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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª


REGIÃO.

Réu Preso

Processo Originário nº:________________


Paciente: MARIANO
Impetrante: ADVOGADO/ OAB_____
Autoridade Coatora: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal do Tribunal Regional
Federal da 3ª Região, MANOEL JOAQUIM DE PORTUGAL

ADVOGADO/ OAB_____, (endereço completo), (endereço eletrônico), vem


respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, impetrar com fundamento no art. 5º,
inciso LXVIII, da Constituição Federal, e arts. 647º e 648º, inciso I, do Código de Processo
Penal, a presente ação de HABEAS CORPUS REPRESSIVO COM PEDIDO DE
LIMINAR em favor de MARIANO, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), (RG), (CPF),
(endereço completo), (endereço de e-mail), pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas, em face de ato da autoridade coatora do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz
Federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, MANOEL JOAQUIM DE
PORTUGAL:

1 – DOS FATOS

O réu foi denunciado como incurso no art. 289, caput, do Código Penal, por
supostamente fabricar moedas falsas.
Durante o inquérito policial, o acusado confessou para a autoridade policial o crime
a ele imputado, apontando inclusive, o local utilizado para o ilícito, demonstrando total
colaboração para a elucidação dos fatos. Testemunhas foram ouvidas pelo delegado e
declararam não terem sofrido ameaça por parte do indiciado. Além do exposto, o réu
possui residência fixa, ocupação lícita e não possui antecedentes criminais.
Mesmo com todas as propriedades elencadas, a autoridade policial representou
pela decretação da prisão preventiva do réu, fundamentando o pedido na garantia da
instrução criminal. O pleito foi deferido, com a respectiva decretação da custódia cautelar.
Essa Decisão foi expedida de forma genérica, sem a devida fundamentação legal
para o caso concreto, o que afronta nossa legislação.
Foi pleiteado junto ao Juízo de 1º Grau, a revogação da prisão preventiva, tendo
em vista a falta dos elementos descritos no art. 312 e seguintes, bem como pelo fato do
acusado não estar conturbando o desenvolvimento regular do processo, o que em tese
justificaria a Decisão do Magistrado.
A revogação foi indeferida pela autoridade coatora, com a fundamentação de que
“encontrava-se indicada a periculosidade do agente o que reforça a necessidade da
manutenção da prisão preventiva... para a garantia da ordem pública”, ou seja, a
fundamentação que denegou o pedido de revogação da prisão preventiva, foi diversa da
Decisão que à decretou.

