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AO JUÍZO DA TURMA DE RECURSOS DO

TRIBUNAL FEDERAL DE (ESTADO ....)

MANDADO DE SEGURANÇA
Art. 5º, inc. LXIX, da CF/88 e Lei n. 12.016/09

RELATIVIZAÇÃO DA COISA
JULGADA. Sentença de mérito com
trânsito em julgado (evento 00), alte-
rada substancialmente com nova
decisão (evento 00), sob a alegação de
erro material. (Por o resumo do pe-
dido do MS)

IMPETRANTE

Nome: FULANO DE TAL, RG: 0000000 XXX/XX, CPF: 000.000.000-00, naciona-


lidade, estado civil, profissão.

Endereço: Rua do exemplo, n. 000, bairro que tiver de ser, Cidade/Estado, CEP
00.000-000;

Impetra MANDADO DE SEGURANÇA em face...

de DECISÃO JUDICIAL PROFERIDA PELO JUÍZO


_________________________ VARA FEDERAL DE
CIDADE/ESTADO, COMPETÊNCIA DO JEF
PREVIDENCIÁRIO, evento 00, pelos fatos e fundamentos que
a seguir expõe.

Endereço do seu escritório, 000, sala 000, bloco 000 – bairro, cidade/estado, CEP 00.000

e-mail: seuescritorioaqui@com.br (47) 0.0000-0000


01 – DO CABIMENTO DO PRESENTE MANDAMUS

O objeto do mandado de segurança será sempre a correção de ato ou omissão


de autoridade, desde que, ilegal e ofensivo de direito individual ou coletivo, líquido e
certo, do impetrante.

O Art. 5º, LXIX, da Constituição Federal do Brasil, determina:

Art. 5º, LXIX – Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger di-


reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público. (Grifos meus)

A lei 12.016/2009 assim prevê:

Art. 1º – Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre
que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurí-
dica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça. (Grifos meus)

Com efeito, o mandado de segurança contra ato judicial é medida excepci-


onal, reservada para situações em que estejam descartadas ou esgotadas todas as
outras possibilidades legais, eficazes no combate à decisão judicial que lesa ou pode
lesar direito individual ou coletivo.

A súmula 376 do STJ, estabelece que compete à turma recursal processar e jul-
gar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

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Já a Resolução 33/2018 do TRF4, que estabelece sobre o regimento das turmas
recursais e da turma regional de uniformização dos juizados especiais federais, esta-
belece em seu artigo 8º, o cabimento do mandado de segurança contra atos e decisões
relativas à admissibilidade recursal, conforme abaixo demonstrado:

Art. 8º - Compete às turmas recursais processar e julgar:


IV – os mandados de segurança contra atos de juiz federal no exercício
de competência dos juizados especiais federais e contra os seus pró-
prios atos e decisões, inclusive em juízo preliminar de admissibilidade de
recursos às instâncias superiores, ressalvados os casos que versarem sobre
competência; (Grifos meus)

Aliás, este é o entendimento consolidado do nosso TRF4, conforme se vê no


julgado abaixo transcrito:

RECURSO ORDINÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - ATO COATOR -


DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA QUAL
NÃO CABE RECURSO PRÓPRIO PREVISTO EM LEI - POSSIBILIDADE DA
IMPETRAÇÃO - RECURSO PROVIDO. I - Impõe-se aceitar a possibilidade
de impetração da segurança, contra decisão interlocutória de Juizado
Especial Federal, da qual não haja recurso próprio previsto em lei, sob
pena de se obstar o exercício do contraditório e da ampla defesa. Pre-
cedentes. II - Recurso provido. (RMS 16.124/RS, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/02/2006, DJ 20/03/2006, p. 303)
(Grifos meus)

Nesse sentido, não é demais que se diga, que o mandado de segurança tem
lugar, via de regra, contra decisões proferidas na fase de cumprimento do julgado, pois
nesta fase não há qualquer possibilidade de recurso.

Deste modo, tendo em vista o julgamento do mérito pelo Juízo a quo, bem
como, atribuída a competência originária e cabimento da presente peça, cumpre apre-
sentar as razões que fundamentam a impetração do mandado de segurança contra o
ato do Juízo (número da vara federal) Vara Previdenciária do Juizado Especial Federal
de (cidade da subseção judiciária).

