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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RORAIMA

ERICSON PINHEIRO DANTAS, brasileiro, solteiro,


policial militar, RG nº 137778 SSP/RR e do CPF nº 447.413.912-
72, residente à Rua Natal, nº 1640, Bairro Dr. Silvio Leite, Boa
Vista/RR, CEP nº 69.310-751, endereço eletrônico:
evandro.esfera@gmail.com, telefone: (95) 99129-2180 e 99141-
4480, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente
à honrosa presença de Vossa Excelência, com fundamento no art.
5º, LXIX, da Constituição Federal, e art. 1º, da Lei nº 12.016,
de 7 de agosto de 2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO
TUTELA DE URGÊNCIA apontando como Autoridade Coatora o Sr.
SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE RORAIMA, podendo ser
notificado para prestar as informações na sede da Secretaria
Estadual de Saúde (Sesau), situada na Rua Madrid, nº 180, Bairro
Aeroporto, Boa Vista/RR, telefone (95)2121-9521 e para fins do
art. 6º da Lei 12.016/2009 indicando o ESTADO DE RORAIMA, pessoa
jurídica de direito público interno, CNPJ nº 84012012/0001-26,
presentado pelo seu Procurador Geral do Estado, com endereço na
Avenida Ville Roy, nº 5.249, bairro Centro, Boa Vista/RR, Cep
69.301-000, como sendo a pessoa jurídica a que a autoridade
coatora está vinculada, pelos motivos a seguir expostos:

1 - DOS FATOS

O impetrante padece de infecção do sistema


nervoso central compatível com neurocriptocose, conforme atestam
os documentos anexos.

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Após o diagnóstico, os médicos receitaram o uso
da seguinte medicação: Anfotericina B complexo lipídico 5mg/ml
(28 ampolas) ou Anfotericina B lipossomal 50mg (56 ampolas).

Ocorre que o impetrante não dispõe de condições


financeiras para arcar com o pagamento dos referidos
medicamentos sem prejudicar a subsistência de sua família e o
ESTADO DE RORAIMA, por meio de sua Secretaria de Saúde informou
que não possui esses medicamentos em seu estoque farmacêutico,
conforme atesta o Ofício nº 525/2020/SESAU/CGAN anexo.

2 - DA COMPETÊNCIA

Tendo em vista que a Autoridade Coatora é o


Secretário Estadual de Saúde, o presente Mandado de Segurança
possui competência originária do Tribunal Pleno do Egrégio
Tribunal de Justiça de Roraima.

Acerca desse assunto, vejamos como ficou o


texto do artigo 77, inciso X, alínea “m” da Constituição do
Estado de Roraima após a Emenda à Constituição nº. 062/19

Art. 77. Compete ao Tribunal de


Justiça do Estado: [...]

X – processar e julgar
originariamente:

m) mandados de segurança e de injunção


e os habeas data contra atos e
omissões do Governador do Estado, da
Mesa e da Presidência da Assembleia
Legislativa, dos Secretários de
Estado, do Reitor da Universidade
Estadual, do Presidente do Tribunal de
Contas, do Procurador-Geral de Contas,
do Procurador-Geral de Justiça, do
Procurador-Geral do Estado, do
Procurador-Geral da Assembleia
Legislativa, do Corregedor-Geral de
Justiça, do titular da Defensoria
Publica, do Conselho da Magistratura,
dos Juízes de Direito e Juízes
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Substitutos, do próprio Tribunal,
inclusive seu Presidente.

Dessa forma, eis o ajuizamento do presente


feito, junto ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
Roraima.

3 - DA INDICAÇÃO DA AUTORIDADE COATORA

A autoridade coatora indicada, ou seja, o


SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE RORAIMA é parte
legítima para integrar o polo passivo deste remédio
constitucional vez que a esta compete o fornecimento de
medicamento à população.

4 - DO ATO COATOR

Pela juntada de toda a documentação anexa, tem-


se suficientemente provada a prática do ato coator que ora se
ataca, ou seja, o não fornecimento de medicamentos.

Pois bem, conforme se verifica dos documentos


que instruem este writ, sevem tão somente para demonstrar a
ilegalidade do ato coator ora atacado.

5 - DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

Segundo a melhor doutrina, direito líquido e


certo é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova
pré-constituída, sem necessidade de dilação probatória. Conforme
ensina HELY LOPES MEIRELLES, trata-se de direito “manifesto na
sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser
exercitado no momento da impetração”.

A saúde é um dever solidário dos entes


federados e um direito do cidadão, sendo prerrogativa assegurada
pelo texto constitucional vigente, em vários de seus

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dispositivos, como arts. 5º, 6º, 7º, inciso XXII, 23, inciso II,
24, inciso XII, 30, inciso VII, 197, 198, 199 e 200.

Nesse sentido, não restam dúvidas quanto a


existência do direito líquido e certo da impetrante em receber o
medicamento que precisa da rede pública de saúde.

6 - DO FUNDAMENTO RELEVANTE E DA POSSIBILIDADE DE INEFICÁCIA DA


MEDIDA CASO SEJA CONCEDIDA SOMENTE AO FINAL – NECESSIDADE DE
LIMINAR

O inciso III do art. 7º da Lei 12.016/2009


exige para o deferimento de liminar a presença de fundado receio
de lesão grave de difícil reparação, ou seja, a presença de
periculum in mora e do fumus bonis iuris.

