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EXCELENTÍSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉ GIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS


Meritíssimo Desembargador Presidente/Vice Presidente
JORGE DA SILVA, brasileiro, casado, estudante, inscritono CPF xxxxxxxx, RG: xxxxxx
SSP/AL, residente e domiciliadao na Rua das Pedrinhas, 60, Centro, Maceió /AL, CEP:
57020-070, endereço eletrô nico jorges@hotmail.com, vem, por meio de suas
advogadasprocuraçã o anexa com qualificaçõ es e endereço profissional para os fins do art.
77, V e 105, § 2º, perante V.Exª, com fulcro no art. 5º, LXIX e 37, II e IV da Constituiçã o
Federal, art. 133, IX, e da Constituiçã o Estadual, art. 10, 11 e 12, § 1º da Lei 8.112/90, art.
319 e 294 a 311 do CPC, arts. 1º, 6º, 7º, 20, 23, 35 da Lei Complementar 12.016/09,
impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR
Em face do ato coator cometido pelo Ilustríssimo Senhor Doutor Governador do Estado,
vinculado ao Estado de Alagoas, pessoa jurídica de direito pú blico interno e sua respectiva
Fazenda Pú blica, CNPJ 18.400.987.0001/90, localizada na Praça do Martírios, centro,
Maceió /AL, endereço eletrô nico gabinete.governo.al@.gov.br, nabusca de garantir direito
líquido e certo, com base nos fatos a seguir expostos.
DOS FATOS
O impetrante foi aprovado em 2º lugar em concurso para fiscal de tributos do Estado de
Alagoas, ato divulgado no dia 18 de Julho de 2018, em certame. Ocorre que este foi
surpreendido com a nomeaçã o do 3º lugar no referido concurso, cujo ato de nomeaçã o do
governador foi exarado em 16 de Julho de 2018, o qual já se encontrava nas vias finais para
o encerramento do prazo de validade deste. Ao procurar o Recursos Humanos, obteve a
informaçã o de que o ó rgã o enviou um e-mail para sua contrataçã o, mas que nã o houve
resposta doimpetrante, diante do ocorrido, o governador nomeou o 3º lugar.
Ocorre que o autor afirma que o ó rgã o responsá vel pelas nomeaçõ es, em momento algum
enviou e-mail como foi informado pelo setor de recursos humanos, inclusive existem
registros que encontram-se anexos que confirmam o nã o recebimento de nenhuma
convocaçã o por parte do Estado de Alagoas, violando assim, o direito líquido do impetrante
e por isso, sendo pleiteado na presente demanda.
DO CABIMENTO/COMPETÊNCIA
Para o caso em tela é cabível o Mandado de Segurança, pois o direito do autor nã o é
amparado pelo Habeas Data nem pelo Habeas Corpus, art. 5 º, LXIX c/c art. 1º da Lei
12.016/09 e trata-se de ato coator que viola o direito do autor. Bem como, conforme art.
133, IX, e, da Constituiçã o do Estado, informa que ato coator cometido pelo governador é de
Competência do Tribunal de Justiça.
DO DIREITO
No tocante a essa medida autorizadora da liminar, verifica-se que a autoridade coatora nã o
atentou para os requisitos legais. Sobre esse entendimento o art. 5º, inciso LXIX, diz
“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, nã o amparado
por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsá vel pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pú blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuiçõ es do
Poder Pú blico”. (grifo nosso)
Como se sabe, constitui o Mandado de Segurança remédio constitucional que objetiva
assegurar direito líquido e certo violado ou em vias de violaçã o por um agente pú blico ou
por delegatá rio que exerça atribuiçõ es do Poder Pú blico. Nas precisas palavras do saudoso
mestre Hely Lopes Meirelles:
"Mandado de Segurança é o meio constitucional posto à disposiçã o de toda pessoa física ou
jurídica, ó rgã o com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para a
proteçã o de direito individual ou coletivo, líquido e certo, nã o amparado por habeas corpus
ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesã o, por ato de autoridade, seja de que categoria
for e sejam quais forem as funçõ es que exerça". (Mandado de Segurança, Malheiros Editora,
30ª ediçã o, pá g. 25/26).
Ainda, nos termos do atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça- STJ,
devidamente consolidado:
ADMINISTRATIVO - RECURSO ORDINÁ RIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO
PÚ BLICO - NECESSIDADE DO PREENCHIMENTO DE VAGAS, AINDA QUE EXCEDENTES À S
PREVISTAS NO EDITAL, CARACTERIZADA POR ATO INEQUÍVOCO DA ADMINISTRAÇÃ O -
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃ O - PRECEDENTES. 1. A aprovaçã o do candidato, ainda
que fora do nú mero de vagas disponíveis no edital do concurso, lhe confere direito
subjetivo à nomeaçã o para o respectivo cargo, se a Administraçã o Pú blica manifesta, por
ato inequívoco, a necessidade do preenchimento de novas vagas. 2. A desistência dos
candidatos convocados, ou mesmo a sua desclassificaçã o em razã o do nã o preenchimento
de determinados requisitos, gera para os seguintes na ordem de classificaçã o direito
subjetivo à nomeaçã o, observada a quantidade das novas vagas disponibilizadas. 3.
Hipó tese em que o Governador do Distrito Federal, mediante decreto, convocou os
candidatos do cadastro de reserva para o preenchimento de 37 novas vagas do cargo de
Analista de Administraçã o Pú blica - Arquivista, gerando para os candidatos subsequentes,
direito subjetivo à nomeaçã o para as vagas nã o ocupadas por motivo de desistência. 4.
Recurso ordiná rio em mandado de segurança provido. (STJ, Relator: Ministra ELIANA
CALMON, Data de Julgamento: 19/08/2010, T2 - SEGUNDA TURMA).
Ou seja, nos termos do julgado colacionado, o candidato que antes nã o detinha direito
algum a nomeaçã o, passou a ter direito líquido e certo à nomeaçã o, além de nas hipó teses
excepcionais, quando ele é aprovado dentro das vagas ofertadas em edital ou quando ele é
aprovado fora das vagas, porém, com as desistências, a sua classificaçã o é atingida com as
vagas abertas, o que garante, desta forma, a manutençã o da segurança jurídica.
O autor foi aprovado em 2º lugar no Concurso para Fiscal de Tributos do Estado de Alagoas
e foi surpreendido com nomeaçã o pelo Ilustre Governador do Estado do 3º colocado no dia
18 de Julho do corrente ano, estando prestes a encerrar o prazo de validade do referido
concurso, conforme se comprova nos autos.
A Constituiçã o da Repú blica de 1988 determina que a regra para o acesso a cargo ou
emprego pú blico será por meio de prévia aprovaçã o em concurso pú blico de provas ou de
provas e títulos. Vejamos o dispositivo constitucional:
Art. 37 (...) (grifos nossos)
I - os cargos, empregos e funçõ es pú blicas sã o acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego pú blico depende de aprovaçã o prévia em concurso
pú blico de provas ou de provas e títulos , de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeaçõ es para cargo em
comissã o declarado em lei de livre nomeaçã o e exoneraçã o; Nos incisos seguintes do
mesmo artigo 37 a traz a regra de que o candidato aprovado em concurso pú blico tem
direito subjetivo de ser nomeado de acordo com a ordem de classificaçã o.
III - o prazo de validade do concurso pú blico será de até dois anos, prorrogá vel uma vez,
por igual período;
IV - durante o prazo improrrogá vel previsto no edital de convocaçã o, aquele aprovado em
concurso pú blico de provas ou de provas e títulos serã o convocados com prioridade sobre
novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
Regulamentando o diploma constitucional, a Lei 8.112/90, em seu art. 10, que ratifica o que
está previsto na CF/88 e art. 12, § 1º que informa que o prazo de validade do concurso e as
condiçõ es de sua realizaçã o [..], ou seja, houve violaçã o ao preceito que regulamenta o ato
administrativo. Registre-se, o autor faz jus ao merecido cargo pois foi aprovada em 2º
lugar, respeitando o que prevê o art. 11 do referido diploma. Foi aprovadomerecidamente
na prova realizada no dia, hora e local especificado no edital.
Quando a Administraçã o Pú blica divulga um Edital, este torna-se a lei do certame, devendo
ser respeitado em sua integralidade, em respeito aos princípios que norteiam a
Administraçã o Pú blica que sã o: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Eficiência, expressamente previstos na Magna Carta de 88 e que de forma alguma devem
ser ignorados.
Também deve ser levado em conta pela Administraçã o o Principio da economicidade,
vinculaçã o, autotutela e celeridade a fim de que a Administraçã o possa corrigir os atos
eivados de ilegalidade.
Ora, se há provimento de vagas já expresso em Edital com concurso vigendo em que os
candidatos foram aprovados, nada mais correto que a Administraçã o convoque estes
candidatos dentro do prazo, atendendo assim as necessidade expressas em Edital.
Ainda, nos termos do posicionamento do STF e demais Tribunais acerca da matéria:
"DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NOMEAÇÃ O DE APROVADOS EM
CONCURSO PÚ BLICO. EXISTÊ NCIA DE VAGAS PARA CARGO PÚ BLICO COM LISTA DE
APROVADOS EM CONCURSO VIGENTE: DIREITO ADQUIRIDO E EXPECTATIVA DE DIREITO.
DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃ O. RECUSA DA ADMINISTRAÇÃ O EM PROVER CARGOS
VAGOS: NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃ O. ARTIGOS 37, INCISOS II E IV, DA CONSTITUIÇÃ O
DA REPÚ BLICA. RECURSO EXTRAORDINÁ RIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os
candidatos aprovados em concurso pú blico têm direito subjetivo à nomeaçã o para a posse
que vier a ser dada nos cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de
validade do concurso. 2. A recusa da Administraçã o Pú blica em prover cargos vagos
quando existentes candidatos aprovados em concurso pú blico deve ser motivada, e esta
motivaçã o é suscetível de apreciaçã o pelo Poder Judiciá rio. 3. Recurso extraordiná rio ao
qual se nega provimento"(RE 227.480/RJ, Rel. Min. Cá rmen Lú cia).
