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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO - TRF 4

JENNIKA DA SILVA, brasileira, advogada, inscrita no RG sob o nº 12.345.678, com CPF


nº 987.654.321, residente à Avenida Batel, 851, Bairro Batel, Curitiba, PR, CEP nº 80060-
000, por meio de seus advogados ao final subscritos, com fundamento no art. 5º, inciso
LXIX, da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 12.016/2009, vem impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO COM PEDIDO LIMINAR

em face do PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO,


endereço profissional Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, n. 300, Centro Administrativo
Federal – Bairro Praia de Belas, Porto Alegre/RS, pertencente ao TRIBUNAL REGIONAL
FEDERAL DA 4ª REGIÃO pessoa jurídica de direito público interno, defendida pela
ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO da 4ª Região situado à Rua Mostardeiro, n. 483,
Independência, Porto Alegre/PR.

I - DOS FATOS

A impetrante JENNIKA DA SILVA foi aprovada no XVII Concurso Público para o


Cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª Região na 21ª colocação, conforme resultado final
homologado no Edital nº 17, publicado em 10 de agosto de 2020.
Ademais, convém ressaltar que a validade do certame se estende até 10/08/2022,
sendo que o concurso visa o provimento de 22 duas vagas para o cargo de Juiz Federal
Substituto.
Nada obstante, apesar de terem sido convocados apenas 20 candidatos aprovados, e o
prazo de validade ainda não ter se expirado, a autoridade coatora determinou a realização de
novo concurso. Esse novo concurso foi elaborado exatamente nos mesmos moldes utilizados
para o XVII certame, abrindo processo seletivo para o provimento de mais 5 (cinco) vagas de
Juiz Federal Substituto, sem nomear, contudo, todos os demais candidatos aprovados no
concurso anterior.
Assim, pelas razões de fato acima elencadas, bem como as de direito que serão a
seguir expostas, é que se roga pela concessão da segurança pretendida.

III - DO DIREITO

O presente pleito tem seu fundamento constitucional no art. 5º, inciso LXIX, no qual a
há a previsão do mandado de segurança “para proteger direito líquido e certo [...] quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.
Não obstante, a Lei nº 12.016 de 2009 que regulamenta o disposto em letra
constitucional reitera a função do mandado de segurança individual:

Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade,
seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

A partir do disposto em lei, entende-se que os requisitos para impetrar o instituto


mencionado são: (a) necessidade de proteção a direito líquido e certo; (b) cuja proteção se
torna necessária a partir de ilegalidade e abuso de poder; causado por (c) agente ou
autoridade pública.
Quanto ao prazo estipulado para a impetração da medida em questão, conforme art.
23 da Lei do Mandado de Segurança Individual, tem-se o prazo de 120 dias para reivindicar o
direito violado, contados a partir da ciência da violação. Inclusive, esse é o entendimento
reiterado pela Súmula 632 do STF, na qual se defende a constitucionalidade do prazo
decadencial em questão.
Sendo essa formalidade retromencionada evidentemente cumprida pela data de
impetração do presente mandado (visto que a ciência da violação ocorreu com a publicação
do novo edital em 02/08/2021), faz-se necessária a demonstração do preenchimento dos
requisitos para a concessão da segurança, como passa a se expor.
A) Do direito líquido e certo

Conforme exposto na síntese fática, foi publicado em 10 de agosto de 2020 o


resultado final do XVII Concurso Público para o cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª
Região, homologado no Edital nº 17, no qual a impetrante restou aprovada na 21ª colocação.
Ressalta-se que, muito embora tenham sido convocados 20 candidatos até o presente
momento, tal certame prevê o provimento de 22 vagas e tem validade até 10/08/2022.
Incontestável também o fato de que a autoridade coatora determinou a realização de
novo certame, concedendo novas 5 (cinco) vagas para o mesmo cargo, nos mesmos moldes
do concurso anteriormente realizado.
Notavelmente, a realização deste novo concurso apresenta risco ao direito da
impetrante, necessitando de imediata proteção, pois a abertura de novo edital para nova
seleção de juízes substitutos a impede de usufruir a nomeação em concurso público em que
foi aprovada.
Fundamenta-se tal direito através da Súmula 15 do STF, a qual demonstra
expressamente que o candidato aprovado tem direito à nomeação:

Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem


direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância
da classificação.

Diante de tais fatos, tendo em vista que (i) a impetrante foi devidamente aprovada no
concurso supracitado; (ii) a validade do mesmo se estende até 10/08/2022; (iii) a autoridade
coatora concedeu novo certame nos mesmos moldes do realizado pela impetrante e; (iv) a
impetrante ainda aguarda ser nomeada, inegável a existência de direito líquido e certo capaz
de fundamentar o presente. Diante do exposto, busca-se a concessão de segurança conforme
alinhavado.

