Você está na página 1de 19

Modos de exercício do poder administrativo:

1. Regulamentos Administrativos: legislador quer que outros órgãos disciplinem


certas matérias então emite normas jurídicas com fundamento na lei.

2. Atos Administrativos: aplicação da lei e dos regulamentos.

3. Contratos administrativos: entidades atuam em acordos bilaterais.

4. Operações materiais: atuação que não produz alterações na ordem jurídica.

O que são regulamentos? Normas jurídicas:

>Gerais e abstratas;

>Impostas mediante a ameaça de coação;

>A sua violação leva à aplicação de sanções;

>São emanadas no exercício do poder administrativo por um órgão da Adm, não se esgota
numa aplicação.

Os regulamentos subordinam-se à Constituição e ao exercício das funções legislativa e política.

São fonte secundária de DA, pois são precedidos pelas normas e princípios de DI e DUE.

Tipos:

1. Relação com a lei: poderão ser complementares ou de execução e independentes ou


autónomos (expresso no artigo 112º/6 e 7).
2. Quanto ao seu objeto: podem ser regulamentos de organização, de funcionamento e
de polícia.
3. Quanto ao âmbito da sua aplicação: podem ser regulamentos gerais, locais e
institucionais, consoante se destinem a vigorar em todo o território nacional, o seu
âmbito de aplicação seja limitado a uma dada circunscrição territorial ou sejam
emanados de institutos públicos ou associações públicos.
4. Quanto à projeção da sua eficácia: podem ser regulamentos internos ou externos. Os
primeiros produzem seus efeitos jurídicos unicamente no interior da esfera jurídica da
entidade de que emanam. Os segundos (únicos considerados no artigo 135º CPA) são
aqueles que produzem efeitos jurídicos em relação a outros sujeitos.

Procedimento Administrativo: (decorar esta definição)

Sobre cada assunto, começa num determinado ponto e depois caminha por fases, avança pela
prática de atos que se encadeiam uns nos outros e pela observância de certos trâmites, de
certas formalidades e de certos prazos que se sucedem numa determinada sequência- esta
que se denomina procedimento administrativo.
Sequência juridicamente ordenada de atos e formalidades tendentes à preparação e
exteriorização da prática de um ato da Administração ou à sua execução (ver também
definição do 1º/1 CPA).

Objetivos da regulamentação do procedimento administrativo (267º CRP):

 Princípio da Eficiência: racionalização dos meios, evitando a burocratização e aproximar os


serviços públicos das populações;

 Princípios da legalidade e da boa administração: Esclarecer o melhor possível a vontade da


Administração para serem tomadas decisões legais e adequadas ao dever de a Administração
prosseguir da melhor forma o interesse público;

 Princípio do respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos:


Salvaguardar os direitos subjetivos e os interesses legítimos dos particulares, tendo à
Administração que ser impostas cautelas. E mesmo que hajam de ser sacrificados, evitando
que sejam de forma ilegal ou excessiva;

 Democracia Participativa: Assegurar a participação dos cidadãos na formação de decisões


que lhes digam respeito.

Em suma, a regulamentação visa garantir a melhor ponderação da decisão a tomar à luz da lei
e do interesse público e, por outro lado, assegurar o respeito pelos interesses e direitos
legítimos dos particulares (ver acórdão do STA de 1950).

Qual é o prazo para administração ou prazo geral para decidir? 60 dias

Qual é o prazo geral do CPA? 10 dias úteis art. 86 CPA.

Invalidade: Valor jurídico negativo que afeta o ato administrativo em virtude da sua inaptidão
intrínseca para a produção dos efeitos jurídicos que deveria produzir. Existem outras fontes de
invalidade para além da ilegalidade.

• Ilegalidade do ato administrativo: o ato administrativo é ilegal por ser contrário à lei (que
inclui a Constituição, lei ordinária, regulamentos, contratos administrativos, clausulas de
caráter normativo, atos normativos constitutivos de direitos com força de “caso decidido”).

A ilegalidade pode revestir diversas formas, sendo essas os vícios do ato administrativo.

As ilegalidades podem ser fundamentalmente de:

 Natureza orgânica (usurpação de poder e incompetência);

 Natureza formal (vicio de forma);

 Natureza material (violação de lei e desvio de poder);

O ato administrativo pode estar ferido de diversas ilegalidades, visto que os vícios são
cumuláveis.
Usurpação de Poder: vicio que consiste na prática por um órgão de um ato incluído nas
atribuições do poder legislativo, do poder moderador ou do poder judicial. Este vício traduz a
violação do princípio da separação de poderes (111º/2 CRP). É, na realidade, uma
incompetência agravada.