Ante os fatos e fundamentos anteriormente


elencados, clara está a certeza e a liquidez do direito do
impetrante rogar pelo deferimento de liminar neste ato, uma vez
que estão presentes todos os requisitos necessários.

Recorrendo mais uma vez ao abalizado


ensinamento do HELY LOPES MEIRELES, em sua obra citada, tem-se
que a liminar não é uma liberalidade da Justiça; é uma medida
acauteladora do direito do impetrante, que não pode ser negado
quando ocorrer seus pressupostos.

Mais adiante acrescenta o jurista que a medida


liminar “não deve ser negada quando se verifiquem seus
pressupostos legais, para não se tornar inútil o pronunciamento
final a favor do impetrante. Casos há – e são frequentes – em
que o tardio reconhecimento do direito do postulante enseja
total aniquilamento. Em tais hipóteses, a medida liminar impõe-
se como providência de política judiciária, deixada à prudente
discrição do juiz” (pág. 69 e 72)

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Essas exigências são as mesmas que fundamentam
a admissibilidade do processo cautelar em geral, representadas
pelo fumus boni iuris e o periculum in mora.

E nisto consiste o fumus bonis iuris, isto é,


no juízo de probabilidade e verossimilhança do direito a ser
acertado e provável perigo em face do dano ao possível direito
pedido. No caso em análise está presente a fumaça do bom direito
evidenciada pela comprovação in limine da necessidade premente
da utilização da medicação receitada para tratar a infecção do
sistema nervoso central do impetrante.

Ademais, é certo que para obtenção da tutela


cautelar, a parte deve demonstrar fundado receio, temor de que,
enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar às
circunstancias de fato favoráveis à própria tutela. Isto pode
ocorrer quando há risco de perecimento, destruição, desvio,
deterioração ou de qualquer mutação das pessoas, bens, situações
ou provas necessárias para o perfeito e eficaz provimento final
do processo.

O perigo de dano refere-se, portanto, ao


interesse processual em obter composição do litígio, seja em
favor de uma ou de outra parte, o que não poderá ser alcançado
caso se concretize o dano temido. A apreciação desse requisito
é feita apenas num julgamento, que a doutrina chama de
probabilidade sobre a possibilidade do dano ao provável direito
vindicado.

Dos fatos acima narrados sobressai a relevância


dos fundamentos que motivaram a impetração do presente mandamus,
notadamente o fato de que se busca proteger um direito subjetivo
à saúde, cuja liquidez e certeza estão suficientemente
demonstradas pelos documentos ora acostados, sendo, portanto,

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justo que o impetrante tenha respeitado sua própria dignidade e
receba os medicamentos de que precisa.

Destarte, estando presentes os requisitos


legais do fumus boni iuris e do periculum in mora, torna-se
imperiosa a concessão de medida liminar para que seja
determinado à Autoridade Coatora forneça no prazo de 48hrs a
medicação indicada na receita médica anexa.

Por isso, a concessão da medida liminar,


inaudita altera pars, é medida imperativa.

7 - DO PEDIDO

Em face do exposto, requer:

a) LIMINARMENTE, e inaudita altera pars, com


fundamento no art. 7º, inciso III, da Lei
12.016/09, para que seja determinado à
Autoridade Coatora que no prazo de 48hrs
forneça o medicamento Anfotericina B complexo
lipídico 5mg/ml (28 ampolas) ou Anfotericina B
lipossomal 50mg (56 ampolas), sob pena de multa
pessoal diária de R$ 10.000,00, a ser arcada
pelo Secretário de Saúde e revertida em favor
do impetrante, pelo período que for necessário
para o tratamento, ou seja, a critério médico;

b) O pagamento das custas processuais será


realizado decorrido o prazo de 24hs do
ajuizamento do mandado de segurança em razão da
necessidade de expedição da respectiva guia, o
que só possível após esse prazo.

c) que sejam requisitadas da Autoridade Coatora


as informações que entender necessárias, nos
termos da Lei, no prazo de 10 (dez) dias.
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d) que seja notificado o órgão de representação
judicial da pessoa jurídica interessada, no
caso o ESTADO DE RORAIMA através de sua
Procuradoria - Geral, no seguinte endereço:
Avenida Ville Roy, nº 5.249, bairro Centro, Boa
Vista/RR, Cep 69.301-000;

e) Prestadas as informações, ou transcorrido o


prazo quedando-se inerte, que se dê vista ao
Ministério Público Estadual, para emissão de
parecer acerca da questão ora em comento.

f) E por fim, após terem sido observadas as


demais formalidades legais, requer a CONCESSÃO
DA SEGURANÇA em definitivo, com o fito de,
confirmando-se a liminar, antes requerida,
determinando à Autoridade Coatora Autoridade
Coatora que no prazo de 48hrs forneça o
medicamento Anfotericina B complexo lipídico
5mg/ml (28 ampolas) ou Anfotericina B
lipossomal 50mg (56 ampolas), sob pena de multa
pessoal diária de R$ 10.000,00, a ser arcada
pelo Secretário de Saúde e revertida em favor
do impetrante, pelo período que for necessário
para o tratamento, ou seja, a critério médico.

Protesta provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidos, se ainda necessárias forem, embora
se saiba que a prova em sede de mandado de segurança deve ser
pré-constituída.

Dá-se à presente causa o valor e R$ 1.000,00


(mil reais) para todos os efeitos legais.

Aguarda deferimento.

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Boa Vista (RR), 07 de agosto de 2020.

Luiz Eduardo Ferreira Cardoso


OAB/RR - 1563

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