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ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA

1. O Acto administrativo

Introdução

O direito administrativo moçambicano compreende uma série de actividades que visam


regular e controlar a Administração Pública do país. Dentre essas actividades, destaca-
se a actividade administrativa, que consiste na prática de actos administrativos pelo
Estado ou por suas entidades. O acto administrativo é um instrumento utilizado pela
Administração Pública para tomar decisões, estabelecer direitos e obrigações, além de
regulamentar diversas questões de interesse público. Importante ressaltar que, para
que esse ato seja válido e produza efeitos legais, é necessário o cumprimento de
determinados requisitos legais, como a competência, a finalidade pública, a forma
prescrita em lei e a observância dos direitos dos administrados. Assim, a actividade
administrativa no âmbito do direito administrativo moçambicano desempenha um papel
fundamental na organização e na gestão do Estado, assegurando a legalidade e a
eficiência das acções governamentais.

Objectivo

 Apresentar a noção de acto administrativo;


 Identificar as tipologias de actos administrativos;
 Conhecer o regime de invalidade do acto administrativo.

Acto Administrativo - conceito

O acto administrativo é um acto jurídico unilateral com carácter decisório, praticado no


exercício de uma actividade administrativa pública, destinado a produzir efeitos
jurídicos numa situação individual e concreta. O acto administrativo é assim, um acto
jurídico Uma conduta voluntária geradora de efeitos jurídicos, um acto unilateral Uma
declaração de vontade para cuja perfeição é desnecessária a contribuição de qualquer
outra vontade, destinado a produzir efeitos jurídicos numa situação individual e
concreta O acto contrapõe-se à norma, que é geral e abstracta, um acto com
carácter decisório trata-se de projectar as consequências jurídicas do acto, na esfera
jurídica de alguém, alterando assim, a sua situação jurídica perante a Administração
Pública.

Principais características do acto administrativo

Autoridade - traduz-se na obrigatoriedade do acto administrativo para todos aqueles


relativamente a quem ele produza os seus efeitos. Revogabilidade - limitada Decorre
da necessidade de equilíbrio entre a permeabilidade dos actos administrativos à
variação dos interesses públicos que visam promover e a protecção da confiança dos
particulares. Presunção de legalidade - decorre do princípio da legalidade e justifica
aspectos como a ilegalidade da oposição do direito de resistência a actos
administrativos anuláveis e o efeito meramente devolutivo do recurso contencioso.

Elementos do acto administrativo

Elementos subjectivos do acto administrativo são os sujeitos jurídicos envolvidos ou


afectados pela sua prática: autor, na maioria dos casos um órgão da Administração
Pública. destinatário, um particular ou outra pessoa colectiva pública Elementos
objectivos do acto administrativo: conteúdo (ou objecto imediato) Integrado pela
conduta voluntária e pelas cláusulas acessórias que possam existir. objecto (objecto
mediato) A realidade sobre que o acto incide ( ex: o terreno expropriado) Elementos
funcionais: Os motivos (por quê ?) As razões de decidir do seu autor fim (para quê?)

Os objectivos que com ele se prosseguem. Elementos formais: A forma Consiste no


modo de exteriorização da vontade administrativa. Forma escrita: é a regra geral para
os actos dos órgãos singulares. Forma oral: é a regra geral para os actos dos órgãos
colegiais As formalidades Ritos destinados a garantir a correcta formação ou execução
da vontade administrativa ou o respeito pelos direitos e interesses dos
particulares Formalidades em especial Formalidades essenciais As formalidades que
não são possíveis de dispensar, sob pena de invalidade ou de ineficácia. Formalidades
não essenciais As formalidades que podem ser dispensadas Formalidades
supríveis Aquelas cuja falta no momento adequado ainda pode ser corrigida pela
respectiva prática actual, sem prejuízo do objectivo que a lei procurava atingir com a
sua imposição naquele momento. Formalidades insupríveis As formalidades cuja
falta não é susceptível de ser remediada, uma vez que já foi precludido o objectivo
prosseguido pela lei com a sua imposição.

As principais formalidades prescritas pela lei

Audiência dos interessados previamente à tomada de decisões administrativas


susceptíveis de contender com os seus interesses 2. Fundamentação dos actos
administrativos exposição das razões da sua prática. Notificação dos actos
administrativos, instrumento para levar estes ao conhecimento dos
interessados Princípios legais em matéria de fundamentação Enumera os actos
administrativos que devem ser fundamentados: - Os actos desfavoráveis aos
interessados - Os actos que incidam sobre anteriores actos administrativos - Os actos
que reflictam variações no comportamento administrativo A fundamentação deve
ser: expressa de facto e de direito e tem de indicar as regras jurídicas que impõem
ou permitem a tomada de decisão e também tem de explicar em que medida é que a
situação factual, sobre a qual incide esta, se subsume às previsões normativas das
regras aplicáveis clara, coerente e completa a obscuridade, contradição ou
insuficiência da fundamentação equivalem à sua falta.
Tipologia dos actos administrativos primários

Acto primário Incide pela primeira vez sobre uma situação da vida. Acto
secundário Tem por objecto um acto primário anterior Actos impositivos Impõem
uma conduta ou sujeitam o destinatário a certos efeitos jurídicos Actos
permissivos Que possibilitam ao destinatário a adopção de um comportamento
positivo ou negativo Comandos Actos que impõem uma conduta, positiva (ordens) ou
negativa (proibições) Directivas Que determinam o resultado a atingir mas deixam
liberdade quanto aos meios a utilizar. Actos punitivos Que aplicam sanções Actos
ablativos Que sujeitam o destinatário a um sacrifício (ex.: expropriação por utilidade
pública).