B) Da ilegalidade pela autoridade coatora

A propositura de novo concurso federal enquanto perdurar a validade de exame


interior é claramente contrário ao dispositivo legal disposto na Lei nº 8.112 de 1990, senão
vejamos:
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo
ser prorrogado uma única vez, por igual período.
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado
em concurso anterior com prazo de validade não expirado.

Assim, a ilegalidade cometida se deu pela abertura de novo edital para nova seleção
de juízes substitutos sem que tenha sido realizada a nomeação dos 22 aprovados no XVII
Concurso Público para o Cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª Região.
Nesse sentido, importante destacar o Tema 784 do Supremo Tribunal Federal, o qual
por meio de voto proferido pelo ministro Luiz Fux em julgamento de RE 837.311 decidiu que
é direito do candidato aprovado de ser nomeado a novas vagas que surgirem no perdurar da
validade do concurso realizado, senão vejamos:

Direito à nomeação de candidatos aprovados fora do número de vagas


previstas no edital de concurso público no caso de surgimento de novas
vagas durante o prazo de validade do certame.

Ante o exposto resta claro da ilegalidade do ato coator, ferindo o direito líquido e
certo da impetrante. Destaca-se que o cometimento da ilegalidade ocorreu por instituição
pública, sendo ela o Tribunal Regional Federal da Quarta Região, cabendo à impetrante as
vias judiciais presentes.
Em conclusão, apresentado o cumprimento de todos os pressupostos para admissão da
presente segurança, não restam dúvidas quanto ao direito da impetrante receber a nomeação
da vaga para Juiz Federal Substituto, tendo em vista a sua aprovação em concurso que ainda
se encontra válido.

C) Do pedido liminar

Preleciona o art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009 que, ao despachar a inicial, o
juiz ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento
relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida.
Destarte, está-se nitidamente diante do periculum in mora e fumus boni iuris previstos
na legislação processual, de aplicação subsidiária à Lei do Mandado de Segurança.
Outrossim, no caso em tela, inegável que os dois requisitos estão presentes, haja vista
que, em primeiro lugar, o edital em anexo previa que o concurso in casu destinava-se à
selecionar candidatos para provimento de 22 cargos de Juiz Federal Substituto da 4ª Região e
mais os que vierem a surgir no prazo de validade do certame. Aliado ao outrora citado, do
alhures mencionado, vislumbra-se que a impetrante fora aprovada em 21º lugar, abriram mais
05 novas vagas para o Cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª Região e o prazo de validade do
concurso ainda não expirou. Ou seja, salta aos olhos o fumus boni iuris, posto que é direito da
impetrante ser convocada a assumir o Cargo de Juiz Federal Substituto da 4ª Região.
Nada obstante, o periculum in mora se faz presente na medida em que as provas do
novo concurso público estão marcadas para serem realizadas daqui a dois domingos.
Ademais, considerando-se que as novas vagas que surgiram e ainda surgirão até o término da
vigência do XVII concurso legalmente serão preenchidas pelos candidatos aprovados neste
certame, deve-se pontuar que há perigo em eventual demora jurisdicional, posto que tanto a
Administração Pública quanto os candidatos experimentarão grandes transtornos.
Pelo exposto, é a presente para requerer a suspensão do XVIII concurso para
provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto da 4º Região até que os efeitos do XVII
certame tenham se exaurido.

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:


a) a concessão de ordem liminar para suspender o XVIII Concurso para
provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto da 4º Região e determinar
que a Autoridade Coatora se realize a nomeação da impetrante para a vaga
de Juiz Federal Substituto a ser disponibilizada;
b) a notificação da Autoridade Coatora, Sr. Presidente do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região;
c) a ciência do feito ao órgão de representação judicial da União, enviando-
lhe cópia da inicial sem documentos, para que, caso tenha interesse,
ingresse no feito, conforme art. 7, II, Lei nº 12.016/09;
d) a intimação do Ministério Público Federal, conforme art. 12 Lei
12016/09;
e) a juntada dos documentos acostados a inicial;
f) confirmando a liminar, que seja concedida a ordem requerida, julgando
procedente o pedido, para que a autoridade coatora realize a nomeação da
impetrante para a vaga de Juiz Federal Substituto a ser disponibilizada.
g) que a autoridade coatora seja condenada ao ressarcimento de custas.

Dá-se a causa o valor de R$ 27.500,17 (vinte e sete mil, quinhentos reais e dezessete
centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Curitiba, 25 de outubro de 2021.

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Mariquita da Silva
OAB nº 12.345

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