instrumento
com o escopo de atacar decisão que negou seguimento a recurso especial que
desafiou acórdão que esposou do entendimento segundo o qual é cabível
mandado de segurança contra ato praticado por sociedade de economia mista
se este ato se vincular a um negócio jurídico com natureza de contrato público
resultante de licitação, ou seja, quando o ato estiver diretamente regido pelo
Direito Público.
O especial aponta como violado o art. 1º, § 1º, da Lei n. 1.533/1951 (hipótese de
cabimento do mandado de segurança). Alega, também, dissídio jurisprudencial
e violação de artigos da Constituição Federal (pela qual interpôs recurso
extraordinário).
O acórdão recorrido decidiu a questão adotando o seguinte posicionamento
(fl. 75): “As empresas de capital misto estão sujeitas ao processo de licitação na
contratação de aquisição de bens e serviços de terceiros, procedimento típico de
Direito Público, sujeitando o contrato dele resultante às mesmas normas, sendo
irrecusável conceituar-se os atos da entidade contratante como de autoridade
para fins de mandado de segurança.”
Contraminuta às fls. 140-153.
Relatados, decido.
A decisão proferida pelo Tribunal a quo não merece ser reformada. Andou
bem o acórdão vergastado ao ampliar o conceito de “autoridade” para fins de
mandado de segurança. O Banco Banespa, ainda que seja uma sociedade de
economia mista, ao contratar os serviços da empresa de instalações, submeteu
o contrato e sua execução ao regime delimitado pelas normas contidas na Lei
n. 8.666/1993, pois promoveu a escolha e a contratação da empresa mediante
procedimento de licitação.
Ao adotar tal procedimento, a entidade se submeteu a um regime de Direito
Público. Afinal, seria desarrazoado pensar que um estabelecimento bancário,
tendo a possibilidade de contratar sob o regime de Direito Privado, viesse a se
entregar ao sistema de licitação, submetido à Lei Administrativa (n. 8.666/1993),
mais moroso e sem a liberdade existente na seara civil, tendo em vista o fato de
que neste regime prevalecem princípios como os da autonomia da vontade (em
seu sentido mais puro), da livre disposição das cláusulas de forma plenamente
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SÚMULAS - PRECEDENTES
É evidente que deve haver uma cautela especial com o conceito de “autoridade”
a que a Lei n. 1.533/1951 nos remete, sob pena de se generalizá-lo, estendendo
sua aplicação a toda sorte de evento. Do mesmo modo, não se pode restringi-
lo ao ponto em que o instituto do mandado de segurança sofra um gradativo
esvaziamento, limitando-se apenas àqueles casos mais evidentes, retirando-se
a nobreza do instituto, justamente criado para enaltecer e dinamizar o Direito
Processual frente aos abusos cometidos em virtude de atos cuja natureza está
vinculada ao interesse público. A falta de flagrância a que se submete o caso em
conflito não pode ser, nos supracitados dizeres de HELY LOPES MEIRELLES, motivo
de “comodismo do julgador”.
Uma vez que o vínculo jurídico entre as entidades contratantes adveio de um
instituto típico do Direito Público - a licitação - as relações resultantes deverão
obedecer aos princípios contidos neste ramo do Direito e, por conseqüência, as
ações então pertinentes, deverão ser aplicáveis.
Pelas fundamentações acima expostas, com apoio no artigo 544, § 2º do CPC,
nego provimento ao agravo de Instrumento em exame.
EMENTA
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SÚMULAS - PRECEDENTES
ACÓRDÃO
DJ 1º.7.1996
RELATÓRIO
VOTO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
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SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 12.9.2005
RELATÓRIO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
o agente público em geral. Vale dizer: quem quer que haja praticado um ato
funcionalmente administrativo. Daí que um dirigente de autarquia, de sociedade
de economia mista, de empresa pública, de fundação pública, obrigados a
atender, quando menos aos princípios da licitação, são autoridades públicas,
sujeitos passivos de mandado de segurança em relação aso atos de licitação (seja
quando esta receber tal nome, seja rotulada concorrência, convocação geral ou
designações quejandas, não importando o nome que se dê ao certame destinado
à obtenção de bens, obras ou serviços) - Licitações, p. 90 -.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 25.2.2002
RELATÓRIO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
110
SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 3.11.2003
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SÚMULAS - PRECEDENTES
RELATÓRIO
VOTO
116
SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 19.9.2005
RELATÓRIO
118
SÚMULAS - PRECEDENTES
Lei n. 1.533/1951, e ato de autoridade não se define pela forma como se realiza,
ou seja, mediante licitação ou não, mas sim pela origem. No caso, como o Banco
Banrisul S/A não exerce atividade delegada, não se tem a figura da autoridade,
embora haja a figura do contrato administrativo, por se tratar de sociedade de
economia mista.
Irresignada, Unnisa Soluções em Meios de Pagamento Ltda. interpôs o
presente recurso especial, com fulcro nas letras a e c do permissivo constitucional,
sustentando negativa de vigência ao art. 1º, § 1º, da Lei n. 1.533/1951 e dissídio
jurisprudencial com arestos desta Corte.
Após as contra-razões, subiram os autos.
É o relatório.
VOTO
120
SÚMULAS - PRECEDENTES
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SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 6.12.2004
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Luiz Fux: Itautec Compontentes e Serviços S/A - Grupo Itautec
Philco interpôs recurso especial, com fulcro nas alíneas a e c, do inciso III, do
art. 105, da Constituição Federal, contra acórdão proferido em sede de apelação
pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, assim ementado:
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SÚMULAS - PRECEDENTES
126
SÚMULAS - PRECEDENTES
(...)
