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TEIXEIRA DA COSTA & ADVOGADOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE SÃO PAULO

Autos de nº 1501538-11.2023.8.26.0559

RENATO TEIXEIRA DA COSTA, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na OAB/SP sob


o nº 390.775, com endereço profissional na Rua Redentora, 2678, Vila Redentora, em São
José do Rio Preto/SP, CEP 15015-780, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e nos artigos 647 e 648, inciso I,
do Código de Processo Penal, impetrar

HABEAS CORPUS

C/C PEDIDO LIMINAR

em favor de MISAEL TRAJANO, brasileiro, casado, entregador e mototaxista, residente e


domiciliado na Rua Dorvalino Donega, 303, lote 11, quadra 07, Residencial Edson Baffi, em
São José do Rio Preto/SP, CEP 15047-759, contra ato ilegal praticado pela MM. Juíza da Vara
de Plantão Criminal da Comarca de São José do Rio Preto, pelas razões de fato e fundamentos
a seguir:

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2678, Vila Redentora, São José do Rio Preto/SP, CEP 15015-780
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DOS FATOS

Consta que o Paciente, no inicio da noite de 26/07/23, teria


transitado em alta veocidade e despertado a atenção da polícia militar, no Jardim Paraíso, nesta,
e, negando-se à ordem de parada, teria empreendido fuga pelos bairros próximos, Parque
Industrial e Boa Vista, ao final sendo interceptado e averiguado portar 1,450,00 Kg (um quilo
e quatrocentos e cinquenta gramas) de material semelhante a “maconha”, acondicionados em
dois “tijolos”, uma faca, dois celulares, duas carteiras e R$ 1965,00 (mil novecentos e sessenta
e cinco reais) em dinheiro (notas de cinquenta e cem reais), pelo que foi preso em flagrante
delito e indiciado pelos crimes do artigo 33 da Lei de Drogas e 311 do Código de Transito
Brasileiro.

Dá audiencia de custódia realizada hoje, 27/07/23, restou


decretada sua prisão preventiva pelos fundamentos de que voltaria a delinquir, da “grande
celeuma” que é o tráfico de drogas na sociedade, e que a quantidade de droga
inviabilizaria a concessão do privilégio.

O Paciente é primário, de bons antecedentes, possui


residencia fixa, laços fortes com a vida, como casamento longevo (vinte e dois anos) com
esposa proba e honesta, uma filha de quatorze anos, casa própria, raramente esteve sem
emprego como celetista, conforme sua CTPS em anexo, e desenvolvia atividade remunerada
como mototaxista/entregador formalizada por MEI, qualificada a situação em objeto como fato
isolado em sua vida (42 anos).

Cabe ainda destacar a ausência de supressão de instância,


uma vez que, nos termos do Art. 654, § 2º do CPP, "Os juízes e os tribunais têm competência
para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem
que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal".
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DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS

Consoante dispõe a Constituição Federal em seu art. 5.º,


inciso LXVIII: "Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder".

Nesse mesmo sentido dispõe o Art. 647 do CPP. Ou seja, o


habeas corpus sempre será cabível quando houver lesão ou ameaça à liberdade de locomoção,
como ocorre no presente caso em que o Paciente foi indevidamente recolhido ao presídio .

Cabe destacar que toda e qualquer ferramenta que seja


necessária para viabilizar a liberdade de locomoção ampara o habeas corpus, conforme já
destacado pelo STJ: "Não há falar-se em não conhecimento de habeas corpus por inadequação
da via eleita quando a matéria que lhe deu ensejo visa tutelar, mesmo que indiretamente, a
liberdade do paciente." (STJ: HC nº 109943/2013 - Relator: Des. Luiz Ferreira da Silva-
27/11/13)

