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JURISPRUDÊNCIA

DEFICIENTE MENTAL
Prof. Lilia Simone
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. AGRESSÃO FÍSICA. DANOS MORAIS. MAIOR
ESQUIZOFRÊNICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA
GENITORA. LEGITIMIDADE PASSIVA. OMISSÕES NÃO
VERIFICADAS. INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
NULIDADE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. RECONVENÇÃO.
ENUNCIADOS N. 283 E 284 DA SÚMULA DO STF. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. 1. Omissões não verificadas,
tendo em vista que o Tribunal de origem enfrentou as questões de mérito
apresentadas pelas partes, fundamentando-se suficientemente em dispositivos
legais e nos fatos da causa e nas provas.2. Não impugnado no recurso especial o
fundamento adotado em segunda instância de que a nulidade não pode ser
requerida pela parte que lhe deu causa (art. 243 do CPC), incide a vedação
contida no enunciado n. 283 do STF.
2
3. Na linha da jurisprudência desta Corte, descabe reconhecer a nulidade do
processo por ausência de intervenção do Ministério Público quando inexistir
efetivo prejuízo ao incapaz. No caso concreto, além de os recorrentes, corréus,
nem mesmo indicarem qual o dano sofrido em sua defesa, tal requisito,
indispensável ao reconhecimento da nulidade, não está caracterizado. 4. "Exemplo
de doença mental que se manifesta periodicamente no paciente é a esquizofrenia,
conhecida como doença do 'espírito dividido' (denominação vinda do grego, e
formada das palavras skizo, que significa divisão, e phrenos, com a tradução de
espírito). Durante seus surtos, que podem durar um mês, o paciente é assaltado
por delírios e alucinações, ouvindo vozes e vendo seres imaginários, sofrendo
ideias de perseguição e possessões de espíritos estranhos. Sem dúvida, traz
distúrbios mentais, o que enquadra a doença no rol das incapacitantes"
(RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 9ª ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 916).
.)
3/9/20XX Título da Apresentação 3
5. O art. 1.590 do CC/2002 estende ao incapaz - absoluta ou relativamente - as normas pertinentes à
guarda dos filhos menores. Nesse enfoque, é importante destacar que a guarda representa mais que
um direito dos pais em ter os filhos próximos. Revela-se, sobretudo, como um dever de cuidar, de
vigiar e de proteger os filhos, em todos os sentidos, enquanto necessária tal proteção. 6. Consta do
acórdão recorrido que o primeiro réu, apesar de maior, é portador de esquizofrenia paranoide, mora
sozinho, tem surtos periódicos e agride transeuntes. Sua genitora (segunda ré), plenamente ciente da
situação e omissa no cumprimento de suas obrigações em relação ao filho incapaz e na adoção de
medidas com o propósito de evitar a repetição de tais fatos, deve ser responsabilizada civilmente
pelos danos morais sofridos pela autora, decorrentes de lesões provocadas pelo deficiente. 7. Acerca
da reconvenção proposta pela segunda ré, os recorrentes não impugnaram os fundamentos contidos
no acórdão recorrido nem indicaram dispositivos legais eventualmente afrontados. Incidência dos
enunciados n. 283 e 284 da Súmula do STF. 8. Divergência jurisprudencial não caracterizada
relativamente à fixação do quantum a título de danos morais. O Superior Tribunal de Justiça permite
a revisão de tal valor em recurso especial somente quando for possível constatar primo ictu oculi
que tal importância é exorbitante ou ínfima. Ausentes essas hipóteses, como no presente caso, incide
a vedação contida no enunciado n. 7 da Súmula do STJ. 9. Recurso especial parcialmente conhecido
e desprovido. (REsp n. 1.101.324/RJ, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma,
julgado em 13/10/2015, DJe de 12/11/2015
3/9/20XX Título da Apresentação 4
Após Estatuto da Pessoa com Deficiência, incapacidade absoluta só se aplica a menores
de 16 anos
Diante das alterações promovidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), a
Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou acórdão do Tribunal de Justiça
de São Paulo (TJSP) para declarar a incapacidade relativa de um idoso com doença de Alzheimer
que, em laudo pericial, foi considerado impossibilitado de gerir os atos da vida civil.
O idoso foi declarado absolutamente incapaz nas instâncias de origem, mas, para o colegiado, a
partir da Lei 13.146/2015, apenas os menores de 16 anos são considerados absolutamente
incapazes para exercer pessoalmente os atos da vida civil. "O critério passou a ser apenas etário,
tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência mental ou intelectual anteriormente previstas
no Código Civil", explicou o relator do recurso julgado, ministro Marco Aurélio Bellizze.
Na ação que deu origem ao recurso, o juízo acolheu o pedido de interdição, indicou o curador
especial e declarou o idoso absolutamente incapaz. A sentença foi confirmada pelo TJSP, para o
qual a declaração de incapacidade relativa resultaria em falta de proteção jurídica para o
interditado.
3/9/20XX Título da Apresentação 5
Mudanças no CC
O ministro Bellizze explicou que o objetivo da Lei 13.146/2015, ao instituir o Estatuto
da Pessoa com Deficiência, é assegurar e promover a inclusão social das pessoas com
deficiência física ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de
condições com as demais pessoas.
Segundo ele, a nova legislação trouxe alterações significativas para o Código Civil no
tocante à capacidade das pessoas naturais – entre elas, a revogação dos incisos II e III
do artigo 3°, os quais consideravam absolutamente incapazes aqueles que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tivessem o necessário discernimento para a
prática dos atos da vida civil e os que não pudessem exprimir sua vontade, mesmo em
razão de causa transitória.
"A partir da entrada em vigor da Lei 13.146/2015, que ratifica a Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, somente são consideradas
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 anos", afirmou.
3/9/20XX Título da Apresentação 6
Novo sistema
O relator lembrou que o artigo 84, parágrafo 3º, do estatuto estabelece que o instituto da
curatela da pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
Nesse sentido, Bellizze ressaltou que a curatela deve afetar tão somente os atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial, não abrangendo todos os atos da vida civil, tais
como "o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à
saúde, ao trabalho e ao voto" (artigo 85).
No caso em julgamento, o ministro verificou que o laudo pericial psiquiátrico foi contundente
ao diagnosticar a impossibilidade do idoso para gerir sua pessoa e administrar seus bens e
interesses. Embora a sentença tenha sido fundamentada na nova legislação, o magistrado
observou que o juízo de primeiro grau declarou o idoso absolutamente incapaz, nos termos do
então revogado artigo 3°, II, do Código Civil.
Para o magistrado, diante do novo sistema de incapacidades promovido pela Lei 13.146/2015, é
necessária a modificação do acórdão recorrido, a fim de declarar a incapacidade relativa do
idoso, conforme as novas disposições do artigo 4º, III, do Código Civil.
3/9/20XX Título da Apresentação 7
PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. INTERNAÇÃO
COMPULSÓRIA. ESQUIZOFRENIA. DEPENDÊNCIA QUÍMICA. LAUDO MÉDICO.
SALVAGUARDA. INTEGRIDADE FÍSICA. DIREITO À SAUDE. CUSTEIO. DISTRITO
FEDERAL. RECURSO PROVIDO.O tratamento de saúde mental em regime de internação tem caráter
excepcional uma vez que é ato que interfere na esfera de autonomia do indivíduo, razão pela qual se
mostra imprescindível a apresentação de laudo médico que declare os motivos pelos quais o paciente deve
ser submetido à internação. Mais especificamente em relação à internação compulsória, deve-se, ainda ser
verificada pelo magistrado a segurança do estabelecimento para a salvaguarda do paciente, dos demais
internados e dos funcionários (arts. 4º, 6º e 9º, da Lei 10.216/2001) 2. Evidenciado em laudos médicos que
os recursos extra-hospitalares não são aptos para o tratamento de saúde do doente mental e dependente
químico, bem como que a internação irá garantir a sua segurança e de terceiros, a medida de internação
compulsória é medida que se impõe. 3. Nos termos do art. 196 e do art. 198, II, da CF/88, o Estado deve
garantir e zelar para que todos tenham acesso pleno e efetivo à saúde e a tratamento eficaz e adequado
mediante a realização de políticas públicas e de mecanismos e sistemas destinados a assegurar a ampla
proteção à população, razão pela qual cabe ao Distrito Federal arcar com os custos da internação
psiquiátrica compulsória, sendo sua responsabilidade constitucional prestar os serviços de saúde àqueles
que necessitarem. 4. Recurso conhecido e provido. (Acórdão 1025639, 20130111616595APC, Relator:
GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, 7ª TURMA CÍVEL, data de julgamento: 7/6/2017, publicado no
DJE:3/9/20XX
23/6/2017. Pág.: 302-306) Título da Apresentação 8
A IMPUTABILIDADE DO DEFICIENTE MENTAL