P.e: Ato de reserva de lei (só o legislador pode praticar) ou então reserva de juiz.

Este vício produz a nulidade do ato administrativo.

Incompetência: vicio que consiste na prática, por um órgão administrativo, de um ato incluído
nas atribuições ou competência de outro órgão administrativo. Pode ser:

-incompetência absoluta quando um órgão administrativo prática um ato fora das atribuições
da pessoa coletiva ou do ministério a que pertence;

-incompetência relativa quando um órgão administrativo pratica um ato que está fora da sua
competência, mas que pertence à competência de outro órgão da mesma pessoa coletiva.

Podemos ainda distinguir a incompetência:

Em relação da matéria, isto é, um órgão invade os poderes conferidos a outro órgão em
função da natureza dos assuntos;

Em razão da hierarquia, quando se invadem poderes conferidos a outro órgão em função do
grau hierárquico (ex. subalterno invade a competência do superior hierárquico ou vice versa);

Em razão do lugar, quando um órgão administrativo invade os poderes conferidos a outro
órgão em função do território;

Em razão do tempo quando um órgão administrativo exerce os seus poderes legais
praticando um ato administrativo antes ou depois do momento ou período em que se
encontra legalmente habilitado para o fazer.

A incompetência absoluta gera nulidade e a incompetência relativa gera anulabilidade.

Vício de Forma: vicio que consiste na preterição de formalidades essenciais (vício


procedimental) ou na carência de forma legal (vício de forma em sentido restrito). Tem 3
modalidades: preterição de formalidades anteriores à prática do ato, preterição de
formalidades relativas à prática do ato e carência de forma legal.

Então…

1- Falta de formalidades antes da prática do ato (não haver audiência prévia). A


2- Durante a prática do ato (quorum). A
3- Após a prática= carência de forma legal. N

Violação de lei: vicio que consiste na discrepância entre o conteúdo ou o objeto do ato e as
normas jurídicas que lhe são aplicáveis. Natureza material.
A substância do ato contraria a lei: administração decide algo diferente da lei, infração de
princípios gerais no exercício de poderes discricionários p.e. princípios constitucionais.

Desvio de poder: vicio que consiste no exercício de um poder discricionário por um motivo
principalmente determinante que não condigna com o fim que a lei visou ao conferir tal poder.
Pressupõe uma discrepância entre o fim legal e o fim real.

Existe desvio de poder tanto no caso em que haja um erro de direito (interpretou mal a lei)
como no caso de má-fé (quis mesmo prosseguir um fim contrário à lei).

Pode ser para fins de interesse público ou privado.

• Outras fontes de invalidade: o ato pode ser inválidos, e, portanto, nulo ou anulável,
por razões que nada tem a ver com a sua ilegalidade. Ou seja, o ato pode ser legal, mas
ser inválido.

 Ilicitude do ato administrativo: normalmente o ato é ilícito por ser ilegal, mas
existem casos em que um ato é lícito sem ser ilegal. Os casos são aqueles:
Em que o ato administrativo, sem violar a lei, ofende um direito subjetivo ou um
interesse legitimo de um particular;
Em que o ato viole um contrato não administrativo;
Em que o ato ofenda a ordem pública ou os bons costumes;
Em que o ato contenha uma forma de usura.

 Vícios de vontade: falta um requisito de validade que a lei exige, qual seja o e que os
atos jurídicos da Administração provenham de uma vontade esclarecida e livre. Se a
vontade da administração não for esclarecida ou não for livre, porque foi determinada
por erro, dolo ou coação, há um vicio de vontade inquina que fundamenta a
invalidade do ato.
O ato viciado com erro ou dolo causa a anulação do ato e o ato viciado por coação
causa a sua nulidade (161º/2 alínea f) CPA). A problemática dos vícios de vontade não
tem autonomia no caso dos atos vinculados, mas tem-na por completo no caso dos
atos discricionários.
Faltam as formas de invalidade.
Separação de poderes:
Instrumentos do Procedimento Administrativo
O Deferimento Tácito- Silêncio
A regra do direito português, é que perante uma pretensão de um particular, o silêncio
equivale a recusa (129.º do CPA), contudo, admite-se nos termos do 130.º/1 do CPA, que o
silencio administrativo possa ter o valor de deferimento. Com as seguintes particularidades:

1- O deferimento tácito deixou de depender da simples falta de decisão dentro do prazo


legal, passando a tomar como referência a ausência de notificação da decisão final
sobre a pretensão;
2- Deste modo, ainda que tenha existido uma decisão expressa de indeferimento, se não
tiver sido expedida a notificação até ao primeiro dia útil seguinte ao termo do prazo
legal de decisão, a falta de notificação (ou a notificação tardia) equivale a deferimento,
sem prejuízo de se poder discutir se a posterior notificação da decisão expressa em
sentido contrário, equivale a uma implícita revogação;