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02 – SÍNTESE FÁTICO-PROCESSUAL

No presente caso, trata-se de Ação Previdenciária distribuída perante a ____ª


Vara do Juizado Especial Federal de Cidade/Estado, autuada sob o n. (número do pro-
cesso), onde buscou a impetrante a concessão do benefício de Aposentadoria por
Tempo de Contribuição a partir da DER (00/00/0000).

Ao final, após instrução do feito, sobreveio, em 00/00/0000, sentença de mérito


(evento 00), em que foi reconhecido o direito da impetrante à aposentadoria por
tempo de contribuição desde a DER, e cujo trânsito em julgado operou-se em
00/00/0000 (evento 00).

Em razão disso, ante a ausência de recursos, houve alteração da classe proces-


sual da demanda para cumprimento da sentença e decorrente intimação da autarquia
para a implantação do benefício e apresentação dos cálculos devidos.

Todavia, a autarquia não implantou o benefício em favor da impetrante sob a


alegação de que essa não tinha direito ao recebimento do benefício postulado, pois
não cumpria o tempo de contribuição necessário para tanto.

O Juízo, após oitiva da parte impetrante, que impugnou as alegações da autar-


quia, proferiu nova sentença (evento 00), nos seguintes termos:

R
edigir a parte dispositiva da nova sentença ou da decisão
interlocutória em sede de cumprimento de sentença que
tramita no juizado especial federal (pode copiar e colar tam-
bém). (grifos meus)

Posto isso, porque houve modificação substancial do direito inicialmente reco-


nhecido pela sentença, e que fez coisa julgada, é que a parte impetrante apresenta a
seguir as razões do recurso.

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03 – DAS RAZÕES DO RECURSO
.

DA RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA

Conforme exposto, o Juízo da _____ª Vara Previdenciária de Cidade/Estado aco-


lheu a impugnação ao cumprimento de sentença oposta pelo INSS, reconhecendo a
existência de erro material na sentença, proferindo em seguida nova sentença que al-
terou substancialmente o sentido do primeiro julgado.

Porém, Excelências, é importante pontuar que a coisa julgada se faz nos limites
das questões decididas, sendo assim, não há como não considerar em todos os seus
aspectos, inclusive no que toca ao tempo reconhecido como especial/contribuição.

Não se olvida da ausência de impugnação em tempo da parte interessada!

Assim, pugna a impetrante pela razoabilidade dessa Turma para considerar


a boa-fé e a segurança jurídica que se espera da coisa julgada: não se trata de
mera expectativa de direito, mas de direito incorporado ao patrimônio jurídico
do segurado pelo trânsito em julgado!

Excelências, houve tempo hábil ao INSS para verificação do tempo de serviço


apurado na sentença. Não o fez! E isso deve ser levado em conta, afinal, de que adianta
o instituto da preclusão e da coisa julgada, se a qualquer tempo pode ser modificado,
inclusive já no cumprimento na sentença!

Assim, Excelências, é bem verdade que o tempo de serviço constante da sen-


tença do evento 00 fez coisa julgada material e contra ela operou-se a preclusão
máxima, não sendo razoável e juridicamente possível a sua desconstituiçõo apenas
agora, no momento de cumprimento do título judicial, com a prolação de nova sen-
tença.

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Em situação semelhante, já decidiu no mesmo sentido este egrégio Tribunal
Federal:

RECURSO ORDINÁRIO - PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


Erro material. Cálculo do tempo de serviço. Cumprimento de sen-
tença. Coisa julgada. Extemporaneidade do pleito. Reconhecimento.
1. O aventado erro material no cálculo do tempo de serviço ventilado
pelo agravante, em sede de cumprimento de sentença, revela-se ino-
portuno, não sendo possível a modificação da coisa julgada
considerando o atual estágio do feito. 2. Agravo de instrumento des-
provido. (TRF4, AG 5001117-88.2020.4. 04.0000, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, Relator SEBASTIÂO OGÊ MUNIZ, juntado aos autos
em 13/05/2020) (grifos meus)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. REEXAME DE FATOS
E PROVAS. SÚMULA 7/STJ. ERRO MATERIAL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A
pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial (Sú-
O erro material passível de correção a
mula 7/STJ). 2.
qualquer tempo é aquele relativo à inexatidão per-
ceptível à primeira vista e cuja correção não
modifica o conteúdo decisório do julgado. Caso
contrário, trata-se de erro de julgamento, hipótese
na qual a parte deve lançar mão das vias de impug-
nação apropriadas. Precedentes. 3. Agravo interno a que se
nega provimento. (Aglnt nos EDcI no AREsp n. 1.088.749/RS, minha rela-
toria, Segunda Turma, DJe de 15/10/2010).

