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EPÍTOME
DA COGNOSCIBILIDADE
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Artigo 648, incisos I, do Código de Processo Penal Brasileiro
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Não há, para o exame da presente ordem de habeas corpus, dilação
probatória (matéria invocada é exclusivamente de direito, sendo consentânea com
a via estreita), muito menos, ainda, a substituição de recurso próprio.
SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA
pontos, a saber: (i) prisão ilegal por ausência de fumus commissi delicti e periculum
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Respectivo dispositivo encontra paridade, vale mencionar, no artigo 456, do Regimento Interno
deste Egrégio Tribunal de Justiça, que assim consigna, in verbis: “Art. 456. Os órgãos julgadores do
Tribunal têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso do processo for
verificado que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal”.
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NUCCI, Guilherme de Souza / Habeas corpus. – Rio de Janeiro: Forense, 2014; p. 54, epub.
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libertatis; e (ii) possibilidade de se aplicar medidas cautelares diversas da prisão.
assinado digitalmente
OAB/MG 100.620
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José Mariano, nº 34, Bairro Arvoredo 2, Contagem/MG, CEP nº 32.180-522 -
atualmente recolhido no presídio de Juiz de Fora/MG -, ora apontado como
paciente, pelas razões de fato e de direito a seguir consignadas.
EPÍTOME
DA COGNOSCIBILIDADE
1
Artigo 648, incisos I, do Código de Processo Penal Brasileiro.
conversão de sua prisão em preventiva, sem que exista, pois, necessidade de se
precatar, de fato, a ordem pública.
2
Respectivo dispositivo encontra paridade, vale mencionar, no artigo 456, do Regimento
Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça, que assim consigna, in verbis: “Art. 456. Os órgãos
julgadores do Tribunal têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso
do processo for verificado que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal”.
3
NUCCI, Guilherme de Souza / Habeas corpus. – Rio de Janeiro: Forense, 2014; p. 54, epub.
Desta forma, ante as flagrantes coações e ilegalidades que serão, hic et
nunc, especificamente apontadas, a concessão da presente ordem, até mesmo de
ofício, é medida que impera.
SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA
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Trecho extraído da decisão ilegal objetada, às ff. 200/201, dos autos de origem (anexa a esta
ação autônoma de impugnação).
Convém ressaltar, nesta oportunidade, que a presente ação autônoma
de impugnação se cingirá em objetar os seguintes fundamentos, posto que,
como cediço, não pode este Egrégio Tribunal de Justiça, ao examinar o caso,
empregar novos motivos para o acautelamento provisório.
DO DIREITO
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HC 461.016/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
16/10/2018, DJe 05/11/2018.
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“Não apresenta fundamentação concreta para a decretação da prisão preventiva, fazendo a decisão
referência apenas à gravidade abstrata do delito e na genérica regulação de cautelar penal, resta
caracterizada a flagrante ilegalidade, não podendo ser convalidada por acréscimo de fundamentação em
acórdão da Corte de origem que denegou o writ”.
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“novos fundamentos agregados pelo Tribunal de origem não servem para suprir eventual deficiência de
fundamentação do decreto de prisão preventiva. Precedentes do STF e STJ”.
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“Não é dado ao Tribunal a quo agregar fundamentos não presentes na decisão do Juízo singular, sob
pena de incidir em indevida inovação”.
1. DA COMPLETA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS QUE
Contudo, in casu, não há, de um lado, fumus commissi delicti, assim como
não há, do outro, periculum libertatis.
Ora, nos termos do artigo 489, § 1º, inciso III, do Código de Processo
Civil Brasileiro (aplicável por analogia, ex vi do artigo 3º, do CPP), “não se
considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão”.
Tal versão, vale destacar, foi corroborada por Sulington Tome Araújo
Esperança, que, em seu interrogatório, inclusive, fez questão de apontar o
endereço da pessoa de alcunha “Maranhão”, para que a polícia procedesse a
correta averiguação.
De mais a mais, dando maior coro à uníssona versão, Luciano Santos
Lourenço, tido pela Autoridade Policial, no inquérito, como o chefe da suposta
associação criminosa, foi peremptório ao aduzir que, de fato, encomendou os
aparelhos celulares da pessoa de “Maranhão”, o qual, para a adequada
prestação dos serviços, enviou Sulington e o paciente, que, portanto, nada
sabiam sobre a prática de quaisquer crimes. Colham-se as suas palavras:
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Trecho extraído às ff. 16/17, dos autos de origem (em anexo).
Cito, como precedente, o seguinte aresto, in verbis:
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TJMG - Rec em Sentido Estrito 1.0024.15.067450-5/001, Relator(a): Des.(a) Furtado de
Mendonça, 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 31/05/0016, publicação da súmula em
10/06/2016.
reprovabilidade da conduta (meros atos preparatórios), não desbordando, no
plano concreto, qualquer mácula que pragmatize, com imediato repúdio, o bem
jurídico protegido pelo legislador.
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Extraído do site deste Egrégio Tribunal de Justiça, em 28/10/2018, às 10h24min: <
http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/arquivos/sumulas/Enunciados_Sumula_Grupo_Camar
as_Criminais.pdf>.
afirmação de sua necessidade, sem indicação de elementos fáticos que a
ampare. Ordem concedida.12
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HC 92368, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 13/11/2007, DJe-070
DIVULG 17-04-2008 PUBLIC 18-04-2008 EMENT VOL-02315-04 PP-00831 REVJMG v. 58, n. 183,
2007, p. 317-318.
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LOPES JR., Aury. Direito processual penal – 13. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2016; p. 556, epub.
plano concreto, a violação da integridade física, da saúde pública ou do
patrimônio de outrem.
Não há, assim, qualquer menção à gravidade concreta dos crimes, suas
circunstâncias excepcionais ou o modus operandi dos agentes.
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Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Neste desiderato, se os atos preparatórios não são puníveis, a luz dos
princípios da proporcionalidade e lesividade, também não podem servir para
subsidiar o decreto extremo. Aliás, como já bem decidiu a Colenda Corte
Cidadã (mutatis mutandis):
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HC 306.101/RO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 17/12/2015, DJe 02/02/2016.
Com o advento da Lei n. 12.403/11, a prisão preventiva passou a ser
medida excepcional, que, por força do princípio constitucional da não-
culpabilidade, só pode ser aplicada quando não puder ser substituída por
qualquer outra medida cautelar diversa, nos termos do artigo 282, § 6º, do
CPP.
DA LIMINAR
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RHC 92.614/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
14/08/2018, DJe 28/09/2018.
In casu, o fumus boni juris se encontra amplamente evidenciado, tendo
em vista a ausência de fundamentação idônea a sustentar o decreto extremo,
vez que, a simples menção às elementares dos crimes e a preservação da
credibilidade da Justiça, destituídos de elementos concretos de gravidade dos
fatos, quer pelo modus operandi ou pelas circunstâncias subjetivas dos crimes,
não são suficientes para demonstrar a necessidade de acautelamento da ordem
pública. Não há, portanto, base para incidência do artigo 312, do CPP.
Por sua vez, o periculum in mora também resta caracterizado, eis que, o
paciente, de forma ignóbil e vil, já se encontrando recluso, indevida e
ilicitamente, em patente constrangimento ilegal, injusto e grave.
DOS PEDIDOS
Ex positis, requer: