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1 Resumos para Concursos | DIREITO ADMINISTRATIVO: Poderes Administrativos

PODERES ADMINISTRATIVOS

Poderes Administrativos são instrumentos que a Administração Pública pode utilizar para cumprir suas
finalidades. São prerrogativas juridicamente concedidas aos agentes administrativos para que o Estado
alcance seus fins.

Basicamente, existem seis poderes administrativos. Veja quais são eles na tabela a seguir:
 Poder Vinculado
 Poder Discricionário
 Poder Hierárquico
 Poder Disciplinar
 Poder Regulamentar
 Poder de Polícia

OBSI: Súmula 346 do STF - "A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS."

1. Poder Vinculado

Atos vinculados são aqueles que não cabem à Administração tecer considerações sobre sua oportunidade e
conveniência, ou escolher seu conteúdo. O “poder vinculado” é, na verdade, um dever da Administração
Pública agir de acordo com uma regra existente. Quando há os pressupostos para a edição de um ato
vinculado, não cabe à Administração se omitir. Ela é obrigada a atuar.

Exemplo: o Prefeito de uma cidade que, vinculado à Lei de Responsabilidade Fiscal, deixa de realizar determinado
gasto no Município. O Prefeito tem obrigação de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Não há opção. A ação do
Prefeito, nesse caso, ocorre em decorrência do Poder Vinculado.

2. Poder Discricionário

É aquele em que o agente possui certa liberdade de atuação. Aqui a Administração pode analisar a
oportunidade e a conveniência na prática do ato. O Poder Discricionário permite que o agente escolha,
dentro dos limites legais, o conteúdo da sua ação. Geralmente o Poder Discricionário é exercido quando a
lei dá a liberdade para o agente atuar de acordo com o que for conveniente ao interesse público.
Obviamente, deve-se considerar a razoabilidade e a proporcionalidade no exercício do Poder Discricionário.

Exemplo: um Secretário de Segurança estadual que escolhe o melhor local para estabelecer a sede de uma unidade
policial. A princípio, não há obrigação que a sede esteja em determinado bairro. Então, discricionariamente, e de
acordo com o interesse público, o Secretário define onde a unidade será instalada.

3. Poder Hierárquico

É o Poder Hierárquico que dá a prerrogativa aos superiores hierárquicos em dar ordens aos seus
subordinados. Também decorre do Poder Hierárquico a possibilidade de fiscalizar, controlar, aplicar
sanções, delegar competências e avocar (trazer para si) competências. O funcionamento dos serviços da
Administração Pública depende diretamente do Poder Hierárquico.

Exemplo: um tenente do Exército que determina a um soldado realizar a limpeza de um equipamento bélico. O Poder
Hierárquico autoriza o tenente a dar a ordem, fiscalizá-la, e, caso o soldado descumpra a ordem, aplicar a devida
sanção.

 Funções do Poder Hierárquico:

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1. Dar ordens.
2. Rever atos.
3. Avocar atribuições (chamar para si funções que originalmente foram atribuídas a um subordinado) .
4. Delegar competência (ocorre quando se confere a um terceiro atribuições que originalmente competiam
ao delegante).
5. Fiscalizar.

Observações:
 Hierarquia só ocorre dentro da mesma pessoa jurídica.
 Não existe hierarquia entre os podemos Legislativo, Executivo e Judiciário.
 Os subordinados podem se negar a cumprir ordens manifestamente ilegais.
 A aplicação de penas aos servidores não se insere no poder hierárquico e sim no poder disciplinar.

4. Poder Disciplinar

Falamos em sanção quando nos referimos ao Poder Hierárquico, mas o poder de punir
administrativamente está imediatamente ligado ao Poder Disciplinar. É dito que o Poder Disciplinar deriva
do Poder Hierárquico. Não devemos confundir o Poder Disciplinar com o Poder Punitivo do Estado
(relacionado ao Direito Penal). Ficar atento a essa pegadinha! Todas as pessoas podem ser punidas pelo
Estado, mas apenas funcionários públicos ou agentes contratados são alcançados pelo Poder Disciplinar.
Ao cometer uma infração administrativa, qualquer pessoa física ou jurídica pode ser punida através do
Poder Disciplinar.

