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Introdução
Os deveres administrativos são os deveres específicos impostos pelo ordenamento jurídico para
aqueles que, atuando em nome do Poder Público, executam as atividades administrativas.
Uso do Poder – utilização normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere.
Poder-Dever de Agir – as prerrogativas públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes para
o administrador público, impõem-lhe o seu exercício e lhe vedam a inércia.
Abuso do Poder – conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa ou
implicitamente traçados na lei.
Formas de abuso
o Excesso de poder – o agente atua fora dos limites de sua competência.
O agente invade atribuições cometidas a outro agente ou se arroga o
exercício de atividades que a lei não lhe conferiu.
o Desvio de poder (desvio de finalidade) – o agente, embora dentro de sua
competência, afasta-se do interesse público que deve nortear todo o desempenho
administrativo.
Trata-se, pois, de um vício particularmente censurável, já que se traduz em
comportamento soez, insidioso. A autoridade atua embuçada em pretenso
interesse público ocultando dessarte seu malicioso desígnio (Celso Antônio
Bandeira de Mello).
Genérico – não atende ao interesse público, mas sim ao particular.
Específico – até atende o interesse público, mas não o interesse
especificamente pretendido pela norma que o fundamenta.
A conceituação do abuso de poder terá caráter meramente teórico, por isso que, do ponto
de vista prático do cabimento do mandado de segurança, a distinção pouco importa. Sendo o
abuso de poder espécie do gênero ilegalidade, onde esta se constate caberá aquele remédio,
sem embargo da classificação que se lhe possa emprestar (Seabra Fagundes).
Poderes Administrativos
Conceito – conjunto de prerrogativas de direito público eu a ordem jurídica confere aos agentes
administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins.
Poder Discricionário – prerrogativa concedida aos agentes administrativos de elegerem, entre várias
condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público.
Efeitos
o Poder de comando de agentes superiores sobre outros hierarquicamente inferiores –
dever de obediência destes para com aqueles, cabendo-lhes executar as tarefas em
conformidade com as determinações superiores.
o Fiscalização das atividades desempenhadas por agentes de plano hierárquico inferior
para a verificação de sua conduta não somente em relação às normas legais e
regulamentares, como ainda no que disser respeito às diretrizes fixadas por agentes
superiores.
o Poder de revisão dos atos praticados por agentes de nível hierárquico mais baixo,
pode o agente superior rever o ato para ajustamento a orientação ou restauração de
legalidade.
o Delegação – transferência de atribuições de um órgão a outro no aparelho
administrativo. Somente de funções genéricas e comuns.
o Avocação – o chefe superior pode substituir-se ao subalterno, chamando a si as
questões afetas a este, salvo quando a lei só lhe permita intervir nelas após a decisão
dada pelo subalterno. Caráter excepcional.
Subordinação e Vinculação – a primeira tem caráter interno e se estabelece entre órgãos de
uma mesma pessoa administrativa como fator decorrente da hierarquia, ao passo que a
segunda possui caráter externo e resulta do controle que pessoas federativas exercem sobre
as pessoas pertencentes à Administração Indireta.
Hierarquia e Funções Estatais – inexiste hierarquia entre os agentes que exercem função
jurisdicional ou legislativa.
o Na função jurisdicional, prevalece o princípio da livre convicção do juiz, pelo qual age
este com independência, sem subordinação jurídica aos tribunais superiores.
o Na função legislativa vigora o princípio da partilha das competências constitucionais,
de modo que o poder legiferante já se encontra delineado na Constituição.
Poder Disciplinar – situação de respeito que os agentes da Administração devem ter para com as
normas que os regem, em cumprimento aos deveres e obrigações a eles impostos.
Observação – José dos Santos Carvalho Filho considera a Hierarquia e a Disciplina fatos
administrativos, pois representam acontecimentos normais surgidos no âmbito da
organização administrativa, faltando-lhes a fisionomia de prerrogativas de direito para serem
consideradas poderes.
Poder de Polícia – prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração
Pública a restringir o uso e gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade.
Sentido amplo – toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação aos direitos
individuais.
Sentido estrito – verdadeira prerrogativa conferida aos agentes da Administração,
consistente no poder de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade.
Art. 78 do Código Tributário Nacional – considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.
Competência – os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à regulamentação e
policiamento da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia
estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao
policiamento administrativo municipal.
o RE 633.782 Repercussão Geral – É constitucional a delegação de poder de polícia, por
meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem serviço
público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.
o Observação – somente atos relativos ao consentimento e à fiscalização são
delegáveis (REsp 817.534), Supremo Tribunal Federal entende que atos de sanção
também podem ser delegados, de modo que somente a ordem de polícia (função
legislativa) não é delegável.
Características
o Discricionariedade e Vinculação – em regra é discricionário, a Administração pode
levar em consideração a área de atividade em que vai impor a restrição em favor do
interesse público e, depois de escolhê-la, o conteúdo e a dimensão das limitações.
o Autoexecutoriedade – prerrogativa de praticar atos e colocá-los em imediata
execução, sem dependência à manifestação judicial.
o Coercibilidade – possibilidade de o Estado se valer de meios indiretos de coerção,
para fazer com que o administrado cumpra as normas administrativas.
o Imperatividade – o Estado impõe as atividades do poder de polícia de forma
unilateral, independentemente da vontade do particular.
Ciclos do Poder de Polícia
o 1º ciclo – ordem ou legislação – previsão normativa a partir da qual vai ser exercida a
atividade administrativa.
o 2º ciclo – consentimento – ato administrativo que manifesta a aquiescência da
Administração com a conduta do particular, a ser produzido nos casos em que a lei
estipula ser necessário.
o 3º ciclo – fiscalização – verificação da observância das regras de polícia
administrativa.
o 4º ciclo – sanção – imposição de penalidades nas situações em que se verifica
descumprimento das normas impostas.
Deveres da Administração Pública – deveres que devem ser observados para que os administradores
públicos não sejam responsabilizados pelo seu descumprimento.