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Direito Administrativo

Prof. Moisés Moreira


Conceito de Direito Administrativo e a função administrativa
 A partir da criação do Estado de Direito, caracterizado pela subordinação de todos,
inclusive do Estado, à lei, e da adoção do sistema de Tripartição de Poderes
(Legislativo, Executivo e Judiciário), tem-se o desenvolvimento do Direito Administrativo.

 Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes
e pessoas jurídicas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não
contenciosa que exerce e os bens e os meios de que se utiliza para a consecução de
seus fins, de natureza pública (MSZP).
Conceito de Direito Administrativo e a função administrativa
 Para Celso Antônio Bandeira de Melo, Direito Administrativo é o ramo do direito
público que disciplina a função administrativa, bem como as pessoas e os órgãos
que a exercem.

 A função administrativa (“executar, de ofício, a lei”) é exercida de forma típica por um dos
Poderes (Executivo) e de forma atípica pelos demais (Judiciário e Legislativo).
Regime jurídico administrativo: regime próprio da Adm
Pública
Regime jurídico administrativo é o regime de direito público, fundado na
supremacia e na indisponibilidade do interesse público, que se aplica à
Administração Pública.

A Administração Pública é dotada de prerrogativas e de limitações que


decorrem, respectivamente, do princípio da supremacia do interesse
público e do princípio da indisponibilidade do interesse público.
Princípios da Adm. Pública
 Os princípios do Direito Administrativo permitem estabelecer o necessário equilíbrio entre os
direitos dos administrados e as prerrogativas da Administração

 Existem os princípios expressos no art. 37 da CF, bem como os implícitos e os indicados em outras
normas, a exemplo da Lei 9.784/99.

 Art. 37 da CF: LIMPE:

 Legalidade: “A Adm. Somente pode fazer o que a lei manda”;

Atenção para o princípio da juridicidade, que amplia a abrangência das fontes legislativas,
servindo de vetor interpretativo de toda a ordem jurídica.
Princípios da Adm. Pública
 Impessoalidade:

. A Adm. deve primar pela finalidade pública (“se um servidor for removido como forma de
punição, e não para atender ao interesse público, o ato será nulo”);

. não pode visar a interesses pessoais ou de determinado grupo (“o STF considera constitucional
cotas em universidades públicas”);

. a atuação deve ser institucional sendo vedada a promoção pessoal de seus agentes e servidores.

A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (CF, art. 37, §1º).
Princípios da Adm. Pública

 Moralidade: Exige-se a atuação ética dos agentes públicos, de modo que sua atuação deve
observar a boa-fé e suas decisões devem ser probas e honestas;

 Publicidade: A Administração Pública deve se pautar pela transparência de seus atos, de


modo a possibilitar o controle por todos os cidadãos. Somente em casos excepcionais é que se
deve guardar o sigilo dos atos;

 Eficiência: Exige que a Administração Pública obtenha os melhores resultados utilizando-se


dos recursos existentes. Baseia-se na ideia de “obter mais com menos”, relacionando-se com a
economicidade na prática dos atos administrativos.
Questão 1
1 – Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-DF Prova:
CESPE - 2020 - SEFAZ-DF - Auditor Fiscal

Em relação à organização do Estado e da administração pública, julgue o


seguinte item.

O princípio da legalidade se aplica apenas ao Poder Executivo federal.


Outros princípios da Adm. Pública
 Razoabilidade e proporcionalidade:

a)Adequação ou idoneidade - o meio deve ser compatível com o fim;

b) necessidade ou exigibilidade - não pode existir outro meio menos gravoso para se
atingir o mesmo fim; e

c) proporcionalidade strictu sensu - deve ser ponderada a intensidade da medida em


relação aos fundamentos invocados para justificá-la.
Outros princípios da Adm. Pública
 Segurança jurídica: Por esse princípio, o administrado deve ser protegido de
alterações inesperadas nos procedimentos da Administração Pública. Deve-se primar
pela segurança das situações consolidadas e amparadas pela boa-fé das pessoas.

 Autotutela: Possibilita à Administração Pública o controle de seus próprios atos


quanto ao mérito (juízo de conveniência e oportunidade) e à legalidade.

.Esse controle não afasta aquele exercido pelo Poder Judiciário, visto que o Brasil adota o
sistema inglês de jurisdição única.
Questão 2

2 – Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE -
Analista Judiciário de Procuradoria

Com relação à origem e às fontes do direito administrativo, aos sistemas administrativos e à


administração pública em geral, julgue o item que segue.

O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a administração pública e que não se
encontra nas relações entre particulares constitui o regime jurídico administrativo.
Questão 3

3 – CESPE STJ ANALISTA JUDICIÁRIO 2018

Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores no tocante aos princípios


administrativos e a licitação, julgue o item que se segue.

