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EXCELENTISSIMO JUIZ FEDERAL DA ....... SUBSEÇÃ O JUDICIÁ RIA FEDERAL DE ......

Nome, brasileira, casada, auxiliar de cozinha, inscrita no Cadastro de Pessoas


Físicas (CPF) sob o nº................., Registro Geral (RG) nº..............., residente e
domiciliada à Endereço, por intermédio de seus procuradores (procuraçã o anexa),
com escritó rio profissional à [Endereço] CEP 00000-000, e-mail: .............., vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, IMPETRAR o presente,

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

Com fundamento no art. 5º, LXIX da CF e na Lei 12.016/09, contra ato ilegal do Sr
(a). .............., podendo ser encontrado no Endereço:..............., estando à autoridade
coatora vinculada à pessoa jurídica do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL,
com endereço: .............., pelos fatos e fundamentos adiante exposto.
I - DOS FATOS

A Paciente em 22/12/2021 requereu junto a Previdência Social auxílio por


Incapacidade Temporá ria, (NB: 00000-00), devido ser portadora de Ceratocone em
ambos os olhos, (doença progressiva e degenerativa dos olhos), impossibilitando á
para o exercício de seu labora como auxiliar de cozinha e outras tarefas
corriqueiras.

A Paciente foi submetida a transplante có rneo no olho direito em outubro


de 2021, devido à piora da doença (agravamento da doença), conforme relató rio
médico apresentado na perícia médica, juntamente com outros documentos
probató rios.

Mesmo diante de laudo médico, com outros documentos probató rios,


apresentado à perícia médica realizada em 22/03/2022 teve decisã o desfavorá vel;
por entender o Respeitá vel Perito que ficou constatado que sua incapacidade para
o trabalho era anterior ao início de suas contribuiçõ es para Previdência Social. Sem
se dar por conta do fato que houve evoluçã o do agravamento da doença.

Indeferido o benefício, apresentou recurso administrativo protocolado em


28/04/2022 conforme có pia de processo administrativo em anexo,

Ocorre que até a presente data o recurso nã o foi julgado pela Junta de
Recursos da Previdência Social, tendo sido extrapolado (e muito) o prazo previsto
na Lei nº. 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo).

Por esse motivo a Paciente impetra o presente Mandado de Segurança,


buscando o amparo do seu direito líquido e certo à aná lise e manifestaçã o acerca
do seu recurso administrativo.

2 - DOS DIREITOS
2.1 - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Conforme o Artigo 5º LXIX, da Constituiçã o da Repú blica Federativa do


Brasil, conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
nã o amparado por "habeas-corpus" ou "habeas- data", quando o responsá vel pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pú blica ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuiçõ es do Poder Pú blico.

Nesse mesmo sentido é a redaçã o do artigo 1º da Lei 12.016 de 2009 ao


assegurar que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, nã o amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violaçã o ou
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funçõ es que exerça.

Assim, o direito líquido e certo está sendo violado por ato ilegal do INSS - na
figura do Presidente da Junta de Recursos da Previdência Social - eis que até o
presente momento o seu recurso administrativo em pedido de concessã o de
auxilio por incapacidade sequer fora analisado, estando o direito do segurado à
razoá vel duraçã o do processo e à celeridade de sua tramitaçã o, sendo ferido de
morte.

2.2 - DO INTERESSE DE AGIR

No presente caso o interesse processual da Impetrante assenta-se na


omissã o do [Nome da APS] que até o momento nã o se manifestou acerca do pedido
administrativo formulado pelo Impetrante, tendo sido ultrapassado o prazo
previsto na Lei nº. 9.784/99 sem que tenha sido proferida decisã o.

Nessa esteira, evidente a presença do trinô mio, necessidade, utilidade,


adequaçã o que caracteriza o interesse de agir, na medida em que o ato ilegal
emanado pelo Administrador somente poderá ser reparado pela atuaçã o do Poder
Judiciá rio, por meio do processo, instrumento ú til e adequado para persecuçã o
deste fim.
Pelo exposto, denota-se que a omissã o e a inércia administrativa implicam
em grave prejuízo ao seu direito, e assim configura o interesse de agir.

