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EXCLENTISSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO RIBEIRO DANTAS

RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº HC 675880/SP (2021/0196237-0)

MEMORIAL

Em um primeiro momento, com extrema objetividade e


brevidade,a Defesa argui a preliminar tocante a INVIOLABILIDADE DE
DOMICILIO, sem nenhum mandado de prisão, sob a alegação de que tinham
ciência de “Denúncias Anônimas” da traficância naquele local.
No entanto, essas Denúncias Anônimas versavam sobre a figura
do Gabriel, vulgo Biel, corréu nos autos em tela , que por sua vez, ao empreender
fuga dos milicianos, dispensou entorpecentes aos arredores do local e adentrou
no apartamento do Paciente para tentar se esconder dos mesmos, contudo no
interior do apartamento, o Paciente também guardava 06 munições de arma de
fogo e entorpecentes, confessando a autoria de 02 pedras, totalizando 57,20
gramas de cocaína. Veja:

Além da suposta denúncia anônima não pairar sobre a figura do


Paciente e sim do corréu Gabriel, os milicianos não apresentaram nenhum
elemento concreto de que ali havia realmente a traficância, tais como
investigação pretérita conclusiva, apreensão de eventuais usuários, sequer
imagens,
Assim sendo, o que a Defesa almeja diante do exposto, é que
todos os atos posteriores á INVIOLABILIDADE DE DOMICILIO sejam
declarados nulos, tendo em vista a ilegalidade da prisão em flagrante.
Além do mais, no entendimento Defensivo, os argumentos
utilizado pelo juiz da origem não se adequaram ao caso em comento, podendo
alegar que foram genéricos. Vejamos abaixo:
Vislumbrando os argumentos, destacamos que em um primeiro
plano, o Julgador de piso salienta que seria inviável a concessão da Liberdade
Provisória, tendo em vista que o crime em tela, equipara-se á hediondo.
Fato é que o Paciente possui todos os requisitos para fazer jus
as benesses do parágrafo 4º do Art 33 da Lei11343/2006, assim sendo, não
podemos tratar o crime como equiparado á hediondo.
Em relação á fundamentação que tange aos malefícios que a
droga traz á sociedade, também concordo sobre o tema, entretanto para gerar
um decreto preventivo em desfavor do Paciente, tal argumento é muito vago e
genérico.
O Julgador Egresso trouxe á baila que não se exige do julgador
de piso fundamentação vasta para decisões dessa natureza, bastando que o
magistrado apenas esclareça suas razões de decidir.
Nesse diagrama, digo que as razões de decidir supracitadas
realmente não foram extensas, contudo foram genéricas, não adequando o
crime em tela com os elementos subjetivos do Paciente.
De mais a mais, o Tribunal Egresso destacou que o juiz da
origem teve sua decisão assertiva ao decretar a segregação cautelar em face do
Paciente, pois não haveria outra medida, há não ser essa, diante da gravidade
dos fatos.
Com a Máxima Vênia, se pactuarmos com o entendimento
supracitado, seria de extrema irrelevância as medidas cautelares elencadas
no Código de Processo Penal.
De outro lado, tendo total sapiência que os elementos subjetivos
por si só também não geram o status libertatis em face do Paciente, importante
destacarmos que estamos há discorrer de Pessoa que tem o histórico criminal
ilibado, exercendo atividade laborativa á época dos fatos,, o que divorcia da linha
de que pudesse a se dedicar á atividades criminosas, tampouco integrar
organização criminosa.
Além do mais, o julgador de piso entendeu que não merecia
agasalho, a tese da desclassificação para o delito do Art 28 da Lei
11343/2006. Fato é, que em nenhum momento nos autos foi pleiteado á
referida tese, assim como não fora mencionada a tese do tráfico privilegiado.
Ou seja, o julgador da origem adentrou ao mérito duas vezes,
quando de outro lado, a Defesa sequer citou matérias de mérito para
consubstanciar os respectivos pedidos.
Nessa mesma linha, o julgador da origem também afastou o
tráfico privilegiado em sua decisão, tendo como fundamento a quantidade de
drogas, os apetrechos e munições de arma de fogo, embora tenha constatado
os elementos subjetivos favoráveis ao Paciente.
Como citado no início, foram apreendidos apenas 57,20 gramas
de cocaína junto ao Paciente, desvencilhando-se da argumentação de grande
quantidade de drogas.
Nos aproximando do final, não poderíamos deixar de lado o
trecho da decisão, onde resta mencionado que se o Paciente viesse á ser
condenado, iria iniciar o cumprimento de pena no regime fechado, configurando
evidente antecipação de pena. Ou seja, diante de um cenário que não seria
adequado para tecer tais argumentações, evidenciando-se novamente
Antecipação de Pena.
A gravidade concreta do Paciente em responder o processo em
liberdade, não fora demonstrada em um único momento nos autos em epígrafe,
e o “ fato do crime se equiparar á hediondo”, não tem o condão de fazer com que
o Paciente tenha a segregação cautelar mantida.
Os argumentos trazidos á baila pelo julgador egresso, para
defender que a segregação cautelar merecia ser mantida, defendendo que assim
estariam latentes o risco á Conveniência da Instrução Criminal e Aplicação da
Lei Penal não foram fundamentados, apenas lançados de uma maneira
totalmente descordenadas no caso em comento.
Ressalto ainda que os pedidos para que as cautelares fossem
concedidas em face do Paciente, já que a segregação cautelar figura-se como
medida de exceção em nosso ordenamento jurídico, sequer os pedidos
respectivos foram apreciados pelo julgador de origem em sua decisão.
Foram apresentadas várias medidas cautelares adequadas, que
pudessem satisfazer eventuais riscos ao processo e uma delas consistia na
apreensão do Passaporte, para que assim o Paciente não pudesse empreender
fuga do país enquanto o processo tramitasse.
Outras medidas foram também elencadas, tais como
comparecimento semanal em juízo, uso de monitoramento eletrônico,
recolhimento noturno em seu domicilio em horário a ser estipulado pelo nobre
julgador e sequência e frequência da atividade laborativa que já exercia, além de
todas as medidas cautelares elencadas no Art 319 CPP.
Embora a Defesa tenha demonstrado todos os elementos
subjetivos favoráveis ao Paciente para que pudesse responder o processo em
liberdade, o julgador egresso utilizou-se de fundamentos genéricos e vagos,
além da omissão em sua decisão acerca das medidas cautelares, para que a
prisão preventiva continuasse em vigor.
Diante da breve exposição fática supracitada, o que a Defesa
almeja é que vigore a tese preliminar, que tange á inviolabilidade de Domicilio,
anulando assim todos os atos que dali decorreram, tratando-se de prisão
manifestamente ilegal.
Além do mais, caso o Nobre Relator assim não entenda, como
medidas alternativas, a Defesa requer que a Liberdade do Paciente seja
concedida cumulada com as medidas cautelares elencadas acima, já que foram
demonstrados que os argumentos foram totalmente genéricos e vagos, além do
fato das medidas cautelares na origem ,sequer terem sido objeto de apreciação.
Termos em que,
Pede Deferimento

Presidente Prudente/SP, 17 de Outubro de 2021

Alisson Oliveira de Souza Cruz

OAB/SP 387.492

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