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AO JUÍZO DA XXXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXX – SC

Autos nº XXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXX, brasileira, casada, portadora do RG n. XXXXXXXX, inscrita no CPF


sob o nº XXXXXXXXX, residente e domiciliada na Rua XXXXXXXX, nº XXXXX, Bairro
XXXXXXX, Município XXXXXXX, CEP XXXXXXXX, vem, por seu procurador infra-
assinado, com escritó rio na Rua XXXXX, nº XXX, Bairro XXXXXX, Município XXXXX–
SC, CEP XXXXXXXX, apresentar
CONTESTAÇÃO
à Açã o de Divó rcio Litigioso, que lhe move XXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificado
nos autos em epígrafe, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados:
I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Cumpre inicialmente destacar que o Requerida nã o possui condiçõ es de arcar com
os custos do processo sem prejuízo do seu sustento e de sua família, o que desde já
declara e afirma este patrono, consoante poderes específicos conferidos na
procuraçã o anexa, razã o pela qual requer os benefícios da justiça gratuita, na
forma do art. 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil ( CPC) e do inciso LXXIV
do artigo 5º da Constituiçã o Federal ( CRFB/88).
II. DA TEMPESTIVIDADE
A presente contestaçã o é tempestiva, na medida em que respeita o prazo de 15
(quinze) dias previsto no art. 335, do CPC/15, senã o vejamos:
Art. 335. O réu poderá oferecer contestaçã o, por petiçã o, no prazo de 15 (quinze)
dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliaçã o ou de mediaçã o, ou da ú ltima sessã o de conciliaçã o,
quando qualquer parte nã o comparecer ou, comparecendo, nã o houver
autocomposiçã o;
Assim o é porquanto a audiência conciliató ria fora realizada no dia XX/XXX/2019 e
considerando-se a contagem somente em dias ú teis (art. 219, do CPC/15), tem-se
que o prazo final para a referida contestaçã o se esvairia somente no dia
XX/XX/2019.
III. DAS ALEGAÇÕES DA EXORDIAL
Alega o Requerente que ele e a Requerida conviveram em uniã o está vel por cerca
de XXXXXX anos, vindo a contrair matrimô nio em XX de XXXXX de XXXX, sob o
regime de comunhã o parcial de bens; que o casal vivia em constantes discussõ es e
que decidiram descontinuar o relacionamento conjugal, separando-se de fato no
ano de XXXX.
Outrossim, alega o Requerente que teria conhecido outra pessoa, com quem
constituiu família, extirpando qualquer laço de sentimento para com a Requerida,
justificando que fosse realizado o referido divó rcio, nã o havendo êxito nas
tentativas do seu intento de forma consensual, por resistência da parte Requerida.
Assim, passados aproximadamente XXXX (XXXXX) anos da “separaçã o de fato”,
veio a este juízo pleitear o desfazimento do vínculo conjugal, por meio do divó rcio,
que ora se processa na modalidade “litigiosa”.
IV. DO MÉRITO
a) DO DIVÓRCIO
Considerando-se a natureza potestativa do divó rcio, o qual independe da
concordâ ncia dos dois envolvidos, é certo que o Requerente pode assim postular,
na forma e tempo que lhe convier, sem contar com a manifestaçã o de vontade da
Requerida neste sentido. Quanto a isto, sequer se discute.
b) DA PARTILHA DE BENS
Tendo em vista que o Requerente nã o pleiteia bem algum a título de partilha, esta
se mostra perfectibilizada pela sua renú ncia expressa, importando trazer aos autos
que nã o existe o terceiro imó vel (item XX – XXXXX), mas apenas um simples rancho
para fins de depó sito, minú sculo e sem valor comercial.
c) RECONVENÇÃO: DOS ALIMENTOS ENTRE EX-CÔNJUGES
Com o advento do NCPC, a reconvençã o passou a ser requerida juntamente com a
contestaçã o, sem maiores delongas e burocracias desnecessá rias, senã o vejamos:
Art. 343. Na contestaçã o, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, conexa com a açã o principal ou com o fundamento da defesa.
Assim, por manifestar a Requerida pretensã o pró pria, conexa com o que se pleiteia
nos autos, o fará neste tó pico por meio do instituto da reconvençã o, consoante o
que se relata e se requer a seguir.
Alega o Requerente que sua ex-esposa, a Requerida, sempre exerceu atividade
remunerada e que provavelmente estaria aposentada, buscando convencer a este
juízo que nã o haveria necessidade de auxiliá -la com o pagamento de valores a
título de alimentos.
Sucede que tais fatos estã o em desconformidade com a verdade real, na medida em
que a Requerida está atualmente desempregada, nã o está aposentada – e nã o
conseguirá tal feito tã o cedo, porquanto possui somente XXXXXXX anos de
contribuiçã o, sem qualquer capacidade de se inserir no mercado de trabalho, e
conta inclusive com ajuda de terceiros até mesmo para continuar contribuindo à
Previdência Social, sob o forte medo de vir a ficar doente e necessitar de cobertura.
Ora, se este mercado cujo desemprego atinge recordes nã o consegue absorver até
mesmo os mais jovens, com estudos técnicos, graduaçõ es, pó s-graduaçõ es e afins,
como inserir uma pessoa já idosa, sem qualquer instrução (estudou somente
até a quarta série!), em algum cargo, atividade ou função?
Há de se destacar que a Requerida nunca deixou de envidar esforços para
conseguir um emprego, trabalho ou “bico”, estando sempre buscando novas
alternativas – inexitosas, por sinal -, de sustentar o seu lar e principalmente sua
filha XXXXXXX, que possui problemas de saú de incapacitantes para o trabalho, nã o
sendo suficiente o valor pago pelo Requerente como forma de auxílio, porque
infelizmente nã o é capaz de atender à s necessidades mais basilares, já que
APENAS OS MEDICAMENTOS, POR SI SÓS, custam em torno de R$ XXXXXXX
(XXXXXX reais) mensais (doc anexo).
Assim, Excelência, a Requerida nã o quer, de maneira alguma, sustentar-se à s
custas de seu ex-marido, mas apenas suprir suas necessidades mais atuais,
iminentes e intransponíveis, o que nã o consegue somente com o auxílio prestado à
filha XXXXXXX, que reside no mesmo lar.
Com efeito, o Requerente aufere renda alta, e ainda que seja considerado somente
o salá rio fixo (folha salarial nos autos), já se constata que ele percebe o valor bruto
de R$ XXXXXXXX, sem contar os serviços nã o registrados, dado que o Requerente
possui diversas especializaçõ es e experiência nas á reas de XXXX, com o que
trabalhou a vida inteira.
Ademais, suspeita-se que o Requerente também já tenha se aposentado pelo RGPS,
porquanto sempre trabalhou formalmente e contribuiu sob valores elevados, bem
como já atingiu a idade de XXXXX, motivo pelo qual se requer a expedição de
ofício ao INSS para averiguar a existência de benefício previdenciário, fator
que, por si só , pode alterar todo o trinô mio da necessidade x possibilidade x
proporcionalidade inerente a este pedido.
Além disso, cabe destacar que o Requerente nã o possui outros filhos menores e
nã o possui outros gastos impositivos, como se pode depreender do que fora
juntado aos autos; ou seja, sua renda é perfeitamente capaz de suportar o auxílio a
quem sempre com ele conviveu.
Quanto ao aspecto jurídico, o referido pedido de alimentos entre ex-cô njuges é
previsto no art. 1.694 e seguintes do CC/02, senã o vejamos:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode
prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento.

