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Introdução

Um ato administrativo é uma ação ou decisão tomada pela administração pública, seja ela federal,
estadual ou municipal. Esses atos podem ser de diferentes tipos e têm diferentes finalidades, como
regulamentar, autorizar, conceder, punir, entre outras.

Os atos administrativos são criados por autoridades públicas que possuem poderes específicos para
tomar decisões em nome do Estado. Essas autoridades podem ser ministros, secretários, diretores de
órgãos públicos, prefeitos, governadores, entre outros.

No entanto, os atos administrativos precisam respeitar certos princípios e requisitos, como a legalidade,
a finalidade, a motivação, a publicidade, a eficiência e a segurança jurídica. Além disso, os atos podem
ser objeto de controle judicial e administrativo, para garantir que sejam legais e não violem direitos
fundamentais.
Acto Administrativo

Conceito de Acto Administrativo

Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que, agindo
nesta qualidade, tenha por fim imediato resguardar, adquirir, modificar, extinguir e declarar direitos ou
impor obrigações aos administrados ou a si própria. Somente o agente público competente pode
praticá-lo, sendo prerrogativa exclusiva deste (Wikipedia, a/e).

Segundo o Professor Hely Lopes Meirelles, " o ato administrativo é toda manifestação unilateral de
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos seus
administrados ou a si própria.

De acordo com o artigo 148.º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos desse Código,
“consideram-se atos administrativos as decisões que, no exercício de poderes jurídico-administrativos,
visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e concreta”.

Estrutura do Acto Administrativo

Um acto administrativo pode classificar-se de acordo com a sua origem, o seu conteúdo, a sua forma, os
seus efeitos, os seus destinatários ou o seu vínculo com uma norma pré-existente.

De acordo com a sua origem, os actos podem ser simples (provêm de um único órgão) ou complexos
(originam-se em dois ou mais órgãos). O conteúdo, por sua vez, determina se o acto administrativo é
constitutivo (cria, modifica ou extingue relações jurídicas) ou declarativo (certifica uma situação
jurídica).

Acto administrativo complexo trata-se daquele que é constituído pela manifestação de vontade de
variados órgãos, já o procedimento administrativo, por sua vez, trata-se da sequência de actos
administrativos, praticados, na maioria das vezes, por um mesmo órgão.

No que diz respeito à sua forma, o acto pode classificar-se em expresso (manifestado formalmente) ou
suposto (manifestado a partir do silêncio administrativo durante um período de tempo). Relativamente
aos seus efeitos, pode-se distinguir entre actos favoráveis (que geram uma nova situação jurídica) e
actos desfavoráveis (limitam o património jurídico).

Por último, a classificação de acordo com os seus destinatários resulta em actos de carácter singular
(destinados a uma pessoa individual) ou de carácter geral (dirigidos a uma pluralidade indeterminada),
ao passo que, de acordo com a sua relação com uma norma prévia, podem ser regulados (a
administração aplica uma norma que determina o conteúdo do acto) ou não regulados (é possível optar
entre várias soluções).

Dependendo do critério escolhido para sua definição, há distintas acepções para o termo acto
administrativo ou ato administrativo, por exemplo:
– Critério Subjetivo: do ponto de vista do critério subjetivo, o ato administrativo é o praticado por
órgãos administrativos, mas onde não se incluem os atos que vêm dos órgãos do Poder Legislativo e
também do Poder Judiciário, mesmo que possuam a mesma natureza dos que são praticados pelos
órgãos do Poder Executivo;

– Critério Objetivo: o critério objetivo é também conhecido como funcional ou material, definido como
aquele praticado no exercício efetivo da função administrativa, tanto por órgãos do Legislativo,
Judiciário ou mesmo do Poder Executivo.

Características do Acto Administrativo

Segundo MELLO (1979), ss características comuns a todos os actos administrativos são cinco:

 Subordinação à lei: nos termos do princípio da legalidade, o acto administrativo tem de ser em
tudo conforme com a lei, sob pena de ilegalidade.
 Presunção de legalidade: é o efeito positivo do princípio da legalidade. Todo o acto
administrativo, porque emana de uma autoridade, de um órgão da Administração, e porque é
exercício de um poder público regulado pela lei, presume-se legal até decisão em contrário do
Tribunal competente.
 Revogabilidade: o acto administrativo é por natureza revogável pela Administração. Porque a
sua função é prosseguir o interesse público, e este é eminentemente variável. O acto
administrativo é por essência revogável, o que permite à Administração ir modificando os
termos em que os problemas da sua competência vão sendo resolvidos, de harmonia com as
exigências mutáveis do interesse público.
 Sanabilidade: o acto ilegal é susceptível de recurso contencioso e, se for anulável, pode ser
anulado pelo Tribunal Administrativo. Mas, se ninguém recorrer dentro dos prazos legais, a
ilegalidade fica sanada e o acto convalida-se.
 Autoridade: consequência do poder de decisão unilateral da Administração, que se traduz na
obrigatoriedade do acto administrativo para todos aqueles relativamente a quem ele produza os
seus efeitos. (MELLO, 1979).