Cavalieri Filho leciona que: Imputar significa “atribuir a alguém a responsabilidade por
alguma coisa”. Ainda nas palavras do autor, “imputabilidade, é, pois, o conjunto de
condições pessoais que dão ao agente capacidade para responder pealas consequências de
uma conduta contrária ao dever.

A CURATELA PARA O DEFICIENTE:

Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial. 9 § 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio
corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao
voto. § 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as
razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.”
3/9/20XX Título da Apresentação 9
[...] observemos que a vítima deverá dirigir sua pretensão, em
princípio, contra os responsáveis, só indo ao patrimônio do
incapaz na hipótese de impossibilidade econômica daqueles. Se,
contudo, o responsável não ostentar patrimônio suficiente para
fazer frente ao dano, o incapaz responde. (FARIAS,
ROSENVALD, & NETTO, 2018)

3/9/20XX Título da Apresentação 10


Caso, portanto, o curatelado cometa um ato lesivo ao patrimônio
ou a direito de terceiro, o seu curador — pessoa a quem assiste
poder de direção — poderá ser civilmente responsabilizado. No
caso da interdição por prodigalidade, por exemplo, o dever de
vigilância imposto ao curador não deveria ir ao ponto de torná-lo
solidariamente obrigado pelo dano causado pelo pródigo, pois a
sua assistência diz respeito apenas à prática de atos de disposição
patrimonial. Em todo o mais, o indivíduo padecente desse desvio
comportamental rege a sua vida, sem a ingerência de quem quer
que seja. Por isso, entendemos dever o juiz ter redobrada cautela
ao considerar a responsabilidade dessas pessoas, analisando, na
hipótese concreta, o grau de participação efetiva do curatelado.
(GAGLIANO & FILHO, 2018)
3/9/20XX Título da Apresentação 11
Assim também pensa Carlos Roberto Gonçalves: Segundo a
noção, já enunciada, da responsabilidade objetiva das pessoas
mencionadas no art. 932, a situação dos tutores e curadores é
idêntica à dos pais: respondem (com seu patrimônio) pelos
pupilos e curatelados nas mesmas condições em que os pais
respondem pelos filhos menores. (GONÇALVES, Carlos
Roberto, 2018, p. 42).

3/9/20XX Título da Apresentação 12


Ricardo Pinto da Silva em texto científico:

Todavia, é de se destacar que com a vigência do Estatuto, mesmo


aqueles que, tenham a necessidade da curatela, sejam declarados
relativamente incapaz, não serão excluídos da responsabilidade dos
danos causados a terceiro, pois conforme o Estatuto a curatela é
restrita a atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e
negocial. Destarte, tendo em vista essa restrição, a responsabilidade
objetiva do curador em relação aos danos causados pelo curatelado a
terceiros estaria afastada. (SILVA, 2019)

3/9/20XX Título da Apresentação 13


Ficam as reflexões...

3/9/20XX Título da Apresentação 14

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