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AO JUÍZO DA VARA DE DELITOS DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS DA

COMARCA DE FORTALEZA – CE

Referente ao Processo nº:

PEDIDO DE REAVALIAÇÃO DE PRISÃO – RELAXAMENTO DE PRISÃO -


ART. 316, § ÚNICO

xxxxxxxxx, qualificado, vem, ante a presença de Vossa


Excelência, por seus advogados in fine firmados, com reciprocidade de respeito, nos
termos do art. 316, § único, do Código de Processo Penal, interpor o presente PEDIDO
DE REAVALIAÇÃO DE PRISÃO, o que faz mediante as razões fático-jurídicas que
doravante se colacionam: Nesses termos pede e espera deferimento,
DAS RAZÕES FÁTICO-JURÍDICAS

ATENÇÃO! Explicar andamento processual


pormenorizadamente, com prazos em destaque.

Douto Juízo, o ora requerente se encontra preso preventivamente


desde xxxxx, ou seja, há mais de 2 anos.
Para fins de melhor compreensão do andamento processual,
importa salientar que a instrução processual deu-se por encerrada em 25/10/2020,
conforme termo de audiência de fls..
Na ocasião, determinou-se a abertura de vistas dos autos para o
Ministério Público com objetivo de apresentação de alegações finais.
Devidamente intimado, o suplicante apresentou,
tempestivamente, seus memoriais no dia ppppp, podendo ser verificado nas fls. pppppp.
Atualmente os autos permanecem aguardando deliberação deste
r. Juízo acerca de habilitação e autorização de patrono para apresentação de alegações
finais de corréu. (fls.lllllll)
Ocorre Excelência, que defronte o presente cenário, a
segregação cautelar do postulante merece ser reavaliada e consequentemente relaxada.
Explica-se: A defesa compreende que a soma aritmética dos prazos processuais não
constitui elemento isolado na aferição do excesso de prazo.
Some-se a isso, merece destaque que o suplicante sempre teve
postura processual retilínea e colaborativa, não apresentando nenhuma conduta que
retardasse o andamento do feito, tendo apresentado suas manifestações sempre dentro
do prazo.
Em acréscimo, o fato de ainda restarem pendentes análise de
habilitação processual e consequente abertura de vistas para patrono constituído,
acarreta o cenário de imprevisibilidade, não se podendo mensurar quando acontecerá o
julgamento.
Ainda que o feito seja complexo e apure condutas graves, o
retardo no andamento do processo não pode ser atribuído ao requerente, que sempre
manteve postura de colaboração e não atrapalhou a instrução.
Neste ponto, urge salientar que a adoção de medidas cautelares
se mostra plenamente suficiente dada a evolução processual e a formação do cotejo
probante já ter sido realizada, não havendo qualquer risco a entrega da tutela
jurisdicional que não possa ser eventualmente garantido com medidas alternativas
previstas no art. 319, do CPP.
No caso em espécie, as alegações da garantia da ordem pública,
é induvidoso que os fatos são graves, afinal, toda e qualquer imputação delituosa se
reveste de contexto gravídico.
O sistema processual brasileiro não admite mais essa narrativa
de que a gravidade de um crime, ou a repercussão social seja fundamento de aplicação
da restrição máxima, isso é narrativa punitivista e inaceitável.
In casu, a análise de eventual contexto acautelatório em relação
ao suplicante, deve ser feita conforme determina a legislação, com base no atual quadro
processual, nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, bem como diante do
cenário de imprevisibilidade gerado pela pandemia, que, frise-se, NÃO PODE SER
ATRIBUÍDO AO SUPLICANTE.
Registre-se, com todas as vênias, A PANDEMIA NÃO É
INSTRUMENTO DE SOLTURA EM MASSA, MAS NÃO PODE SER
UTILIZADA COMO FUNDAMENTO DE PRISÕES DESMESURADAS.
No tocante ao entendimento sumulado pelo SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA, a defesa compreende perfeitamente o conteúdo da súmula
52, porém, tal posição não pode servir de supedâneo para ilegalidades e, verificada
situação de prisão excessiva, mesmo após o término da instrução, esta pode ser
