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Ana Luiza Bittencourt

DIREITO ADMINISTRATIVO I

Poderes e deveres dos administradores públicos


- Existem os poderes instrumentais, que a doutrina considera como prerrogativa do direito público, que serão
utilizadas a bem do interesse público. Essas prerrogativas só podem ser utilizadas quando o sujeito está exercendo
sua função pública.

- O uso desse poder deve ser baseado na legalidade e deve respeitar o princípio da publicidade.

- Poder-dever de agir: nasce da função pública

● Irrenunciáveis

● Obrigatoriamente ser exercidos

- Omissão: pode responder administrativamente, civilmente e criminalmente.

- Abuso de autoridade: conduta ilegítima do administrador quando atua fora dos objetivos expressa ou
implicitamente traçados na lei > vício. O abuso de autoridade é gênero, que pode se expressar de duas maneiras:

● Excesso de poder: agente que exorbita no uso de suas atribuições, indo além de sua competência.
Marcado pela desproporcionalidade. Admite convalidação: corrigir o vício contido no ato, preservando sua
eficácia. Pressupõe agente público competente.
● Desvio de poder: também chamado de desvio de finalidade, o agente competente atua visando interesse
alheio ao interesse público > embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse público. É um
defeito que torna NULO o ato administrativo (não admite convalidação). Ex.: transferência de servidor sob
alegação de conveniência do serviço, sendo que a real intenção é punir o servidor.

- Revisão (recurso) administrativa: princípio da autotutela > a administração faz a revisão de seus atos e, se existir
vício ou algo similar, o ato será nulo por exemplo.

- Revisão judicial: art. 5º, LXIX CF: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público; É o que deve se
procurar quando se esgotaram os meios administrativos.

- Instrumentos de controle que poderão ser usados para levar a denúncia. Ex.: MP, ouvidorias, corregedorias e
conselhos (CNJ, por exemplo).

Deveres dos administradores públicos


DEVER DE PROBIDADE
- O administrador público deve procurar evitar que, dentro de seu círculo de administração, existam ações
desonestas e que vão contra a moralidade administrativa, como evitar beneficiar/prejudicar empresas no contrato
administrativo e em licitações. Ex.: prejuízo ao erário (cofre público); não observância dos princípios da
administração pública, enriquecimento ilícito > IMPROBIDADE > imprescritível.

● Art. 37, §4º CF: §4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

- Lei 8429/92

DEVER DE PRESTAR CONTAS


- Art. 71, CF: O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete:

- Interna/Externa

DEVER DE EFICIÊNCIA
- Celeridade; perfeição; evitar desperdícios > tudo isso com planejamento.

Poderes administrativos
- Conceito: conjunto de prerrogativas do direto público que o ordenamento jurídico concede aos agentes
administrativos para que o Estado alcance seus fins.

PODER DISCRICIONÁRIO

- CONVENIÊNCIA (como vai se conduzir o agente) e OPORTUNIDADE (momento em que a atividade deve ser
produzida).

- Na discricionariedade, o legislador atribui certa competência à Administração Pública, reservando uma margem de
liberdade para que o agente público, diante de situação concreta, possa selecionar entre as opções predefinidas qual
a mais apropriada para defender o interesse público.

- É uma prerrogativa aos agentes administrativos de elegerem, entre as várias condutas possíveis, a que traduz maior
conveniência e oportunidade para o interesse público. Pode ser exercido no momento em que a administração
pratica o ato, como também naquele em que deseja revogá-lo. Ex.: quando decide licitar uma obra e após decide
revogar o processo.

- Ao praticar um ato ou indeferir a prática de determinado ato, a autoridade vai considerar o mérito > análise de
mérito, em que se verifica dentro da lei o modo de agir > olhar se é conveniente e/ou oportuno.

- Fazer aquilo que deve ser feito dentro da lei.

- Eleger a melhor conduta (dentre as opções da lei).

Ex.: cessão de bens públicos: organização quer usar a praça municipal de forma onerosa > o município vai analisar a
conveniência, o melhor dia, o valor, a formalização da cessão onerosa e outros. Ou uma organização filantrópica
deseja a mesma coisa, daí não vai ser oneroso, mas vai obedecer a lei, isto é, a forma como esse bem pode ser
cedido.

- Discricionaridade é pautado na LEI. Não é arbitrário!!! A arbitrariedade é ilegítima.

- Controle judicial: vedado ao judiciário a análise de critérios administrativos. O judiciário analisa o agente
competente; se foi feito de forma legal; se há um objeto lícito ou não > não entra na motivação (isso é a análise de
mérito feita administrativamente).