Exemplo: O chefe de uma repartição que percebe um subordinado descumprindo o horário de chegada e saída para o
trabalho. O Poder Disciplinar autoriza o chefe a punir o infrator.

O poder disciplinar possibilita que a Administração Pública:


a) Puna internamente os seus servidores pelo cometimento de infrações;
b) Puna os particulares que cometam infrações no âmbito de algum vínculo jurídico específico com a
Administração (empresas contratadas pela Administração Pública).

5. Poder Regulamentar

Falemos agora do Poder Regulamentar, que nada mais é que a competência do Chefe do Poder Executivo
(Presidente, Governadores e Prefeitos) para editar atos administrativos normativos. Ou seja, o Poder de
criar decretos e regulamentos. É importante notar que a competência de outros agentes públicos para
editar atos normativos não tem como base o Poder Regulamentar. Costuma-se dizer que, nesses outros
casos, as normas se fundamentam no Poder Normativo, algo mais genérico.

O poder regulamentar é o poder conferido ao chefe do Poder Executivo (presidente, governadores e


prefeitos), para a edição de normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução. Essas “normas
complementares à lei” são atos administrativos normativos, que, quando editados pelo chefe do Poder
Executivo, revestem-se na forma de decreto.

Exemplo: o Presidente da República que cria um Decreto-Lei para regulamentar o uso de armas de fogo por servidores
militares.

Os atos normativos dividem-se em primários e secundários. Os atos normativos primários encontram


fundamento direto na Constituição e, por conseguinte, podem inovar na ordem jurídica. Em regra, esse tipo
de ato é formalizado por meio de lei, mas admite outras espécies como as medidas provisórias. A

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característica fundamental do ato normativo primário é que eles possuem capacidade para inovar na
ordem jurídica, ou seja, eles podem criar deveres e obrigações novas.
Os atos normativos secundários, por sua vez, encontram fundamento nos atos normativos primários e, por
conseguinte, estão delimitados por estes. Dessa forma, os atos normativos secundários não podem inovar
na ordem jurídica. Vale dizer, os atos secundários possuem caráter infralegal e, portanto, estão
subordinados aos limites da lei.

Observações:
 O poder regulamentar é apenas uma das formas de manifestação do poder normativo.
 A competência para exercício do poder regulamentar é atribuição privativa do Presidente da
República e trata-se de competência indelegável, ou seja, o Presidente da República não pode
delega-la aos ministros de Estado e outras autoridades.
 É competência do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
do poder regulamentar.

6. Poder de Polícia

Basicamente, é o poder que a Administração Pública possui para restringir o gozo de bens, atividades e
direitos individuais. O Poder de Polícia é exercido em benefício da coletividade ou do próprio Estado.

Exemplo: O Corpo de Bombeiros, quando interdita um bar por falta de condições adequadas para a evacuação em
caso de incêndio. Embora o proprietário do bar tenha direito ao bem, e de exercer seu trabalho, isso é restrito em
benefício da coletividade.

O poder de polícia abrande:


a) Regulamentação de leis.
b) Controle preventivo (ordens, notificações, licenças ou autorizações).
c) Controle repressivo (imposição de medidas coercitivas).

7. Uso e Abuso de Poder

O abuso de poder é o fenômeno que se verifica sempre que uma autoridade ou um agente público pratica
um ato, ultrapassando os limites de suas atribuições ou competências, ou se desvia das finalidades
administrativas definidas pela lei.

O abuso de poder desdobra-se em duas categorias:


a) Excesso de poder: quando o agente público atua fora dos limites de sua esfera de competência. Ex:
Um servidor do DETRAN, lotado no almoxarifado, sai as ruas vestido de agente e começa a aplicar
multas de trânsito.
b) Desvio de poder (desvio de finalidade): quando o agente atua dentro de sua esfera de
competência, porém de forma contrária à finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou
autorizou o ato. Nesse caso, será desvio de poder a tanto conduta contrária à finalidade geral
(interesse público, finalidade mediata) quanto à finalidade específica (imediata). Ex: O Reitor de
uma Universidade, tem o poder de remover um servidor via ofício, a interesse da administração.
No entanto, por conta de uma briga, ele faz a remoção única e exclusivamente por vingança
pessoal.

Dessa forma, o excesso de poder se relaciona com o elemento da competência; enquanto o desvio de
poder se refere ao elemento da finalidade.

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