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2.º SEMESTRE
SEBENTA PRÁTICA DE
D I R E
I T O
ADMINISTRATIVO
André Rosa
Carolina Medeiros
Duarte Nogueira
Faculdade de Direito da Universidade do Porto 2021/2022
Regulamento Administrativo
Quanto a esta figura, pode ser definida como uma norma jurídica, geral e abstrata, adotada
pela Administração Pública no exercício de poderes jurídico-administrativos. O
regulamento administrativo está sujeito aos princípios gerais da atividade administrativa,
nomeadamente ao princípio da legalidade (precedência, primazia e reserva de lei).
- Reserva de lei – algumas matérias cuja regulamentação apenas poderá ser feita por lei;
- Precedência de lei – o poder regulamentar baseia-se sempre numa lei prévia;
- Primazia de lei – a lei prevalece sobre os regulamentos. É hierarquicamente superior.
Nenhum regulamento pode revogar uma lei.
No que toca a esta relação com a lei, podemos chegar às seguintes espécies de
regulamentos:
Definição legal de regulamento administrativo – artigo 135º CPA. São normas gerais
e abstratas, no exercício de poderes jurídico-administrativos, com vista à produção de
efeitos jurídicos externos.
Os regulamentos administrativos podem ter eficácia interna (dentro da pessoa coletiva
que os emanou) ou externa (os seus efeitos jurídicos fazem-se sentir fora da pessoa
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coletiva que os emanou). Se podemos distinguir, dentro dos regulamentos, os que têm
eficácia interna e externa, como se explica a definição legal do artigo 135º do CPA?
Tem-se entendido que este artigo não ajuda a delimitar a qualificação do regulamento
administrativo. Tem uma função apenas de delimitar o âmbito de aplicação objetivo
do CPA. As normas do CPA que tenham por objeto específico regulamentos
administrativos apenas se aplicarão aos regulamentos administrativos com eficácia
externa.
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2. Declaração que esclarece, após pedido do interessado, que “de acordo com os
registos o contribuinte não tem dívidas fiscais”;
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Se não for possível um contrato de compra e venda, previsto no CC, parte-se para a
expropriação por utilidade pública, que consta do Código das Expropriações. Esta
expropriação é um ato administrativo.
O ato que aplica a coima ao particular é um verdadeiro ato administrativo. É uma decisão
unilateral, produtora de efeitos jurídicos externos e inovadores numa situação individual
e concreta.
O facto de ter sido praticado por uma entidade concessionária não tem relevância. Não
são só os órgãos da Administração Pública que podem praticar atos administrativos.
Também o podem fazer as entidades privadas, desde que exerçam funções jurídico-
administrativas.
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Duas figuras:
Contrato de empreitada de obras públicas: contrato administrativo sujeito à disciplina do
Código do Contrato Público. A prática do contrato administrativo deve ser antecedida por
um procedimento administrativo, que se designa por procedimento pré-contratual. Este
inicia-se sempre com o ato pelo qual o órgão competente decide contratar. Isto significa
que a entidade pública decidiu que a celebração do contrato seria a via mais adequada
para a satisfação do interesse público. O procedimento termina sempre com a prática de
um ato administrativo, que pode ser:
- Ato de adjudicação – ato administrativo pelo qual se atribui a celebração do contrato ao
candidato graduado em 1º lugar;
- Ato de não adjudicação – pode ser praticado quando houver perda de interesse em
contratar, ou quando nenhum dos candidatos apresentar uma proposta vantajosa do ponto
de vista da prossecução do interesse público.
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Artigo 160º CPA – exceção, relativa aos atos administrativos de conteúdo desfavorável
para os particulares. Só produzem efeitos depois de os particulares afetados serem
notificados.
Todos os atos administrativos devem ser notificados (artigo 114º/1 CPA).
114º/2 CPA – elementos que devem constar do ato de notificação.
É importante saber a partir de que momento foi feita a notificação, pois os prazos para a
impugnação contenciosa começam a contar a partir dessa mesma data (artigo 159º nº2
CPTA).
Artigo 60º CPTA – hipóteses de notificações deficientes (nº1 – se da notificação não
resultar o sentido da decisão, os prazos para a impugnação contenciosa não começam a
contar. Apenas começam quando a situação seja regularizada).
Pode acontecer que o ato de notificação não faça referência ao autor, à data ou aos
fundamentos. Nestas situações, o prazo para a impugnação contenciosa começa a contar,
mas interrompe-se. É diferente falar em interrupção e suspensão. No caso da interrupção
do prazo, uma vez retomada a contagem, o período decorrido não é contabilizado.
Começa a contar do 0, ao contrário do que acontece na suspensão.
Artigo 112º CPA – modalidades de notificação (ex.: notificação eletrónica – 112º/1 c) +
112º/2 – é necessário o consentimento prévio do interessado para haver notificação
eletrónica).
Artigo 113º CPA – a notificação presume-se efetuada no terceiro dia útil posterior ao
registo ou no 1º dia útil seguinte a esse, quando esse dia não seja útil.
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Artigos 97º e ss. CPA – resultam daqui inconvenientes. Cingir a aplicação destas normas
aos regulamentos externos seria inconstitucional.
Artigo 136º/4 – referência aos regulamentos com eficácia interna.
Para contornar a inconstitucionalidade por omissão, aplicam-se analogicamente as
disposições do CPA relativas aos regulamentos administrativos com eficácia externa aos
regulamentos com eficácia interna.
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A propósito dos atos administrativos, podemos dizer que padecem de vícios materiais,
formais ou orgânicos. A esses vícios, associamos consequências jurídicas:
- Invalidade:
• Nulidade;
• Anulabilidade;
• Inexistência.
- Irregularidade;
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- Ineficácia.
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2. Regulamento de avaliação dos discentes que não foi sujeito a consulta pública;
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por disposições do regulamento. Pode ser escrita ou oral, e há situações em que pode nem
sequer ter lugar) ou da consulta pública (casos em que existe um elevado número de
interessados, ou quando a natureza da matéria o exija. É necessário que haja publicação do
projeto de regulamento no DRE, e no sítio institucional da entidade competente. Depois, abre-
se um prazo de 30 dias para que todos os interessados possam apresentar propostas de
alteração do projeto de regulamento).
- Elaboração do projeto final de regulamento administrativo
§ Fase constitutiva – aprovação do regulamento administrativo;
§ Fase integrativa de eficácia – o regulamento é publicado e inicia a produção de efeitos.
Aqui, temos um regulamento que deveria ter sido sujeito a consulta pública (elevado nº de
interessados), e não o foi. Logo, o regulamento viola uma norma legal (100º nº3 c. e 101º CPA).
Estamos por isso perante uma ilegalidade formal/procedimental.
144º CPA – o prazo para invocação da ilegalidade.
144º nº1 – ilegalidades materiais e orgânicas (podem ser invocadas a todo o tempo).
144º nº2 – ilegalidades formais/procedimentais (a ilegalidade pode ser invocada no prazo de 6
meses. Há situações em que se afasta este prazo e a ilegalidade pode ser invocada a todo o tempo –
inconstitucionalidade, preterição da forma legal, preterição da consulta pública).
Neste caso, aplica-se o 144º nº2. Como o fundamento da ilegalidade foi a preterição da consulta
pública, a ilegalidade pode ser invocada a todo o tempo.
3. Regulamento municipal que define as zonas de estacionamento proibido sem que do mesmo conste
qualquer preâmbulo;
É um regulamento de uma autarquia local, uma PC pública que integra uma forma de administração
autónoma – regulamento autónomo (não confundir com regulamentos independentes, apesar de
grande parte dos regulamentos autónomos serem independentes).
