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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO EGRÉ GIO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DE ALAGOAS.
Processo originá rio n.
, brasileiro, casado, Advogado, , com endereço profissional na , Centro, na cidade de
Arapiraca, vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII, CF/88,
apresentar:
ORDEM LEGAL DE HABEAS CORPUS com LIMINAR
em favor de , nascido em 30/11/1994, CPF, RG , filho de Gilmar Batistados Santos e de
Cìcera Natalícia Silva, residente e domiciliado na , Matadouro, Propriá /SE, atualmente
recolhido no Presidio na cidade de Aracaju - SE, sofrendo cerceamento a sua liberdade,
contra ato do Juiz do ú nico ofício de Porto Real do Colégio - AL, pelos fundamentos
seguintes:

1. DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS - ILEGALIDADE CHAPADA


Com efeito, eis o que dispõ e o art. 5º, LXVIII, da Constituiçã o Federal:
Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

E, na hipó tese, é exatamente o que temos: pela excessiva prisã o cautelar do paciente, sem
causa do mesmo, pela inércia estatal na formaçã o da culpa, motivo pelo qual o paciente está
sofrendo restriçã o no seu direito de ir e vir, com a prisã o preventiva que está
caracterizando uma antecipaçã o de pena, o que é vedado pelo nossa legislaçã o pá tria.

1. DA SÍNTESE PROCESSUAL
O paciente teve cumprido em seu desfavor decreto preventivo em 26/07/2017 , em
decorrência de sua representaçã o de prisã o preventiva requerido pelo i. delegado de
policia na cidade de Porto Real do Colégio - AL pela prá tica do crime de Homicidio
Qualificado previsto no art. 121 do Có digo Penal.
Endereço: Rua Padre Anchieta , nº 53. Centro, Arapiraca - AL , CEP.:
Tel.: / 9. / e-mail:
A Denuncia foi oferecida na data de 03 de Julho de 2018, fls.1-5.
A denú ncia sendo recebida no dia 23 de Julho de 2018, fls. 157-159.
Carta precató ria para citaçã o sendo enviada no dia 02 de Agosto de 2018, fls.
160. Sendo cumprida no dia 23 de Janeiro de 2019, fls. 203.
Motivo pelo qual a defesa do paciente só apresentou a resposta a acusaçã o no dia 31 de
Janeiro de 2019, fls. 204-209, devido o prolongado tempo entre citaçã o e cumprimento dos
atos judiciais.
Audiência designada para o dia 04.07.2019, nã o sendo realizada. Tendo sido redesignado o
ato par ao dia 16.12.2020, fls. 447 .
Apó s audiência o MM Juiz requisitou os laudos faltantes, conforme fls. 513- 514, sendo
fornecido no dia 26 de janeiro de 2021.
Decisã o de pronuncia datada de 15 de março de 2021 . Deixando de reavaliar a prisã o
preventiva do paciente mesmo apó s 04 anos de sua prisã o decretada.
Dessa forma, o paciente sofre nítida violência e coaçã o em sua liberdade, por ilegalidade
praticada pelo MM Juiz da comarca de Porto Real do Colégio o que deixando de avaliar a
situaçã o carcerá ria do paciente, mesmo com o extenso e demonstrado excesso de prazo,
permitindo que o paciente seja submetido a uma prisã o antecipató ria de pena, o que é
vedado.
Nã o restando opçã o que nã o seja a utilizaçã o deste remédio heroico para correçã o dos atos
ilegais que violam mortalmente o direito de ir e vir do paciente.

