Você está na página 1de 7

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX

Endereço da Promotoria de Justiça

Excelentíssimo (a) Senhor (a) Doutor (a) Juíz (a) de Direito da Vara Cível da comarca de
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (PI).

O Ministério Público do Estado do Piauí, por intermédio do promotor de justiça


subscritor da presente, com atribuições junto à ____ Promotoria de Justiça, que abarca as
atribuições da Promotoria de Justiça de Defesa da pessoa idosa, nos termos do que dispõe a Lei
n. 10.741/2003, respeitosamente vem interpor a presente

PEDIDO DE IMPOSIÇÃO DE MEDIDA PROTETIVA

DE CARÁTER URGENTE em favor de ...

XXXXXXXXXXXXX, brasileiro (a), solteiro (a), aposentado (a), filho (a) de


XXXXXXXXXXXXXXXXX e de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX nascido aos XXXXXXXX (XXXXXX anos de
idade), natural de XXXXXXX (XXX), portador (a) da CI-RG n. XXXXXXXXXXXXXXX e CPF n.
XXXXXXXXXXXXX, residente na XXXXXXXXXXXXXX, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX (PI);

I – DOS FATOS

É fato que o referido (a) idoso (a) está passando por riscos à sua integridade física e
psíquica, principalmente em face da companhia do filho XXXXXXXXXXX e terceiras pessoas
estranhas que estão à frequentar referida residência do (a) idoso (a).

II – DO DIREITO
A Lei n. 10.741/03 dispõe sobre o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos
assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (artigo 1º) (NOTA:1 Art.
1º. É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX
Endereço da Promotoria de Justiça

idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.) , portanto, tendo ______ a idade de __ anos, o
estatuto aplica-se ao caso.
O artigo 2º do Estatuto do Idoso dispõe que o idoso goza de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
referido Estatuto, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
O artigo 3º do Estatuto afirma que é obrigação do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, saúde, liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.
O artigo 10, § 2º do Estatuto do Idoso assegura o direito ao respeito, que consiste na
inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral. O § 3º garante seu direito de não ser
submetido a tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
O artigo 43 e incisos do Estatuto do Idoso anelam sobre as condições de risco em que o
idoso pode estar assente:

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento.
III - em razão de sua condição pessoal.

É possível constatar pelas informações recebidas, que o idoso (a) está sendo
negligenciado (a) pelo (a) netos/filhos, sendo necessária urgente providência no sentido de
esvaziar o lar dos idosos, retirando o filho/netos e os estranhos que frequentam aquela casa,
preservando a boa saúde e integridade física e psíquica do (a) idoso (a), o qual, com __ anos,
certamente está fragilizado (a) no trato das coisas do dia a dia.

III – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O artigo 44 da Lei n. 10.741/03 estabelece que sempre que quaisquer das alternativas
condições do artigo 43 e incisos estiverem presentes, o próprio Ministério Público poderá
solicitar ao Poder Judiciário as medidas pertinentes para proteção da pessoa idosa. Verificada
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX
Endereço da Promotoria de Justiça

qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a
requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I. encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;


II. orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III. requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou
domiciliar;
IV. inclusão em programa oficial ou comunitário de orientação;
V. abrigo em entidade;
VI. abrigo temporário.

As medidas constantes dos incisos I a VI não são taxativas, pois o Poder Judiciário poderá
acolher outras mais adequadas para cada situação concreta envolvendo a pessoa idosa, as quais
seriam impossíveis numerar na legislação.
No mesmo sentido, o artigo 74, inciso I ainda dispõe que o Ministério Público pode propor
medidas protetivas para garantir os direitos individuais indisponíveis da pessoa idosa.

Art. 74. Compete ao Ministério Público:


I - Instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e
interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do
idoso.

O interesse individual indisponível, no caso, é a vida do (a) idoso (a), cuja integridade
física e mental está sob perigo, por ação direta de seu filho e estranhos que frequentam a
residência do (a) mesmo (a) _____
O artigo 81, inciso I do Estatuto do Idoso reforça a legitimidade do Ministério Público ao
assentar:
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados, concorrentemente: I. O
Ministério Público;

E por fim, quaisquer manejos processuais são bem-vindos para a proteção da pessoa
idosa, conforme afirma o artigo 82:
Art. 82. Para a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, são admissíveis
todas as espécies de ações pertinentes.
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX
Endereço da Promotoria de Justiça

IV – DA JURISPRUDÊNCIA

Apenas a título exemplificativo, colacionamos abaixo alguns julgados acerca do tema:

APELAÇÃO: AFASTAMENTO DO LAR – Filho Maior - Restou comprovado o


comportamento agressivo e descontrolado do requerido, associado ao consumo
excessivo de bebidas alcoólicas, que coloca em risco a integridade física e psicológica do
autor idoso – Estudo social que concluiu pela probabilidade de que os conflitos voltem a
acontecer caso as partes retomem a coabitação – Estudo psicológico que verificou a
delicada situação de vida do requerido, mas, ainda assim, constatou a probabilidade de
que a convivência entre as partes gere conflitos mais sérios – Testemunhas uníssonas
quanto à cessação dos conflitos após o afastamento do requerido – Afastamento que
deve ser mantido a fim de resguardar a integridade física e psicológica do idoso que tem
prevalência - Recurso desprovido.(TJ-SP - AC: 10005333820198260369 SP 1000533-
38.2019.8.26.0369, Relator: Alcides Leopoldo, Data de Julgamento: 27/03/2020, 4ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 27/03/2020)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR. MEDIDA PROTÊTIVA AO IDOSO.


AFASTAMENTO DE FILHO MAIÇR HOSPEDADO TEMPORARIAMENTE NO DOMICÍLIO DO
IDOSO. INDÍCIOS DE MAUS TRATOS. POSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO
IMPROVIDO. 1- Hipótese em que a agravante alega que estava passando as férias na
casa de seu pai e que este, após se sentir ameaçado, ingressou com acão cautelar, tendo
sido deferida medida liminar de afastamento da agravante do domicílio do agravado,
decisum ora atacado por meio do presente agravo. 2 - Entretanto, observamos que a
narrativa da agravante é contraditória e que a medida cautelar deferida pelo magistrado
de piso se mostra irretocável, vez que o Estatuto do Idoso prevê a possibilidade de
serem adotadas medidas de proteção ao idoso sempre que sua integridade se encontre
ameaçada, como ocorreu no caso em tela. 3 - Tendo o idoso, com o falecimento de sua
esposa, o direito real de habitação no domicílio conjugal, não pode ser compelido a
coabitar com a agravante, mormente quando esta representa risco a sua integridade
física e psicológica e quando tem domicílio em outra cidade, onde inclusive reside em
apartamento de propriedade de seus pais. 4 -Ademais, mesmo não fosse caso de
proteção ao idoso, destaco que a agravante é filha maior do agravado e que não há
dever desde último de prestar-lhe alimentos, tampouco de coabitação. 5 - O magistrado
de piso, baseado em boletim de ocorrência e nas declarações do próprio idoso, utilizou
do seu poder geral de cautela, proferindo decisão irretocável e em consonância com o
ordenamento jurídico pátrio. 6 -Agravo conhecido e improvido, em harmonia com o
parecer ministerial superior. (TJ-PI - AI: 00024666220188180000 PI, Relator: Des. José
Ribamar Oliveira, Data de Julgamento: 07/05/2019, 2ª Câmara Especializada Cível)

MEDIDA DE PROTEÇÃO. DIREITO DA PESSOA IDOSA EM SITUAÇÃO DE


VULNERABILIDADE. DETERMINAÇÃO LIMINAR DE AFASTAMENTO DA SUA FILHA E
ESPOSO DESTA. 1. Restando os fatos devidamente comprovados, a medida se destina a
assegurar a dignidade e a proteção de pessoa idosa, com amparo previsto na Lei nº
10.741/2003, e a prova constituída mostrou-se suficiente para agasalhar a decretação da
medida de afastamento do lar. 2. Tratando-se de pessoa idosa e em situação de
vulnerabilidade, que vinha sendo maltratada pela filha e o marido desta, física e
psicologicamente, era mesmo necessária a medida de afastamento dos recorrentes, a
fim de protegê-la e assegurar-lhe melhores condições de vida. Recurso desprovido.
(Apelação Cível Nº 70077743961, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX
Endereço da Promotoria de Justiça

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/08/2018). (TJ-RS - AC:


70077743961 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento:
29/08/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
03/09/2018)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - MEDIDA PROTETIVA - IDOSA EM SITUAÇÃO DE


VULNERABILIDADE SOCIAL - SOBRINHO QUE PROFERE AMEAÇAS - RISCO À INTEGRIDADE
PSICOLÓGICA E FINANCEIRA - ESTUDOS TÉCNICOS - FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN
MORA - DEMONSTRAÇÃO - AFASTAMENTO DO LAR E PROIBIÇÃO DE CONTATO -
CONFIRMAÇÃO 1. A proteção ao idoso foi erigida como prioridade pelo nosso
ordenamento jurídico, sendo dever da família, da sociedade e do Estado, em atuação
conjunta, assegurar às pessoas idosas, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária, defendendo
sua dignidade e bem-estar. 2. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre
que os seus direitos forem ameaçados ou violados, inclusive por abuso de familiar (art.
43, II, Estatuto do Idoso). 3. Demonstrados o periculum in mora e o fumus boni iuris,
notadamente a partir dos estudos psicossociais realizados nos autos, de rigor a
manutenção da medida protetiva de afastamento do sobrinho - sobre quem pendem
fundadas suspeitas de proferir ameaças contra a tia - do lar da idosa. 4. Recurso
desprovido. (TJ-MG - AI: 10701140202519005 MG, Relator: Áurea Brasil, Data de
Julgamento: 15/02/2018, Data de Publicação: 21/02/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. MEDIDA PROTETIVA. IDOSO. AGRESSOES PRATICADAS PELO