Os órgãos autárquicos podem elaborar regulamentos:
- No âmbito das competências próprias ou exclusivas (241º CRP). Aqui, estamos perante um
regulamento independente;
- Ao abrigo de uma autorização legal. Aqui, trata-se de um mero regulamento que complementa
ou executa uma lei.
Estes regulamento sujeitam-se aos princípios da atividade administrativa (subprincípio da reserva
de lei). Há alguns regulamentos das AL que podem levantar questões, do ponto de vista da
compatibilização com o princípio da reserva de lei:
- Regulamentos em matéria de DLG – de acordo com o 165º b. da CRP, existe uma reserva
relativa da AR quanto à possibilidade de legislar relativamente a esta matéria, o que é
confirmado pelo artigo 18º nº2 e 3 da CRP. Todavia, a doutrina portuguesa entende que não
existe uma proibição de as AL regulamentarem nesta matéria. Isto significa que podem, de facto,
elaborar regulamentos sobre direitos fundamentais, desde que o façam ao abrigo de uma
autorização legislativa, ou de um decreto-lei autorizado pela AR, desde que limitem os seus
termos e não impliquem restrições acrescidas;
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- Regulamentos em matéria tributária – podem criar regulamentos através dos quais introduzem
taxas. O regime geral das taxas é competência da AR. Quanto aos impostos, esta possibilidade
não existe. É uma reserva relativa da AR;
- Regulamentos em matéria sancionatória (criação de contraordenações) – o regime geral das
contraordenações prevê que a criação das contraordenações obedece ao princípio da legalidade.
Contudo, entende-se este princípio em sentido amplo em matéria contraordenacional, em bloco e
não em concreto. Logo, existe esta possibilidade.
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- Atos gerais (conjunto inorgânico de pessoas, aplicados num determinado local, e esgotam de
imediato a sua produção de efeitos)
Critério do conteúdo
- Atos de conteúdo positivo (introduzem uma alteração na esfera jurídica do destinatário)
- Atos de conteúdo negativo (recusam a introdução de uma alteração na esfera jurídica do
destinatário)
- Atos de conteúdo ambivalente (afetam os destinatários e terceiros, introduzindo uma alteração na
esfera jurídica dos destinatários, e recusando essa alteração na esfera jurídica de terceiros).
1. Ato que aplica uma sanção disciplinar a trabalhador com um vínculo de emprego público.
- Ato primário;
- Quanto ao autor, não sabemos;
- Ato singular;
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- Ato primário;
- Quanto ao autor, depende novamente;
- Ato singular;
- Ato de conteúdo positivo;
- Ato favorável (autorização entre a AP e um particular – autorização constitutiva. A diferença
para a permissiva é que o direito se constitui ex novo na esfera jurídica do destinatário. Na
permissiva, o direito já existe e o autorizado passa a poder exercê-lo);
- Ato bipolar
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Em princípio, este requerimento deve ser elaborado por escrito (102º nº1), apenas o podendo ser
oralmente nos casos expressamente previstos na lei.
128º - prazo geral para a decisão num procedimento administrativo (60 dias, com possibilidade de
ser prorrogado até 90 dias). Este artigo é derrogado quando exista um prazo especial (25º nº1 da lei
34/2004 – 30 dias).
128º nº3 – o prazo começa a contar desde a entrada do requerimento no serviço competente.
87º CPA – regra geral da contagem de prazos. Estes só se contam em dias úteis, suspendendo-se em
dias não úteis (finais de semana e feriados). Caso o prazo termine num dia não útil, transfere-se para
o dia útil seguinte. Pode ser afastada por norma especial (25º nº1 da lei 34/2004 – o prazo conta-se
de forma contínua, sem suspensões). Logo, o prazo de 30 dias contou-se continuamente.
Notificação – ato jurídico através do qual se dá conhecimento ao interessado de que foi praticado
um ato administrativo. A situação descrita no caso (a falta de notificação do particular) é um
silêncio administrativo, que pode ser entendido de 2 formas:
- Omissão ilegal;
- Formação de um deferimento tácito.
A regra é a de que o silêncio administrativo consubstancia uma omissão ilegal (199º CPA), mas a
formação de uma omissão ilegal não impede a possibilidade de ser praticado um ato expresso de
deferimento ou indeferimento, e o interessado pode reagir a essa omissão ilegal:
- Junto da AP, através dos mecanismos de impugnação administrativa (reclamação e recurso - 184º
nº1 b. e nº2 CPA);
- Junto dos tribunais administrativos, elaborando um pedido de condenação da AP à prática do ato
legalmente devido (37º nº1 b. e 67º nº1 a. CPTA).
Se a omissão ilegal é a regra, o deferimento tácito apenas se forma nos casos expressamente
previstos na lei.
25º nº2 da lei 34/2004 - a ausência de notificação decorrido o prazo de 30 dias consubstancia um
deferimento tácito. Afasta-se assim a regra do CPA.
O deferimento tácito não preclude a possibilidade de a AP praticar um ato administrativo expresso,
o que não é desejável (seria contrário ao princípio da boa-fé):
- A AP pode atuar em conformidade com o deferimento tácito (situação ideal);
- Pode depois praticar um ato expresso;
- Pode ter decidido e não notificado o interessado (também aqui se forma um deferimento tácito).
Em relação ao deferimento tácito, existem possibilidades de reação do interessado, para garantir que
não será depois praticado um ato expresso pela AP:
- Junto da AP, formulando um pedido de reconhecimento da formação de um deferimento tácito,
dirigido ao órgão com competência decisória;
- Junto dos tribunais administrativos, formulando um pedido de reconhecimento, por sentença, dos
efeitos associados ao deferimento tácito (37º nº1 f. CPTA).
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Aula de 23/03
Procedimento administrativo – a prática de qualquer ato jurídico tem de ser precedida
por um procedimento administrativo, atos e formalidades tendentes à formação e
execução da vontade dos órgãos da Administração Pública. A Constituição exige a
procedimentalização da atividade administrativa, concretizada no CPA por um conjunto
de disposições respeitantes ao procedimento administrativo comum:
- Procedimento administrativo tendente à prática de um ato administrativo
primário;
- Dirigido à emissão de normas regulamentares (que, como já foi visto, se aplicam
às normas regulamentares com eficácia interna e externa);
- Respeitante às garantias administrativas;
- Respeitante à anulação e revogação;
- Dirigido à execução de atos administrativos.
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mesma. Finda esta fase, elabora um relatório (artigo 126º CPA), que deve ser
enviado para o órgão com competência decisória, que passa a dirigir o
procedimento administrativo (é o que acontece no procedimento tendente à prática
de um ato administrativo primário);
● Órgão com competência decisória (artigo 36º CPA, ainda que exista a
possibilidade de delegação;
● Órgãos com competência consultiva (artigo 91º ss. CPA).
2ª questão:
● Princípio da boa administração (artigos 5º e 59º CPA) – tem uma vertente
material, mas aqui olharemos para ele na sua dimensão procedimental. Exige que
a Administração Pública se paute por critérios de eficiência, economicidade e
celeridade;
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prorrogado até 90 dias. Este prazo só se afasta quando disposição especial preveja
um caso distinto). Em matéria de contagem de prazos, o artigo 87º CPA prevê que
os prazos se suspendem em fins de semana e feriados e, se o prazo terminar em
dia não-útil, transfere-se para o dia útil seguinte.
