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Vomitório.

E eu lá tenho culpa que sou um poeta da rua,


Que filosofa no bar e dá lições de prosa na esquina
Da vida! Sofrida
Quem me dera não carregar o fardo de ser esse melancólico ser
Fosse eu católico, me confessava e pedia perdão
Tomava até a eucaristia, seu moço
Mudava os rumos
Protestante, me rebelo e nem faço questão
Quimeras me distraem
Comprometem o produto final
Mas eu sigo vomitando versos sôfregos madrugada a dentro
Aliviando a tensão
Escondido na penumbra
Depois amanhece e eu, como quem sai da catacumba, sofro
E já me disseram que a vida é passageira
É nada, essa coisa é mesmo um sopro
Respira enquanto dá, sabe-se lá quando isso tudo pode acabar
Ansiedade me fode
E eu lá tenho culpa?
Não faço questão, já nem peço perdão
Vê se pode
Se quem se explode sou eu
Cerveja quente não desce
Panceta rima com caneta (Ufa!)
Poema eu faço desse jeito, esculachado
Bem como me apetece
Não tive saco pra métrica
Quando uma vez eu tentei
Senti toda aquela violência – obstétrica!
Quase não nasceu o poeminha, tadinho
Coisa minha, não precisa anotar
Nem achar que tá certo
Você até num sabe, mas eu te conto
“Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim”

Joacquim Domingus

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