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RESPOSTAS:

A) Recurso de Apelação, tendo em vista que visa combater sentenças definitivas de


absolvição oi condenação, (art. 593, I, do CPP).
B) O prazo para interposição é de 05 dias a contar da intimação (art.593, CPP e Súmula
710 do STF).
C) O prazo para arrazoar o recurso é de 08 dias (art. 600 do CPP).

AO JUÍZO DE DIREITO DA Xª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXX


Processo nº XXX
JEREMIAS, já qualificado nos autos da ação penal acima apontado, por seu advogado e
procurador que esta subscreve, inconformado com a r. sentença que o condenou a pena
de dez anos e seis meses de reclusão, vem interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro
no artigo 593, I, CPP, ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Requer, portanto, que seja ordenado o processamento do recurso, com as razões inclusas
remetendo os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do estado X.
Termos em que,
Pede Deferimento.
LOCAL, DATA
ADVOGADO
OAB XXX

AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X


RAZÕES DE APELAÇÃO

APELANTE: JEREMIAS
APELADO: Ministério Público
PROCESSO NºXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA!
COLENDA CÂMARA
NOBRES JULGADORES
DOUTA PROCURADORIA

A respeitável sentença condenatória merece reforma, pelas razões a seguir expostas.


I- NARRATIVA FÁTICA
Jeremias foi condenado pela prática do crime de roubo agravado pelo uso de arma
branca( art.157, §2º, VII), pois teria ameaçado a vítima com a referida arma exigindo que a
mesma entregasse seu carro.
No entanto, ao anunciar o roubo foi rendido por um policial militar que estava armado e o
deu voz de prisão em flagrante de delito, frise-se que o condenado nem mesmo conseguiu
ter a posse do veículo. Na audiência de instrução e julgamento, uma das testemunhas
arroladas pela defesa não foi intimada e não compareceu, o defensor público proferiu
protestos que não foram acatados pelo magistrado.
As partes apresentaram alegações finais, o juiz proferiu sentença condenatória e ao aplicar
a pena fixou a pena base em 07 anos, mesmo com as circunstâncias judiciais favoráveis
ao réu. Na terceira fase de dosimetria o juiz aplicou o aumento máximo e considerou
crime consumado mesmo sem a inversão da posse.
Ao fim da fase instrutória, o apelante foi condenado a 10 anos e 06 meses de reclusão,
devendo o regime inicial do cumprimento da pena ser o regime fechado e multa.
No entanto, a decisão precisa ser reformada, pelos fatos expostos a seguir.

II- DIREITO
PRELIMINAR
II.1. Cerceamento de defesa - ausência de intimação de testemunhas - nulidade
Embora a 6ª Turma STF tenha decidido que a falta de intimação da defesa para oitiva pode
não gerar nulidade, só tem valia, caso não demonstrado efetivo prejuízo para a
Defesa.Verifica-se do caso concreto que houve o cerceamento de defesa do condenado,
tendo em vista que a testemunha arrolada que deixou de ser intimada, era demasiadamente
importante para a construção da análise probatória do processo, tanto que a defesa insistiu
para que fosse marcada a AIJ para que a testemunha fosse ouvida, e embora os protestos
exauridos pela defesa, assim como os pedidos para que constassem em ata o ocorrido, o
magistrado negpu o pedido, o que demonstrou despeito aos importantíssimos princípios
previstos na CR/88 e na seara Processual Penal, denominados contraditório e ampla
defesa. Sem prejuízo de elencar a ocorrência do cerceamento de defesa, nos termos do
artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. Veja-se:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”

Diante do exposto, requer-se o reconhecimento da nulidade em razão do cerceamento de


defesa, nos termos do artigo 5º, inciso LV da Constituição.
II.2- Desclassificação para roubo na forma tentada (art.14, II, CPB)
No presente caso, verifica-se a ausência da elementar do crime de roubo consumado, qual
seja a posse da res furtiva, tendo em vista que para consumação do crime de roubo é
imprescindível a com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, o que não ocorreu.
Conforme a narrativa fática, o réu n momento da prática do delito foi surpreendido pela
vítima que é policial militar, e estava armado com arma de fogo, dando voz de prisão em
flagrante ao réu, que não teve oportunidade de possuir o veículo em tese, objeto do crime,
ainda que por um curto período de tempo.
Sendo assim, resta claro que o crime praticado não foi de roubo consumado, e sim tentativa
de roubo, conforme artigo 14, II do Código Penal, tendo em vista que, embora iniciada a
execução o crime não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Assim, requer como medida de justiça a desclassificação do crime de roubo consumado
para o crime de roubo na forma tentada, pelos fundamentos de direito expostos.
II.3 Subsidiáriamente
A) Circunstâncias judiciais – pena base
Sabe-se que aumento da pena-base em virtude das circunstâncias judiciais desfavoráveis
(art. 59 CP) depende de fundamentação concreta e específica que extrapole os elementos
inerentes ao tipo penal. No entanto, no presente caso TODAS as circunstâncias judicias
(art 59 CP) foram favoráveis ao réu, sendo completamente desproporcional e irrazoável a
pena base fixada em 07 (sete anos).
Embora a lei não estabeleça parâmetros específicos para o aumento da pena-base pela
incidência de alguma circunstância de gravidade, é necessário que respeite os limites
mínimo e máximo abstratamente cominados aos delitos convencionados pela
jurisprudência, onde o aumento pode consistir em 1/6 (um sexto) para cada circunstância
negativa, senso assim, como todas as circunstâncias foram favoráveis ao réu, a pena base
teria que ser fixada no mínimo legal, qual seja 04 anos.
Ademais, como não há incidência de circunstâncias desfavoráveis, não há sequer
justificativa para essa aplicação desproporcional, importante mencionar que a Súmula 440
do STJ dispõe:
“Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito.

Sendo assim, requer a fixação de regime mais benéfico ao acusado.


B) Terceira fase- majorantes
Na terceira fase de aplicação da pena o juíz aplicou aumento máximo a pena só acusado,
fixando a condenação pela pena de 10 anos e 06 meses de reclusão. No entanto, é absurda
a fixação de pena tão alta injustificadamente.
Isso, porquê a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o emprego
de arma branca, não configura mais causa de aumento do crime de roubo, uma vez que a
Lei n. 13.654/2018 revogou o inciso I do parágrafo 2º do artigo 157 do CP. Assim, Tendo
em vista a abolitio criminis, promovida pela referida lei, e em observância ao art. 5º, XL, da
Constituição da República, era mesmo de rigor a aplicação da novatio legis in mellius,
excluindo-se, na terceira fase, a causa de aumento do art. 157, § 2º, I, do CP.

III- PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer seja conhecido o recurso e REFORMADA A SENTENÇA de primeiro


grau, com consequente PROVIMENTO do presente recurso para:
A) Tornar nulo o processo desde (a ausência de intimação de testemunha defensiva),
conforme arts.5º, inciso LV da Constituição Federal.
B) A desclassificação do crime de roubo consumado para o crime de roubo tentado, na
forma do art.14, II, CPB.
C) A fixação da pena no mínimo legal, em razão das circunstâncias judiciais do art 59. CPP,
todas favoráveis.
D) O decote da majorante do crime de roubo pelo emprego de arma branca, em razão da
abolitio criminis pela Lei n. 13.654/2018.

Termos em que,
Pede Deferimento.
LOCAL, DATA
ADVOGADO
OAB XXX

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