A doutrina, nessa mesma linha, reforça o cabimento


irrestrito do habeas corpus, quando existente flagrante nulidade: "A magnitude do habeas
corpus é definida pela Constituição, que não prevê qualquer restrição além da situação de
alguém que esteja a"sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção". Não há qualquer exigência que se trata de decisão em processo
ainda não transitado em julgado. Aliás, não é necessário sequer que haja processo, podendo
o habeas corpus ser impetrado contra atos do inquérito policial ou mesmo de particular. Se
alguém foi condenado e estiver preso, cumprindo pena decorrente de sentença absolutamente
nula, mas transitada em julgado, não terá direito a habeas corpus? A resposta é evidentemente
positiva. Aliás, o Supremo Tribunal Federal faz a construção restritiva para, depois de não
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conhecer do habeas corpus, porque o correto é a revisão criminal, conceder habeas corpus
de ofício!" (BADARÓ, Gustavo Henrique. Manual dos Recursos Penais. 2ªed. Revista dos
Tribunais, 2017. Versão ebook, p 23.4.2.)

Por fim, cabe ainda destacar que não há que se falar em


ausência de supressão de instância, uma vez que, nos termos do Art. 654, § 2º do CPP: "Os
juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus,
quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal".

Portanto, diante da inequívoca lesão ao direito de liberdade


do paciente, cabível o presente habeas corpus.

AUSÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS

Nos termos do art. 321 do CPP, "ausentes os requisitos que


autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 (...)".

Ou seja, a prisão preventiva será mantida SOMENTE


quando presentes os requisitos e não for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar, conforme clara redação do Art. 282, §6, do CPP.

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No entanto, não há nos autos qualquer elemento a


evidenciar a manutenção da prisão preventiva. Afinal, a gravidade abstrata do delito não
ostenta motivo legal suficiente ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se
revelaria à prisão cautelar, (CPP, arts. 282 e 312).

Outrossim, o receio de que volte a delinquir resta


teratológico,pois não há nada a embasar tal entendimento, visto ser pessoa que até então jamais
respondeu por qualquer delito, que possui n´´ucleo familiar estruturaddo, residencia fixa,
trabalho remunerado e afins, longe de ser dependente ou contumaz em atividades criminosas.

A prisão preventiva tem caráter cautelar diante da


manutenção das circunstâncias que a fundamentam, previstas no Art. 282 do CPP: As medidas
cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para
aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente
previstos, para evitar a prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do
crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (...) § 5º O juiz
poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem. § 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for
cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o
não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.

Tais requisitos devem estar presentes não somente no ato


da prisão, mas durante todo o lapso temporal de sua manutenção.

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É da jurisprudência do STJ:

"Sabe-se que o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do indivíduo como regra. Desse
modo, antes da confirmação da condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão revela-se
cabível tão somente quando estiver concretamente comprovada a existência do periculum
libertatis, sendo impossível o recolhimento de alguém ao cárcere caso se mostrem
inexistentes os pressupostos autorizadores da medida extrema, previstos na legislação
processual penal." (HC 430.460/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO,
SEXTA TURMA, DJe 16/04/2018, #93323612)

HABEAS CORPUS. PRISÃO. TRÁFICO DE DROGAS. REVOGAÇÃO DA PRISÃO


PREVENTIVA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES.
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. GRAVIDADE EM ABSTRATO DO DELITO.
HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. Decretada a prisão preventiva do paciente pela prática
do delito previsto no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. 2. Ainda que tenha o juízo primevo
feito referência à quantidade de drogas apreendida com o corréu (aproximadamente
4.867,02kg de maconha e 502,60g de crack), o fez apenas ao relatar a apreensão, sendo que,
ao tratar dos requisitos e necessidade da custódia cautelar, não trouxe qualquer motivação
concreta para a custódia, fazendo referência às circunstâncias já elementares do delito,
valendo-se de fundamentação abstrata e com genérica regulação da prisão preventiva, além
de presunções e conjecturas, evidenciando a ausência de fundamentos para a medida extrema.
3. Habeas corpus concedido para soltura do paciente, o que não impede nova e fundamentada
decisão cautelar penal, inclusive menos gravosa do que a prisão. (STJ - HC: 585941 MG
2020/0129666-7, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 04/08/2020, T6
- SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/08/2020)

Afinal, a conversão em prisão preventiva seria cabível


somente diante dos requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP:
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Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado.