2. DO MÉRITO
2.1 DO EXCESSO DE PRAZO NA PRISÃ O DO PACIENTE. AUSÊ NCIA DA
FORMAÇÃ O DE CULPA:
O paciente encontra-se preso em flagrante por mais de 04 nos e 02 meses sem que
houvesse finda a formaçã o de culpa.
O art. 648 do Có digo de Processo Penal refere que a coaçã o considerar-se- á ilegal quando
alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei.
Evidentemente que nã o pode o Réu sofrer as mazelas da privaçã o de liberdade em razã o,
exclusivamente, da ineficiência administrativa do Estado no que a prioridade de tramitaçã o
dos processos judiciais quando envolve réu preso.
Ante a situaçã o demonstrada, apesar de ter sido dada por encerrada a instruçã o criminal, a
prisã o do paciente demonstra-se perdurar ad eternum .
Importante ressaltar que a Emenda Constitucional 45 de 2004, inseriu no artigo 5º da
Constituiçã o (portanto, clá usula pétrea ) a garantia da duraçã o razoá vel do processo e de
todos os meios que garantam a sua celeridade na tramitaçã o (inciso LXXVIII) . Esse
princípio já estava positivado por ocasiã o do Pacto de Sã o José da Costa Rica (Convençã o
Americana sobre Direitos Humanos, artigo 8º, 1 e artigo 25, 1), aninhado no art. 5º, LXXVIII,
da Constituiçã o Federal que dispõ e ―a todos, no â mbito judicial e administrativo, sã o
assegurados a razoá vel duraçã o do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitaçã o.
Sobre o assunto, e outro ensinam que ―A garantia de ser julgado dentro de um prazo
razoá vel (...) compreende, desde logo, a de ser ouvido (também) em um prazo razoá vel. (...)
Nã o se pode postergar (ou protelar) desarrazoadamente essa oitiva, sobretudo quando se
trata de acusado preso. O excesso de prazo na oitiva do acusado preso pode conduzir ao
relaxamento da prisã o, que se torna ilegal‖. (Comentá rios à Convençã o Americana sobre
Direitos Humanos. Direito Penal. Vol. 4. Sã o Paulo: RT, 2008. p. 76).
Afonso da SILVA (Curso de Direito Constitucional Positivo. 28. Ed. Sã o Paulo: Malheiros,
2007, p. 432) vai além. Ao interpretar o artigo constitucional citado, leciona que o prazo
deve ser verificado de acordo com a proporcionalidade, porém com parcimô nia, a fim de
nã o deixar margens muito abertas à interpretaçã o:
"De fato, o acesso à Justiça só por si já inclui uma prestação jurisdicional em tempo hábil para garantir o gozo do
direito pleiteado - mas crônica morosidade do aparelho judiciário o frustrava; daí criar-se mais essa garantia
constitucional, com o mesmo risco de gerar novas frustrações pela sua ineficácia, porque não basta uma
declaração formal de um direito ou de uma garantia individual para que, num passe de mágica, tudo se realize com
declarado. Demais a norma acena para a regra da razoabilidade cuja textura aberta deixa amplas margens de
apreciação, sempre em função de situações concretas. Ora, a forte carga de trabalho dos magistrados será,
sempre, um parâmetro a ser levado em conta na apreciação da razoabilidade da duração dos processos a seu
carto. (...) A garantia de celeridade de tramitação dos processo constitui um modo de impor limites à textura
aberta da razoabilidade (...)."

Por outro lado, é sabido que o - excesso de prazo dever ser interpretado à luz do princípio
da razoabilidade, ou seja, os prazos nã o podem ser computados aritmeticamente, devendo
levar em conta as peculiaridades do caso. (JESUS, Damá sio Evangelista de. Có digo de
Processo Penal Anotado. 23. Ed. Sã o Paulo: Saraiva, 2009. P. 335).
Cada caso submetido a exame perante o Estado-Juiz, por conclusã o, deve ter uma soluçã o
particularizada, adequada à quela específica situaçã o, partindo-se sempre do pressuposto
de que o Estado é obrigado a garantir todas as condiçõ es sociais para que as pessoas vivam
dignamente, o que importa no binô mio da má xima distribuiçã o de direitos sociais com o
mínimo de intervençã o do Direito Penal.
A frustraçã o das garantias sociais, a toda evidência, nã o pode levar ao socorro da mera
aplicaçã o das sançõ es penais, como costumeiramente é feito pelo legislador brasileiro,
hipó tese em que, antes de mais nada caberia intervençã o do Estado-Juiz, nã o para puniçã o
do cidadã o, mas para cobrança, exigência e responsabilizaçã o do Estado- Administraçã o.
(TEOTÔ NIO, Paulo Freire. TEOTONIO, Silvio Henrique Freire. Ponderaçõ es sobre a
Razoabilidade e a Proporcionalidade na Aplicaçã o do Direito Penal. In Revista Magister de
Direito Penal e Processual Penal. Porto Alegre: Magister, 2009. Vol. 31. ago/set de 2009. p.
68/69).
O processo se arrasta por mais de 1.460 (um mil quatrocentos e sessenta) dias sem (teó rica
e praticamente) o fim da formaçã o da culpa , podendo ainda ser absolvido por decisã o dos
jurados no tribunal do jú ri que ainda nã o se tem nem data para o seu inicio!. Tem-se, pois,
no caso, uma situaçã o processual corrigível através do presente relaxamento de prisã o, no
sentido de evitar-se uma prisã o por tempo indeterminado .
Tendo o prazo para a formaçã o da culpa ultrapassado o período permitido em lei, enseja-se
o presente relaxamento da prisã o.
Neste sentido perfilham os julgados do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa
Catarina:
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. INDEFERIMENTO
DO PEDIDO DE REVOGAÇÃO. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO. INSTRUÇÃO PROBATÓRIA AINDA NÃO
ENCERRADA PORQUE, HÁ QUATRO MESES, APROXIMADAMENTE, AGUARDA-SE A REMESSA AO PROCESSO DO
LAUDO PERICIAL DESTINADO "A AVERIGUAR A QUE DISTÂNCIA SE ENCONTRA A ESCOLA" PRÓXIMO DA QUAL SERIA
EMPREENDIDA A NARCOTRAFICÂNCIA, PLEITO DEFERIDO PELO MAGISTRADO E SOLICITAÇÃO REITERADA DUAS
VEZES À
ACUSADO ÚNICO. DELONGA PROCESSUAL NÃO CAUSADA PELA DEFESA. DESRESPEITO AO PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE. VIABILIDADE DA SUBSTITUIÇÃO DA SEGREGAÇÃO PREVENTIVA POR CAUTELARES DIVERSAS DA
PRISÃO. PENAL. ORDEM CONHECIDA E CONCEDIDA. A demora nos atos judiciais, sem que se possa imputar à
defesa ou à complexidade da causa afasta a aplicação do princípio da razoabilidade e, em consequência, configura
o constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação da culpa (HC 2012.091777- 1, Rel. Des. Jorge Schaefer
Martins - j. 21.3.13).

