EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DE LIMEIRA/SP.

URGENTE!
SESSÃO LEGISLATIVA MARCADA PARA ÀS 18H00

“Pelo exposto, na esteira da jurisprudência pacificada neste Supremo

Tribunal Federal, defiro parcialmente a liminar requerida, para
assegurar aos Pacientes o direito ao ingresso na Câmara dos
Deputados especificamente nos recintos abertos ao público para
acompanhar as reuniões destinadas à discussão da PEC 171/1993,
observadas as normas legais e regimentais e garantido o poder de
polícia daquele órgão para se assegurar o regular andamento dos
trabalhos daquela Casa” HC 128883 MC / DF, Min. Carmem Lúcia –
18/06/2015.

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, pelos

Defensores Públicos subscritores, vem à presença de Vossa Excelência impetrar HABEAS
CORPUS PREVENTIVO COLETIVO em favor de STEFAN MULLER SOARES DE MOURA,
brasileiro, maior, solteiro, estudante, portador da cédula de identidade RG n.º 16.33.149, e
no inscrito no CPF/MF, sob o n.º 089.441.416-06, e DILAN DIEGO CARLI DOS SANTOS,
brasileiro, maior, solteiro, estudante, portador da cédula de identidade RG n.º 40.886.259, e
no inscrito no CPF/MF, sob o n.º 428.558.428-08, integrantes do COLETIVO CORES e do
COLETIVO DOMÍNIO PÚBLICO, bem como de toda a coletividade, especialmente dos
cidadãos de Limeira, e em face do Excelentíssimo Senhor Vereador Presidente da Mesa
Diretora da Câmara dos Vereadores de Limeira NILTON CÉSAR DOS SANTOS, pelos
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

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3ª, 4º, 5ª, 6ª e 7ª Defensorias Públicas de Limeira/SP – HC Coletivo Preventivo
I - DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA

A Defensoria Pública Estadual conta com as seguintes

prerrogativas funcionais: i) vista processual mediante entrega dos autos; ii) intimação
pessoal – ambas efetuadas eletronicamente pela intimação via portal “eSAJ” de todas
as decisões; e iii) prazo em dobro, vide artigo 128, I, da Lei Complementar Federal n.º
80/94.

II - DO PROJETO PETIÇÃO 10, SENTENÇA 10

Esta ação, em esforço de concisão, busca observar os ditames do

Projeto “Petição 10, Sentença 10”, estabelecido entre a Defensoria e o TJ/SP, não
ultrapassando 10 (dez) laudas.

III - DOS FATOS

Em 02/07/2015 foi protocolada, pelo Vereador Antônio Franco

de Morais (Toninho Franco – PR), proposta de emenda à Lei Orgânica do Município de
Limeira/SP, nº 03/2015.

Tal proposta foi lida pelo parlamentar sobredito na Sessão

Ordinário da Câmara Municipal de Limeira/SP, realizada em 06.07.2015.

Os pacientes, bem como os coletivos a que pertencem, tão logo

tomaram ciência de que tal proposta seria apresentada, mobilizaram-se com o intuito de
comparecer a sobredita sessão, com o fito de exercer o seu direito constitucional de livre
manifestação acerca da matéria apresentada pelo parlamentar referido.

Ademais, segundo noticiado pelo Jornal Gazeta de Limeira, na

edição de 08.07.2015, o vereador Presidente da Câmara Municipal de Limeira, Nilton Santos
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3ª, 4º, 5ª, 6ª e 7ª Defensorias Públicas de Limeira/SP – HC Coletivo Preventivo
(PRB) afirmou ao Jornal Gazeta de Limeira, que a última sessão ordinária do primeiro
semestre de 2015 (13-07-2015) poderá ocorrer de portas fechadas, em razão das
manifestações populares ocorridas na sessão de 06.07.2015.

O temor de realização de sessão na data de hoje com portas

fechadas foi corroborado com o ocorrido no começo da tarde de hoje. A integrante do
coletivo Cores, Camila Ferreira da Cunha, compareceu ao Setor de Protocolo da Câmara
Municipal, com o fito de inscrever para se manifestar no momento da Tribuna Livre na
sessão ordinária a ser realizada na presente data. Em tal seção foi-lhe informado que não
haveria manifestação na Tribuna livre na Sessão Ordinária de hoje.

Tal recusa foi corroborada pelos integrantes Dilan e Stefan, que

tentaram realizar protocolo por escrito de pedido de participação na Tribuna, mas tiveram
o seu pleito recusado pelo funcionário Márcio, sob o mesmo fundamento acima relatado.