O deferimento tácito pode ser:

Externo: envolvendo a relação com um particular;

Interno: operando numa relação intra-administrativa;

Regime do deferimento tácito:

1- O deferimento tácito tem natureza excecional;


2- A ocorrência de deferimento tácito depende ainda de a pretensão formulada ser
conforme com a lei, ter sido instruída com toda a documentação legal exigida e de se
verificarem todos os demais pressupostos legais;
3- O deferimento tácito, investindo o seu destinatário numa posição jurídica ativa,
reconduzível à titularidade de um direito subjetivo, encontra-se sujeito ao regime
jurídico aplicável aos atos administrativos constitutivos de direitos.

Atualmente não há indeferimento.

Aula Prática dia 14/03

Atos Administrativos: abrir sebenta Inês desta parte e lê-la na segunda de manhã

Atos Opinativos: atos pelos quais um órgão da administração emite o seu ponto de vista
fundamentado acerca de uma questão técnica ou jurídica. Aqui temos:

Pareceres: são elaborados por peritos especializados em certos ramos do saber ou por órgãos
colegiais de natureza consultiva, de uma entidade administrativa. Não é da entidade que
decide, não é a decisão é opinião sobre a decisão que vai ser tomada. Estes poderão ser:

 Obrigatórios ou facultativos, consoante a lei imponha ou não a necessidade de eles


serem emitidos/pedidos;
 Vinculativos ou não vinculativos, conforme a lei imponha ou não a necessidade de as
suas conclusões serem seguidas pelo órgão decisório competente. Mesmo que limite
o que é decisão, ele não é a decisão.

Salvo disposição expressa em contrário, os pareceres legalmente previstos são obrigatórios


e não vinculativos (Art. 91º/2 CPA).

Prazo de 20 dias úteis, exceto quando o responsável pela direção do procedimento fixar um
diferente, art. 92. Não pode ser inferior a 10 nem superior a 30.

Produção de Efeitos:
Aos pareceres falta autonomia para, sem mediatização de um outro ato jurídico produzirem
efeitos jurídicos numa esfera externa ao órgão emitente. Ou seja, só produzem efeitos na
esfera do órgão emitente do parecer.

No entanto, se os pareceres forem vinculativos, o órgão que emite o parecer é que realmente
decide, sendo o ato posterior apenas uma formalização do que já estava pré-determinado- o
ato administrativo passa a ter dois autores.

Se o parecer for obrigatório e não existir gera um vício de forma; se for obrigatório e também
vinculativo, a sua falta gera uma dupla ilegalidade: vício de forma e incompetência (a
competência era conjunta e um dos órgãos não se pronunciou).

Como deve ser feito um parecer? Que efeitos tem se não seguir estas regras?

Os pareceres devem sempre ser fundamentados e concluir de um modo expresso e claro


sobre todas as questões indicadas na consulta, sob pena de serem nulos (92º/1 e 161º/2
alínea c), segunda parte CPA). Os números 2, 5 e 6 do artigo 92º CPA apresentam que em
regra a lentidão da administração consultiva não deve bloquear a eficiência da administração
ativa.

Audiência dos interessados:

Em obediência à diretriz constitucional, é assegurado aos interessados num procedimento o


direito de participarem na formação de decisões.

Expressa o princípio da colaboração da Administração com os particulares e o princípio da


participação. A audiência prévia tem dignidade constitucional (expressão do princípio da
democracia participativa e 267º/5). Consiste no direito de os interessados participarem na
formação de decisões que lhes digam respeito. A audiência prévia poderá ser dispensada nos
casos previstos no artigo 124º CPA.

A falta de audição prévia é considerada uma ilegalidade e traduz-se num vício de forma, por
preterição de uma formalidade essencial: será nula se o direito de audiência prévia for
concebido como um direito fundamental (161º/2 d) e anulável se não o for (163º/1).

O autor considera que o regime devera ser o da anulabilidade, visto que apesar de a audição
prévia ser um direito de grande importância, não está incluído no elenco dos direitos
fundamentais (sendo esses os mais ligados à proteção da dignidade da pessoa humana)-
posição seguida pela jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo.

Fundamentação:

Para o professor PO insere-se num dos princípios procedimentais, nomeadamente do princípio


do procedimento equitativo.

É uma das 8 manifestações essências para que o procedimento seja equitativo:

-Tenho que saber aquilo que vem a ser a possível decisão contra mim e também as razões
pelas quais vem contra mim uma decisão desfavorável para mim, exigindo-se que seja
suficiente, congruente, não podendo ser mínima nem contraditória- explique o porquê da
situação.
- Fundamentação envolve a indicação das razões de facto e de direito que levaram à decisão,
existindo um propósito argumentativo para conciliar o caminho e atribuir aos particulares uma
garantia que passa pelo conhecimento desse itinerário decisório percorrido pela
Administração (fundamentação- dever para administração e direito para os particulares).

-A fundamentação permite aos particulares olhar para dentro da administração para perceber
que razões justificaram a conduta. A fundamentação tem de ser clara, obedece a regras lógicas
e ao princípio da necessidade e da adequação, o que significa que uma fundamentação
insuficiente, contraditória e que não esclareça as razões de facto e de direito é insuficiente, o
que equivale à falta de fundamentação.

-Se a fundamentação não existe por completo ou é insuficiente, e estiver em causa uma
decisão que é sancionatória, lesiva de direitos de propriedade ou lesiva liberdade, afeta o
núcleo essencial de um direito fundamental, e, portanto, é nula a decisão. Se não estamos
nessas áreas, é meramente anulável por vício de forma.

Já o professor Freitas diz-nos que:

-Obrigação de fundamentar o ato (formalidade essencial-152º a 154º CPA): a fundamentação


de um ato administrativo consiste na enunciação explícita das razões que levaram o seu autor
da praticar esse ato ou a dotá-lo de certo conteúdo.

-O artigo 152º/1 apresenta-nos o elenco de atos que devem ser fundamentados, sendo
aqueles que são lesivos de interesses de terceiros.

Qual a razão de ser do dever de fundamentar?

1) Esclarecer concretamente a motivação do ato, permitindo a reconstrução do iter


cognoscitivo que levou à adoção de um ato com determinado conteúdo.

2) Defesa do particular, que só consegue estrutural uma impugnação administrativa ou


contenciosa se conhecer todos os motivos que levaram a administração a decidir em certo
sentido, assim como permite controlar a administração, visto que essa tem a necessidade de
ponderar todos os fatores que influenciam a decisão e facilita o controlo pelos atos dotados de
supervisão.

3) Clarificar e provar os factos sobre os quais assenta a decisão.

ATOS QUE NÃO CARECEM DE FUNDAMENTAÇÃO

Segundo o artigo 152º/2 CPA existem atos que não carecem de ser fundamentados: atos de
homologação de deliberações tomadas por júris (o ato homologado é absorvido e esse já é
fundamentado, sendo o ato de homologação automaticamente fundamentado) e as ordens
dadas pelos superiores hierárquicos aos seus subalternos em matéria de serviço e com a
forma legal.

Requisitos da fundamentação (153º CPA):

i) Ser expressa, isto é enunciada de forma explícita;

ii) Consistir na exposição dos fundamentos de facto e de direito da decisão (disciplina


jurídica com base na qual se decidiu).

iii) Apresentar o quadro jurídico que habilita a Administração a decidir de certo modo;
iv) Ser clara, coerente e completa (suficiente).

Casos Especiais:

(1) Ato administrativo que consiste numa declaração de concordância com os


fundamentos de anterior parecer, informação ou proposta: o dever de
fundamentação considera-se cumprido com a mera declaração não sendo
necessário enunciar expressamente os fundamentos da decisão;

(2) Atos orais que não contém em regra fundamentação, portanto, ou são
reduzidos a escrito numa ata onde deverá constar a fundamentação sob pena de
ilegalidade, ou não havendo ata, a lei dá aos interessados o direito de requerer a
redução a escrito da fundamentação dos atos, cabendo ao órgão competente o
dever de satisfazer o pedido no prazo de 10 dias (154º/1).
Note-se que o não exercício dos interessados dessa faculdade, não prejudica os
efeitos da eventual falta de fundamentação do ato (154º/2);

(3) Deliberações sujeitas ao dever de fundamentação tomadas por escrutínio


secreto, sendo a fundamentação feita pelo presidente do órgão colegial após a
votação, tendo presente a discussão que a precede (31º/3).

Consequências da falta de fundamentação ou do não cumprimento dos


requisitos exigidos pela lei: ato administrativo é ilegal por vício de forma, sendo
anulável (163º/1 CPA)

Princípios procedimentais (procedimento/caminho):

Adequação Profissional:

Princípio da adequação procedimental (56º): devemos flexibilizar/adequar as normas do


procedimento: adequar os meios aos fins.

Poder discricionário à administração para essa escolher o melhor caminho para um certo fim,
com respeito pelo princípio da economicidade, participação e celeridade.

