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ATOS

ADMINISTRATIVOS
Professora Me. Ana Paula Matos de Queiroz
CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO
Critérios subjetivo e objetivo

▪ Subjetivo (orgânico ou formal): ato administrativo é o que ditam os órgãos administrativos;


ficam excluídos os atos provenientes dos órgãos legislativo e judicial, ainda que tenham a
mesma natureza daqueles; e ficam incluídos todos os atos da Administração, exclusivamente
por serem emanados de órgãos administrativos, tais como atos normativos do executivo e
contratos celebrados com particulares e regidos pelo direito privado. Exclui os atos praticados
pelo Legislativo e Judiciário ainda que exercidos no bojo da função administrativa.

▪ Objetivo (funcional ou material): ato administrativo é somente aquele praticado no exercício


concreto da função administrativa, seja ele editado pelos órgãos administrativos ou pelos
órgãos judiciais e legislativos.
CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO

“A declaração do Estado ou de quem lhe faça as vezes, expedida em nível


inferior à lei – a título de cumpri-la – sob regime de direito público e
sujeita a controle de legitimidade por órgão jurisdicional” (Celso Antônio
Bandeira de Mello)

Em outras palavras:

“A declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos


jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito
público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.” (Maria Sylvia Di
Pietro)
CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO
Importante: não confundir ato administrativo com ato da administração!

▪ Todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato da Administração. Essa


expressão tem sentido mais abrangente do que a expressão ato administrativo.

▪ Muito embora todo ato administrativo seja um ato da administração, o contrário


não se aplica.

▪ Atos administrativos necessariamente estão sujeitos ao regime jurídico


administrativo.

▪ Os atos da administração podem ser, além dos atos administrativos: atos praticados pela
administração sob regime de direito privado (contratos de compra e venda e locação); atos
materiais, sendo estes condutas posteriores a manifestação, consistindo em mera execução,
configurando fatos administrativos e não atos administrativos.

▪ Ato da administração é gênero do qual ato administrativo é espécie.


ATRIBUTOS
▪ Características que permitem afirmar que o ato jurídico em questão se submete a um regime
jurídico administrativo ou a um regime jurídico de direito público.

Presunção de veracidade e legitimidade

▪ A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; em decorrência


desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos
com observância da lei.

▪ A presunção de veracidade diz respeito aos fatos; em decorrência desse atributo, presumem-
se verdadeiros os fatos alegados pela Administração. Assim ocorre com relação às certidões,
atestados, declarações, informações por ela fornecidos, todos dotados de fé pública.

Imperatividade

▪ Os atos administrativos são oponíveis a terceiros independentemente de sua concordância. A


imperatividade é uma das características que distingue o ato administrativo do ato de direito
privado; este último, em regra, não cria qualquer obrigação para terceiros sem a sua
concordância.
ATRIBUTOS
Autoexecutoriedade

▪ Atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração
Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

▪ É possível: quando há previsão legal ou quando se trata de medida urgente que, caso não adotada
de imediato, possa ocasionar prejuízo maior para o interesse público.

▪ Pode ser desdobrado em: executoriedade (faculdade da administração de executar diretamente a


sua decisão pelo uso da força) e exigibilidade (permite a administração tomar decisões que criam
obrigações para terceiros sem a necessidade de ir preliminarmente a juízo)

▪ No caso da exigibilidade, a Administração se utiliza de meios indiretos de coerção, como a


multa ou outras penalidades administrativas. Na executoriedade, a Administração emprega
meios diretos de coerção, compelindo materialmente o administrado a fazer alguma coisa,
utilizando-se inclusive da força

▪ Muito embora a administração não precise ir preliminarmente a juízo, não é afastado o controle
judicial posterior ou, ainda, a possível incidência de responsabilidade objetiva (Art. 37, §6º, CF)
ATRIBUTOS
Tipicidade

▪ O ato administrativo deve corresponder a figuras previamente previstas em lei. Para cada
finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei. Trata-se de
decorrência do princípio da legalidade, que afasta a possibilidade de a Administração
praticar atos inominados

▪ Protege o administrado de arbitrariedades

▪ Diz respeito apenas aos atos unilaterais, não atinge os contratos, uma vez que, com relação
a eles, não existe imposição de vontade ao particular, logo, a administração pode firmar
contratos inominados.
ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

▪ Maria Sylvia Zanella Di Pietro, adaptando a definição presente no Art. 2º da Lei de Ação
Popular, indica que existem cinco elementos no Ato Administrativo: sujeito, o objeto, a forma,
o motivo e a finalidade.

▪ No Direito Privado, são considerados elementos do ato jurídico/negócio jurídico apenas sujeito,
forma e objeto. No Direito Administrativo, todos os atos precisam ter um fim e uma motivação
que sejam compatíveis com o interesse público.
ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Sujeito

▪ Aquele a quem a lei atribui competência para a prática do ato

▪ No direito brasileiro, quem tem capacidade para a prática de atos administrativos são as pessoas
públicas políticas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e seus desdobramentos.

▪ competência pode ser definida como o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas de direito
público, órgãos e agentes, fixadas pela Constituição e pelas Leis.

▪ decorre sempre da lei, não podendo o próprio órgão estabelecer, por si, as suas atribuições; é
inderrogável, seja pela vontade da Administração, seja por acordo com terceiros.