Se a Administração Pública não tomar a decisão, incorre em silêncio
administrativo, que se pode consubstanciar numa omissão legal (129º CPA), ou
num deferimento tácito, quanto tal esteja legalmente previsto.
Em regra, o procedimento termina com a tomada da decisão final (artigo 93º CPA).
Contudo, pode não terminar com a decisão final. Há casos em que termina o prazo para
decidir sem que o particular seja notificado de qualquer decisão, casos em que se forma
um silêncio administrativo, silêncio este que pode ser uma omissão ilegal (artigo 129º
CPA), ou um deferimento tácito, apenas quanto tal seja expressamente previsto em norma
legal ou regulamentar.
Outras situações – pode também extinguir-se através de desistência ou renúncia (artigo
131º CPA), que pressupõem que o interessado elabore um requerimento dirigido à
Administração Pública, onde peça a extinção do procedimento, por renúncia ou
desistência. O órgão competente deve apreciar o requerimento e decidir, à luz do interesse
público, se deve ou não ser extinto o procedimento. A desistência apenas pode ter lugar
quando o procedimento tenha sido iniciado pelo interessado, enquanto que a renúncia
pode ter lugar independentemente da iniciativa.
Deserção (artigo 132º CPA) – se o procedimento estiver parado por mais de 6 meses, por
causa imputável ao interessado, deve ser declarado deserto, a menos que o interesse
público exija a sua continuidade.
Pode a lei exigir o pagamento de taxas e despesas procedimentais. Quando assim seja, a
falta de pagamento constitui uma causa de extinção do procedimento (artigo 133º CPA),
salvo em causa de comprovada insuficiência económica.
Pode ser extinto por inutilidade ou quando o fim pelo qual esse procedimento tenha
iniciado se torna impossível.
2 tipos:
- Interessados que atuam em prosseguimento de interesses difusos (artigo 68º/1, 2 e 3,
última parte);
- Interessados que atuam em defesa de interesses próprios e diretos (artigo 68º/1 e nº1, 1ª
parte).
Podem ser pessoas singulares ou coletivas; saber que é interessado no procedimento é
importante para efeitos do direito à informação procedimental, previsto no artigo 268º da
CRP, que apenas pode ser exercido pelos interessados no procedimento.
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Pareceres – não são atos administrativos, mas sim atos jurídicos instrumentais ou preparatórios.
São geralmente solicitados durante a fase de instrução. Os pareceres podem ser vinculativos ou não
vinculativos.
Se o parecer não é vinculativo, e o responsável pela direção do procedimento administrativo não o
seguir, não há nenhum vício subjacente, a não ser que não tenha sido uma escolha devidamente
fundamentada (artigo 152º/1 c) CPA – quando não se segue um parecer não vinculativo, deve essa
escolha ser fundamentada, sob pena de vício formal cuja consequência jurídica é a anulabilidade do
ato administrativo, nos termos do artigo 163º/1 do CPA).
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não for emitido o verdadeiro ato administrativo. A partir daí, já só pode ser impugnado o ato
administrativo.
O não reagir contra o parecer vinculativo não invalida a possibilidade de reação contra o ato
administrativo.
Esta possibilidade de reação preventiva serve não só os interessados, mas também o próprio órgão
com competência decisória. Para os interessados, é algo indiferente se o ato administrativo é legal
ou ilegal, o que interessa é que seja favorável. Para o órgão com competência decisória, o que
interessa é que o ato administrativo seja legal, e não que seja favorável ou desfavorável para os
interessados. Logo, esta possibilidade de recorrer de um parecer vinculativo também é importante
para o órgão com competência decisória.
Dever de informação – por parte da Administração Pública. Tem correspondência a dois direitos
fundamentais com natureza análoga a direitos, liberdades e garantias:
- Direito à informação procedimental (artigos 82º-85º CPA, artigo 268º/1 CRP);
- Direito à informação não procedimental (concretização do princípio da administração aberta,
previsto no artigo 17º CPA).
Situação hipotética – ficamos em 2º lugar num concurso público e queremos compreender o porquê
de não termos ficado em 1º. Pedimos a consulta dos documentos que instruíram o concurso público,
nomeadamente o currículo da pessoa que ficou em 1º lugar. Esta é uma situação de conflito com o
direito à proteção dos dados pessoais.
Para remediar este conflito, apenas se proporciona a informação que satisfaz as necessidades
invocadas, omitindo-se todas as informações irrelevantes que constam do currículo. Aplica-se o
princípio da proporcionalidade e da finalidade legítima.
Há um mecanismo de reação previsto nos artigos 104º e seguintes do CPTA, tanto para o direito à
informação procedimental como não procedimental.
Tramitação processual – aquilo que cada uma das partes no processo tem de fazer, como o tem de
fazer e em que prazos.
Urgente (mais simples e célere) e não urgente.
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Artigos 104º e 109º e seguintes CPTA – processos urgentes com tramitação simplificada e
acelerada. Os prazos são reduzidos para metade. Se o tribunal considerar que o pedido de
informação é procedente, a sentença vai condenar a entidade administrativa a facultar a informação
ao interessado, dentro de um determinado prazo.
Artigo 108º CPTA – este mecanismo vale quer estejamos perante uma recusa de acesso a
informação procedimental ou não procedimental.
A entidade administrativa não cumpre o prazo – se isso acontecer, apenas é necessário que o
interessado leve ao tribunal o conhecimento desse incumprimento. O tribunal condenará o
funcionário responsável (que tem na sua posse os documentos em questão) a pagar, diariamente,
uma sanção pecuniária compulsória, até que sejam finalmente facultados os documentos relativos
ao procedimento administrativo em questão. É um mecanismo muito eficaz.
Mecanismo específico para os casos de recusa face ao exercício de um direito à informação não
procedimental – queixa junto da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA).
Tem um efeito interruptivo relativamente ao prazo de reação junto dos tribunais. Passados 5 dias, a
decisão sobre a queixa é notificada. O prazo, que estava interrompido, retoma a contagem do zero
até aos 10 dias para recorrer aos tribunais.
Comente.
Neste caso prático: perspetiva de um titular do direito da proteção de dados e facultação abusiva de
informação a interessados.
A única coisa que a escola poderia facultar seria o comprovativo de morada.
O mecanismo de tutela a ser acionado é a responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos.
O que faz um ato de gestão pública são as normas que o regulam substantivamente. A decisão da
escola de facultar esta informação deveria ser regulada por normas de Direito Administrativo, pelo
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que é um ato de gestão pública – responsabilidade extracontratual por facto ilícito decorrente de um
ato de gestão pública (Lei nº67/2007).
Por se tratar de um ato de gestão pública, ilícito, o enquadramento é dado pela Lei nº67/2007
(pressupostos: facto, dano, ilicitude, culpa, nexo de causalidade). Na Lei nº67/2007, encontra-se
uma figura que o Código Civil não prevê, para efeitos de culpa, que é o funcionamento anormal dos
serviços. No Direito Administrativo, se não for possível identificar o concreto agente, não deixa de
haver responsabilidade extracontratual, pois existe esta figura que preenche automaticamente a
culpa com um funcionamento anormal dos serviços, permitindo continuar o raciocínio.
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Aula de 06.03.22
Análise do esquema disponibilizado no Sigarra.
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Artigo 130º CPA – a formação do deferimento tácito é excecional, pois depende de norma
especial que o preveja. O art.º 130 faz uma remissão para normas especiais que prevejam
formação de deferimento tácito em situações de silêncio administrativo. No caso prático,
a lei de acesso ao direito é uma norma especial que prevê para aquele caso concreto a
formação de deferimento tácito.