Este princípio está também associado ao princípio da adequação procedimental, presente


vagamente no artigo 56º do CPA, que determina que cada decisão deve sempre encontrar um
modelo estrutural de procedimento que se mostre adaptável e flexibilizável aos propósitos
visados, para que realmente possa existir procedimento equitativo.

Este proíbe a utilização de um procedimento diferente daquele que legalmente deveria ser
utilizado. Ocorre desvio de procedimento quando ocorre substituição de procedimentos
(utilização de um procedimento visando obter um fim que a lei associa a outro procedimento),
visando iludir as normas legais sore o procedimento adequado, a competência ou a garantia de
eficiência. Há sempre situações de erro ou desvio de poder (utiliza-se um procedimento cujo
fim é proibido).

Freitas do Amaral diz-nos que:


Simplificação do formalismo: salvo certas linhas gerais de atuação e formalidades essenciais,
compete à Administração conduzir o procedimento pelas formas que julgar mais adequadas,
dentro do respeito devido pelas regras legais e constitucionais. Nesse âmbito deve ser seguido
o princípio da adequação procedimental, isto é, na ausência de normas jurídicas injuntivas, o
responsável pelo procedimento goza de discricionariedade na respetiva estruturação, que
deverá ser orientada pelos interesses públicos da participação, da eficiência, da
economicidade e da celeridade na preparação da decisão (56º CPA).

Envio oficioso (Insere-se no princípio da decisão)

A administração deve informar que enviou para o órgão competente (fazendo esse envio
oficiosamente41º/1 e 49º).

Falta: delegação de competências e desconcentração de competências artigos 44 e 55


respetivamente.

Acórdão endoprocedimental:

No âmbito de um procedimento administrativo, ou seja, da sequência de atos e


formalidades que expressam a vontade da Administração (cfr. n.º 1 do art.º 1.º do
Código do Procedimento Administrativo), podem ser celebrados acordos entre esta e
os interessados, no quadro da discricionariedade, e tendo em vista a articulação e
aproximação da Administração e dos interessados na definição dos termos do
procedimento ou da decisão administrativa a adotar. É um contrato entre o particular
e a administração sobre a forma como um procedimento administrativo se vai
desenrolar ou como serão usados os poderes administrativos.
Estamos, pois, perante acordos celebrados no seio de um procedimento, daí que a lei
os refira como acordos endoprocedimentais, no art.º 57.º do CPA.
A lei portuguesa, ao nível da lei geral, aponta duas modalidades distintas de acordos
endoprocedimentais:
i) Acordos vinculativos pelos quais o órgão competente para a decisão final e
os interessados acordam os termos do procedimento e das respetivas
formalidades, maxime que definam a prática ou a dispensa de certos atos
num procedimento administrativo (cfr. n.ºs 1 e 2 do art.º 57.º do CPA.
ii) A lei permite ainda que o órgão competente para a decisão final e os
interessados acordem o próprio conteúdo discricionário da decisão final a
proferir num determinado procedimento administrativo (cfr. n.º 3 do art.º
57.º do CPA).

Porém, em qualquer caso, esta modalidade de contratualização


administrativa apenas se admite no exercício de poderes discricionários, em
que a Administração tem um poder de escolha quanto às decisões a adotar.
Mas já não nas situações em que a lei não confere à Administração
qualquer margem decisória, senão a aplicação da solução apontada pelo
legislador.
Conferências Procidementais: art. 77 e ss CPA
Forma de exercício conjunto de competências administrativas, cujo objetivo é
promover a eficiência, a economicidade e a celeridade da atividade
administrativa.
Ocorre quando as pretensões dos interessados perante a Administração
Pública não dependem da competência de um único órgão administrativo,
pressupondo a necessidade de obter atos permissivos ou pareceres por parte
de uma multiplicidade de órgãos administrativos.

Um interessado, para a viabilização de um projeto ou de uma atividade, para a


regulação de um bem ou de uma situação, necessite de obter decisões de
várias entidades administrativas, pelo que se instituem conferências
procedimentais que visam o exercício conjugado e harmonizado das
competências necessárias à viabilização das pretensões que os interessados
dirigem aos órgãos administrativos.

As conferências procedimentais podem ser:


- Deliberativas, quando o exercício conjunto das competências decisórias é
substituído por um único ato complexo;
- De coordenação, quando essas competências sejam exercidas
simultaneamente mas através de atos singulares praticados por cada um dos
órgãos intervenientes. Decisões avulsas integradas numa única ata
procedimental.

Cada conferência procedimental é convocada a propósito de uma 1) situação


concreta, por 2) iniciativa do órgão competente ou quando os interessados
requeiram a respetiva realização, podendo ocorrer 3) presencialmente ou por
videoconferência.