- Atividades vinculadas: existem atividades cuja execução fica inteiramente definida na lei, não sendo concedida
qualquer liberdade quanto à atividade a ser desempenhada. Por isso, deve submeter-se por inteiro ao mandamento
legal. Ex.: procedimento licitatório; licenças; aposentadoria.

PODER REGULAMENTAR

- É utilizado com o objetivo de complementar leis para dar fiel execução a ela > maior concretude.
- Inclui todas as diversas categorias de atos abstratos, tais como: regimentos, instruções, deliberações, resoluções e
portarias.
- O abuso de poder complementar pode acontecer > por isso é preciso ter o controle legislativo:

● Art. 49, V CF: É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; Caso ocorra o abuso
no poder regulamentar a casa legislativa irá tornar sem efeito aquele decreto/lei regulamentada > ocorre em
nível estadual e municipal.

- Natureza derivada: só pode regulamentar algo que estiver previsto em lei.

- Forma > decretos (será utilizado para trazer essa regulamentação):

● Art. 84, IV CF: Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar
as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

- Vedado criar/suprimir direitos: Se uma lei trás determinados benefícios, o chefe do executivo não pode
regulamentá-la de forma a suprimir os direitos.

● Art. 5º, II CF: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

- Obrigações derivadas.

- Efeitos pendentes: para que algumas leis possam ser efetivas, elas precisam ser regulamentadas > enquanto isso
não for feito, os efeitos estarão pendentes.

- Regra geral: apontar prazo > quando a lei necessita de regulamentação, a regra geral é que seja estipulado o tempo
para regulamentação, sendo função do legislativo trazer essa informação. Se a lei precisa de prazo e ele não é
estipulado, essa lei é inconstitucional. Isso é uma OMISSÃO e, para tanto, existe um remédio constitucional para
isso:

● Art. 5º, LXXI CF: LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania; Com isso, ou será determinado o prazo para a lei ou é concedido o
efeito que o solicitante pediu.

PODER HIERÁRQUICO

- Fato administrativo > relação jurídica

- HIERARQUIA > escalonamento vertical > a hierarquia tem o objetivo de distribuir e escalonar as funções de seus
órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do
seu quadro de pessoal.

- A hierarquia ocorre no âmbito da função administrativa, que pode ser exercida em qualquer dos poderes
(legislativo, executivo e judiciário.

Obs.: não confundir função administrativa com poder executivo > função administrativa é encontrada no judiciário e
no legislativo.

- É um poder interno à medida que não se aplica a particulares.

- É um poder permanente, e não em caráter episódico.

- Dessa hierarquia, surge o PODER DE COMANDO e o dever de obediência (daquilo que é legal).

- A hierarquia e disciplina é encontrada em toda a estrutura da administração pública.

- Dessa hierarquia, também surge o PODER DE FISCALIZAÇÃO > observar se as normas legais estão sendo
cumpridas, assim como demais documentos normativos que são elaborados dentro dos diversos órgãos públicos.
Fiscaliza também as diretrizes institucionais, para ver se aquela instituição está realmente cumprindo o papel pela
qual a instituição foi criada.

- Resulta também da hierarquia o PODER DE REVISÃO > estrutura que poderá rever os atos do interior da
administração > disso, resulta duas situações (para que possam ocorrer, precisa de autorização legal, pois é restrita à
lei):
 Delegação: transferir competência para outro órgão. Pode ser delegação vertical ou horizontal. Ex.:
presidente da república delega função ao governador de Estado.
 Avocação: retornar a competência (que fora delegada) para seu âmbito. Só pode ser feita dentro de uma
mesma linha hierárquica (avocação vertical) Ex.: presidente avocar aquilo que havia delegado ao governador
de Estado.

- Hierarquia na função jurisdicional: existe uma relativa hierarquia na função jurisdicional > o jurista continua com
sua livre convicção de julgar, mas a partir do momento que o tema é regulado por súmula vinculante, o jurista deve
seguir a súmula. Se a súmula é contrariada, o jurista será obrigado a tornar sem efeito a sua decisão e dar outra
decisão, de forma a aplicar a súmula vinculante.

- Hierarquia na função legislativa: hierarquia de leis e normas.

PODER DISCIPLINAR

- DISCIPLINA:

 Respeito
 Cumprimento aos deveres
 Subordinação particular

- É um poder interno e com caráter episódico (não permanente).

- Constatada a infração, a administração é obrigada a punir seu agente > é um dever vinculado, mas a escolha da
punição é discricionária. Portanto: o poder disciplinar é vinculado quando ao dever de punir e discricionário quanto à
seleção da pena aplicável.

