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Peça prático-profissional

PEÇA: Memoriais, com fundamento no art. 403, §3º do Código de


Processo Penal.
Endereçamento:
Embora a questão não tenha sido explícita, pela intelecção de toda
casuística apresentada, ou seja, pela interpretação geral do caso
concreto, percebe-se que o feito encontra-se na alçada de competência
do Juizado Especial Criminal. Assim sendo, o endereçamento seria:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA ____
Preliminares:
1. Decadência ao direito de representação, nos moldes do art. 107, IV do
CP, visto tratar-se de infração penal de ação pública condicionada à
representação, devendo esta ser oferecida dentro do prazo máximo de
06 meses, contados da data em que se soube quem era o autor do fato,
nos termos do art. 38 do CPP combinado com o art. 103 do CP, o que
não ocorreu.
2. Nulidade em virtude da ausência do exame de corpo de delito, previsto
no art. 564, III, “b” em combinação com o art. 158, todos do CPP. Não
existe o corpo de delito direto (exame pericial) nem o corpo de delito
indireto, uma vez que o enunciado da questão deixa claro que também
não há prova testemunhal que supra a ausência do corpo delito direito.
(art. 167 do CPP).
3.  Nulidade em virtude da ausência de oportunidade da conciliação e da
transação penal de que tratam os arts. 74 e 76 da Lei 9.099/95, com
fundamento no art. 564, IV do CPP. O fato da ré ter recebido
anteriormente o benefício da suspensão condicional do processo em
razão de outro fato não impede a transação penal, conforme dispõe o art.
89 da Lei 9.099/95. Além disso, o rito dos Juizados Especiais Criminais
prevê a oportunidade de conciliação entre a vítima e o suposto autor do
fato.
4. Ausência de justa causa por não existir prova da materialidade do
crime, que deveria ter desde que o início do feito suscitado a rejeição
liminar, com fundamento no art. 395, III do CPP.
Mérito:
Tese principal: Ausência de justa causa, pois no caso posto analisado
não existe nenhum elemento probatório que demonstre a autoria da
conduta ou a materialidade do fato. Não foi feito o exame de corpo de
delito, a única testemunha ouvida afirma em sua oitiva que não viu a
pretensa agressora lesionar a pretensa vítima.
Teses Subsidiárias: Não é possível reconhecer a circunstância agravante
no crime de lesão corporal imputada a ré pelo fato da pretensa vítima
estar grávida, visto que houve manifesto erro de tipo acidental quanto à
pessoa, ao teor do art. 20, §3º do CP. Como consequência de tal erro,
não se consideram as condições ou qualidades da vítima real, mas sim
as características da vítima originalmente pretendida.
Destacar manifesta decadência, visto que a representação da pretensa
vítima só foi ofertada no dia 18.10.2009, oportunidade em que já havia
transcorrido o lapso temporal decadencial mais de 06 meses para o
exercício de tal direito. Assim sendo, manifesta-se inequivocamente a
causa extintiva de punibilidade prevista no art. 107, IV do CP.
O fato da ré ter recebido anteriormente o benefício da suspensão
condicional do processo em razão de outro fato não caracteriza
condenação nem tampouco reincidência. Contudo, a questão não
esclarece se o período de prova da suspensão anterior ainda está em
curso. Caso estivesse, a ré ainda estaria sendo processada por outro
fato, o que impediria o benefício. Mas extinto o período de prova, não
estando mais sendo processada por outro crime, possível seria a
suspensão condicional do processo. Assim, não tendo o promotor de
justiça oferecido o benefício, o juiz deveria ter aplicado o art. 28 do CPP
na fórmula da Súmula 696 do STF.
Pedidos:
Principal: Absolvição por não estar provada a existência do fato e por
não existir prova suficiente para a condenação, com fundamento no art.
386, II e VII do CPP.
Subsidiários: Anulação da instrução probatória em virtude das nulidades
existentes alegadas em sede de preliminares, a saber:
1. Nulidade em virtude da ausência do exame de corpo de delito, previsto
no art. 564, III, “b” em combinação com o art. 158, todos do CPP. Não
existe o corpo de delito direto (exame pericial) nem o corpo de delito
indireto, uma vez que o enunciado da questão deixa claro que também
não há prova testemunhal que supra a ausência do corpo delito direito.
(art. 167 do CPP).
2.  Nulidade em virtude da ausência de oportunidade da conciliação e da
transação penal de que tratam os arts. 74 e 76 da Lei 9.099/95, com
fundamento no art. 564, IV do CPP. O fato da ré ter recebido
anteriormente o benefício da suspensão condicional do processo em
razão de outro fato não impede a transação penal, conforme dispõe o art.
89 da Lei 9.099/95. Além disso, o rito dos Juizados Especiais Criminais
prevê a oportunidade de conciliação entre a vítima e o suposto autor do
fato.
Não entendendo pela anulação da instrução probatória, que seja
reconhecido o afastamento da circunstância agravante, prevista no art.
61, II, “h” do CP em decorrência do manifesto erro de tipo acidental
quanto à pessoa.
Que sejam remetidos os autos ao Procurador Geral de Justiça para a
proposta de suspensão condicional do processo, nos termos da Súmula
696 do STF em combinação com o art. 28 do CPP.
Estabelecimento da pena mínima de 06 meses e, consequentemente,
estabelecimento de regime inicial aberto por ser a ré não reincidente ao
teor do disposto, art. 33, §2º, “c” do CP.
OBS: Não existe vedação expressa ao teor da lei 9.099/95 ao cabimento
de Memoriais no rito do Juizado Especial Criminal. Em tudo que o rito
especial ou rito específico for silente, é possível a aplicação da regra
geral consistente no rito comum ordinário. Logo, não há ilegalidade ou
impedimento no Juizado de o juiz decretar a feitura dos Memoriais.
Questão 01

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