Universidade Federal de São Carlos Universidade Federal de São Carlos

Centro de Educação e Ciências Humanas Centro de Educação e Ciências Humanas

Departamento de Sociologia Departamento de Sociologia
Programa de Pós-Graduação em Sociologia Programa de Pós-Graduação em Sociologia

Profs. Drs. Jorge Leite Junior e Jacqueline Sinhoretto Profs. Drs. Jorge Leite Junior e Jacqueline Sinhoretto

Sobre monstros e bandidos: sociologias do estigma e do extermínio
Disciplina Optativa do Curso de Graduação em Ciências Sociais
Disciplina Optativa da Pós-Graduação em Sociologia
1º semestre de 2018 – terças-feiras, das 8-12h – AT8 sala 183
Ementa:
FOUCAULT, Michel. Aula de 26 de fevereiro de 1975 in Os anormais. São Paulo: Martins Fontes,
2001.
TORRANO, Andrea. El monstruo en la política. Defender la sociedad del hombre-lobo.
Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 3, n. 2, jul-dez. 2013, pp. 429-
445.http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/viewFile/150/86

O curso propõe abordar o cruzamento de agendas de pesquisa sociológica sobre a produção

social da monstruosidade e a produção do extermínio como solução para o problema do desvio
criminal na realidade brasileira contemporânea sob a figura do bandido. Para cumprir este
objetivo geral, o curso abordará bibliografias teóricas e pesquisas empíricas que buscaram
compreender a questão da monstruosidade, como signo de periculosidade e desvio, bem como
a questão do crime e da punição. O que une essas pautas de pesquisa, na narrativa construída
ao longo do curso, é a impossibilidade de reconhecimento da humanidade em sujeitos
construídos como monstros e/ou bandidos, o que gera políticas de extermínio ou gestão, sobre
sujeitos, territórios ou populações aos quais não se aplica a normatividade protetora dos direitos
humanos.
03/04 – Interacionismo, delinquentes e outsiders
BECKER, H. (2008). Outsiders. Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro : Zahar.
GOFFMAN, Erwing. Estigma – notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ed.
1988.
BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A Construção Social da Realidade: Tratado de Sociologia
do Conhecimento

Cronogramas de aulas e de leituras:

10/04 - Garland criminologia do eu e do outro

13/03 – Apresentação da disciplina GARLAND, David, As contradições da “sociedade punitiva”: o caso britânico, in Revista de
Sociologia e política, Nº 13: 59-80 nov. 1999

HARCOURT, Bernard. Neoliberal Penalty. Disponível em

20/03 – O conceito de monstro https://www.uam.es/otros/afduam/documentos/Bernard%20Harcourt%20-
%20Neoliberal%20penalty.pdf
COHEN, Jeffrey Jerome, A Cultura dos Monstros: Sete Teses, in SILVA, Tomaz Tadeu da (org.),
Pedagogia dos Monstros, Belo Horizonte, Autêntica, 2000. SIMON, Jonathan e SILVESTRE, Giane. Governando através do crime. In: CARLEN, Pat; FRANÇA,
Leandro A (org). Criminologias Alternativas. Porto Alegre: Canal Ciências Criminais, 2017.
LINK, Luther, A aparência do diabo in O diabo - A máscara sem rosto, São Paulo, Cia. das letras,
1998.

17/04 Direitos humanos para humanos direitos

27/03 – A criação do sujeito monstruoso moderno CALDEIRA, Teresa Pires Rio. Cidade de muros, São Paulo, Editora 34/ Edusp, 2000