Diante do iminente risco de verem seus direitos de ir, vir,

permanecer, bem como o direito fundamental de participação popular, não restou outra via
aos pacientes - e a toda coletividade, socorre-se ao Poder judiciário, para poderem adentar
nos recintos abertos ao público para acompanhar as reuniões destinadas à discussão da
referida proposta.

IV – DO DIREITO

a) do cabimento e do mérito do habeas corpus preventivo

Dispõe o artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal que

“conceder-se-á Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder” (g.n.).

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 A própria redação do dispositivo deixa clara a ampla
abrangência do remédio constitucional, passível de ajuizamento sempre que houver
qualquer ameaça ao direito fundamental e imanente a todo ser humano de ir, vir e
ficar.

Consoante assevera José Afonso da Silva, a liberdade de

locomoção, garantida no artigo 5º, XV, da Constituição Federal, “constitui o cerne da
liberdade da pessoa física no sistema jurídico” (Curso de direito constitucional positivo,
32ª Ed., São Paulo: Malheiros, 2008, p. 237).

O direito à circulação, corolário da liberdade de locomoção,

inclui, nos dizeres do mesmo autor, o direito de ir, vir, ficar, parar, estacionar (idem, p. 239).

É certo que os direitos fundamentais não são admitidos pela

doutrina como absolutos, podendo-se restringi-los em função de outros direitos
fundamentais, respeitado o critério de proporcionalidade, desde que haja determinação
legal ou judicial para tanto.

b) da ameaça ao direito fundamental de ir, vir e ficar, bem como do direito fundamental
de participação popular.

Nos casos em que haja ameaça de constrição ao direito de

adentrar no recinto do povo, qual seja, na casa parlamentar municipal – Câmara dos
Vereadores de LIMEIRA, bem como dali sair ou permanecer durante a realização da
sessão legislativa, sem ordem legal ou judicial para tanto, caberá Habeas Corpus
preventivo, a fim de que cesse a ilegalidade e se restabeleça o direito do cidadão de
participar do processo legislativo, princípio basilar do regime democrático.

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 Sobre o cabimento do Habeas Corpus preventivo quando
alguém for ameaçado em seu direito de ir, vir e ficar, manifesta-se Aury Lopes Júnior:

“Como explica CALAMANDREI, na tutela jurisdicional preventiva,

o interesse não surge do dano, senão dal pericolo di um danno
giuridico. A tutela não atua a posteriori do dano, como produto
da lesão ao direito, senão que se opera a priori, para evitar o
dano que possa derivar da lesão a um direito, quando existe uma
ameaça ainda não realizada. Existe, portanto, interesse
juridicamente tutelável antes da lesão ao direito, pelo simples
fato de que a lesão seja previsível, próxima e provável. Para isso
está o habeas corpus preventivo” (Direito processual penal e sua
conformidade constitucional, vol. 2, 6ª Ed., Rio de Janeiro:
Lumen, 2011, p. 645).

Assim, havendo demonstração, ainda que indiciária, de que

alguém se encontra na iminência ou em risco de sofrer coação em sua liberdade de
locomoção, é dever do Poder Judiciário antecipar-se à lesão, cumprindo o mandamento
constitucional que dispõe explicitamente que, pela relevância do direito atingido, não é
facultado ao julgador esperar que a lesão ocorra para que, apenas então, faça cumprir a lei.

Quanto ao grau de cognição exigido para a concessão de habeas

corpus preventivo, é certo que, por haver ameaça de lesão, o juiz deverá avaliar a situação
por sua verossimilhança, não exigindo certeza da ocorrência do evento futuro.

Nesse sentido:

“A iminência do constrangimento ilegal deve ser valorada

em grau de probabilidade, um juízo de verossimilhança, não
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 se podendo exigir ‘certeza’, pois esta somente será possível
com a consumação do ato que se pretende evitar” (idem,
ibidem, g.n.).

Aliás, ao tratar-se de habeas corpus preventivo, o C. STF já

decidiu que, quando a ameaça à liberdade de locomoção for notória, veiculada pela
mídia, dispensa-se qualquer comprovação processual de que o indivíduo sofre acosso
à sua liberdade de ir, vir e ficar.

Em precedente célebre, o C STF concedeu habeas corpus para

garantir o direito de prostitutas de ficarem na via pública, conquanto não houvesse
nenhuma norma ou ordem judicial que as impedisse de ali estar e exercer seu ofício:

“Habeas Corpus preventivo. “Trottoir”. Prostitutas ameaçadas de

prisão pela polícia paulista. Fato notório. Recurso provido” (STF –
HC 58.974 – São Paulo – Rel. Soares Muñoz – j. 29.09.1981, g.n.)