Art. 313. Nos termos doArt. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior
a 4 (quatro) anos; II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto noInciso I do Caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver violência doméstica e familiar
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência.

Nessa esteira, não há indícios de que o acusado em


liberdade ponha em risco a instrução criminal, a ordem pública ou risco à ordem
econômica.

Portanto, considerando que ausentes os requisitos que


pudessem motivar a conversão em prisão preventiva, não subsistem motivos à manutenção da
prisão cautelar, conforme precedentes sobre o tema:

HABEAS CORPUS. DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTAÇÃO. ILEGALIDADE FLAGRANTE. ORDEM CONCEDIDA. PRISÃO
REVOGADA. RESSALVADA A POSSIBILIDADE DE QUE NOVA CUSTÓDIA VENHA
A SER DECRETADA, SE APONTADAS RAZÕES CONCRETAS. 1. As instâncias
ordinárias, in casu, não indicaram fatos concretos aptos a justificar a segregação cautelar
do paciente, estando a decisão fundamentada apenas em conjecturas e na gravidade abstrata
do tráfico de drogas, o que configura nítido constrangimento ilegal. No caso, a quantidade de
droga apreendida (4 mudas de maconha e 885 g de maconha) não constitui elemento
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concreto a evidenciar a periculosidade do paciente para o fim de justificar a


determinação da prisão cautelar. 2. Desde 11/5/2012, após o Plenário do Supremo Tribunal
Federal declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade de parte do art. 44 da Lei n.
11.343/2006, a saber, da que proibia a concessão de liberdade provisória nos casos de tráfico
de drogas, a fundamentação calcada nesse dispositivo simplesmente perdeu o respaldo. De
acordo com o julgamento da Suprema Corte, a regra prevista no referido art. 44 da Lei n.
11.343/2006 é incompatível com o princípio constitucional da presunção de inocência e do
devido processo legal, dentre outros princípios. Assim, para se manter a prisão,
imprescindível seria a presença de algum dos requisitos do art. 312 do Código de Processo
Penal, o que não ocorreu no caso. 3. Ordem concedida, confirmando-se a liminar, para
garantir ao paciente o direito de responder ao processo em liberdade, salvo se por outro motivo
estiver preso e ressalvada a possibilidade de haver nova decretação de prisão ou a aplicação de
uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, caso se
apresente motivo concreto para tanto. (STJ - HC: 401830 MG 2017/0127983-6, Relator:
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 18/09/2018, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 07/11/2018, #33323612)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO EM FLAGRANTE


CONVERTIDA EM PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Sabe-se que
o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do indivíduo como regra. Desse modo, antes
da confirmação da condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível tão somente
quando estiver concretamente comprovada a existência do periculum libertatis, sendo
impossível o recolhimento de alguém ao cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos
autorizadores da medida extrema, previstos na legislação processual penal. 2. Na espécie, ao
converter a prisão em flagrante em preventiva, deteve-se o Juízo de piso a fazer ilações
acerca da gravidade abstrata do crime de tráfico, a mencionar a prova de materialidade
e os indícios de autoria, a supor a fuga do distrito da culpa e a invocar a quantidade do
entorpecente apreendido, o que, na hipótese específica dos autos, não constitui motivação
suficiente para a segregação antecipada, sobretudo porque não há falar, no caso, em
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apreensão de elevada quantidade de droga, já que encontradas com o paciente 20 porções de


cocaína, com peso líquido de 26,9g (vinte e seis gramas e nove decigramas). 3. Habeas corpus
concedido. (STJ - HC: 458857 SP 2018/0171330-9, Relator: Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO, Data de Julgamento: 09/10/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 26/10/2018, #63323612)

HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. A prisão sem condenação


é medida excepcional, devendo ser imposta, ou mantida, apenas quando houver prova da
existência do crime, indício suficiente de autoria e, ainda, forem atendidas as exigências dos
artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo Penal. Decisão que carecedora de
fundamentação, não sendo possível inferir necessidade de garantia da ordem pública, da ordem
econômica, a conveniência da instrução criminal e tampouco a exigência da prisão do paciente
para garantir a aplicação da lei penal. (TJ-SP 20325049820188260000 SP 2032504-
98.2018.8.26.0000, Relator: Kenarik Boujikian, Data de Julgamento: 09/04/2018, 2ª Câmara
de Direito Criminal, Data de Publicação: 13/04/2018, #53323612)

Ainda, deve ser aplicado o princípio da provisionalidade,


conforme desta respeitável doutrina, de forma esclarecedora: "Nas prisões cautelares, a
provisionalidade é um princípio básico, pois são elas, acima de tudo, situacionais, na medida
em que tutelam uma situação fática. Uma vez desaparecido o suporte fático legitimador da
medida e corporificado no fumus commissi delicti e/ou no periculum libertatis, deve cessar
a prisão. O desaparecimento de qualquer uma das" fumaças "impõe a imediata soltura do
imputado, na medida em que é exigida a presença concomitante de ambas (requisito e
fundamento) para manutenção da prisão." (LOPES JR, AURY. Direito Processual Penal.
15ª ed. Editora Saraiva jur, 2018. Versão Kindle, P. 12555)

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Ou seja, os "indigitados fundamentos de cautelaridade


devem ser apreciados sob o signo temporal, devendo ser atuais independentemente de se
tratar de novo decreto de prisão ou de restabelecimento de prisão há muito revogada, seja
em virtude da ausência dos requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal, seja em
virtude da ausência de fundamentação idônea" (AgRg no REsp 1.195.873/MT, Rel. Min.
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA).

Por se tratar de requisitos indispensáveis para a condução


da prisão em flagrante para preventiva, não há motivos para a manutenção da prisão em
flagrante.

Motivos pelos quais, requer o provimento do presente


pedido de liberdade provisóri

QUANTIDADE DE DROGAS NÃO AFASTA O TRAFICO PRIVILEGIADO

É do STJ:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. TRÁFICO DE DROGAS.


CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, § 4º, DA LEI N. 11.343/2006.
DIRETRIZES FIRMADAS NO ERESP 1.887.511/SP. USO APENAS SUPLETIVO DA
QUANTIDADE E DA NATUREZA DA DROGA NA TERCEIRA FASE. PROPOSTA DE
REVISÃO DE POSICIONAMENTO. MANUTENÇÃO DO ENTENDIMENTO
CONSOLIDADO HÁ ANOS PELAS CORTES SUPERIORES. ACOLHIDO NO ARE
666.334/AM PELO STF. EXPRESSIVA QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA.
APLICAÇÃO DO REDUTOR EM 1/6. ORDEM CONCEDIDA. 1. Esta Corte - HC
535.063/SP, Terceira Seção, Rel. Ministro Sebastião Reis Junior, julgado em 10/6/2020 - e