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NOTA: Este prazo está desatualizada no doc. do sigarra - art. 128º/1 CPA – os prazos de iniciativa externa
devem estar concluídos em 60 dias com possibilidade de prorrogação por 90 dias. Os prazos, nos termos
do art.º 87º CPA, contam-se em dias úteis.
Carolina Medeiros 2
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Carolina Medeiros 3
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O pedido para reagir contra uma omissão ilegal é o pedido de condenação à prática de ato
legalmente devido – ideia de quando em causa esteja a prática de ato administrativo ou a
sua falta, temos 2 pedidos possíveis: pedido de impugnação ou condenação à prática de
ato legalmente devido.
Carolina Medeiros 4
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Passada esta fase, o próximo passo a tomar é procedente à delegação obrigatória do art.º
55º CPA.
CPA 2015 prevê figura do responsável pelo procedimento. Garantir imparcialidade do
órgão com competência decisória que não tenha contacto direto com factos e interesses -
art.º 126º CPA - apenas tem contacto com o relatório.
Temos um órgão responsável por um conjunto de fases e uma competência decisória, que
toma a decisão e garante que produza os seus efeitos.
Garantia de uma maior celeridade do procedimento administrativo, porque temos alguém
identificado que é responsável pelas fases de instrução, audiência previa…e apresentação
do relatório ao órgão de competência decisória de modo a que esteja concluído num
determinado prazo.
Fase de instrução
Não basta invocação do facto, é necessário que seja produzida prova e se conclua para o
facto ser produzido.
Neste processo, são admitidas a prova documental, prova testemunhal e prova pericial.
Tarefa desempenhada pelo responsável pelo procedimento administrativo e órgão de
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Não é o que esta indicado no documento facultado no sigarra. Prazo atual: 120 dias. O art.º é o mesmo,
mas o prazo é diferente.
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competência decisória. É uma tarefa de apreciação dos factos e das provas muito
semelhante à levada a cabo pelo juiz no Tribunal. Não há aqui discricionariedade por
parte da Administração Pública. A apreciação da prova na fase de instrução não
corresponde a exercício de poder de discricionariedade, é a mesma coisa que o juiz faz
no processo judicial. Está em causa formar convicção segura quanto a verdade dos factos.
Não corresponde a exercício de discricionariedade, porque estamos a apurar a verdade
destes factos, fazendo uso das provas.
A fase de audiência previa é uma fase que se inicia com notificação dos interessados para
audiência prévia - art.º 122 CPA - e pode ser dispensada nos termos do art.º 124º CPA.
Pode ser dispensada, mas de forma fundamentada. Não posso dispensar a audiência
prévia por não ter havido audiência prévia. Para ser legítima, tem de ser fundamentada,
sob pena de haver arbitrariedade da Administração Pública.
NOTA: Na folha do sigarra, refere-se o vício que resulta da falta de audiência prévia e
diferentes consequências associadas ao mesmo (quando não é realizada audiência e
deveria ter sido). Aqui, ocorre um vício formal, cuja consequência jurídica regra é a
anulabilidade. Não é um direito fundamental. Não significa que não possa existir
doutrina que defenda que é um direito fundamental. Mas a jurisprudência constante dos
Tribunais, vai no sentido de entender que não é direito fundamental a não ser em 2 casos:
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Posso ter vicio formal de preterição ou porque 1) não realizei audiência prévia ou porque
2) dispensei-a sem motivo nenhum (fundamentei a dispensa, mas não tem qualquer
enquadramento legal) ou porque 3) a dispensei sem fundamentar. Qualquer um destes
casos equivale a falta de audiência prévia e tem consequência de anulabilidade e, se
assim não é, é nulidade:
Audiência prévia preterida em procedimentos contraordenacionais e disciplinares –
nestes 2 casos, o direito é conferido pelo legislador como fundamental. Ao ser realizada,
há lugar a violação – al. d) do nº2 do artigo 161º CPA.
Casos de inexistência jurídica - pode haver norma legal. Em Direito Administrativo, não
há situação em que exista norma expressa à preterição de uma formalidade ou regra.
A preterição do autor do ato administrativo que não indica quem é o autor do destinatário
do ato administrativo e a não identificação do conteúdo e sentido do ato administrativo:
articulando com o art.º 155 CPA, nº2 – a doutrina entende que os elementos cuja falta
comporta inexistência jurídica de ato administrativo são os do art.º 155º/2 CPA, porque
só se considera que se praticou ato administrativo quando estes elementos estejam lá. A
falta de indicação do conteúdo destinatário e sentido do ato administrativo conduz à
inexistência jurídica do ato administrativo.
Uma vez praticado o ato administrativo por escrito e com os elementos que a lei exige,
chegamos à fase integrativa.
Há atos administrativos sujeitos a publicação obrigatória, mas todos os atos
administrativos devem ser notificados. A notificação de atos administrativos deve conter
elementos previstos no art.º 114º CPA.
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As expressões sublinhadas são sinónimas.
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para além da nulidade, (art.º 161º, 36º e outras normas especiais que preveem
nulidade), por determinação legal, também há nulidade por natureza – vícios tão
graves que, embora aos quais o legislador não tivesse associado nulidade,
entende-se que por se reportar à razão de ser do ato administrativo, deve ser
associada à nulidade e não anulabilidade).
o Situações de inexistência jurídica: não temos uma norma especial, temos sim
uma conclusão a que a doutrina e jurisprudência chegaram. Articulação dos
artigos 150º e 155º/2 CPA - há elementos do ato administrativo que, se não
presentes, conduzem à inexistência do ato administrativo como tal.
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Nota prévia: a correção da ficha foi feita, maioritariamente, com base nas respostas dos
alunos presentes nesta aula prática, que a Sra. Professora Juliana considerou corretas.
1. Distinga sucintamente entre:
Resposta: estamos perante dois exemplos de figuras que são “afins”1 aos atos
administrativos. A remoção de um veículo estacionado em espaço reservado a pessoas
com deficiência não passa de uma atividade material e informal da Administração
Pública, em específico, uma atividade não jurídica – muito embora tenha relevância para
o Direito.
Por outro lado, os pareceres são atos jurídicos (mas não são atos administrativos). Estes
estão previstos no artigo 91° do CPA, podendo ser classificados como obrigatórios ou
facultativos e vinculativos ou não vinculativos.
Tratando-se de um parecer não vinculativo, então este não deve ser seguido pelo órgão
competente para decidir. Contudo, devemos referir que, por mais que o parecer não seja
vinculativo, o órgão com competência decisória tem o dever de fundamentação da razão
de não o ter seguido, conforme consagra a alínea c) do número 1 do artigo 152° do CPA,
sob pena de invalidade formal, traduzindo-se numa anulabilidade, prevista no número 1
do artigo 163° CPA. – David Silva
b) Atos administrativos e contratos administrativos;
Atos administrativos são atos unilaterais jurídicos que provêm de estruturas decisórias
que exercem poderes administrativos de autoridade que visam definir o direito aplicável
a uma situação individual e concreta, produzindo efeitos jurídicos externos e inovadores,
sem necessidade de assentimento dos seus destinatários. As consequências jurídicas que
decorrem da qualificação de um ato como administrativo são: 1. A possibilidade de
execução prévia; 2. A possibilidade dos atos, mesmo os ilegais e desde que não sejam
nulos ou inexistentes, adquirirem força e estabilidade de um caso decidido, tornando-se
insuscetíveis de impugnação administrativa pelo decurso do tempo; 3. Possibilidade da
Administração Pública, unilateralmente, revogar ou anular atos administrativos.