3 - DO MÉRITO

No que se refere ao mérito da presente açã o, vislumbra-se que o processo


administrativo decorre do poder do INSS de administrar e manter benefícios
previdenciá rios, bem como da garantia de petiçã o constitucionalmente prevista,
assegurada aos segurados e dependentes.

Nesse contexto, a Lei 9.784/99 regulamenta o processo administrativo no


â mbito da Administraçã o Pú blica Federal, de modo que estabelece, em seu art. 49 ,
o prazo de trinta dias para decisã o dos requerimentos efetuados pelos
administrados, prazo esse prorrogá vel por igual período mediante motivaçã o
expressa:

Aliado a isso, uma das garantias constitucionais aplicá veis ao processo


administrativo previdenciá rio é o princípio da celeridade ou da duraçã o razoá vel
do processo, previsto no art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88, aonde se faz o
entendimento de que no â mbito judicial e administrativo todos terã o a segurança
de um processo com duraçã o razoá vel e a preservaçã o dos meios que garantam a
celeridade de sua tramitaçã o.

Outro preceito a ser observado é o princípio da eficiência administrativa,


constante no art. 37, caput, da CF/88:

Art. 37. A administraçã o pú blica direta e indireta de qualquer dos Poderes da


Uniã o , dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:

Nesse contexto, o TRF da 4a Regiã o é uníssono ao conceder a segurança


pretendida em casos aná logos:
MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁ RIO. PEDIDO DE CONCESSÃ O DE
BENEFÍCIO. DEMORA NA DECISÃ O. 1. A razoá vel duraçã o do processo, judicial
ou administrativo, é garantia constitucional (art. 5º, LXXVIII). 2. A Lei n.
9.784/99, que regula o processo administrativo no â mbito federal, dispô s, em
seu art. 49, um prazo de trinta dias para a decisã o dos requerimentos
veiculados pelos administrados, prazo esse prorrogá vel por igual período
mediante motivaçã o expressa, o que nã o ocorreu no caso . (TRF4 5031488-
12.2019.4.04.7100, SEXTA TURMA, Relator JULIO GUILHERME BEREZOSKI
SCHATTSCHNEIDER, juntado aos autos em 27/11/2019)

PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RAZOÁ VEL DURAÇÃ O DO


PROCESSO ADMINISTRATIVO. EXCESSO DE PRAZO. CONCESSÃ O DE ORDEM.
LEGALIDADE. 1. A Administraçã o Pú blica direta e indireta deve obediência aos
princípios estabelecidos na Constituiçã o Federal, art. 37, dentre os quais o da
eficiência. 2. A prá tica de atos processuais administrativos e respectiva decisã o
encontram limites nas disposiçõ es da Lei 9.784/99, sendo de cinco dias o prazo
para a prá tica de atos e de trinta dias para a decisã o. Aqueles prazos poderã o
ser prorrogados até o dobro, desde que justificadamente. 3. Nã o se desconhece
o acú mulo de serviço a que sã o submetidos os servidores do INSS ,
impossibilitando, muitas vezes, o atendimento dos prazos determinados pelas
Leis 9.784/99 e 8.213/91. Ressalte-se, porém, que "independentemente dos
motivos, o exercício dos direitos relativos à saú de, à previdência e à assistência
social nã o pode sofrer prejuízo decorrente de demora excessiva na prestaçã o
do serviço pú blico, devendo a questã o ser analisada com base nos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade" (TRF4, 6a Turma, Remessa Necessá ria n.
5023894- 74.2015.4.04.7200, Relatora Desembargadora Federal Salise
Monteiro Sanchotene). 4. Ultrapassado, sem justificativa plausível, o prazo para
a decisã o, deve ser concedida a ordem. ( TRF4 5036441-28.2019.4.04.7000,
TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR, Relator LUIZ FERNANDO WOWK
PENTEADO, juntado aos autos em 28/11/2019)

Diante da ausência de aná lise do requerimento protocolado pela Paciente,


resta caracterizada a ilegalidade da Autoridade Administrativa, ainda que a inércia
nã o decorra de voluntá ria omissã o dos agentes pú blicos competentes.