perfeitamente relativizada.
Nesse sentido, é o posicionamento do TJCE em casos desta
envergadura:
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO
PARA O TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
TRÊS ANOS. INSTRUÇÃO ENCERRADA HÁ UM ANO E
DEZ MESES. SENTENÇA NÃO PROLATADA. FEITO QUE
AGUARDA ALEGAÇÕES FINAIS DE UM CORRÉU.
MITIGAÇÃO DA SÚMULA 52 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. EXCESSO DE PRAZO
CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A concessão
de habeas corpus, em razão da configuração de excesso de prazo
é uma medida excepcional, somente admitida nos casos em que
a dilação seja decorrência exclusiva de diligências suscitadas
pela acusação ou resulte de inércia do próprio aparato judicial.
2. O caso em apreço trata de processo complexo, com
pluralidade de réus (38 acusados), o qual teve que ser
desmembrado em sete processos, contou com a expedição de
diversas cartas precatórias e diversos incidentes processuais,
circunstâncias que justificam uma tramitação mais demorada.
Além disso, constatase que a instrução processual foi encerrada,
fazendo incidir ao caso a súmula nº 52 do Superior Tribunal de
Justiça, segundo a qual uma vez "Encerrada a instrução criminal,
fica superada a alegação de constrangimento por excesso de
prazo". 3. Não obstante, neste caso excepcionalmente, o
entendimento consolidado na súmula 52 do STJ deve ser
mitigado, devido à mora estatal desarrazoada após o
encerramento da instrução, haja vista que o paciente se
encontra custodiado preventivamente há 3 (três) anos sem
que tenha sido prolatada a sentença, apesar de a instrução
processual estar encerrada desde o dia 05.06.2019, há cerca
de um ano e dez meses, demora para a qual não concorreu a
defesa do paciente, pois esta já apresentou suas alegações
finais em 30.07.2019, há um ano e oito meses. 4. Não é
razoável exigir que o paciente permaneça custodiado por um ano
e oito meses após a apresentação de seus memoriais finais, sem
que tenha sido julgado, pelo fato do processo aguardar, tão-
somente, a regularização da defesa de um dos corréus, visando a
apresentação de suas alegações finais. 5. Considerando a
necessidade de garantir a ordem pública e observado o critério
da adequabilidade, aplicam-se ao paciente as medidas cautelares
dos incisos I, IV, V e IX, do artigo 319 do Código de Processo
Penal, tendo em vista sua periculosidade social, a qual restou
evidenciada pela gravidade concreta dos delitos a ele imputados.
6. Ordem concedida. (TJ-CE - HC: 06204902020218060000 CE
0620490-20.2021.8.06.0000, Relator: MARIA EDNA
MARTINS, Data de Julgamento: 30/03/2021, 1ª Câmara
Criminal, Data de Publicação: 30/03/2021)
Reitere-se, o ponto nevrálgico é a necessidade de regularização
de corréus e a imprevisibilidade de entrega da tutela jurisdicional, não podendo o
acriminado permanecer custodiado, diante do atual cenário processual, por tempo
excessivo, posto que inexiste na processualística brasileira previsão de prisão por tempo
indeterminado, devendo a súplica ser acolhida e a prisão relaxada.
Superada essa parte técnica, outro ponto sobressaltado que
merece ser avaliado é o cenário de imprevisão gerado pela situação transitória causada
pelo pandemia do COVID-19, impondo ao sistema de justiça uma série de mudanças
que, alteram direta e indiretamente o funcionamento da máquina judiciária.
Desta forma, dadas as razões técnicas e o cenário pandêmico
vivido por todos, bem como a suficiência de medidas cautelares frente a situação atual
do feito, imperiosa a reavaliação e consequente relaxamento da prisão do suplicante.

DOS PEDIDOS
Ex positis, é o presente para requerer que Vossas Excelências se
dignem em reavaliar a prisão do requerente e consequentemente relaxar, aplicando, se
entenderem cabíveis, medidas cautelares diversas da prisão.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Cidade/Estado, data, mês, ano

Assinatura da Petição

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