Prazo:

O prazo para a realização da conferência procedimental é de 60 dias, podendo


ser prorrogado por mais 30 dias, findando com a prática dos atos ou do ato a
que se destinava, ou, no termo do prazo, sem que esse ato ou atos tenham
sido praticados. Neste último caso, bastará que algum dos órgãos se pronuncie
desfavoravelmente para que a pretensão em causa seja rejeitada, não
impedindo, todavia, que os órgãos que se mostraram favoráveis possam
individualmente praticar o ato decisório em questão.

DESVALORES
• Formas de invalidade: nulidade e anulabilidade, isto é, quais as sanções
que a ordem jurídica determina para atos ilegais, ilícitos ou viciados na
vontade (161º a 163º CPA).

 Nulidade tem como características principais: o ato nulo é totalmente


ineficaz desde o inicio, independentemente de declaração de nulidade
(162º/1); nulidade é insanável quer por decurso do tempo (pode ser
invocável a todo o tempo- 162º/1) quer por ratificação (164º/1); podem
ser objeto de reforma ou conversão (164º/4); os particulares e os
funcionários públicos têm o direito de desobedecer a quaisquer ordens que
constem de um ato nulo, visto que não produz efeitos; têm ainda direito de
resistência passiva, podendo legitimamente resistir à execução do ato nulo;
um ato nulo pode ser impugnado a todo o tempo (162º/2 e 58º/1 CPTA);

Nulidade pode ser conhecida por qualquer autoridade administrativa ou


por qualquer tribunal (162º/2), significando um conhecimento incidental
que tem como consequência a desconsideração dos seus efeitos numa dada
situação e com apenas referência a essa situação; nulidade pode também
ser declarada a todo o tempo com efeitos erga omnes pelos tribunais
administrativos- nulidade é objeto de uma ação administrativa especial de
impugnação do ato administrativo (50º/1 CPTA)- ou pelos órgãos
administrativos competentes para a anulação- a declaração de nulidade é
um ato administrativo a reconhecer prante todos que o ato é nulo e não
produziu quaisquer efeitos- (162º/2); pode ser conhecida a todo o tempo
por qualquer órgão administrativo (134º/2), mas só pode ser declarada
apenas pelos órgãos administrativos com poderes de controlo no caso; o
reconhecimento judicial da nulidade tem a forma de declaração de nulidade
e tem natureza meramente declarativa.

 Anulabilidade é uma sanção menos grave do que a nulidade e tem


como características: o ato anulável é juridicamente eficaz até ao
momento em que venha a ser anulado (163º/2); anulabilidade é sanável,
quer pelo decurso do tempo, quer por ratificação, reforma ou conversão; o
ato anulável é obrigatório, quer para os funcionários públicos quer para os
destinatários, enquanto não for anulado; o ato só pode ser anulado dentro
de certo prazo que a lei estabelece; o pedido de anulação só pode ser feito
perante tribunal administrativo, só podendo estes anular o ato
administrativo, sendo a sentença proferida uma sentença de anulação com
natureza constitutiva, que tem eficácia retroativa, “tudo se passa, na ordem
jurídica, como se o ato nunca tivesse acontecido”; existe, por vezes,
afastamento legal do efeito anulatório (163º/5 alíneas a) a c)). Se ao fim de
um certo prazo ninguém pedir a sua anulação, nem o mesmo for anulado
por iniciativa própria da Administração, ele converte-se num ato válido, isto
é, fica sanado.
 Âmbito de aplicação da nulidade e da anulabilidade: a nulidade tem
caráter excecional (161º/1 CPA) e a anulabilidade é a regra geral (163º/1
CPA). Assim, o ato administrativo inválido é anulável, a menos que faça
parte das situações descritas como nulas. Isto justifica-se pela necessidade
de certeza e segurança da ordem jurídica, para que não paire
indefinidamente a dúvida sobre se os atos da Administração são legais ou
ilegais, se válidos ou inválidos. São nulos os atos que, exemplificativamente,
são apresentados no artigo 162º/2 CPA.
 Inexistência: o ato administrativo inexistente é um quid que se
pretende fazer passar por ato administrativo, mas a que faltam certos
elementos estruturais constituídos que permitam identificar um tipo legal
de ato administrativo. São também inexistentes as decisões administrativas
aplicadoras de leis feridas de inexistência jurídica. Aplica-se o regime da
nulidade em grande parte à inexistência, exceto: 134º/3 e a possibilidade
de reforma ou conversão.