2 – DO DIREITO

Inserido em nosso ordenamento jurídico, o Habeas Corpus, segundo Morais 1


(2018, p. 210), “é uma garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em
uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à
liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e ficar.”.
Conforme consta nos autos do processo em epígrafe, o paciente está sofrendo
coação ilegal, tendo em vista a falta de justa causa para a prisão preventiva.
A primeira Decisão sobre o tema, foi proferida através de uma fundamentação
genérica, embasada na garantia da instrução criminal, em desconformidade com às
normas vigentes. Em caso análogo a este, a 6ª Turma do Colendo Superior Tribunal de
Justiça, no Habeas Corpus 617579/ SP(2020/0262133-8), confirmou por unanimidade,
liminar anteriormente deferida, nos termos do voto do relator:
… 6. Ordem concedida para, confirmada a liminar outrora deferida, revogar a
prisão preventiva do paciente, ressalvada a possibilidade de nova decretação da
custódia cautelar, mediante decisão fundamentada, caso concretamente
demonstrada a sua necessidade, sem prejuízo de fixação de medida alternativa,
nos termos do art. 319 do CPP
(https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=117039939&num_registro=202002621338&data=2
0201028&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 21 abr. 2021).
Ainda que a Decisão tivesse sido devidamente fundamentada, nos autos não
constam elementos que justificam a privação da liberdade do paciente, pois a instrução
criminal estaria comprometida caso o réu estivesse conturbando o desenvolvimento
regular da mesma, o que justificaria a prisão cautelar. Nessa linha de raciocínio, Nucci 2
nos explica que:
… abalos provocados pela atuação do acusado, visando à perturbação do
desenvolvimento da instrução criminal, que compreende a colheita de provas de
um modo geral, é motivo a ensejar a prisão preventiva. Configuram condutas
inaceitáveis a ameaça a testemunhas, a investida contra provas buscando
desaparecer com evidências, ameaças dirigidas ao órgão acusatório, à vítima ou
ao juiz do feito, dentre outras (NUCCI, p. 1000, 2020).
Quando da apreciação do pleito de revogação da prisão preventiva, nova afronta
às normas, tendo em vista a fundamentação de que tal Decisão seria para a garantia da
ordem pública. Em nenhum momento a r. Decisão apontou os elementos específicos no
caso concreto, que ensejam a necessidade da aplicação de medida cautelar gravosa, em
face de outras mais brandas. Salienta-se o fato de que às testemunhas ouvidas pelo
delegado, declararam não terem sofrido ameaça por parte do indiciado, além do paciente
possuir residência fixa, ocupação lícita e não possui antecedentes criminais.
A prisão preventiva deve ser tratada como algo excepcional, inclusive em respeito
ao princípio do estado de inocência, disposto no art. 5º, inciso LVII, da Constituição
Federal: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.”.
Segundo Capez3 (2020, p. 1431), “mesmo nas situações em que a lei a admite e
ainda que demonstrada sua imprescindibilidade, a prisão preventiva tornou-se
excepcional, pois somente será determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar”.
Na interpretação jurisprudencial da 2ª Turma do Colendo Supremo Tribunal
Federal, a prisão preventiva é medida excepcional, sendo indispensável a indicação de
elementos concretos que demonstrem a necessidade da medida cautelar, conforme
ementa do HC nº 91513/BA:
Habeas Corpus. 1. “Operação Navalha”. Inquérito nº 544/BA, do Superior Tribunal
de Justiça. 2. Alegação de falta de fundamentação do decreto de prisão
preventiva. 3. Decreto prisional fundamentado em supostas conveniência da
instrução criminal e garantia da ordem pública e econômica. 4. Segundo a
jurisprudência do STF, não basta a mera explicitação textual dos requisitos
previstos pelo art. 312 do CPP, mas é indispensável a indicação de elementos
concretos que demonstrem a necessidade da segregação preventiva.
Precedentes. 5. A prisão preventiva é medida excepcional que demanda a
explicitação de fundamentos consistentes e individualizados com relação a cada
um dos cidadãos investigados. 6. A existência de indícios de autoria e
materialidade, por si só, não justifica a decretação de prisão preventiva. 7. A boa
aplicação dos direitos fundamentais de caráter processual, principalmente a
proteção judicial efetiva, permite distinguir o Estado de Direito do Estado Policial.
8. Não se justifica a prisão para a mera finalidade de obtenção de depoimento. 9.
Ausência de correlação entre os elementos apontados pela prisão preventiva no
que concerne ao risco de continuidade da prática de delitos em razão da iminência
de liberação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 10.
Motivação insuficiente. 11. Ordem deferida para revogar a prisão preventiva
decretada em face do paciente. Decisão. A Turma, por votação unânime, deferiu o
pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator.
(http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2522320. Acesso em: 21
abr. 2021).
A 5ª Turma do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do HC nº
396.968/RS, não conheceu o Habeas Corpus, mas concedeu a ordem de ofício para
substituir a medida cautelar de prisão preventiva, pelas medidas alternativas previstas no
art. 319, incisos I, IV e VI, do Código de Processo Penal:
HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO
ORDINÁRIO CABÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. APROPRIAÇÃO INDÉBITA.
ESTELIONATO. PRISÃO PREVENTIVA. DEFERIMENTO DA LIBERDADE
PROVISÓRIA EM SEDE DE LIMINAR CONCEDIDA EM WRIT ORIGINÁRIO.
SUPERVENIÊNCIA DE JULGAMENTO DO MÉRITO. DENEGAÇÃO DO
MANDAMUS E REVOGAÇÃO DA ORDEM SUMÁRIA. RESTABELECIMENTO DA
CONSTRIÇÃO. MEDIDA EMBASADA NA GRAVIDADE ABSTRATA DOS FATOS
CRIMINOSOS. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA DA ORDEM
CONSTRITIVA À LUZ DO ART. 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS DO ART. 319 DO ESTATUTO PROCESSUAL PENAL.
NECESSIDADE, ADEQUAÇÃO E SUFICIÊNCIA. COAÇÃO ILEGAL
DEMONSTRADA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO. (https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=84201078&num_registro=201700902534&data=20
180801&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 21 abr. 2021).
Por fim, verifica-se que o ilícito constante da denúncia possui pena em abstrato
entre 3 e 12 anos. Ainda que tivesse o paciente cometido o crime, não há relatos de
violência ou grave ameaça e, devido a sua primariedade, teria direito no mínimo, ao
acordo de não persecução penal. Por esse motivo, completamente injustificada a privação
de sua liberdade.
À vista dos elementos supracitados e, com fundamento no art. 5º, inciso LXVIII, da
Constituição Federal, e arts. 647º e 648º, inciso I, do Código de Processo Penal, a fim de
reparar a coação verificada, requer seja imediatamente concedida a liminar pleiteada,
com a urgente expedição do alvará de soltura do paciente.

3 – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer seja CONCEDIDA A ORDEM DE HABEAS CORPUS


LIMINARMENTE, em favor do paciente MARIANO, com a consequente expedição do
alvará de soltura, bem como o regular andamento dos autos, com posterior concessão
definitiva da ordem.

Termos em que
Pede o deferimento.

Local, Data.
Advogado, OAB/ _________.

1
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 34.ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2018.
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Processual Penal. 17.ed. rev., atual. e ref. Rio de Janeiro:
Forense, 2020.
3
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2020.

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