EMBARGOS DE DECLARAÇÃ O. RECURSO ORDINÁ RIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA.ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚ BLICO. ALTERAÇÃ O DA CLASSIFICAÇÃ O.
JUNTADA DE DOCUMENTO EM SEDE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência
desta Corte Superior é no sentido de que, em setratando de mandado de segurança, a prova
do direito líquido e certo deve ser manifesta, pré-constituida, apta, assim, a favorecer, de
pronto, o exame da pretensã o deduzida em juízo, sendo totalmente descabida a juntada de
documentos suficientes a comprovar o invocado direito líquido e certo somente em sede
recursal. 2. No presente caso, a impetrante junta, neste momento, o Edital nº 165-SGA/AC -
SEFAZ (fls. 310), de 13 de outubro de 2009, publicado em 14.10.2009, que tornou pú blico o
resultado final do concurso,demonstrando que sua colocaçã o é a 42ª, o que daria a ela o
direito de ser convocada no certame. Ocorre que na época da impetraçã o domandado de
segurança (17.10.2011), tal documento já estava disponível para a prova da colocaçã o ora
indagada, porém,preferiu-se juntar na inicial, para a demonstraçã o do direitolíquido e
certo, documento em que a embargante restou classificada em 44º lugar. 3. Assim, nã o se
pode levar em consideraçã o a có pia do Edital nº 165-SGA/AC - SEFAZ (fls. 310), uma vez
que o mandado de segurança exige prova pré-constituída do direito alegado, sendo
totalmente descabida a juntada posterior de documentos. 4. Embargos de declaraçã o
rejeitados.
(STJ - EDcl no RMS: 37882 AC 2012/0088394-1, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, Data de Julgamento: 02/04/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicaçã o:
DJe 09/04/2013).
No edital estava previsto contrataçã o dentro lapso de02 (dois) anos, dos três primeiros
colocados, o autor foi aprovado em 2ª colocaçã o, tem direito líquido e certo a ser exigido,
nã o há o que se falar em desídia deste, pois o edital previu que apó s um ano da realizaçã o
do concurso a convocaçã o se daria por E-mail do candidato classificadono nú mero de vagas
cadastrado no ato da inscriçã o, no qual o instrumento mencionado em tal edital nã o foi
enviado.
DA LIMINAR SEM NECESSIDADE DE FIANÇA, CAUÇÃO OU DEPÓSITO
Requer o autor, ora impetrante seja concedida a tutela provisó ria em sede de liminar, já
que todos os requisitos necessá rios ao seu deferimento restam obedecidos nos termos do
art. 7º, III da Lei 12.016/09, bem como art. 294 a 311 do CPC.
Quanto ao bom direito do impetrante nã o há qualquer dú vida, vide fundamentos jurídicos
relevantes já apresentados acima. Há fumaça do bom direito.
Em relaçã o ao perigo da demora, o mesmo salta aos olhos, existe risco real de dano grave e
injusto à esfera do direito do impetrante, de difícil e incerta reparaçã o, podendo a tutela
jurisdicional se tornar ineficaz se forconcedida ao final.
Quanto ao dano supra referido é a perda do direito adquirido de tomar posse no cargo de
Fiscal de Tributos do Estado de Alagoas.
A finalidade da presente liminar é de suspender o ato coator de nomeaçã o do 3º colocado,
bem como seja o impetrante nomeado ao cargo que é seu por direito.

DO PEDIDO
a) Requer que se notifique o Ilustre Governador do Estado Alagoas, enviando-lhe có pias
dos presentes autos para que preste informaçõ es no prazo de 10 dias;
b) Requer dê ciência do feito ao ó rgã o de representaçã o judicial da pessoa jurídica
interessada, enviando-lhe có pia dos autos para querendo ingressar no feito;
c) Requer a intimaçã o do Ministério Pú blico, nos termos do art. 12 da Lei 12.016/09;
d) Requer a condenaçã o do réu ao pagamento das custas processuais;
e) Reafirma pedido de concessã o de pedido de tutela provisó ria em sede liminar, nos
termos do art. 7, III da Lei 12.016/09, conforme exposto, bem como sua manutençã o até o
final e a conversã o em definitiva com sentença procedente;
f) Requer, por fim, julgue procedente a açã o, concedendo integralmente a segurança,
invalidando o ato coator, declarando sua ilegalidade, reconhecendo o direito de nomeaçã o
do autor.
DO VALOR DA CAUSA
Dar-se o valor à causa R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais), conforme dispõ e
art. 291 a 293 do CPC.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
(Maceió , 04 de Outubro de 2018)
Advogado
OAB Nº xxx

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