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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JACP
Nº 70065127565 (N° CNJ: 0198134-41.2015.8.21.7000)
2015/CRIME

HABEAS CORPUS.
DELITOS DOLOSOS CONTRA A VIDA – HOMICÍDIO
TENTADO.
Assim me manifestei, ao despachar a inicial:
“Vistos.
O presente writ é conexo com o de nº
70.063.498.646, julgado na data de 12MAR2015,
ocasião em que reconhecida a legalidade da
constrição posta.
A defesa busca, através desta impetração, reverter
a prisão do paciente, sob o argumento de falta de
prova; falha do inquérito policial que originou a
referida prisão; revolvendo matéria de mérito.
Aduz ausentes os requisitos do artigo 312, do CPP,
a justificar a constrição; cita que tal decisum não
avaliou a possibilidade de aplicação de medidas
cautelares outras; aduz da favorabilidade das
condições pessoais do réu, mencionando que a
prisão fere o princípio da presunção de inocência;
argumenta, por fim, no rumo do excesso de prazo.
Saliento que as questões atinentes ao mérito não
ensejam exame por esta via, não se mostrando o
habeas corpus o meio idôneo para tanto.
A presença dos efetivos requisitos da prisão
cautelar foi exaustivamente demonstrada quando
do exame e julgamento do habeas corpus acima
citado, não ensejando reavaliação, relevando
salientar que naquela mesma ocasião, restou
reforçada a impossibilidade de adoção de medidas
cautelares diversas, o que inibe seu conhecimento
neste momento.
Resta, portanto, a ser avaliado, apenas os tópicos
abaixo constantes.
Predicados pessoais favoráveis não constituem
obstáculo à manutenção da custódia prévia, nem
atenta esta contra o princípio constitucional da
presunção de inocência.
Outrossim, quanto ao invocado excesso de prazo,
orienta-se este órgão fracionário pelo princípio da
razoabilidade, segundo o qual somente a desídia
da autoridade processante na condução do feito é
que o configura, coisa que não se pode afirmar
ocorra no caso concreto, com certeza.
Não se desconhece que o artigo 5º, LXXVIII
assegura a razoável duração do processo; todavia,
a mesma Emenda Constitucional nº 45, que
acrescentou mencionado inciso à Constituição,
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
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JACP
Nº 70065127565 (N° CNJ: 0198134-41.2015.8.21.7000)
2015/CRIME

também adicionou o inciso XIII ao seu artigo 93,


determinando que o número de juízes será
proporcional à efetiva demanda judicial e à
respectiva população, coisa que há muito tempo
não vem sendo observada.
Paralelamente, os prazos procedimentais devem
ser contados de forma englobada e não
isoladamente, de modo que eventual retardo em
uma etapa processual poderá ser compensado nas
subsequentes.
Releva salientar que em 21MAI2015, realizada
audiência, onde indeferido o pleito de liberdade do
réu, ali registrado:
“Feito o pregão e aberta a audiência. Presente o
Agente do Ministério Público. Presente o réu,
acompanhado da Dra. Sarah Regina Guimarães. A
seguir, pelo Juiz de Direito foi dito que passava a
inquirir quatro testemunhas pelo método de
gravação de áudio e vídeo. Fica consignado que,
em respeito à Súmula Vinculante nº 11 do STF,
foram retiradas as algemas do acusado. As
testemunhas Gerson e Eliseu prestaram
depoimento sem a presença do réu, por
constrangimento. À defesa foi deferido o prazo de
10 dias para atualizar o endereço de suas
testemunhas, sendo que o silêncio será entendido
como desistência. Reitere-se o ofício da fl. 138.
Com o retorno da precatória enviada para a
Comarca de São Leopoldo voltem conclusos para
designar o interrogatório, oitiva de Eliziane e de
possíveis testemunhas da defesa. A defesa renova
o pedido de liberdade, tendo em vista o
depoimento da própria vítima. O Ministério Público
considerando o conjunto dos depoimentos e da
situação dos autos em que se confirma ainda que
em uma análise perfunctória a acusação, bem
como mantidas as causas da preventiva, opina
pelo indeferimento do pedido. Pelo Juiz foi dito
que instrução de hoje não inviabilizou a tese da
denúncia, permanecem validos os fundamentos da
decisão de prisão preventiva e o processo tramita
com razonável celeridade. Então, mantinha a
prisão. Intimados os presentes. Nada mais.
Estagiária:”
Assim sendo, o feito apresenta normal andamento,
considerando-se a data da prisão, que, ao
contrário do alegado pela defesa em sua petição
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de fl. 10, não se traduz em mais de 06 meses de


prisão, sem que tenha ocorrido o interrogatório do
réu.
De salientar que a favorabilidade das condições
pessoais do réu não inibe a possibilidade da
prisão cautelar.
Reitero, por fim, que o processo está recebendo o
devido impulsionamento, não se havendo que falar
em reconhecimento de excesso de prazo.
Ausência de constrangimento ilegal.
ORDEM DENEGADA.

HABEAS CORPUS SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70065127565 (N° CNJ: 0198134- COMARCA DE NOVO HAMBURGO


41.2015.8.21.7000)

NAIRA SILVIA VETTORAZZI IMPETRANTE

GESSE TEOBALDINO DE MELLO PACIENTE

VARA DO JURI E PREC DOS PROCS COATOR


DE NOVO HAMBURGO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Segunda
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em
denegar a ordem impetrada.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os
eminentes Senhores DES. LUIZ MELLO GUIMARÃES E DES. VICTOR
LUIZ BARCELLOS LIMA.
Porto Alegre, 25 de junho de 2015.
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DES. JOSÉ ANTÔNIO CIDADE PITREZ,


Relator.

RELATÓRIO
DES. JOSÉ ANTÔNIO CIDADE PITREZ (RELATOR)
A advogada Naira Silvia Vettorazzi impetrou ordem de Habeas
Corpus, com pedido de liminar, em favor de GESSE TEOBALDINO DE MELLO, o
qual foi preso em flagrante na data de 10 de janeiro de 2015, pelo suposto
cometimento do delito de homicídio tentado, apontando como autoridade coatora a
Drª. Juíza de Direito da 1ª Vara Criminal da comarca de Novo Hamburgo.
Alega a impetrante que o paciente está sendo acusado de tentativa de
homicídio, ocorrida em 10 de janeiro de 2015. Sustenta matéria de mérito, em
especial, negativa de participação. Menciona que a prisão fere o princípio da
presunção de inocência, aduzindo da sua desnecessidade.
Assevera que não se fazem presentes os requisitos do artigo 312, do
CPP, a justificar a constrição; aduz do excesso de prazo na formação da culpa,
encontrando-se preso o réu por tempo demasiado, sem que a defesa tenha dado causa
à tal lentidão, quanto ao trâmite do feito (fls. 02/15).
O pedido de concessão da ordem impetrada em caráter liminar foi
indeferido (fls. 18/22).
Solicitadas informações, estas aportaram aos autos nas fls.
24/25, seguida de documentos pertinentes de fls. 26/29.
Colheu-se o parecer escrito da douta Procuradoria de Justiça,
no rumo da denegação da ordem impetrada (fls. 31/33v).
Após, os autos vieram conclusos.
É o relatório.
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VOTOS
DES. JOSÉ ANTÔNIO CIDADE PITREZ (RELATOR)
Adianto que denego a ordem impetrada, por não vislumbrar o
invocado constrangimento ilegal.
Assim me manifestei, ao despachar a inicial:
“Vistos.
O presente writ é conexo com o de nº 70.063.498.646, julgado
na data de 12MAR2015, ocasião em que reconhecida a legalidade da
constrição posta em decisão assim ementada:
HABEAS CORPUS.
CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO
(ARTIGO 121, § 2º, INCISO II, C/C O ARTIGO 14, II,
AMBOS DO CP).
PRISÃO EM FLAGRANTE COM POSTERIOR
CONVERSÃO DESTE EM PREVENTIVA.
Verifica-se que o paciente foi preso em flagrante
na data de 10JAN2014, pela prática, em tese, do
delito tipificado no artigo 121, § 2º, inciso II, c/c o
artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal (Nota de
Culpa – fl. 36 dos autos em apenso) , obtendo o auto
respectivo a homologação judicial (fls. 109/111), o
que possui previsão constitucional (artigo 5º-LXI,
da CF).
A mesma decisão, de forma suficientemente
fundamentada, converteu o flagrante em prisão
preventiva, tendo a digna magistrada sublinhado a
gravidade do delito praticado, que ocorreu na
saída de casa noturna, colocando em risco a vida
de outras pessoas.
Concluído o inquérito policial, o Ministério Público
apresentou a denúncia, imputando ao ora paciente
o cometimento do delito tipificado no artigo 121,
§2º, incisos I e II, combinado como o artigo
14, inciso II, ambos do Código Penal (fls. 02/04
dos autos em apenso).
Não podemos olvidar, então, que presentes
estavam os pressupostos de admissibilidade para
decretação da prisão preventiva, visto que o delito
imputado ao acusado trata-se de crime doloso,
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punido com pena privativa de liberdade máxima