Nesse sentido, também o C. STJ decidiu pela concessão da

ordem de habeas corpus (HC 207720), considerando ilegal o “toque de recolher” estipulado
por municípios paulistas, reconhecendo que crianças e adolescentes tinham o direito de
permanecer nas ruas em qualquer horário do dia ou da noite. Julgou-se, ainda, que, por ser
o fato notório, a constatação da ameaça de lesão ao direito de locomoção não necessitava de
qualquer aprofundamento probatório.

No caso em tela é notório a ameaça de que a sessão

legislativa que poderá discutir Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município de
Limeira/SP, nº 03/2015, seja realizada de “portas fechadas”, inviabilizando, desta
forma, o direito fundamental de ir, vir e permanecer, bem como de participação e

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controle do legislativo pela população Limeirense, seja ela favorável ou contrária a
referida Proposta.

A documentação juntada demonstra que há risco real de

que toda população do município de Limeira seja tolhida de tais fundamentais
direitos.

Logo, por todo o exposto, vê-se que a demanda ora postulada é

plenamente cabível pela via do habeas corpus preventivo, requerendo-se à Vossa
Excelência que conheça do mérito da impetração, concedendo a ordem a fim de que os
pacientes obtenham salvo-conduto para que não sejam acossados, intimidado ou violentado
de qualquer maneira por agentes públicos, bem como que não sejam impedidos de
adentrar, sair ou permanecer na sessão legislativa que irá discutir a Proposta de Emenda à
Lei Orgânica do Município de Limeira/SP, nº 03/2015, salvo em hipótese de flagrância por
crime (excetuados os abarcados pela Lei 9.099/95) ou ordem judicial.

IV – DA LIMINAR

Estão presentes os requisitos para a concessão da liminar, com

a imediata expedição de salvo-conduto aos pacientes, garantindo que eles, bem como
qualquer outro cidadão, possam adentrar, sair e permanecer na sessão legislativa que irá
discutir Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município de Limeira/SP, nº 03/2015, dado
que se trata de casa legislativa de propriedade de todo o povo, tendo ele o direito
fundamental de participação e controle do legislativo, não podendo serem impedidos de
adentrar, sair e lá permanecerem, enquanto tal sessão durar (CF, art. 5º, LXI).

No presente caso, verifica-se a existência do periculum in

mora, pois o perigo de dano grave e irreparável à liberdade de locomoção dos impetrantes
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e de toda a coletividade está cabalmente demonstrado. Como fica claro da documentação
juntada, há notícia de que a sessão de hoje, 13 de julho de 2015, será realizada de “portas
fechadas”, a total revelia da população Limeirense, seja ela favorável ou contrária, a
Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município de Limeira/SP, nº 03/2015, o que, diga-se
por passagem, atenta contra os mais comezinhos princípios democráticos.

Está, ainda, presente o fumus boni iuris, face à injusta coação e

ameaça de lesão acima demonstrada, com a ausência de fundamentação legal os
impetrantes, bem como toda coletividade, sejam impedidos de adentrar, sair e permanecer
no plenário da Câmara dos Vereadores de Limeira durante a referida sessão legislativa.

No mais, a notoriedade do fato – já divulgado na mídia escrita

da cidade de Limeira, já dá conta de satisfazer o requisito da verossimilhança, necessário e
suficiente para que se conceda a medida liminar em sede de habeas corpus.

VI - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requerem os impetrantes a concessão da

ordem de habeas corpus, confirmando-se a medida liminar, a fim que seja expedido
salvo-conduto aos pacientes, garantindo que eles possam adentar, sair e permanecer
nos recintos abertos ao público para acompanhar as reuniões destinadas à discussão
da Proposta de Emenda à Lei Orgânica Lei Orgânica do Município de Limeira/SP, nº
03/2015, durante a sessão que será realizada na presente data, bem como em todas as
sessões subsequentes que discutirem o mesmo tema, por se tratar de direito constitucional
inviolável, não podendo serem impedidos ou removidos contra as suas vontades, salvo se

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em flagrante delito ou por ordem judicial, estendendo-se os efeitos da ordem aos todos
aos cidadãos, sejam eles favoráveis ou contrários a referida Proposta.

Limeira, 13 de julho de 2015.

Leonardo dos Santos Gonzales

3º Defensoria Pública de Limeira

Leandro Silvestre Rodrigues e Silva Amanda Grazielli Cassiano Diaz

4º Defensoria Pública de Limeira 5º Defensoria Pública de Limeira

Rita de Cássia Gandolpho Douglas Schauerhuber Nunes

6º Defensoria Pública de Limeira 7º Defensoria Pública de Limeira

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