▪ A Lei nº 9.784/99 determina, no artigo 11, que “a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos”

▪ Artigos 11 a 17 da Lei de Processo Administrativo (9.478/99)


ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Objeto

▪ Efeito jurídico imediato que o ato produz (aquisição, transformação ou extinção de direitos).

Forma

▪ Maneira através da qual esse ato será exteriorizado e todas as formalidades que devem ser
observadas durante o processo de formação do ato, sejam as que o precedem ou as que o
sucedem (publicação).

▪ Tanto a inobservância da forma como a do procedimento produzem o mesmo resultado, ou


seja, a ilicitude do ato.

▪ Prevalece, no direito administrativo brasileiro, a flexibilidade das formas. O que se exige,


como regra, é a adoção da forma escrita. Assim, salvo quando a lei prevê expressamente
determinada forma a Administração pode praticar o ato pela forma que considerar mais
adequada.

▪ Artigo 22, Lei 9784/99: “os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir”; § 1º “...por escrito, em vernáculo,
com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável”.
ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Finalidade

▪ Resultado que a administração quer alcançar com a prática do ato. Enquanto o objeto é o efeito
jurídico imediato que o ato produz (aquisição, transformação ou extinção de direitos), a finalidade
é o efeito mediato.

▪ Definida pela Lei. Não cabe discricionariedade.

Motivo

▪ Conjunto dos pressupostos de fato e de direito que justificam a existência do ato administrativo.
Pressuposto de direito corresponde ao dispositivo legal em que se fundamenta o ato. Pressuposto
de fato corresponde aos acontecimentos e situações que levam a Administração a praticar o ato.
▪ A ausência de motivo ou a indicação de motivo falso invalidam o ato administrativo.
▪ Motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os
pressupostos de fato realmente existiram.

▪ Teoria dos motivos determinantes: a validade do ato se vincula aos motivos indicados como
seu fundamento, de modo que, se inexistentes ou falsos, ocasionam nulidade. Sendo assim,
quando a Administração motiva o ato, mesmo que a lei não exija a motivação, ele só será válido se
os motivos forem verdadeiros.
CLASSIFICAÇÃO
Quanto às prerrogativas

atos de império (praticados com prerrogativas de autoridade e impostos unilateral e


coercitivamente ao particular ) e atos de gestão (praticados pela Administração em igualdade de
condições com o particular). Classificação oriunda do direito francês e que tinha como propósito
distinguir as ações da pessoa do Rei daquelas atribuíveis ao Estado. No direito brasileiro
contemporâneo, atos de império seriam os atos administrativos e os atos de gestão corresponderiam
aos atos da administração.

Quanto à função da vontade

atos administrativos propriamente ditos (em que há manifestação de vontade voltada para a
produção de efeitos jurídicos. Exemplo: demissão, tombamento, requisição.) e puros ou meros atos
administrativos (em que não há produção de efeitos jurídicos, mas simples declaração de opinião,
conhecimento ou desejo. Exemplo: parecer, certidão, voto em órgão colegiado). Pela definição
majoritária de ato administrativo, os segundos são, na verdade, atos da administração.
CLASSIFICAÇÃO
Quanto à presença ou não de imperatividade

Atos administrativos propriamente ditos (em que existe esse atributo) e atos negociais (em
que não existe)

Não confundir ato negocial com negócio jurídico: no ato negocial, há consenso entre administração
e particular. Exemplo: licença, autorização, admissão, permissão, nomeação, exoneração a pedido.

Quanto à formação da vontade

Simples (decorrem da manifestação de um único órgão), complexos (resultam de dois ou mais


órgãos, cuja vontade se funde para formar um só ato) e compostos (resultam damanifestação de
dois ou mais órgãos em que a vontade de um é instrumental em relação ao outro).

Enquanto no ato complexo fundem-se vontades para praticar um ato só, no ato composto,
praticam-se dois atos, um principal e outro acessório; este último pode ser pressuposto ou
complementar daquele. Exemplo: a nomeação do Procurador-Geral da República depende da
prévia aprovação pelo Senado (art. 128, § 1º, da Constituição)
CLASSIFICAÇÃO
Quanto aos destinatários

▪ Gerais ou normativos (atingem todas as pessoas que estão na mesma situação, tais
como regulamentos, portarias, resoluções e regimentos) e individuais (produzem efeitos
no caso concreto).

Quanto à exequibilidade

▪ Perfeito (o que está em condições de produzir efeitos, porque completou o ciclo de


formação), imperfeito (não completou o ciclo de formação e não está apto a produzir
efeitos), pendente (o que já completou o seu ciclo de formação mas está sujeito a condição
ou termo) e consumado (o que já exauriu os seus efeitos, não podendo ser impugnado
administrativamente ou judicialmente).

▪ Diz respeito a capacidade do ato para produzir efeitos jurídicos


▪ Ato perfeito não é sinônimo de ato válido!
▪ Ato consumado pode gerar responsabilidade administrativa ou criminal em caso de
ilicitude, ou responsabilidade civil do Estado uma vez que tenha causado dano a terceiros.
CLASSIFICAÇÃO
Quanto aos efeitos

▪ Constitutivo (pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito ou uma


situação do administrado), declaratório (apenas reconhece um direito preexistente) e
enunciativo (atesta ou reconhece situação de fato ou de direito já existente).

▪ Pelo entendimento adotado, apenas os atos constitutivos seriam atos administrativos, se


tratando os demais de atos da administração.

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