Contratos administrativos são acordos plurilaterais ou multilaterais, são negócios
jurídicos que resultam de um encontro de vontades entre dois ou mais contraentes. Para
um contrato ser considerado administrativo, pelo menos um dos contraentes tem de ser
1
A Professora Juliana, por questões de logística, alterava esta palavra, pois dá a entender que são figuras
idênticas aos atos administrativos, o que não são.
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Nota da Sra. Professora quanto aos contratos: um dos contraentes tem de ser uma pessoa
pública, podemos ter contraentes que não são pessoas coletivas públicas, podendo
abranger o conceito de pessoas públicas e assim enquadrar uma pessoa privada que
satisfaz as características de pessoa coletiva pública.
Dentro dos contratos, podemos ter contratos sujeitos ao Direito Privado (contratos não
administrativos, sem prejuízo de lhe serem também aplicados os princípios gerais da
atividade administrativa, art. 202°/2 CPA) e contratos públicos (regime substantivo é do
Direito Administrativo, que pode estar previsto ou no Código dos Contratos Públicos ou
em legislação especial - art. 200° CPA, depende do tipo de contrato e prestação que
constitui o objeto do tipo do contrato: se está sujeito a concorrência, está sujeito ao
Código. Ex: contrato de aquisição de serviços de organização de eventos culturais, sujeito
a concorrência. Ex: contrato de trabalho de funções publicas, aplica-se lei especial).
---
Contratos – acordos plurilaterais
Em relação à contratação publica, podemos ter contraentes públicos que não são pessoas
coletivas publicas, organismo de Direito Público – a possibilidade de pessoas coletivas
privadas poderem assumir a posição de pessoas coletivas públicas em matéria de
contratação.
Uma da partes do contrato tem de ser um contraente público, mas não tem de ser pessoa
coletiva pública, pode ser pessoa coletiva privada que preenche os requisitos de que a lei
faz depender.
Pelo menos uma das partes é um contraente publico. Podemos ter contratos públicos
sujeitos ao Direito Privado ou contratos não administrativos e contratos administrativos.
Temos dentro dos contratos públicos (sujeitos a regime de Direito Privado) contratos
administrativos que são negócios jurídicos plurilaterais ou bilaterais em que um dos
sujeitos é contraente publico mas cujo regime é de Direito Administrativo (que pode estar
previsto ou no Código dos Contratos Públicos ou em legislação especial – art. 20 CPA.
Depende do tipo de contrato e da prestação que constitui objeto do contrato.
Se estiver sujeito a concorrência, está sujeito ao Código – o seu objeto consiste na
realização de uma prestação sujeita a concorrência. Ex. Contrato de aquisição de serviços
de organização de eventos culturais.
Se não estiver sujeito a concorrência, não está sujeito ao Código – contratos
administrativos cujo regime jurídico substantivo de Direito Administrativo é o de
legislação administrativa especial: contrato de trabalho e funções públicas, sujeitos à lei
geral do trabalho e funções publicas.
Contrato de arrendamento ao abrigo do regime jurídico das rendas de apoio social.
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Postura
A postura municipal é um regulamento independente (são aqueles que introduzem uma
disciplina materialmente inovatória; o órgão com competência regulamentar é investido
com competência discricionária; esta discricionariedade só existe nesta categoria de
regulamentos, não existindo nas demais espécies) e um regulamento autónomo
(atendemos ao órgão com competência regulamentar, são adotados por um órgão que
integra uma pessoa coletiva pública e constitui uma forma de Administração Autónoma).
A definição jurídica legal resulta do artigo 135º CPA. Os regulamentos administrativos
distinguem-se dos atos administrativos, pela característica da generalidade e abstração.
Os regulamentos são gerais e abstratos, tendo um número de destinatários e de situações
indetermináveis. Na parte final do artigo 135º CPA diz que os regulamentos
administrativos visam produzir efeitos jurídicos externos. O regulamento administrativo,
quanto à sua eficácia, pode ser interno (os efeitos jurídicos apenas fazem sentido no seio
da pessoa coletiva que os emana) e externo (os regulamentos cujos efeitos jurídicos se
fazem sentir para fora da pessoa coletiva que os emanou).
Circular
Regulamentos com normas com eficácia interna, não produzem efeitos externos.
O artigo 135º CPA tem, diferentemente, uma função de delimitar o âmbito de aplicação
objetiva do CPA, isto significa que este conceito dado pelo CPA de regulamento
administrativo limita-se aos regulamentos administrativos com eficácia externa,
decorrendo daqui que as normas do CPA que tenham como objeto regulamentos
administrativos só se vão aplicar aos regulamentos administrativos com eficácia externa.
O CPA aplica-se aos regulamentos administrativos de eficácia interna, mas apenas quanto
às normas respeitantes aos Princípios Gerais da Atividade Administrativa, e todas as
demais normas que não tenham por objeto apenas os regulamentos administrativos.
No artigo 217º/5 CRP retiramos uma exigência constitucional de procedimentalização da
atividade administrativa. A prática de atos jurídicos, tem sempre de ser antecedida de um
procedimento administrativo. Esta exigência constitucional é concretizada através do
CPA, sem prejuízo de existirem procedimentos administrativos especiais.
O Procedimento Administrativo que respeita ao regulamento é o procedimento
regulamentar e está previsto nos artigos 97º e ss CPA. Este procedimento vai se aplicar a
todos os regulamentos ou apenas aos Regulamentos Administrativos com eficácia
externa. Tem se entendido que, se apenas aplicássemos o procedimento regulamentar aos
regulamentos administrativos com eficácia externa, haveria uma inconstitucionalidade
por omissão, e portanto seria violado o artigo 267º CRP. Tem se entendido então que as
noções respeitantes ao procedimento regulamentar se aplicam quer aos regulamentos
administrativos com eficácia externa, quer aos regulamentos administrativos com eficácia
interna.
Dentro dos regulamentos administrativos com eficácia externa distinguem-se dois tipos
de normas regulamentares:
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e) Anulação e revogação
● Anulação: ato administrativo secundário que tem em vista a extinção dos efeitos
jurídicos de um ato jurídico anulável, extraindo consequências dessa
anulabilidade. Um ato anulado é um ato anulável que foi objeto de anulação.
● Revogação: é um ato administrativo, dirige-se à extinção de efeitos jurídicos de
outro ato administrativo, mas o fundamento é a falta de mérito ou oportunidade
do ato administrativo revogado. Art 165º CPA.
f) Anulabilidade e anulação
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Habilitação legal
O direito a audiência previa não é direito fundamental, a menos que a CRP configure
como tal. Fá-lo em 2 casos.
Ato administrativo primário, singular, com conteúdo positivo, com efeitos jurídicos
desfavoráveis e bipolar. Aplica-se o procedimento disciplinar de um trabalhador com um
vínculo de emprego público, ao qual se aplica em primeira linha a Lei Geral do Trabalho
em funções públicas, e a título subsidiário o CPA; artigos 161º/1/d) CPA+ 269º/3 CPA –
Diana Reis
A UP é uma pessoa coletiva pública que tem a forma de fundação pública de Direito
Privado. Apesar disto, o seu regime quase nada tem de Direito Privado. É um regime
essencialmente de Direito Público e o Direito Privado surge na gestão de recursos
humanos e na gestão financeira e patrimonial.