- O art. 27 da Lei 8.112/90 prevê 6 penalidades diferentes para faltas funcionais cometidas por servidores públicos
federais: advertência; suspensão; demissão; cassação da aposentadoria ou disponibilidade. A aplicação de qualquer
dessas penalidades exige instauração de prévio processo administrativo com contraditório e ampla defesa, sob pena
de nulidade da punição.

- HIERARQUIA e DISCIPLINA são restritos à administração pública (subordinação particular) > não atinge os cidadãos
que não fazem parte da administração > nesse caso, é função do poder de polícia, que é aplicado a TODOS.

PODER DE POLÍCIA

- Juntamente com os serviços públicos e as atividades de fomento, o poder de polícia constitui uma das três funções
precípuas da Administração Pública moderna.

- Serviço público e fomento são atuações estatais ampliativas da esfera de interesse do particular, feito por meio do
oferecimento de vantagens diretas aos indivíduos e às coletividades.

- Já o poder de polícia representa uma ATIVIDADE ESTATAL RESTRITIVA dos interesses privados, limitando a
LIBERDADE e a PROPRIEDADE INDIVIDUAL em favor do interesse público.

- Supremacia do interesse público > vai prevalecer o interesse público sob o privado > o interesse privado só pode
sofrer interferência se for em prol do interesse público.

- Uso – gozo – liberdade > objetivos do Estado > limitações

- A noção de poder de polícia é bem mais abrangente do que o combate à criminalidade, englobando, na verdade,
quaisquer atividades estatais de fiscalização. Ex.: vigilância sanitária e fiscalização de trânsito são exemplos de
manifestação do poder de polícia sem qualquer relação com a segurança pública. As polícias civil, militar e federal
exercem o poder de polícia, mas este não se esgota na atividade específica de manter a segurança pública.

- Polícia função: POLÍCIA ADMINISTRATIVA > existe em toda estrutura da administração pública > fiscalização, em
que pode autorizar e licenciar as atividades que necessitam da aquiescência da administração pública para que se
possa realizar as atividades. Ex.: agentes administrativos executando serviços de fiscalizações.

- A polícia administrativa pode agir repressivamente? Ex.: interdita estabelecimento comercial e/ou quando
apreendem bens obtidos por meios ilícitos.
- Polícia corporação: POLÍCIA JUDICIÁRIA > não está presente em toda estrutura da administração > ela é restrita
aos sistemas de segurança dos Estados e da União. Ex.: agentes apurando crimes.

- Atos normativos: forma de exteriorização desse exercício de poder de polícia. Podem ser decretos, portarias,
alvará.

 Impessoais/geral: vai alcançar a todos > sem destinatário certo. Ex.: decreto municipal sobre uso de
máscara.
 Pessoais: tem destinatário certo. Ex.: licença para construção de imóvel; interdição de um estabelecimento.

- Conceito de poder de polícia:

 Doutrina: é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de
bens, atividades e direitos individuais (liberdade, propriedade), em benefício da coletividade ou do próprio
Estado. O poder de polícia é uma competência discricionária.
 Legal: art. 78 do CTN: “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público,
à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

- Objeto do poder de polícia:

 Liberdade
 Propriedade

- Condicionar, com fundamento na supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e propriedade dos indivíduos,
mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever
de abstenção a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo.

- Motivo: interesse público e bem estar social

- Finalidade:

 Prevenir atividades nocivas ao interesse público.


 Paralisar/Impedir que determinada situação continue > nocivas aos interesses sociais.

- Competência:

 União: interesse nacional (ex.: extradição, naturalização, etc.)


 Estados: interesse regional (matéria remanescente) – DER (transporte clandestino)
 Municípios: interesse local (ex.: construção, transporte coletivo), etc).

- Poder concorrente: nível federativo diverso > competência que se exerce simultaneamente sobre a mesma matéria
por mais de uma autoridade ou órgão.

- Gestão associada: art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de
serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.

- Legitimidade: lei

- Indelegabilidade: regra > a REGRA é a INDELEGABILIDADE DA ATRIBUIÇÃO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA


> mas pode acontecer, desde que outorgada a alguma pessoa pública administrativa (autarquia) ou a uma empresa
pública. Ex.: Banco Central, ANVISA, INSS.

- Delegação é sempre por lei.

- Atos normativos:
 Genéricos: decretos, portarias, regulamentos.
 Concretos: atos de sanção e atos de consentimento

- Características:

 Vedado abuso de poder (excesso ou desvio)


 Discricionário (podendo a atuação passar a ser vinculada).
 Autoexecutoriedade (imediata execução sempre observando os pressupostos legais)
 Coercibilidade

Obs.: não há necessidade de processo administrativo; não há direito de ampla defesa; não depende de autorização
de outro poder. Ex.: demolições, apreensão de bens, destruição de alimentos, etc.

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