superior a 04 (quatro) anos (artigo 313, inciso I, do
Código de Processo Penal).
Outrossim, os pressupostos para a segregação
cautelar restaram preenchidos. Aqui, cumpre
ressalvar que a prova da materialidade, em se
tratando de tentativa de homicídio incruenta, se
confunde com a própria prova da autoria. Nesse
passo, reproduzo as seguintes passagens das
declarações prestadas pela vítima, que aponta o
paciente como autor do delito. (...).
Os indícios de autoria são reforçados pelas
declarações prestadas por Cristiano de Vargas (fl.
43 dos autos em apenso).
Por outro lado, presentes se encontram dois dos
fundamentos para a segregação (garantia da ordem
pública e conveniência da instrução criminal).
A Garantia da Ordem Pública está caracterizada
em razão da gravidade concreta do delito, haja
vista a tentativa do paciente de matar a vítima, pelo
simples motivo desta não querer reatar o
relacionamento amoroso. Além disso, o delito
ocorreu na saída de uma casa noturna, colocando
em risco a vida de outras pessoas que lá se
encontravam. Há relatos, inclusive, de que ocorreu
intenso tiroteio em frente à danceteria.
Precedentes.
A custódia justifica-se, ainda, pela conveniência da
instrução criminal, ante as ameaças de morte
feitas contra a vítima. Precedentes.
Destarte, presentes os requisitos do artigo 312, do
Código de Processo Penal, mostra-se inviável a
concessão de medida cautelar diversa da prisão.
Assim, não resta outra alternativa a não ser a
denegação da ordem, uma vez que o paciente não
sofre constrangimento ilegal em sua liberdade de
locomoção.
ORDEM DENEGADA.
A defesa busca, através desta impetração, reverter a prisão do
paciente, sob o argumento de falta de prova; falha do inquérito policial que
originou a referida prisão; revolvendo matéria de mérito. Aduz ausentes os
requisitos do artigo 312, do CPP, a justificar a constrição; cita que tal
decisum não avaliou a possibilidade de aplicação de medidas cautelares
outras; aduz da favorabilidade das condições pessoais do réu, mencionando
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Nº 70065127565 (N° CNJ: 0198134-41.2015.8.21.7000)
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que a prisão fere o princípio da presunção de inocência; argumenta, por fim,


no rumo do excesso de prazo.
Saliento que as questões atinentes ao mérito não ensejam
exame por esta via, não se mostrando o habeas corpus o meio idôneo para
tanto.
A presença dos efetivos requisitos da prisão cautelar foi
exaustivamente demonstrada quando do exame e julgamento do habeas
corpus acima citado, não ensejando reavaliação, relevando salientar que
naquela mesma ocasião, restou reforçada a impossibilidade de adoção de
medidas cautelares diversas, o que inibe seu conhecimento neste momento.
Resta, portanto, a ser avaliado, apenas os tópicos abaixo
constantes.
Predicados pessoais favoráveis não constituem obstáculo à
manutenção da custódia prévia, nem atenta esta contra o princípio
constitucional da presunção de inocência.
Outrossim, quanto ao invocado excesso de prazo, orienta-se
este órgão fracionário pelo princípio da razoabilidade, segundo o qual
somente a desídia da autoridade processante na condução do feito é que o
configura, coisa que não se pode afirmar ocorra no caso concreto, com
certeza.
Não se desconhece que o artigo 5º, LXXVIII assegura a
razoável duração do processo; todavia, a mesma Emenda Constitucional nº
45, que acrescentou mencionado inciso à Constituição, também adicionou o
inciso XIII ao seu artigo 93, determinando que o número de juízes será
proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população, coisa que
há muito tempo não vem sendo observada.

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Paralelamente, os prazos procedimentais devem ser contados


de forma englobada e não isoladamente, de modo que eventual retardo em
uma etapa processual poderá ser compensado nas subsequentes.
Releva salientar que em 21MAI2015, realizada audiência, onde
indeferido o pleito de liberdade do réu, ali registrado:

Feito o pregão e aberta a audiência. Presente o


Agente do Ministério Público. Presente o réu,
acompanhado da Dra. Sarah Regina Guimarães. A
seguir, pelo Juiz de Direito foi dito que passava a
inquirir quatro testemunhas pelo método de gravação
de áudio e vídeo. Fica consignado que, em respeito à
Súmula Vinculante nº 11 do STF, foram retiradas as
algemas do acusado. As testemunhas Gerson e Eliseu
prestaram depoimento sem a presença do réu, por
constrangimento. À defesa foi deferido o prazo de 10
dias para atualizar o endereço de suas testemunhas,
sendo que o silêncio será entendido como desistência.
Reitere-se o ofício da fl. 138. Com o retorno da
precatória enviada para a Comarca de São Leopoldo
voltem conclusos para designar o interrogatório, oitiva
de Eliziane e de possíveis testemunhas da defesa. A
defesa renova o pedido de liberdade, tendo em vista o
depoimento da própria vítima. O Ministério Público
considerando o conjunto dos depoimentos e da
situação dos autos em que se confirma ainda que em
uma análise perfunctória a acusação, bem como
mantidas as causas da preventiva, opina pelo
indeferimento do pedido. Pelo Juiz foi dito que
instrução de hoje não inviabilizou a tese da denúncia,
permanecem validos os fundamentos da decisão de
prisão preventiva e o processo tramita com razonável
celeridade. Então, mantinha a prisão. Intimados os
presentes. Nada mais. Estagiária:

Assim sendo, o feito apresenta normal andamento,


considerando-se a data da prisão, que, ao contrário do alegado pela defesa
em sua petição de fl. 10, não se traduz em mais de 06 meses de prisão, sem
que tenha ocorrido o interrogatório do réu.
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Isto posto, indefiro a liminar.


Oficie-se à autoridade apontada como coatora, solicitando-lhe
que preste as informações de praxe, com a possível brevidade.
Após, colha-se o parecer escrito da douta Procuradoria de
Justiça”.

