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ATOS ADMINISTRATIVOS
1. CONCEITO
2. ATRIBUTOS
3. ELEMENTOS
4. MÉRITO ADMINISTRATIVO
5. CLASSIFICAÇÃO
6. ESPÉCIES
7. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
8. CONVALIDAÇÃO
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ATOS ADMINISTRATIVOS

1. CONCEITO

“[...] é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo


nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.

“[...] a exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus


delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de
efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público.”

IPC:
O Poder Judiciário e o Poder Legislativo, no exercício de suas funções atípicas,
praticam atos administrativos e, no exercício de suas funções típicas, praticam atos
judiciais e legislativos, respectivamente.
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FATO JURÍDICO

Fato jurídico em sentido amplo – é todo acontecimento que possui algum


reflexo/significado para o direito.

_____________________________________
Fato jurídico em sentido estrito – é o acontecimento, independente da vontade
humana, que produz efeitos no mundo jurídicos. Ex: nascimento, maioridade

______________________________________
Ato jurídico – é o evento, dependente da vontade humana, que possua reflexo no
mundo jurídico.
Ex: promessa de recompensa, assinatura de uma nota promissória
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FATO JURÍDICO

FATO JURÍDICO EM
SENTIDO ESTRITO

FATO JURÍDICO EM
SENTIDO AMPLO

ATO ATO
JURÍDICO ADMINISTRATIVO
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1.1 Atos da administração

Nem todo ato praticado pela administração pública é ato administrativo, já


que alguns atos não gozam das características dos atos administrativos.

A doutrina utiliza a expressão atos da administração para se referir a todos


os atos da administração pública. Assim, ato da administração é um
gênero, que comporta diversas espécies, sendo uma destas os atos
administrativos.

Ex: atos de direito privado / atos políticos / atos administrativos


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1.2 Silêncio administrativo

O silêncio administrativo (omissão) não pode ser considerado ato


administrativo e, em regra, não produz efeitos jurídicos imediatos.

Todavia, a lei pode estabelecer que o silêncio administrativo significa


concordância ou discordância com o pleito do administrado.

Assim, existem hipóteses em que a lei descreve as consequências da


omissão da administração e em outras a lei não faz qualquer referência ao
silêncio da administração.

 quando a lei descrever os efeitos do silêncio, significa manifestação


positiva (anuência) ou considera negado o pedido (discordância);

 quando não há previsão legal de suas consequências, não possui efeitos


jurídicos diretos, sendo necessário recorrer ao Poder Judiciário.

A decisão judicial vai depender do ato ser vinculado ou discricionário.


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A presunção de legitimidade ou veracidade e a tipicidade estão


presentes em todos os atos administrativos.
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2.1 Presunção de legitimidade ou veracidade

Pressupõe que os atos administrativos foram praticados conforme a lei


(legitimidade) e os fatos alegados pela administração presumem-se
verdadeiros (veracidade), até que se prove o contrário.

Trata-se de presunção relativa (iuris tantum), pois admite prova em


contrário.

Ocorre a inversão do ônus da prova, uma vez que caberá ao


administrado provar a ilegalidade do ato administrativo.

Tal atributo permite a execução do ato pela administração, ainda que


inválido.
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2.2 Imperatividade

É o poder que tem a Administração de criar obrigações ou impor


restrições, unilateralmente, aos administrados,
independentemente da concordância destes.

Advém do chamado poder extroverso do Estado, ou seja, poder de


restringir direitos ou criar obrigações aos particulares.

O fundamento da imperatividade é a supremacia do interesse público


sobre o privado.
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2.3 Autoexecutoriedade

Poder que tem a Administração de, imediata e diretamente, executar seus


atos, independentemente de autorização judicial.

Não está presente em todos os atos administrativos.


Ex: multas decorrentes do poder de polícia

A autoexecutoriedade ocorre em duas situações:


a) quando estiver expressamente prevista em lei;

b) quando se tratar de medida urgente.

A autoexecutoriedade costuma ocorrer no exercício do poder de polícia,


bem como também no âmbito do poder disciplinar.

Alguns autores falam de exigibilidade e executoriedade.


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2.4 Tipicidade

Atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras


previamente definidas em lei como aptas a produzir determinados
resultados.

Está relacionado com o princípio da legalidade, determinando que a


administração só pode agir quando houver lei determinando ou
autorizando.

Logo, para cada finalidade que a administração pretenda alcançar, deve


existir um ato definido em lei.
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3. Requisitos ou Elementos

São as “partes” de um ato administrativo. Quando todos os elementos do ato


administrativo estiverem conforme a lei, diz-se que o ato é válido, é lícito.

Estando algum elemento do ato administrativo contrário a lei, o ato estará


viciado, será inválido ou ilegal.

Os elementos/requisitos são:
competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
_________________________________
3.1 Competência
É o limite de atuação de um agente público. Poder legal conferido às
entidades, aos órgãos e aos agentes públicos para o desempenho de suas
atribuições.

A competência sempre decorre de lei, sendo, portanto, um dever seu


exercício. (Irrenunciável)
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Quando o agente atua fora dos limites de sua competência estará praticando
abuso de poder na modalidade excesso de poder.

Apesar de ser irrenunciável e intransferível, a competência poderá ser


passível de delegação ou de avocação (Lei 9.784/1999 - art. 12 e 15)

Certos atos NÃO podem ser objetos de delegação:


1) edição de atos de caráter normativo;

2) a decisão de recursos administrativos; e

3) as matérias de competências exclusivas do órgão ou autoridade.

A competência será sempre um elemento/requisito vinculado.


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3.2 Finalidade

Será sempre o interesse público. Todo e qualquer ato administrativo tem


por objetivo atender ao interesse público, sob pena de caracterizar desvio
de poder ou de finalidade e, consequentemente, abuso de poder.

A finalidade (interesse público) é uma forma de manifestação do princípio


da impessoalidade, uma vez que ato administrativo não pode ser utilizado
para atingir interesses meramente privados ou pessoais.

A finalidade é sempre um elemento/requisito vinculado.


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3.3 Forma

É o meio pelo qual se exterioriza a vontade da


Administração (normalmente pela forma escrita – princípio da
solenidade), ou seja, é como o ato administrativo se concretiza. Ex:
Decreto, CNH

Todavia, existem outras formas de o ato administrativo se exteriorizar.


Ex: por meio verbal, por gestos ou mímica, até mesmo por meio de
equipamentos ou sinais.

A forma é um elemento/requisito vinculado.


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3.4 Motivo

É o fundamento de fato e de direito que serve de suporte ao ato


administrativo; é a situação de direito ou de fato que determina ou
autoriza a realização do ato administrativo.

Há, entretanto, diferença entre motivo e motivação.

A motivação é a justificativa, a exposição dos fundamentos de fato e de


direito que deram suporte à prática do ato, ou seja, é a demonstração ou
exposição dos motivos.

O motivo é elemento de formação do ato administrativo, logo estará


presente em todos os atos. Por outro lado, a motivação não é elemento
de formação.
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Obs:
Motivação aliunde é aquela em que a autoridade decide fazendo
referência a um parecer anterior.

______________________________
Todo ato administrativo tem um motivo, mas nem todos têm motivação.

Assim, alguns atos administrativos não precisam ser motivados, não


carecem da exposição de seus motivos (justificados), como é o caso do
cargo em comissão (livre nomeação e exoneração).

A ausência de motivação, quando houver o dever de motivar, caracteriza


vício no elemento forma do ato administrativo!
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Oportunamente, vale comentar a denominada Teoria dos Motivos
Determinantes.

Para esta teoria, os motivos, que deram suporte à prática do ato, integram
a sua validade, de tal maneira que, se forem falsos ou inexistentes, o ato
estará viciado, sendo cabível a sua anulação.

______________________________
O motivo pode estar previsto em lei, caso em que será um elemento
vinculado; ou pode ser deixado a critério da administração, quando teremos
um elemento discricionário.

O motivo, então, pode ser elemento/requisito vinculado ou discricionário.


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3.5 Objeto

É o resultado prático que a administração se propõe a conseguir. É


denominado como o conteúdo do ato; é o efeito jurídico imediato do ato
administrativo.

O objeto é o fim imediato (direto) do ato administrativo.

