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AO JUÍZO DO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL

FEDERAL DA XXª REGIÃO.

MILEIDE PEREIRA DE LACERDA, Advogada inscrito na OAB/XX, com escritório no endereço


xxxxxxxxxx, Nº XXX Bairro: XXXXX Cidade: XXXX/XX vem respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência impetrar, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal e art. 648, IV, do Código
de processo Penal a presente ação de

HABEAS CORPUS, COM PEDIDO DE LIMINAR

DAVID WILLIAM DA CONCEIÇÃO DA ROSA, brasileiro, entregador, portador do CPF 068.049.871-


01, RG: 2211319 SSPMS, naturalde Nova Alvorada do Sul - MS, nascido em 24/09/1998, filho de
SilvanaMarques da Conceição e Vanderlei Ortega da Rosa, com endereço na RuaLeví Antunes de Souza,
2324, Centro - CEP 79140-000, Nova Alvorada doSul-MS (atualmente recolhido no Estabelecimento Penal
de RioBrilhante – MS).

CELINHO MARQUES DA CONCEIÇÃO DOS SANTOS, brasileiro, estudante, portador do RG n°


1834258 SSPMS, natural de Nova Alvorada doSul - MS, nascido em 02/09/2004, filho de Silvana Marques
da Conceição eCelinho Terres dos Santos, com endereço na Rua Leví Antunes de Souza,2324, Centro - CEP
79140-000, Nova Alvorada do Sul-MS (atualmenterecolhido no Estabelecimento Penal de Rio Brilhante –
MS), pelas seguintes razões de fato e de direito em face contra ato da autoridade coatora do Meritíssimo Juiz
de Direito da XX Vara Criminal da Comarca de Nova alvorada do sul - MS pelas seguintes razões de fato e
de direito a seguir:

I - DOS FATOS

Os pacientes, DAVID WILLIAM DA CONCEIÇÃO DA ROSA e CELINHO MARQUES DA


CONCEIÇÃO DOS SANTOS, foram presos em suposto flagrante delito, no dia 04 de outubro de 2022,
sob acusação, em tese, da prática do delito tipificado no artigo 33, caput, da Lei 11.343/06.

Relata o BOPM que, durante “batida policial” na Rua Levi Antunes de Souza, 2324, Centro, em Nova
alvorada do Sul-MS, em local de residência dos pacientes, foram autuados em flagrante delito pela suposta
prática de tráfico e associação para o tráfico, delitos tipificados respectivamente nos artigos 33 e 35 da
Lei 11.343/2006.

O paciente teve a sua prisão preventiva decretada mediante decisão do Meritíssimo Juiz, em audiência de
custódia, convertendo a prisão em flagrante em prisão preventiva, com base, em suma, no argum ento
principal de que o paciente teria praticado crime de extrema gravidade, fato este que tornaria necessária a
manutenção da custódia para a garantia da ordem pública e que as medidas cautelares diversas da prisão se
revelam inadequadas.

II – DO DIREITO

II.I - A ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO, para corroborar com tal


alegação, seguem abaixo os artigos pertinentes:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

VI - quando o processo for manifestamente nulo;

VII - quando extinta a punibilidade.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seg uintes:

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro)
horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do
acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério
Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II.II - O FLAGRANTE PREPARADO para constatar verifica-se abaixo:

De acordo com a súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, “não há crime quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação”, ou seja, não há crime quando o fato é preparado mediante
provocação ou induzimento, direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para fim de aprontar ou arranjar
o flagrante.

A súmula, portanto, incide no momento em que a autoridade policial, provoca a execução do delito,
surpreendendo o indivíduo em flagrante, interferindo, consequentemente na sua consumação, resultando,
como entendimento de nossa corte suprema, o crime impossível e o flagrante nulo.

Portanto, tratando-se de verdadeiro crime de ensaio, configura-se forma irregular de prisão, não tendo valor
como peça coercitiva da liberdade.

Ou seja, o flagrante preparado é ilegal e se denomina como crime impossível, baseado na espécie de crime
impossível por obra do agente provocador, onde verificamos o comportamento instigador da polícia,
evitando desta forma a consumação do crime, excluindo por consequente sua tipicidade.

Há, pois, provocação sempre que a polícia intervier, direta ou indiretamente, no próprio iter criminis, uma
ação que leve o suspeito a cometer um determinado crime que não cometeria se não fosse a atuação policial.

Por hora, cumpre ressaltar, que, com a intervenção policial, estes, agem para que o resultado seja
evitado. Estamos diante do fato de que, o meio utilizado para configuração do crime, seja absolutamente
ineficaz à consumação impedindo o resultado advindo da conduta.
LOPES JR. esclarece que referido flagrante não passa de uma cilada, uma encenação teatral, tendo em vista
que o agente é induzido à prática de um delito por um agente provocador, geralmente um policial ou alguém
a seu serviço

II.III - CABIMENTO DA MEDIDA LIMINAR

Periculum In Mora verifica-se o receio que a demora da decisão judicial cause um dano grave ou de difícil
reparação ao bem tutelado.
Isso frustraria por completo a apreciação ou execução da ação principal.

Portanto, juntamente com o fumus boni iuris, o periculum in mora é requisito indispensável para a
proposição de medidas com caráter urgente (medidas cautelares, antecipação de tutela).

Fumus Boni Iuris verifica-se um sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe.

Não há, portanto, a necessidade de provar a existência do direito, bastando a mera suposição de
verossimilhança.

Esse conceito ganha sentido especial nas medidas de caráter urgente, juntamente com o periculum in mora.
A configuração do periculum in mora exige a demonstração de existência ou da possibilidade de ocorrer um
dano jurídico ao direito da parte de obter uma tutela jurisdicional eficaz na ação principal.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer que seja concedida a ordem de habeas corpus, liminarmente, em favor do paciente,
uma vez que presentes a probabilidade de dano irreparável e a fumaça do bom direito, a fim de que seja
relaxada a prisão em flagrante ou concedida a liberdade provisória com ou sem medidas cautelares e com ou
sem fiança, no que for mais favorável ao paciente e expedido o competente alvará de soltura.

Requer a concessão da presente ordem de habeas corpus com a consequente expedição de alvará de soltura,
concessão da liminar, regular prosseguimento do feito e no mérito a concessão definitiva do presente writ.
Requer ainda o regular prosseguimento do feito com a ratificação da liminar concedida, decretando-se a
liberdade provisória ao paciente.

Nesses termos,

Pede e espera deferimento.


Local, data.

Nome do advogado.
OAB do Advogado.

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