No mesmo sentido: STJ HC (1999/) - DJ 23/08/1999 PG: 00137; RTJ 58/388; 60/698;
62/303; RT 530/412.
Acerca do assunto é a maneira que o STJ vem encaminhando algumas suas decisõ es:
Não estando dentro dos limites da razoabilidade, e não tendo a defesa concorrido para tanto de forma
significativa, o excesso de prazo deve ser entendido como constrangimento ilegal, razão por que se torna
inaplicável, na hipótese, a Súmula 52 do STJ, impondo-se a imediata soltura do réu para se ver processado em
liberdade . Ordem de habeas corpus concedida para determinar a imediata soltura do paciente, se por outro
motivo não estiver custodiado, em virtude do excesso de prazo nãorazoável da sua custódia provisória. (STJ - 5a
Turma - HC 63308 / RJ - Ministro Rel. Arnaldo Esteves Lima - Julgado em 12.12.2006.)

O constrangimento ilegal por excesso de prazo deve ser reconhecido quando a demora é
injustificada, hipó tese verificada in casu . Inaplicabilidade da Sú mula 52/STJ. Precedente do
STF. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator. (STJ - 5a Turma - HC 56033 / RJ -
Ministro Rel. Gilson Dipp - Julgado em 06.06.2007).
A doutrina e a jurisprudência pá trias têm consagrado o entendimento de que para os
processos de rito ordiná rio é de 81 dias o prazo para o término da açã o penal, prazo esse,
assim distribuído: inquérito - 10 dias (art. 10 do CPP); denú ncia - 05 dias (art. 46); defesa
prévia - 03 dias (art. 395); inquiriçã o de testemunhas - 20 dias (art. 401); requerimento de
diligências - 02 dias (art. 499); para despacho do requerimento - 10 dias (art. 499);
alegaçõ es das partes - 06 dias (art. 500); diligências "ex officio" - 05 dias (art. 502);
sentença - 20 dias (art. 800 do CPP)= soma: 81 dias (cf. DANTE BUSANA, "apud" Có digo de
Processo Penal Anotado, de , Ed. Saraiva, comentá rio ao art. 401).
A jurisprudência fixou em 81 dias o prazo para o término da instruçã o criminal estando
preso o acusado. ― Ocorrendo excesso nesse prazo sem motivo justificado, impõ e-se o
relaxamento do flagrante"(Rts 526/358 e 523/375).
PROCESSUAL PENAL - HABEAS CORPUS - EXCESSO DE PRAZO - CARACTERIZAÇÃO - RÉU PRESO PREVENTIVAMENTE
HÁ 123 DIAS, SEM ESTAR ULTIMADA A OITIVA DAS TESTEMUNHAS ARROLADAS PELA ACUSAÇÃO - ORDEM
CONCEDIDA - PACIENTE SOLTO - Concede-se o writ caracterizado o excesso de prazo na formação de culpa, que
encerra-se com a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação. (TJMT - HC 3.704/97 - Classe I - 09 - Mirassol
D’Oeste - 2a C.Crim. - Rel. Des. Flávio José Bertin).