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o Supremo Tribunal Federal - AgRg no HC 180.365, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 27/3/2020; AgR no HC 147.210, Segunda Turma, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 30/10/2018 -, pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus
substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento
da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial
impugnado. 2. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do Eresp 1.887.511/SP, de
Relatoria do Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (em 9/6/2021), fixou as seguintes
diretrizes para a aplicação do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006. 1 - a natureza e a quantidade
das drogas apreendidas são fatores a serem necessariamente considerados na fixação da pena-
base, nos termos do art. 42 da Lei n. 11.343/2006. 2 - sua utilização supletiva na terceira fase
da dosimetria da pena, para afastamento da diminuição de pena prevista no § 3º do art. 33 da
Lei n. 11.343/2016, somente pode ocorrer quando esse vetor conjugado com outras
circunstâncias do caso concreto que, unidas, caracterizem a dedicação do agente à atividade
criminosa ou a integração a organização criminosa. 3 - podem ser utilizadas para modulação
da causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 quaisquer
circunstâncias judiciais não preponderantes, previstas no art. 59 do Código Penal, desde que
não utilizadas na primeira etapa, para fixação da pena-base. (grifos no original). 3. Embora
tenha externado a minha opinião pessoal, inúmeras vezes, sobre a impossibilidade de se
aplicar a minorante especial da Lei de Drogas nos casos de apreensões de gigantescas
quantidades de drogas - p. ex. toneladas, 200 ou 300 kg - por ser deduzível que apenas uma
pessoa envolvida habitualmente com a traficância teria acesso a esse montante de
entorpecente, a questão não merece discussão, uma vez que está superada, diante do
posicionamento contrário do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 4. Todavia, proponho
a revisão das orientações estabelecidas nos itens 1 e 2 do Eresp 1.887.511/SP,
especificamente em relação à aferição supletiva da quantidade e da natureza da droga na
terceira fase da dosimetria. 5. No julgamento do ARE 666.334/AM, de Relatoria do Ministro
Gilmar Mendes, o Pleno do STF, em análise da matéria reconhecida como de repercussão
geral, reafirmou a jurisprudência de que "as circunstâncias da natureza e da quantidade da
droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas em uma das fases do cálculo
da pena". O resultado do julgado foi assim proclamado: Tese As circunstâncias da natureza
e da quantidade da droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas em uma das
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fases do cálculo da pena. Obs: Redação da tese aprovada nos termos do item 2 da Ata da 12ª
Sessão Administrativa do STF, realizada em 09/12/2015. Tema 712 - Possibilidade, em caso
de condenação pelo delito de tráfico de drogas, de valoração da quantidade e da natureza da
droga apreendida, tanto para a fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de
diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006. 6. Portanto, diante da orientação
consolidada há tempos pelas Cortes Superiores, proponho mantermos o posicionamento
anterior, conforme acolhido no ARE 666.334/AM, sobre a possibilidade de valoração da
quantidade e da natureza da droga apreendida, tanto para a fixação da pena-base quanto para
a modulação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, neste
último caso ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde que não tenham sido
considerados na primeira fase do cálculo da pena. 7. Precedentes recentes do STF no mesmo
sentido: RHC 207256 AgR, Relator (a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
18/12/2021; RHC 192.643 AgR, Relator: GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em
24/5/2021). 8. Hipótese em que o Juiz de origem afastou o redutor do tráfico privilegiado por
entender que a expressiva quantidade de droga apreendida (147 quilos de maconha) não
qualificaria o réu como pequeno e iniciante no comércio ilícito de entorpecentes. Contudo, o
STF tem posicionamento firme de que "A quantidade de droga apreendida não é, por si só,
fundamento idôneo para afastamento da minorante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006" (
RHC 138117 AgR, Relatora: ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 15/12/2020,
publicado em 6/4/2021). 9. Assim, verificado o atendimento dos requisitos do art. 33, § 4º da
Lei de Drogas, reduzo a pena em 1/6, atento ao disposto no art. 42 da Lei n. 11.343.2006
(expressiva quantidade de droga apreendida - 147 quilos de maconha). 10. Habeas corpus
não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de reduzir a pena do ora agravante para 4
anos, 10 meses e 10 dias de reclusão, no regime inicial semiaberto, mais o pagamento de 486
dias-multa. (STJ - HC: 725534 SP 2022/0051301-0, Data de Julgamento: 27/04/2022, S3 -
TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 01/06/2022)

https://www.conjur.com.br/2023-jul-05/quantidade-droga-nao-afasta-trafico-privilegiado-
ministro#:~:text=Como%20j%C3%A1%20foi%20decidido%20pela,organiza%C3%A7%C
3%A3o%20voltada%20para%20o%20crime.

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DO PEDIDO

À vista do exposto, requer-se a V. Exa. que sejam


reconhecidos os motivos acima dispostos, com a concessão da ordem e consequente expedição
do competente alvará de soltura ao paciente, em sede liminar, sem prejuízo de,
alternativamente, serem adotadas medidas cautelares diversas da prisão (319, CPP). Ao final,
que seja confirmada a decisão pleiteada liminarmente.

Termos em que pede deferimento.

São José do Rio Preto, 27 de julho de 2023.

RENATO TEIXEIRA DA COSTA – OAB/SP nº 390.775


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