Categorias dos actos administrativos

Segundo SOUSA (2009), os atos administrativos podem ser classificados de diversas formas, mas
geralmente são divididos em três categorias: atos normativos, atos ordinatórios e atos decisórios.

 Os atos normativos são aqueles que têm como finalidade estabelecer normas e
regulamentações para a administração pública e para a sociedade em geral. São exemplos de
atos normativos as leis, os decretos e as portarias.
 Os atos ordinatórios são aqueles que têm como objetivo disciplinar o funcionamento interno da
administração pública, como determinar a jornada de trabalho dos servidores ou estabelecer
regras para a gestão de documentos. São exemplos de atos ordinatórios as instruções
normativas e as ordens de serviço.
 Os atos decisórios são aqueles que têm como finalidade concretizar uma decisão da
administração pública em relação a um caso específico. São exemplos de atos decisórios as
licenças, as autorizações, as nomeações e as demissões. (SOUSA, 2009).

Tipos de Acto administrativo

Para Inês Godinho (2020), existem dois grupos ou tipos de Actos Primários e secundários, cada um com
seus respectivos subtipos:

1. Atos Primários: são aqueles que versam pela primeira vez sobre uma determinada situação da vida.

a) Atos Impositivos: são aqueles que impõem a alguém que adote uma conduta ou que colocam o seu
destinatário em situação de sujeição a um ou mais efeitos jurídicos.

 Atos de comando: são aqueles que impõem a um particular a adoção de uma conduta positiva
(ordens) ou negativa (proibições).
 Atos punitivos: são aqueles que impõem a alguém (individuo ou pessoa coletiva) uma sanção de
caráter administrativo. Em todos os casos apresentados de seguinte estamos presentes de um
comportamento ilícito de particulares que violam as normas de Direito Administrativo e, por
isso, ficam sujeitos ao poder sancionatório da Administração Pública. Importa reter que as
coimas em consequência de ilícitos de mera ordenação social já só são impugnáveis perante os
tribunais comuns.

b) Atos Permissivos: são aqueles que possibilitam a alguém a adoção de uma conduta ou a omissão de
um comportamento que de outro modo lhe estariam vedados.

Atos que conferem ou ampliam vantagens:

 Autorização: ato pelo qual um órgão da administração permite a alguém o exercício de um


direito ou de uma competência preexistente.
 Licença : é o ato pelo qual um órgão da Administração atribui a alguém o direito de exercer uma
atividade privada que é por lei relativamente proibida.
 Concessão : ato pelo qual o órgão da administração transfere para um entidade privada o
exercício de uma atividade pública, que o concessionário desempenhará por sua conta e risco,
mas no interesse geral.
 Delegação : ato pe lo qual um órgão da administração, normalmente competente para decidir
em determinada matéria, permite, de acordo com a lei, que outro órgão ou agente pratiquem
atos administrativos sobre a mesma matéria.
 Admissão : ato pelo qual um órgão da Administração investe em particular numa determinada
categoria legal, de que decorre a atribuição de certos direitos e deveres (ex. matrícula na
faculdade).
 Subvenção : ato pelo qual um órgão da Administração Pública atribui a um particular uma
quantia em dinheiro destin ada a cobrir custos inerentes à prossecução de uma atividade
privada reconhecida de interesse público.
Atos que eliminam ou reduzem encargos :

 Dispensa : ato administrativo que permite a alguém, nos termos da lei, o não cumprimento de
uma obrigação geral. Esta poderá ser uma isenção, se concedida pela Administração a
particulares para a prossecução de um interesse público relevante, ou uma escusa, se é
concedida por um órgão da Administração a outro órgão ou agente administrativo a fim de
garantir a imparcialidade.
 Renúncia : ato pelo qual o órgão da administração se despoja da titularidade de um direito
legalmente disponível.

2. Atos Secundários: são aqueles que versam sobre um ato primário anteriormente publicado, tendo
por objeto um ato primário preexistente ou versando sobre uma situação que já tinha sido regulada
através de ato primário (Godinho, 2020).

a) Atos Integrativos: são os que visam completar atos administrativos anteriores.