O objeto do ato administrativo pode ser elemento/requisito vinculado ou


discricionário.
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4. Mérito Administrativo

Consiste na avaliação acerca da conveniência e da oportunidade de se


praticar o ato. Tal aspecto somente pode ser encontrado no MOTIVO e no
OBJETO dos atos discricionários, já que somente nesses atos há margem
de liberdade para se decidir.

______________________________
Ao Poder Judiciário NÃO cabe realizar controle de mérito dos atos
administrativos, SALVO quanto aos seus próprios atos no exercício de sua
função atípica.

O Poder Judiciário realiza o controle de legalidade, controle de legitimidade


ou controle de juridicidade (leis + princípios) dos atos discricionários que
extrapolem a razoabilidade e a proporcionalidade.
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b) Ato discricionário é aquele em que há margem de liberdade para


atuação do agente público, cabendo-lhe decidir acerca da conveniência e
oportunidade em se praticar o ato.
Ex: escolha do período de férias do servidor pela administração.
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5.2) Quanto à manifestação de vontade

a) Ato simples é o que decorre da manifestação de vontade de um único


órgão, colegiado (comissão disciplinar) ou singular (ato do chefe). Ex: edital
de concurso público.

b) Ato complexo é o que decorre de manifestação de vontade de dois ou


mais órgãos, que se somam formando um único ato. Ex: aposentadoria de
servidor (Órgão + TC)
____________________________________________
Súmula Vinculante nº 3: Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão.

c) Ato composto é aquele que resulta da manifestação de um só órgão,


mas que depende de outro ato para produzir seus efeitos jurídicos.
Ex: Autorização que dependa de visto ou homologação.
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5.3 Quanto ao destinatário


a) Atos Gerais são aqueles que não possuem destinatários
determinados, certos, sendo abstratos e impessoais. Atingem a todos,
indistintamente. Ex: edital de concurso público, portarias, resoluções.

b) Os atos individuais possuem destinatários determinados, certos ou


determináveis.
Ex: nomeação de servidor, licença

Podem ser:
> Singular: só tem um destinatário.
> Plúrimo: atinge mais de um destinatário, porém determinados.
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5.4 Quanto à eficácia


a) Ato válido é aquele que não contém vícios, tendo sido praticado
conforme prescreve a legislação.

b) Ato nulo é aquele que sofre de vício insanável em algum dos seus
requisitos de validade, não sendo possível a sua convalidação.

c) Ato anulável é aquele que apresenta algum vício sanável, ou seja, que
é passível de convalidação pela própria administração que editou o ato,
desde que não seja lesivo ao patrimônio público nem cause prejuízo a
terceiros.

d) Ato inexistente é aquele praticado por quem não tem qualquer vínculo
com a administração, se passando por agente público.
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6. Espécies

a) Atos Normativos: são atos gerais e abstratos que visam explicitar a


maneira correta da aplicação da norma no âmbito administrativo. Ex:
regulamentos, decretos, resoluções, instruções normativas, deliberações.

b) Atos Ordinatórios: são os atos emanados da hierarquia administrativa


que estabelecem ordem, organização e o funcionamento da Administração,
bem como a conduta funcional de seus agentes. Ex: circulares, avisos,
portarias, ordens de serviços, ofícios e despachos.
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c) Atos Negociais: são atos administrativos contendo uma declaração de


vontade da Administração coincidente com a pretensão do particular, ou
seja, são declarações de vontade da Administração que geram efeitos
pretendidos pelo interessado. Não possuem imperatividade. Ex: Licença,
autorização, permissão, aprovação, homologação.

d) Atos Enunciativos: são os atos pelos quais a administração declara um


fato pré-existente, profere uma opinião ou emite um juízo de valor, sem
consequências jurídicas imediatas. Não há manifestação de vontade da
administração (decisão).
Ex: certidões, atestados, pareceres opinativos

e) Atos Punitivos: são atos que contêm imposição de sanção, penalidade


àqueles que, vinculados à Administração, infringiram alguma disposição
legal ou contratual, com a finalidade de punir infrações administrativas. Ex:
advertência, demissão, multa contratual, apreensão de mercadorias
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7. Extinção