As questões suscitadas, outrossim, obtiveram o adequado


enfrentamento pelo parecer escrito da douta Procuradoria de Justiça, da
lavra do Dr. Sérgio Guimarães Britto, o qual reproduzo em parte e adoto
como razões de decidir, com a vênia de seu subscritor, evitando inútil
tautologia:

2. “Inicialmente, relevante salientar que esta Colenda


Câmara, na sessão do dia 12/03/2015, já apreciou um Habeas
Corpus impetrado em favor do paciente, envolvendo os mesmos
fatos, cadastrado sob o número 70.063.498.646, tendo a ordem
sido denegada por unanimidade, conforme consulta realizada no
site www.tjrs.jus.br:

“HABEAS CORPUS.
CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO (ARTIGO
121, § 2º, INCISO II, C/C O ARTIGO 14, II, AMBOS DO CP).
PRISÃO EM FLAGRANTE COM POSTERIOR CONVERSÃO
DESTE EM PREVENTIVA.
Verifica-se que o paciente foi preso em flagrante na data de
10JAN2014, pela prática, em tese, do delito tipificado no
artigo 121, § 2º, inciso II, c/c o artigo 14, inciso II, ambos do
Código Penal (Nota de Culpa – fl. 36 dos autos em apenso),
obtendo o auto respectivo a homologação judicial (fls.

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109/111), o que possui previsão constitucional (artigo 5º-LXI,


da CF).
A mesma decisão, de forma suficientemente fundamentada,
converteu o flagrante em prisão preventiva, tendo a digna
magistrada sublinhado a gravidade do delito praticado, que
ocorreu na saída de casa noturna, colocando em risco a vida
de outras pessoas.
Concluído o inquérito policial, o Ministério Público apresentou
a denúncia, imputando ao ora paciente o cometimento do
delito tipificado no artigo 121, §2º, incisos I e II, combinado
como o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal (fls. 02/04
dos autos em apenso).
Não podemos olvidar, então, que presentes estavam os
pressupostos de admissibilidade para decretação da prisão
preventiva, visto que o delito imputado ao acusado trata-se de
crime doloso, punido com pena privativa de liberdade máxima
superior a 04 (quatro) anos (artigo 313, inciso I, do Código de
Processo Penal).
Outrossim, os pressupostos para a segregação cautelar
restaram preenchidos. Aqui, cumpre ressalvar que a prova da
materialidade, em se tratando de tentativa de homicídio
incruenta, se confunde com a própria prova da autoria. Nesse
passo, reproduzo as seguintes passagens das declarações
prestadas pela vítima, que aponta o paciente como autor do
delito. (...).
Os indícios de autoria são reforçados pelas declarações
prestadas por Cristiano de Vargas (fl. 43 dos autos em
apenso).
Por outro lado, presentes se encontram dois dos fundamentos
para a segregação (garantia da ordem pública e conveniência
da instrução criminal).
A Garantia da Ordem Pública está caracterizada em razão da
gravidade concreta do delito, haja vista a tentativa do paciente
de matar a vítima, pelo simples motivo desta não querer
reatar o relacionamento amoroso. Além disso, o delito ocorreu
na saída de uma casa noturna, colocando em risco a vida de
outras pessoas que lá se encontravam. Há relatos, inclusive,
de que ocorreu intenso tiroteio em frente à danceteria.
Precedentes.
A custódia justifica-se, ainda, pela conveniência da instrução
criminal, ante as ameaças de morte feitas contra a vítima.
Precedentes.

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Destarte, presentes os requisitos do artigo 312, do Código de


Processo Penal, mostra-se inviável a concessão de medida
cautelar diversa da prisão.
Assim, não resta outra alternativa a não ser a denegação da
ordem, uma vez que o paciente não sofre constrangimento
ilegal em sua liberdade de locomoção.
ORDEM DENEGADA.”

Assim, os temas já decididos não serão novamente


analisados, por se tratar de mera reiteração.

As controvérsias relativas ao mérito não podem


ser analisadas na estreita via do habeas corpus, por demandarem
dilação probatória, devendo ser reservadas para a instrução
processual e sentença.

A prisão preventiva, devidamente


fundamentada, não ofende o princípio da presunção de inocência,
conforme entendimento sedimentado pelos Tribunais Superiores.

A questão do excesso de prazo na formação da


culpa deve ser analisada sob o prisma do princípio da
razoabilidade, segundo o qual somente a desídia da autoridade
processante na condução do feito é que o configura, o que não
ocorre na hipótese dos autos, tendo sido realizada audiência de
instrução em 12/05/2015.