Pacífica é a jurisprudência em torno deste assunto com o entendimento de que


estando verificada a ausência de condiçõ es para promover seu pró prio sustento e
nã o havendo indícios de que o Alimentante possa se comprometer
financeiramente de forma demasiada, deve ser mantida a pensã o alimentícia em
favor de ex-cô njuge:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO. ALIMENTOS ENTRE EX-CÔNJUGES. SENTENÇA QUE MINOROU
A PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA AO PATAMAR DE 30% (TRINTA POR CENTO) DO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE.
INSURGÊNCIA DO ALIMENTANTE. DESNECESSIDADE DE PENSÃO. CARÁTER TRANSITÓRIO DA MEDIDA. RÉ
QUE RECEBE ALIMENTOS HÁ MAIS DE 6 (SEIS) ANOS E DISPÕE DE CONDIÇÕES PARA TRABALHAR.
ARGUMENTO RECHAÇADO. VERIFICADA IMPOSSIBILIDADE DE SUBSISTÊNCIA PRÓPRIA. RÉ ACOMETIDA
DE PRESSÃO ALTA E DEPRESSÃO. PATRIMÔNIO DECORRENTE DA MEAÇÃO INCAPAZ DE GERAR RENDA.
ARTS. 1.694 E 1.695 DO CC. Em que pese o caráter transitório da prestação alimentar entre ex-
cônjuges, uma vez verificada que a alimentanda não possui condições de promover, por trabalho, seu
próprio sustento, bem como não inexistente nos autos prova de impossibilidade do alimentante em
prestar-lhe auxílio sem prejuízo de seu sustento, à inteligência dos arts. 1.694 e 1.695, do CC, reputa-
se legítima a mantença da obrigação alimentar. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
(TJ-SC - AC: 03009199720178240058 São Bento do Sul 0300919-97.2017.8.24.0058, Relator: Ricardo
Fontes, Data de Julgamento: 23/10/2018, Quinta Câmara de Direito Civil)

