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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA – UNAMA

ELLEN CRISTINA SOARES SOUSA


27020426

PRÁTICA FORENSE PENAL


Avaliação Remota

Santarém – PA
2020
LIBERDADE PROVISÓRIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª CRIMINAL DA


COMARCA DE SANTARÉM – PA

Joaquim Peixoto, brasileiro, casado, taxista, portador da cédula de identidade Registro


Geral nº XXXXX , inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº XXXXXXX, residente e
domiciliado na rua das Estrelas, nº 000, bairro Constelação, Cep 0000, por sua advogada infra-
assinada vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos art 5 ,
LXVI da Carta Magna e art 310 III do Código de Processo Penal, requerer a concessão de

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA

pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

DOS FATOS
Narram os autos, que o requerente foi preso em flagrante na data do dia 22 de abril de
2019, pela prática do crime tipificado no artigo 121 caput do Código Penal, encontrando-se
preso no Presídio Silvio Hall de Moura, sob a acusação de desferir golpes de faca em Carlos
Maia, por volta das 19 horas, no interior do bar situado na rua do Sol nº X, na cidade de
Santarém – PA.
Após uma briga com seu “amigo de bar” o requerente desferiu golpes de faca na vítima,
que não resistiu aos ferimentos, consequentemente vindo a óbito , em razão disso, o Delegado
de Policia, autuou o requerente em homicídio simples, art 121 caput do Código Penal.

DO DIREITO
Como bem se sabe, o art 310, III do Código de Processo Penal estabelece que “deverá
ser concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, assim que recebido o auto de prisão em
flagrante”. Muito embora, o auto de prisão em flagrante tenha seguido todos os ditames legais,
e inafiançável o delito cometido pelo requerente, a prisão cautelar somente deve ser prorrogado
quando presentes os sustentáculos que autorizam a prisão preventiva.
A prisão cautelar é uma medida excepcional, visto que só será possível na presença do
periculum libertatis e fumus boni iuris. O art 5, LXVI da Constituição Federal, determina que
“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória com
ou sem fiança”.
O mestre Norberto Avena discorre brilhantemente a cerca do instituto:
“A liberdade provisória é um direito subjetivo do
imputado nas hipóteses em que facultada por lei. Logo,
simples juízo valorativo sobre a gravidade genérica do
delito imputado, assim como presunções abstratas sobre a
ameaça à ordem pública ou a potencialidade a outras
práticas delitivas não constituem fundamentação idônea a
autorizar o indeferimento do benefício, se desvinculadas
de qualquer fator revelador da presença dos requisitos do
art. 312 do CPP. “(AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro.
Processo Penal: esquematizado. 4ª Ed. São Paulo:
Método, 2018, p. 964)”.

Com base nesses fundamentos iniciais, reforça-se que manter o requerente


enclausurado, sem a presença dos indícios autorizadores do art 312 do Código de Processo
Penal, ferem o principio constitucional da presunção de inocência. Observe-se o que diz o
referido artigo:
“ Art 312: A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado.”
O requerente é primário, não registra antecedentes, é uma pessoa de boa conduta, que
nunca se envolveu em atividade delitiva, não representando portanto risco à ordem pública.
Também não há risco a aplicação da lei penal, haja vista que o requerente tem endereço
fixo, trabalha como taxista, possui vínculos inquebráveis, não ficando demonstrado que irá
evadir-se da aplicação da lei penal (documentos de fls. XXX) ou de que possa perturbar o
correto trâmite da ação penal.
Assim, vê-se que inexiste razão a que se perdure sua prisão, e assim sendo, cessando a
necessidade, que cesse a medida.
A jurisprudência entende da mesma maneira:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DOS


REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. LIBERDADE
PROVISÓRIA. MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS
À PRISÃO. Deve prevalecer o status libertatis, mediante a
aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, em
detrimento da segregação antecipada, ante a ausência de
elementos concretos, consistentes e suficientes que apontem para
a necessidade de manutenção da custódia preventiva do paciente.
(TRF-4 - HC: 50078844520204040000 5007884-
45.2020.4.04.0000, Relator: LEANDRO PAULSEN, Data de
Julgamento: 18/03/2020, OITAVA TURMA)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO


PREVENTIVA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
ELENCADOS NO ART. 312 DO CPP. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CONFIGURADO. Não restando demonstrada de forma
fundamentada a necessidade da custódia do paciente nos
requisitos do artigo 312 do CPP, cabível a concessão da liberdade
provisória, vinculada ao cumprimento de medidas cautelares, nos
termos dos artigos 321 e 319 do Estatuto Processual Penal.
ORDEM CONCEDIDA. (TJ-GO - HABEAS-CORPUS:
01086667920178090000, Relator: DES. LEANDRO CRISPIM,
Data de Julgamento: 23/05/2017, 2A CAMARA CRIMINAL,
Data de Publicação: DJ 2285 de 09/06/2017)

HABEAS CORPUS. FURTO SIMPLES TENTADO


(BICICLETA NO VALOR DE R$ 150, 00). PROCESSO E
PRESCRIÇÃO SUSPENSOS NOS TERMOS DO ART. 366 DO
CPP. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA PELO JUÍZO
DE ORIGEM. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312
DO CPP. PRISÃO DECRETADA EM RECURSO EM
SENTIDO ESTRITO. FLAGRANTE ILEGALIDADE.
EXISTÊNCIA. 1. É certo que a prisão preventiva constitui
medida excepcional ao princípio da não culpabilidade, cabível,
mediante decisão devidamente fundamentada, quando
evidenciada a existência de circunstâncias que demonstrem a
necessidade da medida extrema, nos termos do art. 312 e
seguintes do Código de Processo Penal. 2. In casu, existe
manifesta ilegalidade, pois não parece ser razoável manter uma
pessoa encarcerada cautelarmente se o próprio Juiz de piso
reconheceu que estão ausentes os requisitos exigidos no art. 312
do Código de Processo Penal. 3. Ordem concedida para,
confirmando-se a liminar, revogar a prisão do paciente, se por
outra razão não estiver preso, ressalvada a possibilidade de
aplicação de medidas cautelares diversas, caso se apresente
motivo concreto para tanto. (HC 441.318/MG, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
11/12/2018, DJe 01/02/2019)

DO PEDIDO
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência, nos termos do art. 310, III, do Código de
Processo Penal, conceder-lhe liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos
os atos do processo, quando intimado.
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público e expedindo-se o
alvará de soltura, pede deferimento.

Termos em que,
pede deferimento.
Santarém, abril de 2020.

______________________
Ellen Cristina Soares Sousa
OAB/PA:27020426

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