Caso ultrapassada a preliminar acima, o que se admite apenas a título de
argumentação, não merece prosperar o recurso interposto. A ECT é empresa
pública federal, criada pelo Decreto n. 509/1956. A atividade que lhe é afeta, nos
termos do inciso 21, X, da Constituição Federal de 1988, é o serviço postal.
Sendo este o serviço público que lhe incumbe, somente se relativos a esta
atividade, cabe mandado de segurança contra atos de dirigentes desta estatal.
Isto é óbvio. O mandado de segurança é ação que visa atacar atos de autoridade
praticado contra disposição legal ou com abuso de poder. Se não estiver
praticando ato de autoridade, não há que se falar em mandado de segurança para
atacar aquele o mesmo.
(...)
Verifica-se, portanto, que a aquisição por parte da ECT de equipamentos
não está relacionada à atividade postal. Neste contexto, descabe por completo
mandado de segurança contra dirigente desta estatal, se os atos praticados não
estiverem relacionados a essa função.
Disto advém necessariamente a inafastável conclusão de qu mero ato de
gestão da empresa estatal não é passível de anulação pela via mandamental, visto
não poder ser considerado, o Presidente da ECT, autoridade, para os efeitos da Lei
n. 1.533/1951.
Temos, por conclusão, que o dirigente desta estatal é parte manifestamente
ilegítima para figurar no pólo passivo do mandado de segurança, visto não ter
praticado qualquer ato de autoridade, entendido este para as atividades da ECT,
com aquele disciplinado nos arts. 7º e 8º, de Lei n. 6.538/1978 - Lei dos Serviços
Postais.
(...)
VOTO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
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SÚMULAS - PRECEDENTES
132
SÚMULAS - PRECEDENTES
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO-VISTA
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SÚMULAS - PRECEDENTES
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ 25.5.2006
RELATÓRIO
VOTO
140
SÚMULAS - PRECEDENTES
142
SÚMULAS - PRECEDENTES
5. Assim, embora obrigatórias por lei, mas não havendo nelas a prática
de ato de autoridade, as licitações promovidas por sociedades de economia
mista que explorem atividade econômica e por outras sociedades direta e
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO-ANTECIPADO
O art. 173 da Constituição Federal diz, como citou V. Exa. com muita
clareza:
VOTO-ANTECIPADO
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO VENCEDOR
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SÚMULAS - PRECEDENTES
sob domínio estatal não estão sujeitas a controle jurisdicional por mandado de
segurança.
5. Recurso especial a que se nega provimento.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
VOTO-VISTA
atribuições pelo Poder Público. Descabe contra ato praticado por pessoa jurídica
de direito privado quando não estiver no exercício de função delegada pelo
Poder Público.
Recurso desprovido.
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SÚMULAS - PRECEDENTES
Administração Pública, nos termos de seu futuro estatuto jurídico (CF, art.
173, § 1º, III, com a redação da EC n. 19/1998) (...)”, e, no que concerne a seus
diretores ou dirigentes, é observado: “Os dirigentes das empresas estatais são
investidos em seus cargos na forma que a lei ou seus estatutos estabelecerem.
Eles ficam sujeitos ao mandado de segurança quando exerçam funções delegadas
do Poder Público (art. 5º, LXIX), à ação por improbidade administrativa (Lei
n. 8.429/1992, arts. 1º e 2º) e à ação penal por crimes praticados contra a
Administração Pública (CP, art. 327, parágrafo único).” (Curso de Direito
Administrativo, 26ª ed., Malheiros, p. 345).
Celso Antônio Bandeira de Mello, ao discorrer sobre servidores públicos
e agentes públicos, assim se manifesta: “O dirigente de empresa pública ou
sociedade de economia mista (pessoas qualificadas como de Direito Privado),
ainda quando sejam elas meramente exploradoras de atividade econômica,
também pode ser enquadrado como ‘autoridade’ no que concerne a atos expedidos
para cumprimento de normas de Direito Público a que tais entidades estejam
obrigadas, como exempli gratia, os relativos às licitações públicas que promovam.”
(Curso de Direito Administrativo, 17ª ed., Malheiros, p. 228).
Outro não é o entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro ao tratar
do mandado de segurança. A autora refere que “(...) as autoridades das entidades
da Administração Indireta, incluindo as empresas sob controle acionário do
Estado, podem ser tidas como coatoras, para esse fim, quando exerçam funções
delegadas do Poder Público. Essa possibilidade, que constava do artigo 1º, § 1º,
da Lei n. 1.533, de 31.12.1951, e da Súmula n. 510, do STF, decorre agora do
artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição.” E acrescenta: “(...) considera-se ato de
autoridade todo aquele que for praticado por pessoa investida de uma parcela
de poder público. Esse ato pode emanar do Estado, por meio de seus agentes e
órgãos ou de pessoas jurídicas que exerçam funções delegadas. Isto quer dizer
que abrange atos praticados pelos órgãos e agentes da administração direta e
da indireta (autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia
mista, concessionárias e permissionárias de serviços públicos).” (Direito
Administrativo, 15ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 393 e 637, respectivamente).
Vale mencionar o entendimento de Marçal Justen Filho: “A EC n.
19/1998 deu nova redação ao art. 173, que passou a prever que as entidades
da Administração indireta, exercentes de atividade econômica, passariam a
sujeitar-se a regime jurídico específico, no tocante às licitações. Ali se previu um
‘estatuto’ para tais entidades, ao qual caberia disciplinar licitação e contratação
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