FOUCAULT, Michel, A sociedade punitiva; O poder psiquiátrico e Os anormais, in Resumo dos CANO, Ignacio. Direitos para os bandidos?: direitos humanos e criminalidade no Brasil.
cursos do Collège de France, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1997. MAYBURY-LEWIS, B.; RANINCHESKI, S. Desafios aos direitos humanos no Brasil
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contemporâneo. Brasília: Capes: Verbana, p. 33-46, 2011.
http://www.social.org.br/desafios.pdf#page=35
ZALUAR, Alba. Condomínio do diabo. Rio de Janeiro: Revan, 1994.
24/04 - Modernidade e os grupos monstruosos 1
VARIKAS, Eleni. Genealogias e peregrinações do pária in A escória do mundo. São Paulo, UNESP,
2014
VIGNOLO, Paolo. Una nación de monstruos: Occidente, los cinocéfalos y las paradojas del
lenguaje. Revista Estudios Sociales, Bogotá, n. 27, Aug. 2007 .
https://appsciso.uniandes.edu.co/pfaciso/res/view.php/365/index.php?id=365
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo,
Companhia das letras, 1999
08/05 – Modernidade e os grupos monstruosos 2
FERREIRA, Jonatas; HAMLIN, Cynthia. Mulheres, negros e outros monstros: um ensaio sobre
corpos não civilizados. Rev. Estud. Fem., Florianópolis , v. 18, n. 3, Dec. 2010 .
http://www.scielo.br/pdf/ref/v18n3/v18n3a10.pdf
LOMBROSO, Cesare, Prefácio do autor e A tatuagem nos delinqüentes in O homem criminoso,
Rio de Janeiro, Editora Rio, 1983
SANTOS, Gislene Aparecida dos. Selvagens, exóticos, demoníacos: ideias e imagens sobre uma
gente de cor preta. Estud. afro-asiát., Rio de Janeiro , v. 24, n. 2, 2002
http://www.scielo.br/pdf/eaa/v24n2/a03v24n2.pdf
15/05 - Bandido bom é bandido morto
MISSE, Michel. Crime, sujeito e sujeição criminal: aspectos de uma contribuição analítica sobre
a categoria" bandido". Lua Nova, n. 79, 2010.
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MISSE, Michel. A categoria" bandido" como identidade para o extermínio. Algumas notas
sobre sujeição criminal a partir do caso do Rio de Janeiro. Violência e dilemas civilizatórios: as
práticas de punição e extermínio. Campinas: Pontes editores, p. 31-57, 2011.
POMPEU, Júlio César; ROSA, Edinete Maria. A beleza e a inocência: juristas e suas
representações sobre criminosos, uma investigação a partir de retratos falados.
https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/34217541/9artigo11.pdf?AWSAccessKe
yId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1518122557&Signature=jaU845Y2WEkDvNiwuuYYHA
avKCw%3D&response-content-
disposition=inline%3B%20filename%3DA_beleza_e_a_inocencia_juristas_e_suas_r.pdf
LIMA, Renato Sérgio de; SINHORETTO, Jacqueline; BUENO, Samira. A gestão da vida e da
segurança pública no Brasil. Soc. estado., Brasília , v. 30, n. 1, p. 123-144, Apr. 2015 .
Lemgruber, Julita, et al. "OLHO POR OLHO? O que pensam os cariocas sobre “bandido bom é
bandido morto”." (2017).https://www.ucamcesec.com.br/wp-
content/uploads/2017/04/BBBM-Relat%c3%b3rio-final-corrigido.pdf
22/05 - – a sexualidade monstruosa
DAMASCENO, Janaína. O corpo do outro. Construções raciais e imagens de controle do corpo
feminino negro: O caso da Vênus Hotentote, Paper apresentado no Fazendo Gênero 8 - Corpo,
Violência e Poder, 2008.
http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST69/Janaina_Damasceno_69.pdf
LOWENKRON, Laura. A cruzada antipedofilia e a criminalização das fantasias sexuais. Sex., Salud
Soc. (Rio J.), Rio de Janeiro , n. 15, Dec. 2013. http://www.scielo.br/pdf/sess/n15/a03n15.pdf
MACHADO, Paula Sandrine. "Quimeras" da ciência: a perspectiva de profissionais da saúde em
casos de intersexo, in Revista brasileira de Ciências. Sociais [online], out. 2005, vol.20, no.59
[citado 26 Abril 2006], p.67-80. http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v20n59/a05v2059.pdf
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29/05 - Monstros e demônios no Brasil 12/06 – Terrorismo e combate ao terror

ALBERNAZ, Elizabete Ribeiro. Na fronteira entre o bem e o mal: ética profissional e moral BUTLER, Judith. Quadros de guerra. Quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro, Civilização
religiosa entre policiais militares evangélicos cariocas. Cad. CRH, Salvador , v. 23, n. Brasileira, 2015
60, Dec. 2010 . http://www.scielo.br/pdf/ccrh/v23n60/v23n60a06.pdf
WIEVIORKA, Michel. Violência hoje. Ciência & saúde coletiva. Rio de Janeiro, vol.11 suppl, 2006,
RUI, Taniele. Depois da “Operação Sufoco”: sobre espetáculo policial, cobertura midiática e p.1147-1153. http://www.scielo.br/pdf/csc/v11s0/a02v11s0.pdf
direitos na “cracolândia” paulistana. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São
Carlos, v. 3, n. 2, 2013, pp. 287-310. https://neip.info/novo/wp-
content/uploads/2015/04/rui_operacao_sufoco_rev_soc_usfcar_2013.pdf
19/06 – Avaliação
MARTINS, José de Souza. Linchamento, o lado sombrio da mente conservadora. Tempo Social;
26/06 – Avaliação e Entrega do trabalho final
Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 8 (2): 11-26, outubro de 1996.
http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/86293/88957
Métodos de avaliação:
SILVA, Vagner Gonçalves da, Exu do Brasil: tropos de uma identidade afro-brasileira nos trópicos,
Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 2012, V. 55 Nº 2. USP, S. Paulo, 8(2): 11-26, outubro Discentes de graduação: A nota será composta pela média simples de TRÊS avaliações
de 1996. obrigatórias: i) seminários a serem apresentados durante as aulas + ii) apresentação oral de
http://antropologia.fflch.usp.br/sites/antropologia.fflch.usp.br/files/u127/exu.pdf trabalho prático em grupo + iii) trabalho teórico escrito individual

Discentes de pós-graduação: trabalho teórico escrito individual, conforme orientação dos

MARIANO, Ricardo, Guerra espiritual: o protagonismo do diabo nos cultos neopentecostais . docentes
Revista Debates do NER, Porto Alegre, ano 4, n. 4, jul. 2003.
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/debatesdoner/article/view/2718/29178

05/06 - Genocídio, genocídios, necropolítica

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios. Revista do PPGAV/EBA/UFRJ. n. 32, dezembro
2016, p. 123-151.

FEIERSTEIN, Daniel, El genocidio como práctica social : entre el nazismo y la experiencia

argentina. Buenos Aires :. Fondo de Cultura Económica,. c2007.. 405 p.

SINHORETTO, Jacqueline; MORAIS, Danilo. Violência e racismo no Brasil: novas e velhas

afinidades. Revista de Estudios Sociales, Universidad de los Andes, 2018. No prelo.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. São Paulo: Perspectivas, 2016.

ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro. São Paulo: Geração editorial, 2013.