Embora sem previsão expressa no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da confiança relaciona-
se à crença do administrado de que os atos administrativos serão lícitos e, portanto, seus efeitos
serão mantidos e respeitados pela própria administração pública.

Gabarito: C
Poderes administrativos
 Poder vinculado: A margem de liberdade é mínima ou inexistente. Não há espaço para
discricionariedade. Exemplo: Aposentadorias.

 Poder discricionário: Consiste no poder de decisão diante de certas alternativas


previstas em lei. Exemplo: A pena de suspensão não pode exceder de 90 dias. O Poder
Judiciário não pode revogar o ato discricionário, todavia pode anulá-lo nos casos de
ilegalidade e desarrazoabilidade.
Poderes administrativos
 Poder hierárquico: Surge em razão da existência de níveis de subordinação entre
órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica. O superior pode dar ordens e
fiscalizar; pode delegar e avocar; rever atos; exercer autotutela.

 Atenção! Os servidores públicos têm o dever de acatar e cumprir as ordens de seus


superiores hierárquicos (dever de obediência), exceto quando essas forem
manifestamente ilegais (ninguém pode ser obrigado a agir contra a lei, certo, pessoal?).
Poderes administrativos
Atenção! Delegação é a transferência parcial e temporária de competência, sendo sempre
possível quando a lei não disser nada em contrário, constituindo-se, pois, como regra.

Atenção! Avocação é a assunção pelo superior de uma competência originariamente


atribuída a um subordinado.

Atenção! Subordinação administrativa não se confunde com vinculação administrativa.


Poderes administrativos
 Poder disciplinar: Consiste no poder de apurar ilícitos e de aplicar as respectivas
sanções. Incide no âmbito da Administração Pública, alcançando tanto os agentes
públicos, quanto os particulares que possuam algum vínculo específico com a
Administração.
Poderes administrativos
Atenção! Se houver violação de norma, existirá o dever de punir. Portanto, o poder
disciplinar possui dupla face: É vinculado quanto ao dever de punir e discricionário, em
regra, quanto ao tipo de sanção e gradação da pena a ser aplicada.

Atenção! O poder disciplinar não se confunde com o poder de polícia, pois neste ocorre a
sujeição geral (vínculo geral) e no disciplinar, há sujeição específica.
Poderes administrativos
 Poder de polícia: Consiste em limitar, condicionar ou disciplinar os direitos em prol do
interesse público. Exemplos: É o caso do porte de arma, em que há severas limitações
para se obter um. É o caso da construção em margens de rodovias, devendo-se
observar as regras existentes.

Atenção! Não podemos jamais confundir poder de polícia, que é chamado, também, de
polícia administrativa, com a polícia judiciária. A polícia administrativa é exercida sobre
atividades, bens e direitos, ao passo que a polícia judiciária incide sobre pessoas.
Poderes administrativos
 Poder regulamentar: Consiste na faculdade de que dispõem os Chefes do Poder
Executivo de explicar a lei para sua correta execução, que é a regra, ou de expedir
decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei,
que é a exceção. É espécie do poder normativo (poder regulamentar; poder regulador).

Atenção! Os Decretos Autônomos podem dispor somente sobre: a) Organização e


funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesas
nem criação ou extinção de órgãos públicos (isto só pode ser feito por lei); b) Extinção de
funções ou cargos públicos, quando vagos.
Questão 4
4 – iphan 2018

Julgue o item subsecutivo, a respeito dos poderes da administração pública.

Ao exercer o poder regulamentar, a administração pública pode extrapolar os limites do ato


normativo primário, desde que o faça com vistas à finalidade pública.
Conteúdo DAD – ORG ADMIN

Há duas formas básicas de atuação da Administração Pública,

A CENTRALIZADA, quando ela mesma assume a execução de suas atividades (Atuação apenas do
Estado, seus órgãos e agentes públicos),

E A DESCENTRALIZADA, quando, por questões de eficiência e praticidade, a execução é atribuída


a outra pessoa (Há duas pessoas distintas: a entidade política e a administrativa – sem
subordinação!).
Desconcentração e descentralização
Vejam a seguir um quadro para auxiliar na memorização:
Principais diferenças entre desconcentração e descentralização

Desconcentração Descentralização

Vários órgãos, sem personalidade, Mais de uma entidade com


dentro de uma mesma pessoa jurídica. personalidades jurídicas distintas.

Exemplo: Órgãos da Presidência. Exemplo: União e INSS (Autarquia)

Os órgãos não possuem capacidade Podem atuar em juízo tanto no polo


para atuar em juízo, salvo alguns com ativo, quanto no passivo.

capacidade processual especial (MP).