Uma entidade pública, pessoa coletiva pública, que tem um trabalhador seu com vínculo
de Direito Privado. Foi intentado um procedimento disciplinar. Aplica-se o CC ou Lei
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CPTA. O contrário não se verifica, porque há atos jurídicos que são tratados como atos
administrativos para efeitos do artigo 51º CPTA possibilitar o acesso aos Tribunais
Administrativos. Isso acontece com os pareceres vinculativo, o que nos leva para 2
disposições do art. 51º CPTA: nº2/b) e nº3/1ª parte.
Nº3/1ª parte – refere-se aos pareceres vinculativos, tratando-os como verdadeiros atos
administrativos. A segunda parte é aplicável a atos de exclusão de candidatos ou
concorrentes em procedimentos pré-contratuais, que são verdadeiros atos administrativos
para todos os efeitos. Para responder à pergunta, importa dizer que não são totalmente
coincidentes na medida em que o conceito do artigo 51º CPTA é ligeiramente mais amplo
que o conceito de ato administrativo previsto no artigo 148º CPA.
Art. 51º/3 CPTA:
Quanto aos pareceres vinculativos, só posso impugnar um enquanto não for praticado o
ato administrativo que surge desse parecer vinculativo. Só até esse momento se justifica
a tutela preventiva que levou o legislador a considerar esta exceção. O legislador diz que
tanto assim é, que se eu não impugnar o parecer vinculativo, não há problema, porque
não afasta da possibilidade de impugnar o ato administrativo que vier a ser aplicável.
Na 2ª parte, quanto aos atos de exclusão de candidatos, diz-se o contrário.
“1. O proprietário que no seu prédio levantar edifício ou outra construção não pode abrir
nela janelas ou portas que deitem diretamente sobre o prédio vizinho sem deixar entre
este e cada uma das obras o intervalo de metro e meio.
2. Igual restrição é aplicável às varandas, terraços, eirados ou obras semelhantes,
quando sejam servidos de parapeitos de altura inferior a metro e meio em toda a sua
extensão ou parte dela.
3. Se os dois prédios forem oblíquos entre si, a distância de metro e meio conta-se
perpendicularmente do prédio para onde deitam as vistas até à construção ou edifício
novamente levantado; mas, se a obliquidade for além de quarenta e cinco graus, não tem
aplicação a restrição imposta ao proprietário”.
Que comentários esta situação lhe suscita?
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Nos termos dos artigos 91º e 92º CPA, os pareceres são em regra obrigatórios e não
vinculativos, porém como aqui se aplica o RJUE, o parecer neste caso é vinculativo por
estar expressamente previsto na lei. O Município deveria ter obedecido ao parecer de
sentido negativo. Assim, o ato administrativo que seja oposto ao parecer, carece de um
vício formal que é a anulabilidade.
O Plano Diretor Municipal é um regulamento administrativo com eficácia externa, pelo
que se aplica o CPA. O Código Civil, não tem importância neste caso, porque os
Regulamentos Administrativos não se regem pelo Direito Privado, devendo obediência à
CRP, à lei e Princípios Gerais do Direito Administrativo, ao Direito Internacional e ao
DUE, segundo o artigo 143º CPA.
Correção: O princípio da legalidade não se aplica apenas a normas de Direito
Administrativo.
A licença é um ato administrativo autorizatório. O direito de propriedade é o direito real
por excelência e é elástico porque comporta um conjunto de faculdades que podem ser
comprimidas sem que o direito de propriedade seja afetado. Os civilistas entendem que a
faculdade de edificar está contida no direito de propriedade e o que faz a licença é eliminar
um obstáculo – autorização permissiva.
O direito de edificar está concretizado no PDM, e para os publicistas a licença é uma
autorização constitutiva. Na prática, independentemente da posição, é preciso licença
para edificar sob pena de estar a incorrer numa ilegalidade.
Neste caso, há a violação do CC cuja consequência é a nulidade (regra no Direito
Urbanístico). Quanto ao parecer vinculativo, a consequência também é a nulidade. - Diana
Reis
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Há situações em que a audiência prévia pode ser dispensável, sem que incorra em vicio:
Estas situações estão previstas de forma taxativa no artigo 124º CPA. A dispensa só se
pode fundar numa destas situações. Invocado uma destas situações, deve ser de forma
fundamentada.
Um dos motivos de dispensa é quando se chega à conclusão de que o ato administrativo
a praticar será totalmente favorável à pessoa do seu destinatário. Entende-se que dá para
dispensar a audiência prévia, porque a pessoa ficará satisfeita com o ato administrativo.
Para esse efeito, tem relevância perceber se o ato terá efeitos favoráveis ou desfavoráveis,
nessa perspetiva de dispensa ou não de audiência prévia, nos termos do artigo 124º CPA.
● Argumento ii) que a licença não identifica o seu destinatário:
Remissão do artigo 151º CPA para o 155º CPA, pois no art. 155 são enumerados (Mário
Almeida) aqueles que são os requisitos de existência jurídica do ato administrativo.
Elementos essenciais para que o ato administrativo exista enquanto tal e produza os
efeitos jurídicos que o ordenamento faz corresponder. Da leitura articulada destes artigos,
a doutrina e jurisprudência chegaram à conclusão de que a consequência jurídica da falta
de indicação do destinatário, autor e conteúdo e sentido do ato administrativo no seu texto
tem como consequência jurídica associada a inexistência jurídica.
● Argumento iii) que não foi respeitado o parecer vinculativo da Junta de Freguesia
da Ajuda:
O parecer é um ato jurídico preparatório. Regra geral, os pareceres são não vinculativos.
Para serem vinculativos, é necessária norma especial que atribua efeito vinculativo ao
parecer. O órgão com competência decisória, o responsável pelo procedimento
administrativo deve seguir o parecer, sob pena de o ato administrativo ser anulável.
Apesar de ser ato instrumental meramente preparatório, os pareceres vinculativos, apesar
de não serem atos administrativos para efeitos substantivos (artigo 148º CPA), são
tratados como se fossem para efeitos do art. 51/3/1ª parte CPTA - o interessado pode
impugnar o parecer vinculativo como se de um ato administrativo se tratasse enquanto
não for praticado um ato administrativo, propriamente dito. A partir desse momento passa
apenas a poder impugnar-se o ato administrativo. Esta previsão só é aplicável aos
pareceres vinculativos. Esta equiparação a atos administrativos não se coloca para
pareceres não vinculativos.
Garantias administrativas– artigos 184º e ss. CPA
Podemos fazer uso destas contra atos administrativos, omissões ilegais e normas
regulamentares com eficácia externa.
Artigo 147º CPA.
Parte da doutrina entende que as garantias administrativas também podem ser utilizadas
contra normas regulamentares com eficácia interna.
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Reclamação e recursos
Reclamação – dirigida ao autor do ato, omissão ou norma regulamentar com eficácia
externa.
É aplicável o regime comum da impugnações administrativas – artigos 184º a 190º CPA
+ regime específico dos artigos 191º e 192º CPA.
Recursos – garantias administrativas apresentadas junto de outros órgãos que não o autor
do ato administrativo, omissão ilegal ou norma regulamentar com eficácia externa.
Recursos hierárquicos – aplica-se o regime dos artigos 189º a 190º e 193º a 198º CPA.
Estes são apresentados para o imediato superior hierárquico, autor do ato, omissão ou
norma regulamentar com eficácia externa.
Recursos administrativos especiais – artigo 199º CPA – destacamos o recurso para o
delegante e o recurso tutelar.
Aos recursos administrativos especiais, aplica-se o regime geral dos artigos 184º a 190º
CPA e o regime dos recursos hierárquicos com as devidas adaptações, em tudo o que seja
compatível com o anterior.