 Irregularidade: o incumprimento de certas normas de procedimento


não acarreta a invalidade, quer por se tratar de normas meramente
indicativas (formalidades não essenciais) quer por tal incumprimento, não
importar no caso concreto, uma lesão efetiva dos valores e interesses
protegidos pela norma violada, por estes alcançarem a sua realização por
outra via (degradação das formalidades essenciais em não essenciais). Estes
são casos de irregularidade, e o ato irregular é sempre um ato existente e
válido. A lei pode, no entanto, impor uma sanção criminal ou disciplinar ao
agente infrator. O conceito de irregularidade desdobra-se em dois tipos:
vicio não afeta a validade do ato; vício afeta a validade, diminuindo-a ou
alterando-a, mas não a impedindo. Exemplos de atos irregulares: não
cumprimento do 48º/2, emissão de um parecer depois do termo
estabelecido ou a pura e simples omissão do parecer, ainda que possa
acarretar responsabilidade do funcionário causador da demora.

 Cumulação de forma de invalidade: se uma ou mais fontes de invalidade


gerarem anulabilidade e outra ou outras determinarem nulidade, prevalece
a sanção mais forte, isto é, nulidade. Note-se, no entanto, que fora do
prazo legal para invocar a anulabilidade, a ação impugnatória só poderá ter
fundamento causas de nulidade e não já causas de anulabilidade.

 Sanação de atos administrativos ilegais: a sanação é consiste na


transformação jurídica de um ato ilegal num ato inatacável
contenciosamente. Esta tem como razão a necessidade de certeza e
segurança na ordem jurídica, não sendo possível suportar durante anos a
incerteza sobre se cada ato administrativo é legal ou ilegal, válido ou
inválido. A sanação pode ocorrer por ato administrativo secundário (Ex.
ratificação, reforma e conversão de atos administrativos) ou pelo decurso
do tempo (se o particular tem um prazo para anular o ato anulável e não o
faz, o ato anulável fica sanado pelo prazo legal ter terminado). A sanação do
ato anulável impede que o ato seja anulado pela Administração, seja
contenciosamente impugnado ou seja ratificado, reformado ou convertido.
A sanação não afasta a obrigação de indemnizar que em princípio recai
sobre o autor do ato no caso de esse ato ter sido ilícito e ter causado
prejuízos a outrem.
Possíveis perguntas:
Decreto regulamentar:
O governo tem competência para aprovar o DR?
O DR pode fixar estes prazos?
Saber se pode haver um prazo para um e outro prazo para outro?

A forma era adequada?

Indeferimento pelo reitor

Será que A tem legitimidade para apresentar o requerimento?

Qual a relevância de A querer dar aulas numa uni privada?

O parecer foi emitido dentro do prazo? Consequências caso não tenha sido?

Qual a relevância de o CC se ter afastado da sua prática habitual?

Os motivos que levam à emissão de parecer favorável são válidos, isto é, a


invocação do mérito de A é razão para emitir parecer favorável?

Qual a relevância da falta de quórum para a emissão do parecer?

Qual a relevância da fundamentação do parecer não ter sido exarada em ata?

A decisão do reitor foi emitida dentro do prazo? Consequências.

O reitor podia ter considerado na sua decisão que o parecer era nulo?

Qual a relevância de o reitor ser irmão do cônjuge de A?

Declaração de nulidade

Quais as consequências da falta de publicação da delegação?

O S.E. era competente?

Havia razões para declarar a nulidade?

Consequências da declaração de nulidade. 

Decreto regulamentar

O governo tem competência para aprovar o DR?


Regulamento administrativo mais solene; aprovado pelo governo; precisa de ser
promulgado pelo PR (tal como um DL).

O regulamento mais frequente é a portaria. O despacho muitas das vezes é um


ato administrativo e não um regulamento.

Art.112º/6. + arts relativos à competência do governo na CRP.

- O DR pode fixar estes prazos?

O regulamento altera 2 prazos.

O prazo de 10 dias não é o prazo geral para a tomada de decisão (60


dias) e depois há um prazo geral para um passo intermédio no
procedimento (prazo supletivo para qualquer outro ato que não a
decisão).

Art.128º (?) – lei em que aceção? Não sabemos; pode defender-se o


sentido que se entender.

Podemos fixar um prazo por regulamento diferente daquele do 128?


Sim ou não? Adotando a posição afirmativa: adotamos a aceção de lei
em sentido material.

Como é que defendemos esta posição sabendo que art.128º lei é


qualquer tipo de norma mas, no 192º, disposição especial tb é qualquer
tipo de norma. 

Caso prático nº2.2:

-1º Parágrafo:
Ainda não aconteceu nada, não podemos extrair algo daqui.

Enquadramento legal: artigos 19.º a 24.º, da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas/LTFP
(aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho).

