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Aula 10 – Mandado de Segurança


Aula – Mandado de Segurança

 Introdução – Aspectos Históricos:

 Evolução no Brasil de 1934 a 1988.

 Revisão da “doutrina brasileira do Habeas Corpus”, a partir de


1926.

 Com exceção da CF/37 (por razões óbvias) todas as


Constituições, desde 1934, contemplavam a medida.
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 Conceito:
O mandado de segurança é uma ação de natureza constitucional.
 Previsão Atual:
Meio processual de proteção de DIREITO LÍQUIDO E CERTO, em face de ilegalidade
ou abuso de poder cometidos por AUTORIDADE PÚBLICA ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. (CRFB, Art. 5º, LXIX; Lei
12.016/09, Art. 1º).
 Natureza Processual:
Ação CIVIL de rito sumário especial (Lei n.º 12.016/2009, Art. 20). Pedido (e
sentença) de natureza MANDAMENTAL (a decisão que defere MS constitui uma
ordem).
 Espécies:
Mandado de segurança pode ser individual ou coletivo.
Mandado de segurança repressivo ou preventivo.
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 Não cabe mandado de segurança:
 a) Contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas
públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público (art. 1º, ).
 Súmula 333 do STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
 Diferença entre atos de gestão e atos de império (Os atos de império são aqueles que a
Administração impõe coercitivamente aos administrados. Não são de obediência facultativa
pelo particular. De outro lado, os atos de gestão são praticados sem que a Administração
utilize sua supremacia sobre os particulares.).
 b) De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente
de caução (art. 5º, I);
 Exceção: Súmula 429 do STF. Exemplo: violação do art. 2º da Lei 9.784/99.
 c) De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo (art. 5º, II);
 d) De decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III).
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 PARÂMETRO:
 Direito Líquido e Certo:
 “Direito líquido e certo é direito comprovado de plano” (Hely Lopes Meirelles, p. 26). São os fatos
e o caso concreto que devem ser apresentados de maneira líquida e certa, por parte do impetrante.
 Prova:
 A prova, no mandado de segurança, é pré-constituída.
 Não se admite a dilação probatória em sede de mandado de segurança.
 Abrangência:
 Direitos individuais e coletivos, não amparados por HC ou HD.
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 Impetrante: Legitimado ativo, detentor de DIREITO.
 Qualquer pessoa física ou jurídica (art. 1º).
 Além do titular do direito, pode também propor MS o terceiro prejudicado pelo não
exercício de direito líquido e certo (art. 3º, súmula 628, STF).
 Impetrado: Legitimado passivo, autoridade coatora.
 Não é a pessoa, mas o agente (Lei n.º 12.016/09, art. 2º e art. 6º, § 3º).
 Aquele que praticou ou ordenou o ato, ou, tratando-se de órgão colegiado, o seu
representante.
 Ministério Público:
 Atua como custus legis.
 Litisconsórcio:
 Art. 24 da Lei n.º 12.016/09 e arts. 113 a 118 do CPC.
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 Processamento:
 Petição Inicial:
 Requisitos da inicial: arts. 319 e 320, do Código de Processo Civil.
 Em duas vias, com cópia de todos os documentos que acostam à inicial.
 Possibilidade de transmissão eletrônica ou telegráfica (art. 4º da Lei n.º 12.016/09).
 Indicação da Autoridade Coatora e da Pessoa Jurídica a que está relacionada (Art. 6º da Lei n.º
12.016/09).
 Prazo para impetração:
 120 dias, a contar do conhecimento, pelo impetrante, do ato a ser impugnado (art. 23 da Lei n.º
12.016/09).
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 Despacho da inicial: Lei 12.016/09, Arts. 7º e 10 – Indeferimento da inicial
 Juiz pode deferir a liminar inaudita altera parte.
 Juiz pode solicitar informações, no prazo de 10 dias.
 Neste caso, pode conceder a liminar depois, de ofício ou a novo requerimento da parte (Lei 12.016/09,
Art. 7º, I e III).
 Informações da autoridade coatora:
 Fazem as vezes da contestação do processo civil comum.
 O órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada recebe ciência da ação para eventual
manifestação.
 Oitiva do MP:
 Lei n.º 12.016/09, Art. 12.
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 Recursos:

 Apelação:
 Da sentença que nega ou defere a segurança, ou da decisão que indefere a inicial, cabe Apelação (arts.
10º, § 1º e 14 da Lei n.º 12.016/09).
 Além da autoridade coatora, tem legitimidade para recorrer: a pessoa jurídica interessada, o terceiro
prejudicado e o Ministério Público.
 Aplica-se a Remessa Necessária (art. 14 da Lei n.º 12.016/09 e art. 496, do Código de Processo Civil).

 Agravo de Instrumento:
 Da decisão que indefere ou concede a liminar (art. 7º, § 1º, da Lei n.º 12.016/09 e art. 1.015 do CPC).

 Agravo
 Da decisão do Relator que conceder ou denegar a liminar, nos casos de competência originária (art. 10,
§ 1º).

 Agravo Regimental
 Da decisão do Presidente do Tribunal que suspender a execução da sentença ou cassar a liminar (art.
15).

 Demais Recursos do CPC e da CRFB


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 Prazo para impetração:

 120 dias (art. 23 da Lei nº 12.016/2009 e Súmula 632/STF).

 Prazo de natureza decadencial (Súmula 632/STF), cuja


contagem não é feita em dias úteis, na forma do art. 219 do
CPC/2015, mas em dias corridos, sem suspensões nem
interrupções (MS 34620, Relator(a): Min. ROSA WEBER, julgado
em 10/03/2017, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-049
DIVULG 14/03/2017 PUBLIC 15/03/2017).
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 Os processos de mandado de segurança e os respectivos


recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais,
salvo habeas corpus (art. 20 da Lei n.º 12.016/2009).
 Não cabe, no processo de mandado de segurança, a
condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem
prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé
(art. 25 da Lei n.º 12.016/2009).
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 Mandado de Segurança contra “agente de pessoa jurídica no


exercício de atribuições do Poder Público”.

 ESTABELECIMENTO DE ENSINO - ESCOLA PARTICULAR DE NÍVEL


SUPERIOR - Colação de grau obstada como forma de sanear a
inadimplência de alunos. Inadmissibilidade. Direito destes à educação
livre de pressões ou sanções que possam comprometer o processo
educativo, dispondo a credora de meios legais para cobrança das
prestações que entende devidas. Inadimplemento ou mora, ademais,
inexistente em princípio, eis que resultantes os valores das
mensalidades escolares de reajuste reputado ilegal por decisão judicial
que, ainda que sujeita a recurso, confere direito à execução provisória,
mesmo porque sem efeito suspensivo a apelação, e pendente de
julgamento ação de consignação em pagamento. Inaplicabilidade do
art. 1.092 do CC. MS mantido. (TJSP - Ap. 127.101-1 - 2ª C. - Rel.
Des. Urbano Ruiz - J. 05.04.91) (RT 670/71)
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 MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO. INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA DE
ENSINO. DELEGAÇÃO DO PODER PÚBLICO. DECISUM NÃO SUJEITO AO DUPLO
GRAU DE JURISDIÇÃO. REMESSA NÃO CONHECIDA. As instituições universitárias
de ensino, conquanto equiparadas a estabelecimentos oficiais em face da
delegação do poder público com a qual são contempladas, não se equiparam,
nem por isso, a pessoas jurídicos de direito público e nem detém a natureza de
autarquias ou de fundações públicas. Desta forma, as sentenças concessivas de
segurança nas ações mandamentais contra elas endereçadas, não submetem-se
à exigência do duplo grau de jurisdição, em que pese a dicção do
parágrafo único do art. 12 da Lei n. 1.533/51 cuja interpretação correta há que
passar pela conjugação com o art. 475, II do CPC, o qual restringe o reexame
obrigatório, mesmo em sede de mandado de segurança, às sentenças
proferidas contra a União, o Estado e o Município, reexame esse estendido às
autarquias e fundações públicas por força da Lei n. 9.469, de 10.07.97. (TJSC -
MS 133184 SC 1999.013318-4)
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 Mandado de segurança preventivo:

 Mandado de Segurança, Processo nº 1999.61.00.006316-0, 18ª


Vara Federal em São Paulo - Capital, Juiz Federal José Eduardo
Santos Neves:

 " Isto posto, presente a relevância do fundamento, e a


possibilidade de ser ineficaz a segurança a caso afinal concedida,
pois sujeitaria o contribuinte ao execrado solve et repete
inconciliável com princípios constitucionais, defiro a liminar, a
teor do postulado na inicial, ou seja suspender a exigibilidade da
Contribuição sobre o Faturamento - COFINS, diante da
inconstitucionalidade da Lei n° 9718/98, devendo a incidência,
correspondente aos fatos geradores ocorridos a partir de
01.02.99, prosseguir com o recolhimento desses tributos na
forma estabelecida na Lei Complementar n° 70/91, até ulterior
deliberação deste Juízo (fls. 24)".
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 MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. ESCRIVÃ DE PAZ. VÍNCULO COM O


IPREV ALBERGADO PELA GARANTIDA DA COISA JULGADA, ANTE O ÊXITO EM
WRIT ANTERIORMENTE IMPETRADO - FUNDADO TEMOR DE QUE SEU PLEITO DE
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO SEJA
INDEFERIDO. PRECEDENTES. ORDEM CONCEDIDA. "Se em decisão judicial,
acobertada pelo manto da coisa julgada material, garantiu-se à impetrante o
direito de manter-se vinculada ao IPREV, contribuindo mensalmente com o
instituto, deve ser resguardado à servidora dos serviços notariais e de registro
direito de se aposentar pelo sistema estadual, assegurando-se assim a
imutabilidade dos efeitos da decisão outrora prolatada pelo Judiciário" (TJSC,
Mandado de Segurança n. 2010.084249-2, da Capital, rela. Desa. Sônia Maria
Schmitz , j. 14-03-2012). (TJSC, Mandado de Segurança n. 2013.064679-6, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Des. Cesar Abreu, j. 11-06-2014).
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 EMENTA: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. FUNRURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA
EMPREGADOR. COMPROVAÇÃO. ART. 25, INCISOS I e II, LEI Nº 8.212/91. INEXIGIBILIDADE.
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 10.256/01. REVIGORAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE
SALÁRIOS. 1. Demonstrada no caso a condição do impetrante de produtor rural pessoa física
empregador pela juntada de recibos de entrega da RAIS e nota fiscal demonstrando a venda da
produção rural. 2. É inconstitucional a contribuição sobre a comercialização dos produtos rurais,
devida pelo produtor rural pessoa física com empregados, prevista pelo art. 25, incisos I e II, da Lei
nº 8.212/91. Precedente do STF. 3. Não há falar em exigibilidade da exação a partir da edição da Lei
nº 10.256/2001. A Corte Especial deste Tribunal, no Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade
nº 2008.70.16.000444-6 (Rel. Des. Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA), declarou a
inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 10.256/01, por afronta a princípios insculpidos na
Constituição Federal. 4. Conforme julgamento, por esta Corte, da referida Arguição de
Inconstitucionalidade na AC nº 2008.70.16.000444-6, o reconhecimento da inexigibilidade da
contribuição previdenciária incidente sobre a comercialização da produção rural ("FUNRURAL")
implica a revigoração da sistemática tributária anterior, incidente sobre a folha de salários (art. 22,
incisos I e II, da Lei nº 8.212/91). (TRF4, AC 5006102-87.2013.404.7003, Segunda Turma, Relatora p/
Acórdão Luciane Amaral Corrêa Münch, juntado aos autos em 25/09/2013)

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