 Aprovação: ato pelo qual um órgão da Administração exprime a sua concordância com um ato
anterior existente, já praticado por outro órgão administrativo, e lhe confere eficácia. Esta
aprovação pode ser ou não tutelar. O ato principal é o ato aprovado, que apenas necessita do
ato de aprovação para lhe atribuir eficácia.
 Visto: ato pelo qual um órgão competente declara ter tomado conhecimento de outro ato, sem
se pronunciar sobre o seu conteúdo (visto cognitivo) ou declara não ter objeções de legalidade
ou de mérito, sobre o ato examinado e por isso lhe confere eficácia (visto volitivo).
 Ato Confirmativo: ato administrativo pelo qual um órgão da Administração reitera e mantém
em vigor um ato administrativo anterior (ex. recurso hierárquico que apenas confirma a decisão
do subalterno).

b) Atos Instrumentais: são as pronúncias administrativas que não envolvem uma decisão de autoridade,
antes são auxiliares relativamente a atos decisórios.

 Simples Declarações: são atos auxiliares pelos quais um órgão ou agente da Administração
exprime oficialmente o conhecimento que tem de certos factos ou situações.
 Atos Opinativos : atos pelos quais um órgão da administração emite o seu ponto de vista
fundamentado acerca de uma questão técnica ou jurídica.

Importância do Acto Administrativo no Estudo do Direito Administrativo

Em termos da importância, de referir que no Direito Administrativo Material, o ato administrativo


realiza no caso individual e concreto as normas gerais e abstratas integrantes do bloco de legalidade
administrativa (função concretizadora); disciplina uma determinada situação jurídica, constituindo,
nessa medida, o instrumento por excelência da autotutela declarativa da administração (função
definitória); é o título legitimador de situações jurídicas da administração e dos particulares, fundando a
execução administrativa ou jurisdicional e dos particulares, fundando a execução administrativa ou
jurisdicional das decisões nele contidas e permitindo opor à administração ou a terceiros as situações
jurídicas dele decorrentes (função tituladora); e, desde que não seja nulo ou inexistente, tem uma
vocação de estabilidade, conferindo certeza jurídica às situações sobre as quais incide (função
estabilizadora). Qualquer destas funções é significativamente enfraquecida em caso de anulabilidade e
inoperativa em caso de nulidade do ato administrativo;

No Direito Administrativo Procedimental, o ato administrativo é o ato conclusivo de um procedimento


administrativo que visa a sua emissão, um ato praticado no decurso de um procedimento que visa a
adoção de uma conduta posterior ou a execução de uma conduta anterior (funções procedimentais);

E já no Direito Processual Administrativo, o ato administrativo constitui uma garantia constitucional e


legal da intervenção dos tribunais administrativos quando esteja em causa um litígio emergente de uma
relação jurídico-administrativa que por aquele tenha sido disciplinada e permite delimitar a forma e o
objeto do processo, o tipo de pedido, a tramitação processual e os efeitos da sentença [artigo 268º, nº4
CRP, artigos 46º, nº1 e 2, alínea a), artigo 50º, e seguintes, 173º e seguintes CPTA]; (função de proteção
jurídica). (ALMEIDA, 2015).

Portanto, a principal função prática do conceito de acto administrativo, é a de delimitar


comportamentos susceptíveis de fiscalização contenciosa. Isto resulta muito claro no nosso Direito onde
o art. 268º/4 CRP.

Extinção do Acto Administrativo

Na extinção pelo esgotamento do conteúdo jurídico, por exemplo, ocorre quando a servidora goza de
licença maternidade ou férias, e quando esgotado o período, não existe mais razão para o ato continuar
a viger.

Já quanto a execução material, podemos exemplificar por um ato administrativo de uma construção.
Quando a obra for finalizada e executada materialmente, encerra-se o ciclo do ato administrativo.

Enquanto na terceira possibilidade da condição resolutiva ou termo final, temos uma condição ou termo
imposto e quando ele ocorrer, o ato administrativo deixa de ter efeito. Como, por exemplo, quando um
determinado ato proíbe o aumento salarial do servidor até determinada data, quando essa data passar,
o aumento poderá ocorrer e o ato não terá mais valia.

Enquanto na extinção subjetiva, a extinção do ato ocorre porque o sujeito ou beneficiário deixa de
existir. Então, por exemplo, se uma pessoa tem uma autorização para realizar determinado serviço
pessoalmente e ela falece, há uma extinção subjetiva do ato.

Por outro lado, a extinção objetiva do ato ocorre quando o objeto do ato desaparece. Se um vendedor
de frutas tem autorização para vender em uma praça e essa praça vai ser retirada para a construção de
uma rua, não será mais possível a venda nessa praça porque ela não existe mais.

