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EXCELENTÍSSINO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA REPÚBLICA


FEDERATIVA DO BRASIL

FERNANDO FEIJÃO, brasileiro, médico, casado,


inscrito no CPF sob o nº XX.XXX.XXX-XX, portador do IFP nº
XXXXXX-X e do CRM RJ XX.XXX, residente e domiciliado na Rua
Joaquim Gomes Veiga nº XXX, Vila Isabel, Três Rios, Estado do Rio de
Janeiro, CEP XXXXX-XXX, por seu advogado Dr. Carlão Grandão,
brasileiro, casado, possuidor no cadastro na OAB/RJ n° XXX.XXX,
conforme documento de procuração (doc.01), com escritório nesta
cidade, à Rua Condessa do Rio Novo, nº XXX, X ANDAR, SALA X,
centro, Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, CEP XXXXX-XXX aonde
recebe, intimações, citações, avisos e demais documentos de praxe, vêm
perante Vossa Excelência, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

contra ato do Excelentíssimo Senhor MINISTRO DE ESTADO DA


SAÚDE DO BRASIL MARCELO CAMPOS, brasileiro, casado,
funcionário público, portador do RG n° XXXX-X, CPF n° XXX.XXX.XXX-
XX, , que poderá ser encontrado no Sede do Ministério da Saúde –
Esplanada dos Ministérios, Bloco G. Brasília, Distrito Federal, Brasil,
CEP 70058-900.

I – DO CABIMENTO

O Art. 5º, LXIX, da Constituição Federal do Brasil, determina:


“Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por hábeas corpus ou hábeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.”

E o Art. 108, I, “c”, da Constituição Federal do Brasil, prescreve:

“Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato


de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;”

É entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro que Mandado de


segurança é a ação civil de rito sumaríssimo pela qual qualquer pessoa
pode provocar o controle jurisdicional quando sofrer lesão ou ameaça de
lesão a direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus nem
habeas data, em decorrência de ato de autoridade, praticado com
ilegalidade ou abuso de poder. .

A conceituação do que seja líquido e certo é tormentosa, mas


entende-se como o direito demonstrado de plano, sem incerteza a
respeito dos fatos narrados pelo impetrante. Segundo Hely Lopes
Meirelles, é o que se apresenta manifesto na existência, delimitado em
sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração.

O art. 1º, da Lei 12.016 de 07 de agosto de 2009, disciplina:

“Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa
física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por
parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as
funções que exerça.”

DOS FATOS

Foi expedido mandado de prisão preventiva contra Fernando,


médico pertencente ao quadro de pessoal do Ministério da Saúde. Por
considerar ilegal a referida medida, Fernando furtou-se ao seu
cumprimento e deixou de comparecer ao seu local de trabalho durante
mais de quarenta dias consecutivos. Após esse período, tendo sido
concedido habeas corpus em seu favor, o médico retornou ao
exercício regular de suas funções laborais.

O ministro de Estado da Saúde instaurou processo administrativo


disciplinar para apurar suposta irregularidade na conduta de Fernando,
relativa a abandono de cargo. Na portaria de instauração do processo,
optou-se pelo rito sumário, tendo sido designados para compor a
comissão disciplinar, como membro e presidente, dois servidores
federais estáveis ocupantes do cargo de agente administrativo,
ambos com escolaridade de nível superior.

Foram indicadas, também, a autoria e a materialidade do fato


tido como irregular. Três dias após a publicação da portaria, o servidor
foi indiciado por violação ao art. 138, c/c com o art. 132, inciso II,
ambos da Lei nº 8.112/1990, e, posteriormente, citado para a
apresentação de defesa no prazo de cinco dias.

Na peça de defesa, o advogado do servidor, em pedido


administrativo, postulou a oitiva de testemunhas, aduzindo que estas
comprovariam que a ausência do acusado ao local de trabalho fora
motivada por seu entendimento de que a ordem de prisão seria ilegal e
que, tão logo afastada a ordem, o médico retornara às suas atividades.
O presidente da comissão de processo administrativo
disciplinar indeferiu o pedido de produção de prova testemunhal,
considerando-o impertinente, sob o argumento de que o rito escolhido
pela autoridade instauradora prevê instrução sumária, sem a
possibilidade de produção de prova, nos termos do art. 133, inciso II, da
Lei nº 8.112/1990.