Está presente sempre que houver É inerente à Administração Pública


distribuição de competências internas, Indireta: A entidade política cria a
seja na Administração Direta, seja na entidade administrativa, mediante

Indireta. descentralização.
Administração Pública Indireta

 De acordo com o art. 4º do Decreto-Lei 200/67:

A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços


integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. II - A
Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia
Mista. d) fundações públicas.
Administração Pública Indireta

 Autarquias: São criadas por lei para prestação de serviços típicos da Administração
Pública; não podem exercer atividades econômicas; possuem personalidade jurídica de
direito público, que advém diretamente da respectiva lei de criação, independendo de
registro dos atos constitutivos em cartório.
Autarquias
Prerrogativas Sujeições
Prazos processuais diferenciados (em dobro para Contração somente mediante concurso público.
contestar, recorrer e responder recurso)
Sujeição ao regime de precatórios. Vedação de acúmulo de cargos, empregos e funções
públicas, ressalvadas as permissões constitucionais
(dois cargos de professor; um cargo de professor e
outro técnico ou científico; e dois cargos de
profissionais da saúde).
Não precisam adiantar custas processuais e seus Obrigação de licitar.
procuradores não precisam apresentar procuração
em juízo.
Dever de intimação pessoal. Responsabilidade objetiva pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros – sem necessidade de
comprovação de dolo ou culpa.
Patrimônio público próprio, com restrições à Apesar de possuírem autonomia gerencial,
alienação; são impenhoráveis e imprescritíveis (não orçamentária e patrimonial, sujeitam-se a controle
sujeitos a usucapião). finalístico da entidade política que as criou.
Imunidade em relação aos impostos sobre Não possuem autonomia política.
patrimônio, bens e serviços.
Não sujeição à falência; prescrição quinquenal de
suas dívidas e inscrição de seus créditos em dívida
atividade e cobrança por meio de execução fiscal.
Autarquias
 Autarquias especiais são aquelas cuja lei de criação as diferenciam em alguns pontos das
demais, possuindo, em geral, maior autonomia para atuação, a exemplo do Banco central, cuja
indicação de diretores e presidentes deve ser aprovada pelo Senado, e agências reguladoras.

 Estas possuem as seguintes peculiaridades: a) mandato fixo de seus dirigentes; b) estabilidade (a


perda do cargo ocorre somente com o fim do mandato, por renúncia ou em virtude de sentença
judicial transitada em julgado); c) “quarentena” remunerada de 4 meses em que não poderá o ex-
dirigente atuar no setor regulado pela agência.
Autarquias

Cuidado! Agência executiva é uma qualificação atribuída pelo chefe do


Executivo às autarquias e fundações públicas, mediante contrato de
gestão com o ministério supervisor, para atuação com maior eficiência,
devendo ser apresentado plano estratégico de reestruturação e
desenvolvimento institucional.
Fundações públicas

 São patrimônios personalizados, destacados e afetados para uma finalidade específica.

 Dividem-se em fundações públicas com personalidade jurídica de direito público (IBGE, Funasa),
fundações governamentais (personalidade jurídica de direito privado) e fundações privadas
(Instituto Ayrton Senna).

 As fundações públicas com personalidade jurídica de direito público são espécies de autarquias,
sendo-lhes, aplicável, portanto, as disposições relativas a essas entidades.

 Para finalizar o tópico, tenhamos em mente que, nos termos do art. 37, XIX, da CF, caberá à lei
complementar definir as áreas de atuação das fundações.
Empresas Públicas – EP e Sociedades de Economia Mista - SEM

Pontos comuns Distinções


Pessoas jurídicas de direito privado que têm sua criação A EP pode adotar qualquer forma jurídica (SA, limitada etc.).
autorizada por lei. Já a SEM só pode ser SA.
Sofrem controle finalístico e controle pelos Tribunais de
 
Contas, Poder Legislativo e Judiciário.
 
Devem licitar, salvo as exploradoras de atividade Na EP o capital é exclusivamente público. Já na SEM é
econômica para contratação relacionada às suas público e privado (mas a maioria do capital tem de ser
atividades finalísticas. público).
Concurso público, com seus empregados submetidos ao
 
regime celetista (empregados públicos).
 
Remuneração não sujeita ao teto constitucional (regra*) e As demandas judiciais envolvendo as EP são julgadas na
impossibilidade de falência. (*) O teto remuneratório justiça federal (CF, art. 109). Já as da SEM, são na justiça
somente é aplicado quando há repasse de recursos da estadual.
União, dos Estados, do DF ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
geral (Art. 37, §9, da CF).
Registros dos atos constitutivos para aquisição da
personalidade jurídica.
Questão 5
5 – CESPE - DPE – DF – 2019

A respeito da organização administrativa e de poderes e deveres da administração pública, julgue o item seguinte.

A distribuição de competências a órgãos subalternos despersonalizados, como as secretarias-gerais, é


modalidade de descentralização de poder.
Obrigado!

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