Normas fundamentais:
● Artigo 189º e 190º CPA em articulação, no que diz respeito ao artigo 190º para o
Artigo 59º/4 e 5 CPTA.
● Artigo 185º CPA - no que diz respeito a este, nota especial para os nºs 2 e 3.
● Remissão no nº2 para o artigo 3º DL 4/2015.
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A Advogada Estagiária,
Beatriz Andreia
1. Imagine que este pedido será de indeferir. Poderia dispensar a audiência dos
interessados? O indeferimento teria que ser fundamentado? Que menções
obrigatórias deverão constar do texto do ato?
Carolina Medeiros 4
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A questão está na identificação das normas especiais que qualificam certas garantias
administrativas em determinados casos como necessárias. Artigo 3º DL 4/2015 –
conjunto de expressões para se poder concluir que a garantia administrativa que preveem
é necessária.
Art. 114º/al. c) CPA - não é exigível ao destinatário, homem médio, ignorando questões
jurídicas, saber que a regra no ordenamento jurídico português é a de, p.e., recorrer ao
critério interpretativo do artigo 3º do DL, para chegar à conclusão de que o recurso é
facultativo ou necessário. Deve constar na notificação do ato administrativo, nos termos
deste artigo. E se não constar? Al. c)/ nº2.
Se o destinatário não sabia nada disto e recorreu aos Tribunais Administrativos — o juiz
chega à conclusão de que devia ter apresentado recurso hierárquico 1º, porque é
necessário.
Na notificação não está lá a indicação que exige a al. c) art. 114º. Por causa disto, o juiz
estabelece que manda suspender a instância, para o processo e dá o prazo para que o
interessado faça uso da garantia administrativa devida. O processo retoma ou não em
função da decisão tomada no recurso hierárquico. Se neste último é dada razão ao
destinatário e este fica com o problema resolvido, o problema extingue-se por inutilidade
superveniente.
Se o processo para, é apresentado recurso hierárquico que é indeferido e é conformado o
ato administrativo, o processo prossegue, tendo em consideração o ato praticado a decidir
o recurso hierárquico, pois pode conter elementos novos. O Tribunal passa a ter isso em
consideração. Cria-se uma dinâmica fundamental numa lógica de garantia efetiva da
Carolina Medeiros 5
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O ato administrativo é nulo, de acordo com o art. 161º/2 al. c) do CPA. À partida, a
nulidade só é consequência jurídica quando seja, em concreto, associada a um
determinado vício. Tem de existir uma norma especial que a preveja, sendo a
anulabilidade a consequência jurídica regra para os vícios dos atos administrativos. Logo,
à violação da lei não podemos associar automaticamente a consequência jurídica da
nulidade.
De facto, existe um problema de ilegalidade, de violação do princípio da legalidade. É
preciso perceber, dentro disso, se existe alguma norma que especificamente determine a
nulidade para aquele caso.
4. Prática de um ato administrativo que prossegue um fim diverso daquele que a lei
impõe;
Vício material, por desvio de poder. Prosseguindo-se interesses privados, a consequência
jurídica é a nulidade (161º/2 e) CPA).
André Rosa 1
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André Rosa 2
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Nota:
Regime da anulabilidade – artigo 163º CPA;
Regime da nulidade – artigo 162º CPA;
Inexistência jurídica = nulidade, quanto aos seus efeitos.
Anulabilidade
O regime dos atos anuláveis e o dos atos nulos são diferentes. O ato anulável produz
efeitos jurídicos, só pode ser impugnado dentro de um determinado prazo e dentro desse
prazo consolida-se, não podendo mais ser “atacado” pelos interessados (não se
convalida). O ato anulável é suscetível de ser emendado, por exemplo, fundamentando, a
posteriori, um ato administrativo que não teria sido fundamentado. Aqui, já se torna o ato
válido.
Artigo 173º/5 CPA – aproveitamento do ato administrativo: o ato administrativo
permanece anulável, mas opta-se por não extrair consequências jurídicas da
anulabilidade, com fundamento na irrelevância do vício.
Nulidade
O ato nulo não produz efeitos jurídicos, e a nulidade pode ser invocada a todo o tempo,
pela Administração Pública e pelos tribunais (salvo norma especial que preveja o
contrário). Os atos nulos não são suscetíveis de consolidação ou de emenda, embora
possam ser reformados ou convertidos.
A reforma e a conversão pressupõem que o conteúdo do ato é divisível, isto é, que a
nulidade apenas afeta determinados elementos do ato.
Problema – um ato nulo não produz efeitos jurídicos, e não pode ser executado. A partir
do momento em que um ato nulo é executado ou acatado pelo destinatário, o ato nulo
passa a produzir efeitos de facto, embora não produza efeitos jurídicos (ex.: licenças de
construção, quando violem o PDM, são nulas. Se o destinatário médio, ignorante quanto
a questões jurídicas, receber a licença, irá acatá-la e iniciar as obras de construção. O
problema passa por saber como o legislador atribui relevância jurídica a estes efeitos
práticos):
- Podemos, simplesmente, repor a legalidade, i.e., demolir o edificado e compensar o
proprietário de boa-fé com o pagamento de uma indemnização (ao abrigo da
responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos);
- Reconhecimento de efeitos putativos (artigo 162º/3 CPA). O administrado depositou a
sua confiança na validade da licença de construção. Não se trata de uma mera convicção
psicológica do mesmo. A ideia é acautelar a confiança destes administrados de boa-fé,
reconhecendo que o ato é nulo, mas atribuindo efeitos putativos aos efeitos fácticos
gerados ao abrigo de um ato administrativo nulo;
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- Na opinião da Sra. Professora, esta 3ª via é uma fuga ao princípio da legalidade, e não
tem uma explicação racional. Ao invés das 2 soluções anteriores, o que os Tribunais
Administrativos têm vindo a propor à Administração Pública é a emenda do erro através
da alteração do padrão de legalidade. Permite-se que as Câmaras Municipais alterem os
planos urbanísticos, para que uma licença de construção nula deixe de o ser. Não se altera
o ato, mas sim a norma, tornando-se a norma conforme ao ato.
Aspetos a destacar:
- No regime geral, há uma norma essencial, que é o artigo 185º/2 CPA, que tem de ser
articulado com o artigo 3º do DL que aprova o CPA em anexo. A utilização prévia das
garantias administrativas não constitui requisito prévio para o acesso aos Tribunais
Administrativos. Sendo a reclamação ou o recurso facultativos, o interessado tem ao seu
dispor 3 alternativas – recorrer diretamente aos tribunais, fazer uso das garantias
administrativas, ou fazer uso de ambos simultaneamente. À partida, o mais vantajoso será
fazer uso, primeiro, dos mecanismos da garantia administrativa, que são tendencialmente
gratuitos, e também não é necessário constituir advogado (artigo 11º CPTA – constituição
de advogado é uma exigência de acesso aos tribunais). Também são mecanismos mais
céleres.
Sendo o recurso às garantias administrativas facultativas, suspende-se o prazo de recurso
aos tribunais, pelo que o administrado nada perde ao recorrer primeiro a estes mecanismos
(artigo 190º/3 CPA – apenas retomam o curso com o decurso do prazo legal, ou seja
proferida decisão). Os efeitos do ato administrativo ou da norma regulamentar não se
suspendem (artigo 189º CPA). Isto quer dizer que os efeitos continuam a ser produzidos
na esfera jurídica dos administrados, exceto quando a Administração Pública decida
suspender esses efeitos (a pedido do interessado ou oficiosamente). Poderá também ser
apresentada uma providência cautelar pelo administrado (os Tribunais Administrativos
não decidem sobre a ilegalidade do ato/norma regulamentar. Apenas verificam a
existência ou não dos pressupostos para a suspensão da eficácia dos seus efeitos). Os
fundamentos apreciados pela Administração Pública são mais amplos do que os
apreciados pelos tribunais (185º/3 CPA – a reclamação e os recursos administrativos
podem ter por fundamento a ilegalidade ou o mérito, com exceção dos recursos tutelares),
o que consiste noutra vantagem a favor dos mecanismos de garantia administrativa.