No relatório final, sugeriu-se a demissão do servidor, com fulcro


nos artigos citados na peça de indiciação, tendo sido a sugestão
acolhida pelo ministro da Saúde. A portaria de demissão por abandono
de cargo, assinada há cinco meses, foi publicada no Diário Oficial da
União há três meses.

DO DIREITO

Insta ressaltar que, de acordo com o art. 5º, inciso LV, da


Constituição Federal, o impetrante possui o direito à ampla defesa e o
contraditório, sendo permitido, portanto, a solicitação da produção
de prova testemunhal:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

(...)LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;"

Na Lei nº 9.784, os princípios da ampla defesa e do contraditório


estão mencionados no artigo 2º, entre os princípios a que se sujeita a
Administração Pública.
O princípio da ampla defesa é aplicável em qualquer tipo de
processo que envolva situações de litígio ou o poder sancionatário do
Estado sobre as pessoas físicas e jurídicas. É o que decorre do artigo 5º,
LV da Constituição e está também expresso no artigo 2º, parágrafo
único, inciso X, da Lei nº 9.784, que impõe, nos processos
administrativos, sejam assegurados os “direitos à comunicação, à
apresentação de alegações finais, à produção de provas e à
interposição de recursos, nos processos de que possam resultar
sanções e nas situações de litígio”. O princípio do contraditório, que é
inerente ao direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do processo:
quando uma das partes alega alguma coisa, há de ser ouvida também a
outra, dando-se-lhe oportunidade de resposta. O princípio do
contraditório supõe seu direito de resposta ou de reação e o
conhecimento dos atos processuais pelo acusado.

Torna-se claro que o direto fundamental à ampla defesa e o


contraditório foram violados pelo indeferimento do pedido de
produção de prova testemunhal pelo presidente da comissão de
processo administrativo disciplinar, negando-lhe, assim, a
produção de provas e seu direito de resposta.

Nesse sentido é o entendimento do STJ no julgamento do


RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20.123 - RJ
(2005/0091817-4), sintetizado em sua emenda:

“Requerida e deferida a produção de provas em momento


oportuno, configurou cerceamento de defesa o julgamento de
mérito do processo administrativo antes que tais provas
fossem juntadas aos autos, o que constitui nulidade
insanável.”

Há de ressaltar também a inobservância do art. 149 da Lei nº


8.112/1990 na formação da comissão disciplinar, que prescreve:
“Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
composta de três servidores estáveis designados pela
autoridade competente, observado o disposto no § 3o do art.
143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter
nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.”

Visto a portaria de instauração do processo, designar para


compor a comissão disciplinar, como membro e presidente, apenas dois
servidores federais.

“O vício de forma consiste na omissão ou na observância


incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou
seriedade do ato” (art. 22, parágrafo único, “b”, da Lei nº 4.717). 0 ato é
ilegal, por vício de forma, quando a lei expressamente a exige ou
quando determinada finalidade só possa ser alcançada por determinada
forma.

DA LIMINAR

O “fumus boni iuris” é demonstrado pelo impetrante no direito


subjetivo deste a ampla defesa, o contraditório e a observância da forma
no processo administrativo disciplinar.

O “periculum in mora” é fato indiscutível, uma vez que a


demissão do servidor, privando-o de seus proventos e maculando
histórico funcional, pode acarretar danos de difícil reparação ao
impetrante.

Isto posto, o impetrante requer a V. Exª. conceda a segurança


LIMINARMENTE INALDITA ALTERA PARTS, diante do perigo da demora
exposto acima.
DO PEDIDO

Requer-se:

1- Que seja deferida a LIMINAR INALDITA ALTERA PARTS, a


declaração de nulidade do processo administrativo disciplinar e
todos os seus efeitos, inclusive anulando a demissão e
reintegrando o servidor em seu cargo, com efeito ex tunc.
2- A manutenção da liminar, e ao final seja julgado procedente no
mérito a presente ação;
3- Que o representante do Ministério Público seja ouvido;
4- Requer, ainda, depois de concedida a liminar rogada, seja instada
a douta autoridade coatora, para prestar informações.
Tudo por medida para alcance da JUSTIÇA!

Dá-se à causa, o valor de R$ 100.000,00 .

Rio de Janeiro, 08 de novembro de 2012

Pede Deferimento

Carlão Grandão
Número de inscrição na OAB/RJ n° XXX.XXX

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