Destarte, a Requerida vem requerer sejam fixados os alimentos no percentual


de 15% dos rendimentos totais do Requerente, nunca inferior ao salá rio
declarado e, inexistindo rendimentos, a 30% do salá rio mínimo atualizado ano a
ano.
Impende consignar que possivelmente há valores nã o trazidos ao processo,
oriundos de aposentadoria e de serviços sem registro, mas que serã o comprovados
posteriormente. Deste modo, tal percentual nã o causa qualquer desfalque
financeiro ao Requerente e se mostra compatível como o mínimo para a
sobrevivência da Requerida e de sua família.
De mais a mais, a fixaçã o dos alimentos deverá ocorrer por meio de tutela de
urgência, dada a presença dos requisitos do “fumus boni iuris” e do “periculum in
mora”, exigidos pelo art. 300, do CPC/15.
Ora, o primeiro se mostra presente em vista da possibilidade de o alimentante
arcar com o pensionamento de sua ex-esposa, na medida em que esta necessita de
recursos mínimos para a sobrevivência, em virtude do desemprego e da
impossibilidade de auferir outra renda, bem como que há previsã o expressa em lei
de tal requerimento e há indícios suficientes nos autos do que fora alegado.
O segundo requisito é igualmente inquestioná vel, à vista dos elementos capazes de
demonstrar o perigo latente de dano à subsistência da Requerida e de sua família,
mormente se for considerada a deficiência de sua filha e a incapacidade para o
trabalho, tanto da filha, quanto da mã e, como já foi elencado algures.
Por derradeiro, inexiste qualquer perigo de irreversibilidade dos efeitos da
decisã o, porquanto os valores eventualmente distribuídos pelo Requerente nunca
prejudicariam o seu status social ou econô mico, pois sã o simbó licos face ao que ele
aufere de renda mensal.
Destarte, a medida correta, do ponto de vista jurídico e moral, é pela concessã o da
tutela de urgência, com a fixaçã o dos alimentos nos moldes já delineados.
d) DA MANUTENÇÃO DO NOME
Por se tratar de prerrogativa da Requerida, vem manifestar sua vontade em
PRESERVAR O NOME ATUAL DE CASADA, com embasamento no art. 1.571, § 2º,
do CC/02, porquanto já fora incorporado definitivamente na sua imagem e
associaçã o perante as pessoas em geral, em face do tempo em que ficou casada
com o Requerente.
V. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) A improcedência do pedido de exoneraçã o de alimentos entre cô njuges;
b) A decretação do divórcio, com a manutenção do nome de casada, por
atender à dignidade, à honra e ao reconhecimento social da Requerida;
c) A concessã o das benesses da justiça gratuita à Requerida, dada a
hipossuficiência econô mica;
d) Em sede reconvencional: a fixação de pensão alimentícia, em CARÁ TER
LIMINAR DE URGÊ NCIA, em favor da Requerida, no percentual mínimo de 15%
(quinze por cento) do total percebido pelo Requerente, e, subsidiariamente,
aos valores constantes de folha salarial, e nã o havendo renda, em 30% do salá rio
mínimo nacional, dada a notó ria, grave e latente situaçã o de desemprego e
insuficiência de recursos;
a. Requer ainda, para comprovar outros valores percebidos pelo Requerente, a
expediçã o de ofício ao INSS (verificar benefício previdenciá rio), BACENJUD
(verificar saldos bancá rios ú ltimos 12 meses), ARISP (imó veis) e RENAJUD
(mó veis).
b. Requer sejam os valores descontados diretamente da folha salarial do
Requerente.
e) Apó s, intime-se o Requerente para apresentar a réplica ou apresentar proposta
de acordo;
f) Seja condenada a parte Requerente ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, estes ú ltimos por meio da apreciaçã o equitativa, nos moldes do art.
85, § 8º, do CPC, por se tratar de valor irrisó rio, sugerindo o valor de 01 a 02
salá rios mínimos, com atençã o à complexidade da causa.
Nestes termos, pede deferimento.
XXXXXXX, 01 de janeiro de 2019.
Advogado
OAB/UF XXXXXXX
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