Com efeito, o Demandante está sendo prejudicado pela demora na aná lise
de seu pedido. Ademais, nã o é razoá vel exigir do Segurado a espera indefinida, sem
qualquer justificativa para tal.
Logo, requer seja concedida a segurança, para determinar que a Autoridade
Impetrada decida o requerimento administrativo em prazo nã o superior a 30
(trinta) dias, sobretudo tratando-se de direito líquido e certo, que nã o demanda
dilaçã o probató ria e que teve o prazo legal violado.

4 - DA TUTELA DE URGÊNCIA

O Có digo de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que "A tutela de
urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do
processo".

No presente caso, o direito está manifestamente comprovado, uma vez que


fora ultrapassado e muito o prazo de 30 dias, prorrogá veis por mais 30, previsto
no art. 49 da Lei do Processo Administrativo.

O periculum in mora se dá pelo cará ter alimentar do benefício , sobretudo


no presente caso, em que a Paciente está a depender da aná lise do recurso e a
concessã o do benefício para seu sustento, haja vista a evoluçã o da doença
impedindo-lhe de trabalhar, consequentemente afetando de forma expressiva sua
vida, tanto no lado financeiro quanto o emocional.

Diante dos fatos narrados, preceitua o Art. 7º, III da Lei 12.016/19, aonde se
faz o entendimento de que a liminar será concedida suspendendo-se o ato que deu
motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento do pedido e o do ato
impugnado puder resultar a ineficá cia da medida.

Desse modo, a Paciente aguarda uma resposta da Impetrada a mais de 90


dias, pois protocolou seu recurso em 28/04/2022, ultrapassando em muito o
prazo previsto no art. 49 da Lei 9784/99.

Diante dos relatos a Paciente requer a esse juízo a concessã o da tutela de


urgência em cará ter liminar, inaudita altera parts, nos termos do art. 7º da Lei
12.016/09, juntamente com a violaçã o do acordo firmado junto ao STF no Tema
1066 do STF, com vistas a guarnecer seus direitos.
5 - DO PEDIDO

Isso posto requer:

1. O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural;

2. O deferimento do benefício da Gratuidade da Justiça, na medida em que o


Paciente nã o possui condiçõ es de custear o processo sem prejudicar seu sustento e
de sua família, nos termos do art. 5º LXXIV da CF/88 e do arts. 98 e seguintes do
CPC;

3. A antecipaçã o dos efeitos da sentença, em cará ter liminar, inaudita altera parts ,
nos termos do art. 7º III da Lei 12016/06, de forma a determinar que a Autoridade
Coatora proceda ao julgamento do recurso administrativo pela Paciente;

4. A notificaçã o da autoridade coatora, qual seja, o Sr............., para prestar


esclarecimentos;

5. A citaçã o do ó rgã o ao qual a Autoridade coatora está vinculada, qual seja, o INSS,
na pessoa do seu Procurador Federal, para que este tome ciência da negativa ora
questionada;

6. A intimaçã o do Ministério Pú blico Federal para que se manifeste nos autos;

7. A concessã o da segurança, impondo o INSS à obrigaçã o de fazer para que decida


no recurso administrativo do benefício de requerimento NB 00000-00(auxílio por
Incapacidade Temporá ria), no prazo de 10 (dez), dias conforme Tema 1066 do
STF. Fixando-se astreintes no caso de descumprimento da obrigaçã o;

8. Tratando-se de pedido de obrigaçã o de fazer, requer, em caso de


descumprimento da obrigaçã o, que seja aplicada multa diá ria (astreintes), no valor
de R$ 00.000,00na forma prevista nos arts. 497, 536, § 1º e 537 do CPC/15, valor
este que deverá ser revertido em favor da Paciente. Assim, como incidência de
juros de mora (art. 1º F da Lei nº 9.494/97), como a correçã o monetá ria com
índice INPC conforme Tema 1066 do STF.
Dá -se a causa o valor de R$ 00.000,00

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e Data

ADVOGADA

OAB

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