Nã o se trata aqui de impor cá lculos aritméticos à marcha processual. Mas certo é que na
conduçã o do feito, há que se observar o princípio da razoabilidade, que se de um lado
permite que se tenha como justificada esta eventual dilaçã o de prazo para a conclusã o do
processo, de outro, nã o aceita que PACIENTE suporte demora excessiva da prestaçã o
jurisdicional, caracterizando, dessa forma, excesso de prazo na formaçã o da culpa.
A Emenda Constitucional nº 45/2004 inseriu o princípio da razoá vel duraçã o do processo
dentro das garantias fundamentais asseguradas a cada indivíduo, insculpido no inciso
LXXVIII do art. 5º da Constituiçã o Federal de 1988, com o seguinte teor: ―a todos, no
â mbito judicial e administrativo, sã o assegurados a razoá vel duraçã o do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitaçã o.
O art. 8º, 1, da Convençã o Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Sã o José da Costa
Rica), assevera que:
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou
tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

Já o art. 6º da Convençã o Européia para Salvaguarda dos Direitos do Homem e das


Liberdades Fundamentais, firmada em 4 de novembro de 1950, em Roma dispõ e que:
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num prazo razoável
por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos
seus direitos e obrigações de caráter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal
dirigida contra ela.

Com relaçã o a duraçã o razoá vel do processo o STJ firmou jurisprudência no sentido de que:
excesso de prazo, como medida de todo excepcional, somente admitida nos casos em que a dilação (A) seja
decorrência exclusiva de diligências suscitadas pela acusação ; (B) resulte da inércia do próprio aparato judicial, em
obediência ao princípio da razoável duração do processo, previsto no art. 5ºº, LXXVIII, da Constituição Federal l; ou
(C) implique em ofensa ao princípio da razoabilidade. (STJ - HC nº 163.741/GO - 5a Turma - Min. Rel. Napoleão - DJ
17/06/2010 - STJ - HC nº 160.276/PE - 5a Turma - Min. Rel. Napoleão - DJ 15/04/2010 - STJ - HC nº 143.335/SP - 5a
Turma - Min. Rel. Napoleão - DJ 04/02/2010 - STJ - HC nº 149.110/MG - 5a Turma - Min. Rel. Napoleão - DJ
18/02/2010. (grifei)

Neste contexto, a demora nã o causada pelo paciente caracteriza constrangimento ilegal,


passível devendo ser cessado por este d. julgador.
PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO
DO INQUÉRITO RECONHECIDO DE OFÍCIO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO . PACIENTE QUE CUMPRIA
PENA EM REGIME ANTERIORMENTE PROGREDIDO PARA SEMIABERTO. REGRESSÃO DETERMINADA PELO JUÍZO DA
EXECUÇÃO. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. (TJ-AL - HC: 08012418120198020000 AL 0801241-
81.2019.8.02.0000, Relator: Des. Washington Luiz D. Freitas, Data de Julgamento: 22/05/2019, Câmara Criminal,
Data de Publicação: 23/05/2019)

Resta, pois, evidente a postergaçã o da presente demanda penal.


Nesse sentido, não se pode olvidar que a Constituição Federal vigente contemplou de forma expressa o
relaxamento de prisão ilegal, nos casos de morosidade ilegítima, atribuindo-lhe status de garantia constitucional,
senão veja-se: Art. 5º, da CF/88 (...) LXV:
a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária . Ademais, também tem status de direito
humano fundamental a duração razoável do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88), administrativo ou judicial.

No mesmo trilhar, importante frisar que o art. 7º do Pacto de San da Costa Rica, adotado no
Brasil através do Decreto nº 678/92, consigna a ideia de que toda pessoa detida ou retida
tem o direito de ser julgada dentro de um prazo razoá vel ou ser posta em liberdade, sem
prejuízo de que prossiga o processo, ex vi :
retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um Juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer
funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou ser posta em liberdade, sem prejuízo
de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

Ora, nã o é despiciendo consignar que o excesso de prazo, quando exclusivamente


imputá vel ao aparelho judiciá rio [quando nã o deriva de fato procrastinató rio que possa
eventualmente ser atribuído ao acusado] traduz situaçã o anô mala que compromete a
efetividade do processo, pois, além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do
cidadã o, frustra um direito bá sico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resoluçã o do
litígio, sem dilaçõ es indevidas e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento
constitucional.
Deste modo, tendo em vista que o processo ainda se encontra em curso, sem que o
promotor competente sequer tenha denunciado o paciente resta configurado o excesso de
prazo na espécie.
A corroborar o exposto, confiram-se os termos do artigo 648, II, do CPP:
A coação considerar-se-á ilegal : II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei Se não
bastasse, causou espécie a decisão combatida, na medida em que tratou não apenas a prisão preventiva como
regra, mas a prisão por mais tempo do que determina a lei como insanável pelo remédio heroico.