FILHO. SITUAÇÃO DE RISCO DEMONSTRADA. AFASTAMENTO DO AGRESSOR DO LAR E
MANUTENÇÃO DE DISTANCIAMENTO. SENTENÇA CONFIRMADA. APELAÇÃO
DESPROVIDA (Apelação Cível Nº 70075078279, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 22/11/2017). (TJ-RS - AC:
70075078279 RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Data de Julgamento: 22/11/2017,
Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 24/11/2017)

EMENTA: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL. MEDIDA PROTETIVA. IDOSO EM CONDIÇÃO DE


VULNERABILIDADE. LEGITIMIDADE E INTERESSE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA
AJUIZAMENTO. RECURSO CONHECIDO. SENTENÇA ANULADA. I. Na hipótese, a causa de
pedir subsiste justamente na falta de assistência por parte dos filhos do idoso, que o
coloca em situação de vulnerabilidade, conforme constatado em Procedimento
Administrativo instaurado no âmbito do Órgão Ministerial, cujo desfecho apurou a
necessidade de ajuizamento de Medida Protetiva para alcançar os fins pretendidos. II. O
Ministério Público possui legitimidade ad causam e interesse processual para
ajuizamento da Ação a teor do artigo 74, inciso III, e artigo 43, ambos da Lei nº 10.741⁄2003.
III. Recurso conhecido para anular a Sentença de Primeiro Grau. ACORDA a Egrégia
Segunda Câmara Cível em conformidade da Ata e Notas Taquigráficas da Sessão que
integram este julgado, por unanimidade de votos, conhecer do Recurso de Apelação
Cível para anular a Sentença de primeiro grau, determinando o retorno dos autos à
instância inferior para processamento, nos termos do Voto proferido pelo Eminente
Desembargador Relator. TJ/ES – Processo APL 0038661-21.2016.8.08.0024, SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL, publicado em 14/06/2017, Julgamento em 6 de Junho de 2017, Relator
NAMYR CARLOS DE SOUZA FILHO.

V – DO PEDIDO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX
Endereço da Promotoria de Justiça

1. Recebido o presente como PEDIDO DE IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO em


favor de pessoa idosa;

2. Em face do reconhecimento do estado do artigo 43, inciso III da Lei n. 10.741/03, seja
expedido "mandado de desocupação de imóvel" (artigo 45 "...dentre outras...") em desfavor de
XXXXXXXXX e quaisquer outras pessoas (estranhos, bêbados, homens ou mulheres) que estejam
no imóvel, à exceção dos próprios idosos e sua filha XXXXXXXXXe demais familiares,
determinando ao Meirinho, que poderá fazer-se acompanhar da Polícia Militar, para que
notifique os tais para que deixem o local imediatamente (ato da intimação), anotando no
referido mandado, também, a "proibição" para que tornem a voltar ou entrar no quintal e casa
identificado como sendo o endereço dos idosos;

3. Seja determinado à Secretaria Municipal de Saúde que encaminhe urgentemente


uma equipe de médicos e enfermeiros ao referido endereço para consultar os idosos, verificando
o atual estado de saúde dos mesmos, submetendo-os ao tratamento necessário, importando
fazê-lo em 03 (três) dias, mandando relatório no 5º dia após recebimento do mandado judicial;

4. Seja oficiado à Secretaria Municipal de Assistência Social para que visite a referida
residência, no prazo de 05 (cinco) dias, proferindo ali estudo social, conversando com vizinhos e
com os próprios, além da filha XXXXX e XXXXXXXXX (mencionar endereços e telefones no
mandado, bem como cópia da inicial), dizendo quais as condições de referidos idosos, se estão
sendo prejudicados com a convivência do filho XXXXXXX e de estranhos bêbados que freqüentam
o local, anotando o quadro geral dos idosos e as medidas que se verifiquem necessárias para
protegê-los.
5. Outras medidas que se fizerem necessárias serão alçadas por ocasião da juntada, nos
autos, de documentos e informações de relatórios verificados como resultado dos itens
anteriores.
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXX
Endereço da Promotoria de Justiça

P.deferimento

XXXXXXXXX(PI), XX de XXXX de 2020.


Promotor (a) de Justiça

Você também pode gostar