Juízos São actos de qualificação (classificações e notações) Autorização Por via da


qual um órgão da Administração Pública possibilita o exercício de um direito ou de uma
competência de outrem: Licença Através da qual um órgão da Administração Pública
atribui a um particular o direito de exercer uma actividade privada relativamente
proibida por lei Subvenção Pela qual um órgão da Administração Pública atribui a um
particular uma quantia em dinheiro destinada a custear a prossecução de um interesse
público específico. Concessão Por meio da qual um órgão da Administração Pública
transfere para um particular o desempenho de uma actividade
pública. Delegação Através da qual um órgão da Administração Pública possibilita o
exercício de algumas das suas competências por parte de outro órgão ou agente a
quem a lei também as confere.

Admissão Por via da qual um órgão da Administração Pública investe um particular


numa categoria legal, de que decorrem direitos e deveres. Dispensas Legitima o
incumprimento de uma obrigação legal. Isenção Dispensa em atenção a outro
interesse público Escusa Dispensa como forma de procurar garantir o respeito pelo
princípio da imparcialidade Renúncia Através da qual a Administração Pública se
despoja da titularidade de um direito disponível. Os actos administrativos
lesivos Constituem actos administrativos lesivos aqueles actos administrativos que
afectem negativamente, ou sejam susceptíveis de afectar num futuro próximo provável,
a esfera jurídica de outrem.

Validade e Eficácia do acto administrativo

Validade do acto administrativo é a aptidão intrínseca do acto para produzir os


efeitos jurídicos correspondentes ao tipo legal a que pertence, em consequência da sua
conformidade com a ordem jurídica. Invalidade do acto administrativo é o juízo de
desvalor emitido sobre ele em resultado da sua desconformidade com a ordem
jurídica. Eficácia do acto administrativo é a efectiva produção de efeitos jurídicos.

Requisitos de validade

Quanto aos sujeitos: Competência do autor do acto. Quanto a forma: Observância


da forma legal Requisitos de eficácia Publicidade é consubstanciada na respectiva
publicação, quando exigida Notificação aos interessados, aprovação tutelar de que o
acto eventualmente careça Controlo preventivo do Tribunal Administrativo Quando
a ele houver lugar.

Causas da invalidade do acto administrativo

Vícios orgânicos: Usurpação de poder - Ofensa por um órgão da Administração


Pública do princípio da separação de poderes, por via da prática de acto incluído nas
atribuições do poder judicial ou do poder legislativo. Incompetência Consubstancia-se
na prática por um órgão de uma pessoa colectiva pública de um acto incluído nas
atribuições de outra pessoa colectiva pública. Vício de forma (vícios
formais) Consiste na carência de forma legal ou na falta de formalidades
essenciais. Vícios materiais: Desvio de poder Traduz-se no exercício de um poder
discricionário por um motivo principalmente determinante desconforme com a finalidade
para que a lei atribuiu tal poder. Violação de lei Consiste na discrepância entre o
objecto ou o conteúdo do acto e as normas jurídicas com que estes deveriam
conformar-se. I

Regimes da invalidade

Invalidade e ineficácia dos actos jurídicos Quando a sanção jurídica, se traduz pela
negação dos efeitos a que os actos tendiam. Ineficácia em sentido amplo Quando por
qualquer motivo legal o negócio jurídico não produz, no todo (ineficácia total) ou em
parte (ineficácia parcial), os efeitos a que tenderia. Invalidade A que provém de uma
falta ou irregularidade dos elementos internos ou essenciais do acto (falta de
capacidade, impossibilidade física ou legal do objecto, ilicitude) Ineficácia em sentido
estrito A que decorre da falta de uma circunstância externa que integra a situação de
facto produtora de efeitos jurídicos Ineficácia absoluta é a que pode ser invocada por
qualquer interessado e actua automaticamente. (“Erga Omnes”).

É o negócio sob condição suspensiva, quando essa condição não se verifique. Neste
caso o negócio não produz quaisquer efeitos, nem sequer entre as partes. Ineficácia
relativa É a que opera apenas em relação a certas pessoas, em favor das quais foi
estabelecida e só por elas pode ser invocada. Ineficácia total e ineficácia parcial É
total ou parcial, consoante ela afasta todos ou apenas parte dos efeitos do negócio
Invalidade dos negócios jurídicos A que provem de uma falta ou irregularidade dos
elementos internos ou essenciais do acto jurídico. Inexistência Quando nem sequer na
aparência existe uma qualquer materialidade de um negócio jurídico, ou existindo essa
aparência, a realidade não lhe corresponde. A inexistência pressupõe um negócio que
nem chegou a ser concluído A nulidade pressupõe que o negócio jurídico foi concluído
Nulidade Quando o negócio jurídico foi concluído sem os requisitos legalmente
necessários para a sua conclusão.

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