Artigo 185º/2 CPA – excecionalmente, as reclamações e os recursos podem ser
necessários, quando a lei os denomina como tal. O legislador prevê um critério
interpretativo no artigo 3º no DL 4/2015, que aprova o CPA em anexo, permitindo aferir
quando estamos na presença de um recurso ou reclamação necessários.
André Rosa 5
Faculdade de Direito da Universidade do Porto 2021/2022
Artigo 225º LGTFP (Lei Geral dos Trabalhadores em Função Pública) – o trabalhador e
o participante podem interpor recurso hierárquico ou tutelar.
225º/4 – o recurso hierárquico ou tutelar suspende a eficácia do despacho ou da decisão
recorrida.
Para todos os recursos administrativos especiais, existe previsão legal expressa. No que
diz respeito ao recurso para o delegante/subdelegante, deve-se fazer uma interpretação
corretiva do artigo 199º/2 do CPA, com base no artigo 49º (existe uma contradição entre
estas 2 normas, que dispõem sobre o mesmo objeto de forma oposta. Enquanto o artigo
199º/2 prevê que tem de existir uma previsão legal expressa, o artigo 49º não faz depender
o recurso administrativo especial para o delegante/subdelegante de previsão legal
expressa).
Estes mecanismos de garantia administrativa, nos termos do artigo 146º CPA, podem
também ser utilizados no âmbito de normas regulamentares com eficácia externa.
André Rosa 6
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O artigo 186.º do CPA diz-nos quem tem legitimidade para reclamar ou recorrer – os
interessados diretos, os lesados por uma prática ou omissão legal de um ato administrativo
com eficácia externa.
Deste artigo é necessário, como manda o número 1.º, alínea b), remeter para o artigo 68.º
CPA, em especial para os números que se referem aos atores populares – aos cidadãos no
exercício dos seus direitos; assim como uma remissão para a Lei de Ação Popular, em
especial para o artigo 2.º deste diploma – todos os atores referidos nesta disposição são
considerados interessados para efeitos do artigo 186.º do CPA.
Segundo o artigo 191.º/3, o prazo para fazer uso de uma reclamação é de 15 dias.
No entanto, e como esta disposição indica, o caminho do recurso hierárquico tem uma
especificidade que o faz diferir face à reclamação.
Assim, há um requerimento que é dirigido ao superior hierárquico do ato administrativo,
mas o requerimento vai para o subalterno, pois este vai instruir o requerimento de uma
pronúncia dele sobre o que aconteceu e, só depois, o requerimento é enviado para o
superior hierárquico.
Ora, mas tendo em conta o artigo 185.º/4 CPA, o verdadeiro autor do ato não pode
modificar ou substituir o ato recorrido em sentido menos favorável ao recorrente – não
pode reformar para pior “reformato in pejus”.
3
Duarte Nogueira
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4
Duarte Nogueira
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Quando uma entidade adjudicante, ao qual seja aplicável o Código de Contratos Públicos,
queira celebrar um contrato administrativo regido pelo CCP, tem de praticar uma decisão
de contratar, em primeiro lugar.
Decisão de contratar – artigo 36.º CCP: é um ato administrativo que põe termo a um
procedimento dirigido a tentar perceber qual a melhor solução para dar resposta a um fim
de interesse público determinado, mas que ao mesmo tempo abre um novo procedimento
administrativo – pré contratual.
O tipo de procedimento pré contratual vai depender do tipo de contrato e do valor do
contrato que se decidiu contratar. Mas independentemente do tipo de procedimento, há
sempre alguns aspetos semelhantes em todos os tipos de elaboração contratual, por
exemplo, relativamente à conclusão:
● Adjudica-se – segue-se à celebração do contrato propriamente dito;
● Não adjudica (as causas de não adjudicação estão previstas no artigo 79.º CCP –
Sr. Professor Pacheco de Amorim diz que são taxativas, Sra. Professora Juliana
diz que são exemplificativas – a Sra. Professora fala da não adjudicação por
alteração das circunstâncias, por exemplo a pandemia que não está prevista nesta
disposição).
Esta deliberação da Câmara Municipal é nula pois não se observa o quórum – artigo
161.º/1/h) CPA.
O que posso fazer?
Apresentar uma reclamação.
Quanto ao recurso hierárquico, não se pode, pois não há uma relação de hierárquica, mas
sim de coordenação entre os órgãos. Mas há possibilidade de recorrer a recurso em sede
de Recursos Administrativos Especiais, como nos diz o artigo 199.º/1/c) CPA.
Os poderes de tutela são poderes de mera legalidade, nunca se podem permitir por esta
via, com fundamento no artigo 185.º/3 CPA, o que a constituição não permite, como nos
diz o número 3 do artigo 199.º a contrário.
Está em causa um vício material por violação de leis em sentido estrito cuja consequência
jurídica é a anulabilidade.
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Duarte Nogueira
Faculdade de Direito da Universidade do Porto 2021/2022
Mas o ato foi praticado pelo delegado no exercício de poderes de delegação. Podemos
fazer uso da reclamação e em termos de recurso, fazemos uso do artigo 199.º/2 CPA:
recurso para o delegante.
Nota: necessidade de fazer uma interpretação corretiva, pois este número diz apenas “por
expressa disposição legal” e gera uma situação de antinomia/contradição interna de
normas com o que resulta do artigo 49.º do CPA – este define a relação da delegação e
um dos aspetos que a define é a possibilidade de se recorrer ao delegante ou subdelegante.
Ora este artigo 199.º/2 diz o contrário, fazendo depender de previsão expressa dessa
possibilidade.
Ora, a doutrina tem vindo a defender que o recurso para o delegante é sempre possível e
não depende de previsão legal expressa.
Em causa está um vício formal que implica a nulidade, nos termos do artigo 269.º3 da
CRP.
Estando em causa um vínculo público com o trabalhador, nos termos do artigo 225.º da
Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, está sujeita a recurso hierárquico ou tutelar
necessários.
Critérios de adjudicação são critérios da entidade adjudicante, que logo à partida, são
imutáveis, sob pena de se alterar as regras do jogo a meio e pôr em causa a imparcialidade
e a transparência – princípios fundamentais em matéria de contratação pública, e definem
o que deve ser valorizado pela entidade adjudicante para escolha da proposta.
Nesses critérios define-se se contrata:
● Com base apenas no preço – a proposta mais barata ganha;
● Com base no critério da proposta economicamente mais vantajosa, em que se
articula o preço com aspetos qualitativos da proposta que são definidos na decisão
de contratar.
Se estes critérios de adjudicação nulo não foi respeitado, o ato de adjudicação é ilegal,
nulo com base no CCP, e sendo que não há nenhuma informação adicional devemos
equacionar a aplicação de qualquer garantia administrativa.
Neste caso particular temos um regime específico de mecanismos de reação
administrativa, previsto no CCP, aplicando-se o CPA apenas subsidiariamente – ver
documento de Legislação Avulsa Relevante no sigarra.
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Duarte Nogueira
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Duarte Nogueira