7.1 Cassação dá-se quando as condições ou requisitos que foram


estabelecidos são descumpridos pelo beneficiário, quando deveriam ser
observadas a fim de que pudesse continuar desfrutando dos benefícios
decorrentes do ato.
Ex: cassação da carteira de motorista por exceder o limite de pontos
previstos no CTN

7.2 Caducidade ocorre quando sobrevém norma contrária ao ato antes


autorizado.
Ex: lei proibindo o uso privativo de bens públicos por particulares

7.3 Contraposição diz respeito à extinção de um ato administrativo pela


prática de outro antagônico ao ato anteriormente praticado.
Ex: servidor nomeado para cargo em comissão e,
posteriormente, exonerado
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7.4 Anulação

É a extinção do ato administrativo por razões de ilegalidade, ou seja, por


estar o ato em desconformidade com o ordenamento jurídico.

A anulação poderá ser declarada pela Administração, em decorrência


de seu poder de autotutela, quanto pelo Poder Judiciário, desde que
provocado.

Como a anulação decorre de ilegalidade do ato, os seus efeitos são


retroativos, ou seja, efeitos ex tunc.
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7.5 Revogação

É a extinção do ato administrativo por critério de conveniência e


oportunidade na manutenção do ato pela Administração.

A revogação é realizada exclusivamente pela Administração Pública, uma


vez que decorre do juízo de mérito administrativo (conveniência e
oportunidade) e este só cabe à Administração Pública.

Pressuposto da revogação é que o ato seja legal.


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O Poder Judiciário não poderá revogar ato administrativo, salvo seus
próprios atos, quando agindo na função administrativa (função atípica).

A revogação tem por fundamento o poder discricionário da autoridade


administrativa. Assim, se tem poder para praticá-lo, segundo a
conveniência e oportunidade, também terá o poder de revogá-lo.

Por incidir sobre ato válido, a revogação terá efeitos proativos, efeitos ex
nunc, ou seja, futuros – dali para frente.
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AUTOTUTELA
Capacidade da administração de controlar seus próprios atos, anulando os ilegais e
revogando por conveniência e oportunidade.

O STF reconhece a autotutela por intermédio da Súmula 473:

“A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE


VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU
REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS
DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO
JUDICIAL”.
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A administração tem um prazo decadencial para exercer a sua autotutela sobre os
seus próprios atos, conforme art. 54 da Lei 9.784/1999:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.

Situações flagrantemente inconstitucionais não se submetem ao prazo decadencial previsto


no art. 54 da Lei 9.784/1999. (entendimento do STF)
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São insuscetíveis de revogação:

a) Atos consumados, ou seja, os atos que já exauriram seus efeitos. É


que por terem alcançado seu objetivo e concretizado seus efeitos, não se
pode modificar aquilo que não produz mais efeito algum.
Ex: revogar férias de servidor que já a gozou

b) Atos que geram direito adquirido, conforme a proteção constitucional


(art. 5º, inc. XXXVI, CF/88) de que a lei não retroagirá para violar o direito
adquirido. Assim, se a lei não pode violar o direito adquirido, menos ainda
o ato administrativo.

c) Atos vinculados na medida em que, em tais atos, não se realiza a


avaliação de conveniência e oportunidade, ou seja, não há margem de
discricionariedade, visto que os elementos/requisitos nos atos vinculados
são todos vinculados.
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Pergunta-se:
Os atos ilegais podem ser revogados?
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8. Convalidação

Primeiramente, deve-se entender a teoria das nulidades, a


qual se subdivide em duas categorias: teoria monista e a teoria
dualista.A convalidação (saneamento ou aperfeiçoamento) não é uma
forma de extinção do ato administrativo. Pelo contrário, convalidar é
“corrigir” ou “regularizar” um ato administrativo.

Assim, em decisão na qual se evidencie não acarretar lesão ao interesse


público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
sanáveis poderão ser convalidados pela própria administração.

Regra geral, são vícios sanáveis os vícios de competência e de forma.


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MEMORIZE

A convalidação é a correção do vício sanável de um ato administrativo,


realizada pela administração pública, com efeitos retroativos (ex tunc).

Em regra, são considerados sanáveis os vícios de forma (desde que não


seja essencial) e de competência (desde que não seja exclusiva).

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