Tendo o prazo para a formaçã o da culpa ultrapassado o período permitido em lei, enseja-se
o presente pedido de relaxamento. Sobre o tema tem o Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado de Alagoas decidido:
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO NA DURAÇÃO DA PRISÃO E NO CURSO
DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE LAUDO TOXICOLÓGICO DEFINITIVO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENTE. ORDEM
CONHECIDA E CONCEDIDA PARCIALMENTE. SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR MEDIDAS CAUTELARES .
(TJ-AL - HC: 08030911520158020000 AL 0803091- 15.2015.8.02.0000, Relator: Des. Sebastião Costa Filho, Data de
Julgamento: 26/11/2015, Câmara Criminal, Data de Publicação: 03/12/2015)

Nã o se pode olvidar, ainda, que, em face da proximidade do recesso forense que se


aproxima e, com ele, a suspensã o dos prazos, a situaçã o posta, se nã o remediada postergar
uma segregaçã o que, nesta data, já se mostra ilegítima , por conta do EXCESSO DE PRAZO,
bem como, ilegal por até o momento, diante da ausência de laudo definitivo que nã o foi
juntado nos autos.
Em arremate, em consonâ ncia ao esposado, outra via nã o há senã o o imediato
reestabelecimento do status libertatis do paciente em face o cristalino excesso de prazo,
que macula de ilegalidade a presente segregaçã o provisó ria.
2.2 DO CUMPRIMENTO ANTECIPADO DA PENA. PRISÃ O PREVENTIVA COMO CAUTELAR
ANTECIPATÓ RIA DA PENA
A prisã o preventiva nã o é uma pena aplicada antecipadamente, mas um instrumento
cautelar com objetivo e finalidade específicos de ordem processual, com o intuito de
prevenir as situaçõ es previamente arroladas pelo art. 312 do CPP.
Diante disso, somente nas situaçõ es previamente indicadas pelo legislador e mediante a
comprovaçã o real de fato concreto e comprovado que indique a necessidade do emprego
desta medida cautelar é que ela pode ser decretada.
Nessa ordem de consideraçã o, nã o se pode permitir, como tem sido feito por vá rios
segmentos do Poder Judiciá rio, a imposiçã o da prisã o preventiva sem a existência de esteio
fá tico e iuris capaz de sustenta-la, a exemplo do que aconteceu com o requerente; isso
implica nã o só em quebra da excepcionalidade dessa cautelar, mas também se mostra
indicativa do antecipado cumprimento da reprimenda legal.

3. DO PEDIDO DE LIMINAR
Em face do exposto faz-se necessá ria a concessã o de liminar, pois o Paciente está sofrendo
constrangimento ilegal.
A fumaça do bom direito exsurge dos fartos fundamentos fá ticos e jurídicos trazidos à baila,
bem como do entendimento jurisprudencial, que considera manifestamente ilegal pelo
excesso de prazo na prisã o cautelar do paciente, e ainda pela caracterizaçã o de antecipaçã o
de pena.
O perigo da demora reside no fato de que o Paciente se encontra custodiado cautelarmente,
por força de uma prisã o claramente ilegal, submetendo o paciente ao constrangimento
ilegal a que se busca combater por meio deste writ .

4. DO PEDIDO
DIANTE DO EXPOSTO , requer-se seja recebida, conhecida e provida a presente açã o
constitucional de cará ter penal e de procedimento especial para, com fulcro no artigo 648,
II e VI, do CPP, conceder ordem de HABEAS CORPUS ainda em cará ter de prazo na sua
prisã o cautelar.
No mérito , que seja concedida a ordem em definitivo.
Superados tais pedidos, a título argumentativo, diante do constrangimento ilegal
perpetrado, caso nã o seja conhecido o presente Habeas corpus, que seja concedida a ordem
de ofício .
Temos em que, respeitosamente,
Pede deferimento.
Arapiraca - AL, 08 de Setembro de 2021.
LEONARDO GALVÃ O DOS SANTOS
ADVOGADO -
- assinado eletronicamente -

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