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COMARCA DE ARARIPE.
Processo nº :
FULANO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe,
através de seu procurador que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença
de V. Exa., nos termos do art. 396-A, do Có digo de Processo Penal,
tempestivamente, no quinquídio legal, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO,
consoante passa a expor:
PRELIMINARMENTE
Segundo denú ncia do Ministério Pú blico, narrada nos autos que,......., encontrava-se
em sua residência, localizada no Sítio Desapregados, nesta cidade, e que na data
citada nos autos de 23 de agosto de 2016, supostamente teria praticado atos
libidinosos contra a vítima ......., menor de 14 (quatorze) anos à época dos fatos.
Quando em dado momento à vítima teria adentrado na residência, e deslocou-se
para o banheiro da residência, e que posterior utilizaçã o do banheiro para suas
necessidades, esta teria sido surpreendida por o querelado.
Que nesse momento, o mesmo teria lhe subjugado e que teria-lhe tirado o short, e
que em seguida o querelado teria se despido, e que nesse momento o mesmo teria
em ato continuo, tentado penetrar o pênis em sua vagina, e que nesse devido
momento à vítima teria gritado e conseguido sair do local.
E que nesse dado momento, teria saído gritando e chorando em decorrência do
acontecido e que sua calcinha estava manchada de sangue, e que tal estado teria
sido presenciado.
como assim ficou constatado pelo depoimento das testemunhas ouvidas durante o
procedimento, onde relatam que apenas presenciaram o estado em que a vítima
estaria no momento que deixou à residência do acusado.
E que à irmã do acusado ........, é amiga da vítima, afirmava que tinha presenciado tal
estado que se encontrava à vítima (fls.60).
como assim também relata ........., irmã da vítima, que no momento que sua irmã
chegou da casa do querelado à mesma estava “ assanhada” e a chorar, e que teria
lhe afirmado que ......... à teria lhe agarrado (fls.20).
Verifica-se que nã o há nenhuma prova capaz de imputar ao denunciado a prá tica
do crime constante na denú ncia.
Em síntese, sã o os fatos.
MÉRITO DA ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA
Conforme informaçõ es dos autos percebe-se a ausência de qualquer prova que o
denunciado efetivamente praticado tal ato, deplorá vel.
A defesa reconhece que, jurisprudencialmente, há posiçã o de destaque da palavra
da vítima no cená rio probató rio nos crimes sexuais. E assim porque à experiência
forense demonstra que em tais crimes à clandestinidade é circunstâ ncia quase
sempre presente.
TJRJ: “Nos crimes sexuais, a palavra da vítima, ainda que de pouca idade, tem
especial relevâ ncia probató ria, ainda mais quando harmô nica com o conjunto
fá tico-probató rio. A violência sexual contra criança, que geralmente é praticado
por pessoas pró ximas a ela, tende a ocultar-se atrá s de um segredo familiar, no
qual a vítima nã o revela seu sofrimento por medo ou pela vontade de manter o
equilíbrio familiar. As consequências desse delito sã o nefastas para a criança, que
ainda se apresenta como indivíduo em formaçã o, gerando sequelas por toda a vida.
Apesar da validade desse testemunho infantil, a avaliaçã o deve ser feita com maior
cautela, sendo arriscada a condenaçã o escorada exclusivamente neste tipo de
prova, o que nã o ocorreu no caso concreto, pois a condenaçã o foi escorada nos
elementos probató rios contidos nos autos, em especial pela prova testemunhal,
segura e inequívoca de E. e S., irmã o e cunhada do acusado, que presenciaram a
relaçã o sexual através da fechadura da porta, bem como pelo depoimento da avó
que também presenciou o fato, sem contar com a confissã o do acusado e do laudo
pericial que atestou rupturas antigas e cicatrizes no hímen” (Ap. 0009186-
56.2012.8.19.0023/RJ, 1º C.C., rel. Marcus Basilio, 24.04.2013).
Entretanto há de se confrontar a palavra da vítima com outros elementos, dentre
os tais observar a “incredibilidade subjetiva”, derivada das relaçõ es
acusador/acusado, a constataçã o de corroboraçõ es periféricas de cará ter objetivo
e a existência de ambiguidades nos depoimento prestados durante a fase de
inquérito.
Ficando veemente demonstrado que dentro dos depoimentos prestados, quando
nos relatos estes nã o corroboram com o que foi, relatado pela pró pria vítima,
quando está em depoimento aduziu seu relato dos fatos, acontecidos a data do
suposto crime em tela.
Quando em depoimento sua genitora .............., relata em uma passagem, que sua
filha em conversa com a mesma afirma que, “ ficou brincando nas proximidades,
quando entã o ....... pediu para que ela pegasse uma boneca no interior da casa,
tendo sido atacada por Rodrigo nesse momento” (fls.11).
Causando nesse ponto uma entã o ambiguidade, com o que à vítima veem à falar em
seu depoimento constado a (fls. 65).
Passando entã o ao depoimento de sua irmã , o qual nã o corrobora com o relatado
na denú ncia do Ilustríssimo membro do Ministério Pú blico, o qual na denú ncia,
quando relata o depoimento da irmã da vítima .........., em passagem que, “fala que
apenas ficou sabendo alguns dias apó s sua irmã ter contado a sua mã e” (fls.20).
Diferente do que foi posto na denú ncia.
Como também, está fala contrapondo novamente o relatado pela vítima, que “no
momento que estaria brincando com a irmã de..... quando o mesmo chamou à
menor para brincar de casinha, que ........ nã o quis brincar mas esqueceu sua boneca
no quarto de ........., e que ao retornar para pegar a boneca ele a agarrou” (fls.20),
onde tal afirmativa nã o fora corroborada, em nem um outro depoimento prestado,
tanto pela vítima (fls.65), quanto pela outra menor .............. (fls.60).
Outro ponto relevante a ser impugnado dentro da denú ncia do Ministério Pú blico,
se faz junto à uma nova ambiguidade que se faz concreta, com relaçã o ao que é
relatado pelo membro do conselho tutelar do município de Araripe, quando em
parecer técnico realizado, posterior conversa com a vítima, “A mesma relatou que
o mesmo nã o conseguiu consumar o ato, e que conseguiu fugir a tempo.” (fls.47).
E onde tal relato, feito pela pró pria vítima acaba por, deixar dú vidas veemente com
relaçã o, a sua pró pria narrativa do que poderia ter acontecido, naquele dia fatídico,
o qual, nã o possui diante dos relatos feitos pela vítima e pelas entã o testemunhas
arroladas no processo concordâ ncia, que por deveras vezes se contrapõ em uma
com à s outras.
Ora diante de tais circunstâ ncias controvertidas, nos depoimentos prestados,
jurisprudencialmente vem se entendendo que. Embora o ordenamento pá trio
atribua um valor maior à s declaraçõ es das vítimas de abuso sexual, é necessá ria
uma cautela extrema por parte do Julgador em tais circunstâ ncias