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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Mandado de Segurança Nº 1.0000.13.033810-6/000

<CABBCAADDABACCBCCBBADDAAADAACBABDCAA
ADDABACCB>
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. AGENTE DE SEGURANÇA
SOCIOEDUCATIVO. PAGAMENTO DE “ADICIONAL DE LOCAL DE
TRABALHO”. GOVERNADOR DO ESTADO APONTADO COMO
AUTORIDADE COATORA. IMPOSSIBILIDADE. ILEGITIMIDADE
PASSIVA. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.
Segundo decisões do Superior Tribunal de Justiça, a autoridade
coatora, para fins de mandado de segurança, é aquela que pratica ou
ordena a prática do ato apontado como ilegal.
2- Não há de se falar em legitimidade passiva do Governador do
Estado para responder ao mandado de segurança que impugna o
não pagamento do “adicional de local de trabalho” ao impetrante,
uma vez que, a teor do art. 27 do Decreto Estadual nº 44.817/2008, a
Superintendência Central de Administração de Pessoal é quem
responde pelo pagamento da remuneração aos servidores públicos.
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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.0000.13.033810-6/000 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - IMPETRANTE(S):
MILTEMBERG DE OLIVEIRA ARAÚJO - AUTORID COATORA: GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, do ÓRGÃO ESPECIAL


do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, à unanimidade, em <DENEGAR A
SEGURANÇA>.

DES. MARCOS LINCOLN


RELATOR.

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Mandado de Segurança Nº 1.0000.13.033810-6/000

DES. MARCOS LINCOLN (RELATOR)

VOTO

< Trata-se de mandado de segurança impetrado por


MILTEMBERG DE OLIVEIRA ARAÚJO contra ato praticado pelo
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, que negou a
incorporação do “adicional de local de trabalho” aos vencimentos do
impetrante.

Em resumo, o impetrante alega que exerce a função


de agente de segurança socioeducativo no Centro Sócio Educativo de
Sete Lagoas; “que para os servidores públicos estaduais lotados em
estabelecimentos peninteciários, como o Autor, existe legislação
específica: primeiro, a Lei Estadual nº 10.639, de 1992, que previu a
Gratificação de Atividades Penitenciárias e, segundo, a Lei Estadual nº
11.717, de 1994, que estabeleceu o ADICIONAL DE LOCAL DE
TRABALHO” (sic, fls. 04/05).

Sustenta que possui direito líquido e certo à percepção


do adicional de local de trabalho, considerando a legislação aplicável à
espécie.

Com essas considerações, requer a concessão dos


benefícios da justiça gratuita e a segurança pretendida, “para que seja
deferida a incorporação do adicional de local de trabalho nos
vencimento do Autor” (sic, fl. 08).

Por meio do despacho de fls. 21/22, foi deferida a


justiça gratuita ao impetrante e determinada a notificação da autoridade
coatora e a remessa dos autos à Procuradoria Geral de Justiça.

O Governador do Estado de Minas Gerais- autoridade


coatora- prestou informações às fls. 31/38, suscitando preliminar de
ilegitimidade passiva.

A Procuradora de Justiça, Dra. Adélia Lage de


Oliveira, por delegação do Procurador-Geral de Justiça, em parecer de
fls. 40/46, opinou pela concessão da segurança.

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É o relatório.

Decido.

PRELIMINAR

ILEGITIMIDADE PASSIVA

Como relatado, nas informações de fls. 31/38, a


autoridade coatora suscitou preliminar de ilegitimidade passiva.

Pois bem.

Examinando com cuidado e atenção toda a matéria,


constata-se que o pólo passivo do mandado de segurança não foi
devidamente apontado pelo impetrante.

Isso porque, conforme recente decisão do Superior


Tribunal de Justiça, “a autoridade coatora, para fins de impetração de
mandado de segurança, é aquela que pratica ou ordena, de forma
concreta e específica, o ato ilegal, ou, ainda, aquela que detém
competência para corrigir a suposta ilegalidade. Inteligência do art. 6.º,
§ 3.º, da Lei n.º 12.016/2009” (AgRg no RECURSO EM MANDADO DE
SEGURANÇA Nº 37.924 – GO).