Garantias de imparcialidade
Artigo 19.º - Incompatibilidades e impedimentos
1 - No exercício das suas funções, os trabalhadores em funções públicas estão exclusivamente
ao serviço do interesse público, tal como é definido, nos termos da lei, pelos órgãos
competentes da Administração.
2 - Sem prejuízo de impedimentos previstos na Constituição e noutros diplomas, os
trabalhadores com vínculo de emprego público estão sujeitos ao regime de incompatibilidades
e impedimentos previsto na presente secção.
Artigo 20.º - Incompatibilidade com outras funções As funções públicas são, em regra,
exercidas em regime de exclusividade.
Artigo 21.º - Acumulação com outras funções públicas
1 - O exercício de funções públicas pode ser acumulado com outras funções públicas não
remuneradas, desde que a acumulação revista manifesto interesse público.

https://dgrsp.justica.gov.pt/Instrumentos-de-gest%C3%A3o/Recursos-humanos/Modelos-de-
Formul%C3%A1rio/Enquadramento-legal-para-acumula%C3%A7%C3%A3o-de-fun
%C3%A7%C3%B5es

Parágrafo 2:
Parecer 92º/4, não tem problema. No entanto, este parecer é obrigatório porque a lei
impõe a necessidade de eles serem emitidos/pedidos e vinculativo, porque se exige
um parecer favorável, o que significa que, apesar de o parecer não ser a decisão em si,
uma decisão desfavorável implicaria o indeferimento. Por ser obrigatório, diz-nos o art.
92º/6 que há um prazo de 20 dias (na administração, 20 dias úteis- art. 128º CPA). Se o
Governo for o responsável pela direção do procedimento, poderia,
fundamentadamente, fixar um prazo diferente, que não fosse menos que 10 dias ou
maior que 30, pelo artigo 92 nº3 e 4 respetivamente.
Não sei se será disto que se trata.
Se considerarmos que esta fixação é inválida, uma vez que um DR vale menos que um
DL e não poderá alterar a lei, então temos um vício de usurpação de poderes, ou seja,
um vício que consiste na prática por um órgão de um ato incluído nas atribuições do
poder legislativo, neste caso, traduzindo-se na violação do princípio da separação de
poderes (111º/2 CRP). Este vício produz a nulidade do ato administrativo, art. 161 CPA.

3º Parágrafo: pela correção aqui houve cumprimento do procedimento administrativo,


pelo menos de acordo com o CPA de 1991, que exigia que para acumular cargos fosse
feito um requerimento fosse feito. Se a correção estiver a falar em termos de seguir o
estabelecido no 1º parágrafo, também vai de acordo com ele.

4ºParágrafo: Vários problemas- fundamentação, desvio de poder, falta de quórum.

1º Fundamentação: Obrigação de fundamentar o ato (formalidade essencial-152º a


154º CPA): a fundamentação de um ato administrativo consiste na enunciação
explícita das razões que levaram o seu autor da praticar esse ato ou a dotá-lo de certo
conteúdo. O artigo 152º/1 apresenta-nos o elenco de atos que devem ser
fundamentados, de entre os quais surge o problema que temos em mãos na alínea d).
Sempre que seja tomada uma decisão contrária ao que é habitualmente praticado, há
uma obrigação de fundamentação. Seguindo o 154, a fundamentação que não conste
em ata deve, a requerimento dos interessados, e para efeitos de impugnação, ser
reduzida a escrito e comunicada integralmente àqueles, no prazo de 10 dias.
2º Desvio de poder: vicio que consiste no exercício de um poder discricionário por um
motivo principalmente determinante que não condigna com o fim que a lei visou ao
conferir tal poder. O que determinou o parecer favorável foi o facto de Abel ter feito
uma boa gestão da faculdade, e, apesar de isso revelar mérito próprio, denota-se
alguma parcialidade na decisão, pelo que, pelo art. 161 nº2 e), o ato é nulo.
3º Falta de quórum: O Conselho  Científico é um órgão colegial ao qual compete definir
as políticas e as linhas orientadoras, de natureza científica e pedagógica, a prosseguir
pela Escola. Por esses mesmos motivos, deverão ser observadas as regras de quórum,
presentes no art. 29º do CPA, ou seja, sem a maioria do número legal dos membros
com direito a voto, deveria ter sido marcada uma nova reunião com um prazo mínimo
de 24h e aí sim poderiam deliberar com apenas 1/3 dos seus membros com direito a
voto. Não havendo quórum, este ato é nulo pelo art. 161, nº2 h)

5º Parágrafo: podemos encontrar a regulação das garantias de imparcialidade nos


procedimentos administrativos nos artigos 69.º e seguintes do

Você também pode gostar