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Nesse sentido:

“HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO E ASSOCIAÇÃO


CRIMINOSA ARMADA. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO. A
AFERIÇÃO DO EXCESSO DE PRAZO DEVE SE DAR SOB O
NORTE DA RAZOABILIDADE, NÃO SE RESUMINDO A UMA
SIMPLES SOMA ARITMÉTICA DOS PRAZOS PREVISTOS EM LEI.
OUTROSSIM, O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ORIENTA
QUE O TARDIO CUMPRIMENTO DO MANDADO DE PRISÃO, A
NECESSIDADE DE EXPEDIÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA E O
NÚMERO DE PEDIDOS DE LIBERDADE OU REVOGAÇÃO DE
PRISÃO PREVENTIVA FORMULADOS PELA DEFESA TAMBÉM
DEVEM SER COMPUTADOS NA VERIFICAÇÃO DA ALEGAÇÃO
DE EXCESSO DE PRAZO. ASSIM, NÃO CONSTATADA HIPÓTESE
DE DESÍDIA ESTATAL E JÁ SE AVIZINHANDO A DATA
DESIGNADA PARA A COLHEITA DA PROVA ORAL, RESTA
AFASTADA A ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO. ORDEM
DENEGADA.” (HABEAS CORPUS Nº 70061468450, SEGUNDA
CÂMARA CRIMINAL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR:
Rosane Ramos de Oliveira Michels, JULGADO EM 23/10/2014 –
GRIFADO PELO PARECER).

Por fim, a presença de circunstâncias pessoais


favoráveis não é fator impeditivo da segregação cautelar.

Nesse sentido:

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“HABEAS CORPUS. LEI 11.343/06. DROGAS. ART. 33. TRÁFICO


DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. SEGUNDO O INQUÉRITO
POLICIAL, HOUVE APREENSÃO DE 16 PEDRAS DE `CRACK.
CIRCUNSTÂNCIAS DO FLAGRANTE QUE CORROBORAM NOS
INDÍCIOS. DECISÃO JUDICIAL QUE APONTOU INDICATIVOS DE
TRÁFICO, E DECRETOU A PRISÃO PARA GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. PREDICADOS PESSOAIS. MESMO QUE PRESENTES
PREDICADOS PESSOAIS FAVORÁVEIS, ELES CEDEM DIANTE
DA NECESSIDADE DA PRISÃO. ORDEM DENEGADA. UNÂNIME.”
(HABEAS CORPUS Nº 70044631380, TERCEIRA CÂMARA
CRIMINAL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: IVAN
LEOMAR BRUXEL, JULGADO EM 15/09/2011 – GRIFADO PELO
PARECER).

Destarte, não está presente o constrangimento


ilegal alegado na inicial, sendo que o indeferimento do writ é a
medida que se impõe”.

Por fim, a denúncia foi recebida, sendo apresentada resposta à


acusação, com posterior designação de audiência, realizada em 21MAI2015,
ocasião em que inquiridas a vítima e três testemunhas.
Posteriormente, o feito aguarda retorno de carta precatória
expedida, o qual teve a data de solenidade alterada para o dia 06JUL2015,
tendo em vista que a Susepe não apresentou o acusado na data
anteriormente designada, estando pendente a oitiva de testemunhas
faltantes e o interrogatório do réu, o que se dará com o retorno da precatória
mencionada.

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Assim, ausente o invocado constrangimento ilegal e ratificando


as argumentações acima expendidas, denego a ordem impetrada.
É o voto.

DES. LUIZ MELLO GUIMARÃES - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. VICTOR LUIZ BARCELLOS LIMA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. JOSÉ ANTÔNIO CIDADE PITREZ - Presidente - Habeas Corpus nº


70065127565, Comarca de Novo Hamburgo: "DENEGARAM A ORDEM
IMPETRADA. DECISÃO UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau:

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