Sobre o tema, Hely Lopes Meirelles ensina:

"Considera-se autoridade coatora a pessoa que


ordena ou omite a prática do ato impugnado, e não o superior que
o recomenda ou baixa normas para sua execução. (...).
Exemplificando: numa imposição fiscal ilegal, atacável por
mandado de segurança, o coator não é nem o Ministro ou
Secretário da Fazenda que expede instruções para a arrecadação
de tributos, nem o funcionário subalterno que cientifica o
contribuinte da exigência tributária; o coator é o chefe do serviço
que arrecada o tributo e impõe as sanções fiscais respectivas,
usando do seu poder de decisão."(Mandado de Segurança, 30ª
edição, Malheiros Editores, 2007, São Paulo, páginas 64 e 65)

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Assim, considerando que, na espécie, o impetrante


questiona a não inclusão do “adicional de local de trabalho” em
vencimentos, não há de se falar em legitimidade passiva do
Governador do Estado de Minas Gerais, pois, a teor do artigo 27 do
Decreto Estadual nº 44.817/2008, a Superintendência Central de
Administração de Pessoal é quem responde pelo pagamento da
remuneração aos servidores públicos.

A propósito, sobre o tema, já decidiu este Órgão


Especial, recentemente:

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - AGENTE


DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO - PLEITO DE RECEBIMENTO
DE ADICIONAL PELO TRABALHO NOTURNO E PELO LOCAL DE
TRABALHO - AUTORIDADE COATORA - GOVERNADOR DO
ESTADO DE MINAS GERAIS - ILEGITIMIDADE PASSIVA - TEORIA
DA ENCAMPAÇÃO - INAPLICABILIDADE - DENEGAÇÃO DA
SEGURANÇA.

- Para fins de Mandado de Segurança, considera-se


autoridade coatora a pessoa física que, em nome da entidade
pública à qual se subordina, responde, diretamente, pelo ato que
supostamente lesa o alegado direito líquido e certo do
administrado.

- A aplicação da Teoria da Encampação fica


condicionada, além da existência de hierarquia entre a autoridade
que presta informações e a que praticou o ato impugnado, à
ausência de modificação da competência jurisdicional e ao
enfrentamento direto do meritum causae.

- Segurança denegada.(MANDADO DE
SEGURANÇA Nº 1.0000.12.076792-6/000 – Órgão Especial. Rel.
Desembargador Elias Camilo, D.J. 03/05/2013)

E mais,

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PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA.


AGENTE SOCIOEDUCATIVO. ""ADICIONAL DE LOCAL DE
TRABALHO"" E REFLEXOS. PRETENSÃO À INCLUSÃO DA VERBA
NA FOLHA DE PAGAMENTO. COMPETÊNCIA LEGAL DE ÓRGÃO
DA SEPLAG/MG. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO GOVERNADOR DO
ESTADO. SEGURANÇA DENEGADA.
- O impetrante impugna suposta omissão por parte do ESTADO DE
MINAS GERAIS em não lhe pagar ""adicional de local de trabalho""
previsto na Lei Estadual nº 11.717/94. O pagamento de sua
remuneração, como deflui da legislação aplicável à espécie,
insere-se no âmbito de competência de órgão integrante da
estrutura da Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão -
SEPLAG/MG, que detém o poder de, eventualmente, corrigir
referido ato, caso judicialmente reconhecida a ocorrência de
suposta omissão ilegal em detrimento de alegado direito líquido e
certo.
- Com efeito, em sendo considerada autoridade coatora ""aquela
que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem
para a sua prática"" (art. 6º, § 3º), a presença do Sr. GOVERNADOR
DO ESTADO no pólo passivo revela-se como hipótese de
incidência da norma do art. 267, VI, do CPC (ilegitimidade passiva),
motivo pelo qual a segurança deve ser denegada, nos termos do
artigo 6º, § 5º, da Lei 12.016/09. (Mandado de Segurança
1.0000.11.078302-4/000, Rel. Des.(a) Armando Freire, ÓRGÃO
ESPECIAL, julgamento em 24/10/2012, publicação da súmula em
09/11/2012).

Em face dessas decisões, deve ser acolhida a


preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela autoridade coatora,
considerando que, a despeito de o Governador do Estado tratar-se de
autoridade hierarquicamente superior ao Superintendente da Central
de Administração e Pagamento de Pessoal, no caso em análise, não
praticou ou ordenou de forma concreta a prática do ato apontado como
ilegal.

Ante o exposto, DENEGO A SEGURANÇA.

Sem custas e honorários.

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DES. BARROS LEVENHAGEN

VOTO

<Forte no precedente nº 1.0000.11.078302-4/000 e


não sendo aplicável à espécie a teoria da encampação, acompanho o
judicioso voto proferido pelo E. Relator.>

OS DEMAIS DESEMBARGADORES VOTARAM DE


ACORDO COM O RELATOR.

SÚMULA: "DENEGAR A SEGURANÇA"

Fl. 6/6

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