Como se vê nos julgados, o ERRO MATERIAL, cognoscível de ofício a qualquer


tempo, é aquele decorrente de simples erro de cálculo ou inexatidão material que
NÃO MODIFICA O CONTEÚDO DO JULGADO, pois, caso contrário, haverá erro de
julgamento, sendo isto o que se revela no caso em apreço.

Não é demais que se repita, Excelências, diante da sentença proferida nos autos
(evento 00), ao INSS fora oportunizado o momento para impugnação da decisão, por
meio dos recursos cabíveis. Contudo, a Autarquia Ré, restou silente quanto ao su-
posto erro de julgamento, ocasionando a preclusão do direito a reanálise do

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ponto já incontroverso, em homenagem aos institutos da coisa julgada e da se-
gurança jurídica.

Nesse contexto, importante destacar mais uma vez o entendimento do nosso


egrégio Tribunal Regional Federal acerca do tema, por outro viés:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL.


REAFIRMAÇÃO DA DER. IMPOSSIBILIDADE. ERRO MATERIAL E ERRO DE
Na fase de cumprimento de sentença deve-
FATO. 1.
se observar estritamente o comando do título que
se formou no processo, o que afasta a possibili-
dade de qualquer inovação do julgado.
2. O TRF4 tem entendimento de que há possibilidade de reafirmação da
DER apenas em relação ao tempo de contribuição entre a DER e a data de
ajuizamento da ação, e de forma excepcional. 3. O
erro material se
consubstancia em erro de cálculo ou inexatidão
material, sendo que a correção da decisão. Jamais
pode acarretar novo julgamento da causa. Consti-
tui erro na redação da decisão, mas não no próprio
julgamento. 4. Hipótese em que houve claramente erro de fato (e
não erro material), cuja pretensão de correção deverá ser veiculada por
meio do ajuizamento de ação rescisória, nos termos do art. 966, VIII, do
NCPC, haja vista a ocorrência do trânsito em julqado. (TRF4, AG 5034217-
05.2018.4.04.0000, QUINTA TURMA, Relatora GISELE LEMKE, juntado aos
autos em 05/11/2018) (Grifos meus)

Enfim, no presente caso restou relativizada a coisa julgada e tendo em vista a


nova sentença prolatada que formou o evento 00, a qual modificou substancialmente
a sentença anterior, em prejuízo da parte impetrante, requer digne-se esta colenda
Turma Recursal pela concessão da segurança, porquanto é medida que se impõe.

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04 – DOS REQUERIMENTOS

Pelo exposto, requer-se:

a) O recebimento do presente MANDADO DE SEGURANÇA, pois em confor-

midade com o art. 5º, inciso LXIX da Constituição Federal, a súmula 376 do STJ e a Lei
12.016/2009, e no mérito, seja julgado procedente em seus termos, para determi-

nar a reforma da decisão que formou o evento 00, a fim de restabelecer a


sentença com trânsito em julgado que formou o evento 00, com a decorrente

implantação do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral


desde a DER (00/00/0000), em favor da impetrante, como medida de justiça!

b) a manutenção/concessão à impetrante do benefício da justiça gratuita, nos

termos da Lei nº 1.060/50 e ainda o benefício da Lei nº 7.115/83 e Art. 128 da Lei nº
8.213/91;

Dá a causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) para efeitos ficais.

Termos em que, pede deferimento.


Local, data de mês de ano.

Assinado eletronicamente
NOME DO ADVOGADO
OAB/ESTADO DE INSCRIÇÃO – NÚMERO DA OAB

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