Já a renúncia ocorre pela vontade do beneficiário de desistir do ato administrativo, ou seja, não irá mais
desfrutar de uma vantagem por escolha pessoal e então o ato se extingue.
Formas de extinção dos atos administrativos

Portanto, a retirada do ato administrativo ocorre quando o Estado adota uma medida para extinguir o
ato. Nesse caso, existem várias formas de extensão do acto administrativo, de acordo com AMARAL
(2013):

 Extinção natural (extingue-se pelo natural cumprimento do ato) ou por retirada do ato na
classificação abaixo.
 Revogação: em virtude de a administração não mais julgar oportuno e conveniente o ato
administrativo, pode aquela revogá-lo motivadamente e garantindo a ampla defesa dos
interessados, fazendo cessar seus efeitos a partir do momento da revogação. Assim, todos os
efeitos surgidos enquanto o ato permaneceu válido também o são. A revogação é prerrogativa
da administração, não podendo ser invocada por meio judicial.
 Anulação ou invalidação: se um ato administrativo possuir vícios insanáveis, deve a
administração anulá-lo de ofício ou por provocação de terceiro. Também o judiciário pode
anular tal ato. A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efeitos provocados pelo ato
anulado também são nulos.
 Cassação: extingue-se o ato administrativo quando seu beneficiário descumpre as condições
que permitiam a manutenção do ato e seus efeitos.
 Caducidade ou decaimento: ocorre a retirada de um ato administrativo se advir legislação que
impeça a permanência da situação anteriormente consentida, ou seja, o ato perde seus efeitos
jurídicos em virtude de norma superveniente contrária àquela que respaldava a prática do ato.
Quanto à nomenclatura desta extinção em razão de proibição da atividade antes permitida, os
juristas utilizam os termos caducidade (Celso Antônio Bandeira de Mello) ou decaimento
(Antônio Carlos Cintra do Amaral, Fábio Mauro de Medeiros, Márcio Camarosano, Régis de
Oliveira e Silvio Luiz Ferreira da Rocha.
 Contraposição: emissão de ato administrativo, com fundamento em competência diversa da
que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são contrapostos ao dele);
 Convalidação: não é espécie de extinção, mas sim o processo de que se vale a administração
para aproveitar atos administrativos com vícios sanáveis, de modo a confirmá-los no todo ou em
parte. Convalidam-se tais atos pelos seguintes modos:

a) Retificação: a autoridade que praticou o ato ou seu superior hierárquico decide sanar o ato inválido
anteriormente praticado, suprindo a ilegalidade que o vicia;

b) Reforma ou conversão: o novo ato suprime a parte inválida do anterior, mantendo sua parte válida
(AMARAL, 2013).
Conclusão

Contudo, de acordo com o artigo 148.º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos desse
Código, “consideram-se atos administrativos as decisões que, no exercício de poderes jurídico-
administrativos, visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e concreta.

O caráter individual e concreto das situações sobre as quais visa intervir permite distinguir o ato
administrativo do regulamento administrativo, que tem natureza geral e abstrata (como decorre, de
resto, do artigo 135.º do Código do Procedimento Administrativo, que contém a definição de
regulamento administrativo).

De um ponto de vista formal, os atos administrativos devem ser praticados, em regra, por escrito (desde
que outra forma não seja prevista por lei ou imposta pela natureza e circunstâncias do ato), devendo
deles constar, de acordo com o artigo 151.º do Código do Procedimento Administrativo, as seguintes
referências:

a) A indicação da autoridade que o pratica e a menção de delegação ou subdelegação de poderes,


quando exista; b) A identificação adequada do(s) destinatário(s); c) A enunciação dos factos ou atos que
lhe deram origem, quando relevantes; d) A fundamentação, quando exigível; e) O conteúdo ou o sentido
da decisão e o respetivo objeto; f) A data em que é praticado; g) A assinatura do autor do ato ou do
presidente do órgão colegial que o emana.

Referências bibliográficas

AMARAL, Diogo Freitas do, "Curso de Direito Administrativo", volume II, 3ª edição, Almedina, Coimbra,
2013

ALMEIDA, Mário Arosos de, Teoria Geral do Direito Administrativo - O Novo Regime do Código de
Procedimento Administrativo", Almedina, Coimbra, 3ª edição, 2015

MELLO, Oswaldo Aranha Bandeirade. Princípios Gerais de Direito Administrativo, 2a.ed.,v.1, Rio de
Janeiro, Forense, 1979.

SOUSA, Marcelo Rebelo de; MATOS, André Salgado de – Direito administrativo geral: actividade
administrativa, Tomo III, 2º Edição. Lisboa: Dom Quixote, 2009.

https://conceito.de/acto-administrativo

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